Nossos Momentos escrita por b-beatrice


Capítulo 3
Sussurros


Notas iniciais do capítulo

- como prometido, postado durante o fim de semana, mesmo sendo dia das mães! o/
- parabéns a todas às mamães, principalmente às mães que estão lendo e às mães de quem está lendo! :D



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 Acordei ainda sonolenta e com os olhos pesados. Ainda não completamente consciente percebi a escuridão do quarto, mas não estava assustada.

Com a pouca iluminação pude perceber um Edward adormecido ainda sentado na cadeira perto de mim. Sua mão estava sobre a minha e seu corpo tombava para frente, aproximando-o ainda mais.

O menor movimento que fiz tentando melhorar a posição em que estava fez com que Edward acordasse com um susto.

– O que aconteceu? Está sentindo alguma coisa? – perguntou apressado, com voz rouca de sono, olhos assustados e intensificando o aperto em minha mão.

– Está tudo bem, só estou me ajeitando. – respondi me movendo.

– Você não precisa mentir para mim, ok? Pode me falar se sentir alguma dor ou desconforto. – seus olhos imploravam.

– Estou bem.

– Quer que eu chame sua mãe? Talvez você se sinta mais confortável com ela. – ofereceu soltando minha mão e já se levantando.

– Não vai fazer diferença. Eu estou bem. Além do mais estou com sono, não vai mudar nada minha mãe ficar no seu lugar. – falei já começando a ficar irritada. Meu humor não era dos melhores quando o sono o afetava.

– Certo, então descanse. Vou ficar aqui e qualquer coisa você pode falar. Prometo que vou estar acordado e não vou sair do seu lado. – sentou-se novamente e ficou com postura ereta.

– De jeito nenhum. Você precisa dormir, Edward. Não é saudável virar noites acordado e você já está bem abatido. Se for assim eu prefiro que chame minha mãe. Você pode ir dormir e ela vai acabar dormindo de qualquer forma. – felei.

– Como se eu fosse dormir no corredor do hospital. – debochou ele.

Lembrei então de tê-lo visto durante o dia inteiro do lado de fora do quarto e a curiosidade falou mais rápido.

– Por que você fica tanto tempo no corredor? – perguntei.

– Bom... – ele hesitou – Eu queria ficar perto de você.

– Não faz sentido... Se queria ficar perto, porque ficava do lado de fora? – perguntei confusa.

– Achei que ficaria mais confortável com sua mãe e queria te dar alguma privacidade. Você não se lembra de mim e estava bastante assustada... Não queria te deixar mais agitada. – ele falou com algo que parecia mágoa em sua voz.

– Oh... Entendo. Obrigada. – respondi um tanto sem graça.

– Volte a dormir. Amanhã vai ser um dia cheio para você. – ele disse ainda mantendo a postura ereta na cadeira, indicando que não voltaria a dormir tão cedo.

– Por que vai ser um dia cheio? – perguntei imaginando que depois de uma conversa ele veria que estava bem e aceitaria dormir.

– Bom... Eu não sei se posso ficar te falando essas coisas, mas amanha você vai ver pessoas que você já conhece, mas não se lembra. Pessoas que você conheceu depois da escola em Phoenix. – ele disse parecendo fazer um grande esforço para não me dar informações em excesso, mas deixou uma passar.

– Como assim depois da escola em Phoenix? Eu estudei em outro lugar? – perguntei sem enrolo.

– Bella... – ele passou a mão pelo cabelo, deixando-o ainda mais charmoso – eu acho que não deveria estar falando com você sobre isso.

– Como assim!? – me exaltei. – Eu não deveria saber o que aconteceu comigo?

– Sim, amor. É claro que você vai saber, mas não tudo de uma vez só. De acordo com Eleazar você só deve saber das coisas mais importantes e deve partir de você o momento para perguntar, o que perguntar e a quem você deseja perguntar. Precisa ser alguém em que você confie.

Não sei se o que mais me chocou naquela frase foi ser chamada de “amor” ou o modo como ele disse cada palavra. Ele não estava irritado. Ele falava como se conversasse com uma pessoa extremamente leiga, de forma extremamente paciente, mas além de tudo, havia ali um cuidado imenso e um carinho sem proporções. Além do mais, sua mão permanecia na minha, fazendo círculos que emanavam aquele sentimento de segurança.

Impossível dizer qual foi o fato que mais colaborou, mas tudo isso fez com que uma pequena frase cheia de significado escapasse na forma de sussurro pelos meus lábios.

– Eu confio em você.

Foi tão repentino que levou certo tempo para que nós dois absorvêssemos o que eu havia dito. A minha reação foi corar, mas a de Edward... Ah! A de Edward foi abrir um sorriso tão perfeito que me senti derretendo em cima daquela cama. Fiquei admirando aquele sorriso cheio de satisfação e felicidade, combinando com um olhar de esperança e, novamente, adoração.

– Tudo bem, então. – ele falou animado. – Como vamos fazer isso? – parecia um menino perguntando como se joga tal jogo e precisei me segurar para não deixar na cara que estava achando graça.

– Não sei. Como vou saber o que é necessário? – era tudo tão confuso...

– Tem algumas coisas que são essenciais, mas tenho medo das suas reações. – disse ele pensativo.

– Por favor, Edward. Não me esconde nada. Eu prometo tentar não entrar em pânico ou ter um surto psicótico, mas me conta, por favor. – fiz minha melhor cara de pedinte.

– Tudo bem. – ele disse após suspirar. – Bella, eu não sei até onde exatamente você se lembra das coisas, mas em algum momento você decidiu se mudar de Phoenix. – ele fez uma pausa, talvez esperando que eu processasse a informação. O que na verdade não era nada tão impressionante assim. Eu gostava de Phoenix, mas não havia nada de tão maravilhosos que me fizesse pensar que eu fosse morar lá para sempre. – Você se mudou para Forks, para morar com seu pai.

Pausa. Tudo bem, eu não via motivos para ficar para sempre em Phoenix, mas eu odiava Forks! Eu podia não amar Phoenix, mas eu amava o sol, o calor, a luz do dia intensa... Eu amava até mesmo a vegetação seca que acabava se tornando marrom...

Forks era o oposto de tudo o que eu amava. Era uma cidade pequena, onde todo mundo se conhecia e todo mundo vigiava a vida de todo mundo. Era chuvoso, frio, havia neblina e verde de mais...

– Bella, você está me assustando. – Edward falou provavelmente achando que eu estava levando tempo de mais para assimilar tudo.

– Tudo bem, continue. – era chocante, claro, mas resolvi guardar todas as minhas reações de confusão e incredulidade para depois de ter recebido o máximo de informações possíveis para, enfim, assimilar tudo junto.

– Você foi morar com o seu pai porque sua mãe se casou de novo. Ela se casou com um jogador de baseball, então precisava viajar constantemente. Você escolheu se mudar para que ela pudesse viajar sem preocupações. – ele fez uma nova pausa, mas eu já tinha tomado minha decisão. Eu não iria reagir enquanto não tivesse juntado o máximo de informações possíveis.

– Continue. – falei.

– Você foi estudar na escola de Forks, Forks High School, que foi onde nos conhecemos. Nos distanciamos um pouco por causa da faculdade. Eu fui para Yale e você para Columbia, mas continuamos juntos mesmo assim. Nos casamos assim que a faculdade terminou e passamos a morar juntos em Nova York, que é onde estamos.

– Espera um minuto. Estamos e Nova York? – perguntei impressionada. Nem nos meus melhores sonhos eu poderia cogitar morