De alguma forma Leah estivera me tratando muito bem. O pensamento de que ela teria ciúmes de mim com seu bebê não poderia estar mais errado. Ela parecia na verdade aliviada em ter algum tempo de folga das manhas de Jacob Junior, ou JJ, como eu começara a chamá-lo em meus pensamentos.

Ficamos os seis sentados nos sofás conversando sobre nossas vidas atuais. JJ só voltou para o colo de Leah quando quis mamar e eu me ofereci de levá-la ao quarto para que ela tivesse seu momento. No caminho passamos pela biblioteca e ela preferiu a ideia de se acomodar em um dos pufes. Deixei que ela tivesse sua privacidade e voltei para o lado de Edward na sala.

As conversas foram acontecendo e a cada momento ficávamos mais a vontade uns com os outros. Notei que Edward fazia poucos comentários e entendi que ele estava me dando meu espaço. Assim, fiz questão de me manter sempre de mãos dadas com ele, ou apoiada em seu lado, mostrando que o queria sempre comigo. Com o tempo ele relaxou e passou a participar mais dos assuntos.

Jacob nos contou que estava se mudando para Nova York com Leah e com o bebê. Ele trabalhava na parte administrativa de uma agência de automóveis em Seattle, mas fora transferido para cá. Leah era professora, mas com o bebê ainda muito novinho passaria um tempo em casa antes de procurar algum lugar para trabalhar.

Sue não ficara muito satisfeita, mas entendia que isso era o melhor para eles. Perguntei sobre Seth, meu meio irmão que estava faltando, mas logo me explicaram que ele não poderia vir por causa da faculdade. Compreensível.

Leah retornou, com o bebê ainda reclamando em murmúrios vez ou outra, mas logo foi hora de irem embora.

– Não podemos nos atrasar nem atrasar vocês, querida. – disse Sue carinhosamente quando eu comecei a protestar.

– Não podemos ir todos juntos? – perguntei.

– Vocês são os anfitriões, Bells! – Charlie me alertou – Precisam chegar primeiro.

– Você os verá novamente na festa, linda. – Edward falou carinhosamente apertando minha mão.

Fiquei feliz que ele insistiu que eu ficasse com ele ao invés de me encorajar a aproveitar mais minha família muito recém conhecida.

– Tudo bem. – aceitei.

– Além do mais ainda vamos passar na nova casa ver se Jake II precisa de alguma coisa. – Jacob falou olhando seu filho com admiração.

Nos despedimos de todos com um até breve tive a chance de dar um beijinho em JJ, aproveitando para aspirar um pouco mais seu cheirinho de bebê. Novamente ele passou a apresentar uma expressão serena.

– Gostou? – Edward perguntou me abraçando assim que eles saíram.

– Eu amei, Edward! – respondi entusiasmada abraçando-o de volta.

– Por um instante tive medo de ter passado dos limites. – ele admitiu me apertando um pouco seu abraço e mergulhando seu rosto no meu cabelo.

– Foi perfeito. – reafirmei – Obrigada.

– Melhor adaptada ao fato de Jacob ter um filho? – ele perguntou um tanto sério e me perguntei se ele estava pensando na minha carga emocional ou se estava com ciúmes.

– Perfeitamente adaptada. – fui honesta – Ele não é muito novo para ir à festa?

– Não acho que eles ficarão muito tempo. – ele respondeu – E bebês nessa idade não sabem diferenciar muito bem quando devem ficar acordados e quando devem dormir, então não acho que possa fazer mal.

– Desde quando você sabe tanto sobre bebês? – provoquei puxando um pouquinho os cabelos de sua nuca.

– Desde que um deles se tornou meu rival para ter sua atenção. – ele respondeu.

Soltei uma gargalhada que logo morreu quando ele grudou seus lábios aos meus.

– Eu tenho mais uma coisa para você. – ele falou quando nossos lábios se separaram.

Observei Edward tirando uma caixinha do bolso. Pela aparência seria uma joia e eu estava prestes a me negar, declarando que eu odiava presentes caros, mas ele foi mais rápido que eu.

– Eu sei que você costumava odiar presentes caros, mas antes do acidente você adorava joias, então... Acho que eu tentei agradar você em duas épocas. – ele disse abrindo a caixinha e revelando um par de brincos prateados.

Eram como duas gotas, sem riqueza de detalhes.

Tomei a caixinha em minhas mãos para admirá-los e percebi que, além dos brincos, havia um colar. O pingente era apenas uma pedrinha, como um pingo de luz. Eu estava  apaixonada pela extrema beleza contida naquelas joias tão delicadas.

– Coloca em mim? – pedi, deixando Edward saber que eu havia gostado.

Me virei para que ele me ajudasse com o cordão e, antes de me voltar para ele novamente coloquei os brincos.

– Ficaram lindas em você – ele elogiou trazendo suas mãos ao meu rosto, acariciando.

– Obrigada. Eu adorei! – falei deixando que minhas mãos fossem para seus ombros.

– Bom saber que recuperei a atenção que perdi para meu pequeno rival. – ele brincou antes de voltar a unir nossos lábios.

– Edward? – chamei lembrando de um detalhe quando nosso beijo terminou.

– Sim? – ele olhando bem nos meus olhos.

– Sobre o teste de gravidez que você encontrou... – parei sem saber ao certo como continuar – Qual foi o resultado?

Ele suspirou antes de me responder. O breve momento de silêncio me mantando.

– Inconclusivo. – ele respondeu.

– Lembrando que eu não te traí... – comecei, mas ele logo me cortou.

– Eu sei disso, Bella. – ele disse firmemente – Eu confio em você.

Seus olhos fixos nos meus mostrando a verdade em suas palavras.

– Há alguma chance de eu estar grávida? – perguntei.

Agora a dúvida voltando a me matar.

Edward sorriu seu sorriso torto antes de responder.

– Se você contar com nosso sexo de reconciliação... Há chances. – ele respondeu provocando.

Com isso, eu sabia que estávamos bem.

~*~*~*~*~*~

Nós tivemos que entrar pela porta dos fundos do salão, já que a frente estava bloqueada. Antes mesmo de chegarmos até ele meus ouvidos já foram preenchidos por uma música animadamente tranquila e muito agradável que reconheci ser “Dream a Little Dream of Me*”.

Mal entramos e demos de cara com Alice em sua pose se mini sargento conversando com uma mulher vestida em um terninho.

– Eu tenho pena dessa mulher. – comentei com Edward, ainda encarando a cena.

– Eu tenho sorte por ela existir. – falou Jasper me assustando ao chegar tão de repente.

Trocamos cumprimentos e logo Alice veio até nós.

– Está tudo pronto! Faltam apenas os convidados! – ela comemorou, mas logo nos dirigiu sua raiva – Por que demoraram tanto?

Fiquei pasma na capacidade que ela tinha de alterar seu humor em graus tão opostos em tão pouco tempo.

– Olá para você também, Alice. – falou Edward brincalhão.

Um garçom veio até nós oferecendo champanhe. Jasper prontamente aceitou, assim como Edward. Olhei para Edward sem saber se eu estava habituada a beber.

Observando minha dúvida, Edward me entregou sua taça e pegou outra para ele.

Alice se negou a consumir qualquer tipo de álcool, pois alegara precisar estar sóbria para comandar aquela festa.

Edward me chamara para andar ao redor, olhando as mesas, os arranjos e admirando o ambiente.

Pouco tempo depois os primeiros convidados chegaram, logo se aproximando de onde eu estava com Edward.

Reconheci o homem com feições hispânicas, mas não sabia nada sobre a mulher ao seu lado.

– Edward, Bella! – disse o primeiro médico que vi desde que acordara do acidente.

– Eleazar! Bom finalmente te ver fora do hospital! – cumprimentou Edward, antes de se voltar para mim – Bella, você se lembra de Eleazar, certo?

– Claro. Como vai, Dr Den... – me parei ao lembrar que ele me pedira para trata-lo pelo nome, afinal ele era amigo da família – ...Eleazar?

– Muito bem, obrigado. – ele respondeu educadamente.

– Carmen, cada dia mais maravilhosa. – Edward falou cumprimentando galantemente a mulher que estava de braços dados com Eleazar, mas novamente se voltou para mim – Bella, você não deve se lembrar dela. Esta é Carmen, esposa de Eleazar.

– Olá, Carmen. – cumprimentei um tanto sem graça por não saber ao certo o quanto a conhecia.

– Como vai, Bella? – ela me respondeu com um sotaque hispânico e sem demonstrar intimidade, mas com uma forma muito carinhosa.

– Muito melhor. – respondi segura.

Eles logo foram cumprimentar Alice e Jasper e, com o tempo, mais e mais convidados iam chegando.

Parecia que em um momento estávamos apenas nós no salão e, no momento seguinte, pelo menos metade das mesas já estavam ocupadas.

A grande maioria vinha nos cumprimentar e Edward sempre me apoiava, me apresentando novamente para as pessoas.

Fiquei feliz em ver que Alice lembrara dos amigos do trabalho de Edward.De alguma forma, foi bom rever Liam e Siobhan, assim como foi bom rever Peter e Charlotte.

Eu estava começando a ficar meio zonza no meio de tantas pessoas quando vi um casal muito conhecido.

– Bella! Você está linda! – Bree me cumprimentou.

– Obrigada! Você também está ótima! – respondi sincera.

– Como você está, Bella? – Max perguntou mantendo seu braço em volta da cintura de Bree e uma distância segura de mim, provavelmente em respeito a Edward.

– Muito bem, obrigada. – respondi e logo me virei para Edward, invertendo nossos papéis – Edward, você lembra de Bree e Max, certo? Eles trabalham comigo.

– Claro, é um prazer revê-los. – Edward respondeu de imediato e os cumprimentou com um aperto de mãos.

Assim que eles foram procurar a mesa em que sentariam Edward voltou-se para mim.

– Eu não sabia que eles eram um casal. – ele falou com a testa enrugada, como se tentasse entender algo.

– Não acho que eles estejam assumidos há muito tempo. E eu provavelmente tenho tudo a ver com isso. – comentei.

– O que quer dizer? – ele perguntou se aproximando mais de mim, tentando nos colocar em uma posição mais íntima, fazendo com que outro casal desistisse de vir falar conosco.

– Lembra da noite em que você estava viajando, quando eu não dormi em casa? – perguntei esperando que ele assentisse – Eu realmente estava com Max. Com Max e com Bree. Saí com eles e estava tentando ajudar eles a se conhecerem melhor porque eu já sabia que ele tinha interesse nela.

Vi um lampejo de culpa em seus olhos.

– Bella... – ele parou parecendo não saber como continuar – Eu nem sei como dizer o quanto eu sinto por ter te acusado...

Levei meus dedos aos seus lábios, fazendo com que ele se calasse.

– Está tudo bem. – afirmei com um sorriso – Já passou.

Edward começou a me beijar, mas um pigarro logo nos interrompeu.

– Edward! Bella! Como estão? – reconheci sua voz antes mesmo de me virar para ela.

– Tanya! – exclamei ao vê-la ali, mais linda do que nunca.

– Como vai, Tanya? – Edward perguntou educadamente.

– Bem, e vocês? – ela nos perguntou, mas percebi que seu olhar se dirigia para mim.

– Muito bem, obrigada. – respondi sorrindo para ela, esperando que ela entendesse que estava agradecendo também por sua ajuda recente.

– Olá Edward. – vi uma mulher muito parecida com Tanya, porém com cabelos mais curtos se juntar a ela – Como vai, Bella.

– Bem. – respondi sem saber ao certo o que fazer.

– Olá, Irina. – Edward respondeu sorrindo educadamente para ela – Bella, esta é Irina. É a irmã mais nova de Tanya.

Neste mesmo instante uma terceira mulher loira, também parecida com Tanya chegou até nós, nos cumprimentando.

– Esta é Kate, Bella. A filha do meio de Eleazar e Carmen. – Edward me explicou.

– É muito bom revê-las. – respondi mais por educação, já que não tive tempo de avaliar Kate, mas não gostara muito da postura arrogante que Irina carregava.

Logo em seguida, Alice anunciou que Emmett e Rosalie estavam chegando com Esme e Carlisle.

Emmett e Rosalie entraram rapidamente, dando passagem aos meus sogros, que tiveram sua entrada acompanhada por uma música instrumental, que deixara tudo incrivelmente lindo.

Flashes de câmeras dispararam e só aí percebi que havia fotógrafos presentes. A surpresa era evidente nas feições de Esme e Carlisle que estavam impecáveis. A união e a parceria deles era palpável, assim como o amor deles era visível.

O casal foi avançando por um tapete vermelho, cercado pelas mesas onde os convidados se levantaram para vê-los entrar. O tapete ia da entrada do salão até a pista de dança, dividindo o salão em dois lados.

A cena que eu assistia fez com que eu relacionasse a entrada deles em uma igreja, como se as mesas fossem os bancos e a pista de dança fosse o altar.

Quando eles finalmente alcançaram a pista de dança, as luzes diminuíram, havendo apenas um feixe sobre eles e uma suave claridade no palco, onde entrou toda uma orquestra e um cantor, iniciando assim a música “Blue Moon”, de Frank Sinatra.

Mesmo não estando perto, percebi que Esme se emocionara, mas Carlisle logo enxugara seus olhos e os dois começaram a dançar, recebendo aplausos de todos.

Era uma cena linda, como se eles tivessem ensaiado, mas o fato de ter sido natural tornava tudo ainda mais bonito.

– Dança comigo? – ouvi Edward sussurrar no meu ouvido enquanto estávamos abraçados, minhas costas em seu peito, admirando seus pais.

– É uma dança para seus pais, Edward! – respondi repreendendo-o.

– Vamos fazer com que seja uma dança para os Cullen. – ele respondeu deixando um beijo na base do meu pescoço, fazendo com que eu me perdesse da realidade e seguisse seus passos em direção à pista.

Chegando lá já era tarde demais para avisar que não sabia dançar. Fiquei tensa, mas logo relaxei ao perceber que Edward era ótimo em conduzir e que se eu me deixasse levar pelo ritmo da música, acabava conseguindo seguir seus passos.

Relaxei abraçando-o ainda mais e vi por minha visão periférica que Alice e Jasper se juntaram a nós, assim como Rose e Emmett.

Quando a música acabou Esme e Carlisle foram abraçar Alice, provavelmente já sabendo que a ideia só poderia ter vindo dela. Jasper também foi abraçado, assim como Emmett, Rose, Edward e eu.

Ver a felicidade de todos a minha volta estava me fazendo incrivelmente feliz.

Esme e Carlisle foram receber os cumprimentos dos outros convidados, enquanto muitos iam para a pista, agora ao som de I Won’t Dance, também de Sinatra.

– BELLINHA! – mesmo se seu grito não fosse reconhecível, o abraço esmagador que recebi teria delatado que era Emmett me cumprimentando.

– Emmett! – gritei com o fôlego que ainda tinha, mas ele pareceu achar que era minha animação em vê-lo.

– Como você está, pequenina? Toda essa gente está te perturbando? – ele perguntou carinhosamente e fiquei tocada por sua preocupação comigo.

– Eu estou ótima, Emm. – respondi sorrindo para ele.

– Deixe- a em paz, Emmett! – Rosalie chamou atenção dele, mas eu podia ver em seus olhos que ela também estava comovida com sua preocupação, mas ela logo disfarçou, virando-se para mim – Viu o resultado da sua obra?

– Minha obra? – perguntei enquanto Edward e Emmett trocavam cumprimentos.

– Não viu o túnel com tudo o que você juntou? – Rose perguntou com o cenho franzido.

– Não... – respondi pensativa – Nós tivemos que entrar pelos fundos.

– Edward! – ela gritou – Você precisa mostrar a entrada a ela!

– Olá para você também, Rose. – ele respondeu brincando.

De mãos dadas, fui com Edward em direção à entrada e vi que, de fato, havia um túnel montado por tecido. Havia fotos, artigos, documentos e outros tipos de material colados ou mesmo pendurados no tecido.

Reconheci algumas fotos que eu encontrara na caixa Cullen logo que me mudei para morar com Edward. Parecia que fora séculos atrás.

Edward me contou histórias de cada foto. Me surpreendi ao ver que eu estava presente em muitas delas, assim como Rosalie e Jasper.

Vi nossa foto de formatura, fotos do nosso casamento, fotos do casamento de Alice e do casamento de Edward. Havia recortes de jornal plastificados, parabenizando Carlisle pelo sucesso no hospital e parabenizando Esme por projetos de sucesso. Notei que era como um túnel do tempo, organizando tudo cronologicamente.

– Ficou incrível. – falei admirada.

– Graças a você. – ele respondeu, me virando para ele e me abraçando.

Levei minhas mãos ao seu pescoço e puxei para selar nossos lábios. Suspirei ao sentir seu gosto novamente. Eu estava emocionalmente tocada com as realizações de hoje e parecia estar mais sensível a ele.

– Oh, meu bebê! – ouvi um gritinho um tanto histérico, que fez com que nos separássemos.

– Mãe! – gritei ao reconhecer sua figura entrando de braços dados com um homem.

– Bella! Você está linda, querida! – ela falou animadamente me abraçando – Eu senti tanta saudade, mas eu sabia que você ficaria melhor com Edward! Vocês sempre foram feitos um para o outro!

Ouvir isso da minha mãe apenas fez com que a felicidade em mim aumentasse ainda mais. Era como se todos estivessem confirmando o que eu sentia.

– Também senti sua falta, mãe. – respondi, mas ela logo me soltou.

– Edward, meu querido, como você está? – ela perguntou voltando-se para ele.

– Muito melhor agora que você chegou, René. – ele respondeu charmoso como sempre.

– Oh, Bella! – minha mãe voltou-se para mim novamente – Este é Phil, meu marido.

– Olá, Phil. – cumprimentei meu padrasto.

– Querida, eu sinto muito pelo nosso atraso! Eu esqueci os documentos em casa e acabamos perdendo o nosso voo, acredita? Eu queria tanto ter ido te visitar mais cedo! Eu estaria morrendo de ciúmes do seu pai se eu não tivesse visto você antes dele, desde que você acordou do acidente! Nós ainda vamos nos encontrar e conversar com calma! – minha mãe foi tagarelando e eu perdi grande parte do que ela falou.

– René, acho que deveríamos ir cumprimentar os sogros de Bella. – Phill falou tentando controlar minha mãe.

– Mas é claro! – ela exclamou animadamente – Volto a falar com você mais tarde, bebê.

E como um raio ela se afastou pelo túnel, adentrando a festa.

– Uau, essa é minha mãe! – comentei rindo.

– Sinto muito que ela não tenha participado da sua surpresa. – Edward falou me abraçando por trás, novamente.

– Não seria minha mãe se ela não tivesse se atrasado. – respondi sorrindo em seu abraço.

Voltamos para dentro do salão e, de longe, vi que até mesmo os Volturi estavam lá. Evitei fazer contato visual, não permitindo que a presença macabra deles estragasse a perfeição daquela noite.

Ao desviar o olhar me deparei com a mesa em que meu pai e Sue estavam sentados, assim como Leah e Jacob, com JJ em seu colo. Pensei em ir até eles, mas anunciaram que o jantar seria servido e fui com Edward para a nossa mesa.

A comida estava maravilhosa e aceitei mais uma taça de champanhe para acompanhar. Alice mal conseguiu comer, tentando observar se tudo corria bem, mas Jasper continuava tranquilo, apoiando-a e convencendo-a a aproveitar um pouco.

Emmett e Rose chegaram um pouco depois e percebi que Emmett estava agindo um tanto estranho, mas preferi não me envolver.

Terminado o jantar, Esme e Carlisle foram até o palco. Eles fizeram um breve discurso agradecendo a todos pelo carinho e pela presença, além de desejar que todos aproveitassem. Agradeceram especialmente a Alice pelo planejamento da festa, e incluíram a mim, Rose, Edward, Emmett e Jasper. Incluíram também que, se não fosse pela família e pelos amigos ali presentes não teriam tantas conquistas.

Como esperado, foram muito aplaudidos.

O que ninguém esperava era que Emmett se levantasse e fosse até o palco, pegando o microfone que Carlisle deixara.

– Ei pessoal! – ele começou – Acho que a maioria aqui me conhece, eu sou o filho mais velho do nosso casal querido.

Algumas pessoas riram com isso, mas percebi que Emmett parecia nervoso.

– Eu só queria dizer que eu não tenho palavras para descrever como é bom pertencer a essa família. – sons de “oh” e “ah” foram ouvidos – É sério! E, então, eu queria aproveitar esse momento para dar uma notícia a todos, mas eu queria que a minha esposa estivesse aqui comigo. Você pode vir aqui, Rose?

Vi Rose congelar e piscar duas vezes antes de decidir se levantar e ir para o palco, onde ficou ao lado de Emmett.

– Bom, – ele voltou a falar – vocês devem se lembrar de mim quando eu era criança, ou devem ter visto as fotos no túnel de entrada. Acontece que, há alguns minutos atrás, minha esposa me levou para vê-las e apontou uma foto de quando eu era gordinho e disse que me amaria mesmo que eu voltasse a ser gordo.

Com isso todas as pessoas soltaram gargalhadas.

– Eu disse a ela que ficava feliz por isso, já que eu a amaria sendo ela magra ou gorda, alta ou baixa, irritada ou amorosa. – ele voltou a falar – Foi então que ela me disse que isso era um alívio, já que ela vai engordar e se irritar bastante em pouco tempo. Afinal, é isso que acontece quando as mulheres ficam grávidas.

Com isso ele largou o microfone, abraçando Rose como se sua vida dependesse disso enquanto os convidados aplaudiam.

Esme e Carlisle foram abraça-los e, novamente, vi os olhos de Esme se encherem. Fui com Edward parabenizá-los também, assim como Alice e Jasper.

Estava prestes a voltar para a mesa quando começaram a tocar uma música e senti Edward me virar para ele.

– Dança essa música comigo? – ele pediu com aquele olhar de adoração, como se nada no mundo fosse mais importante que eu, como se não houvesse nada além de mim no mundo.

Foi impossível negar.

Fomos para a pista de dança e reconheci que a música era “Always on My Mind”, de Elvis Presley.

Entendi o motivo da urgência de Edward em dançar aquela música comigo. Era como se contasse a nossa história. Nós tínhamos dívidas um para com o outro, mas estávamos sempre pensando um no outro.

Em nosso relacionamento houve falta de pequenos gestos como declarações, beijos e abraços, mas nosso amor ainda estava ali e nós tínhamos mais essa chance de fazer dar certo.

Talvez minha perda de memória tenha sido uma auxílio, e não um obstáculo.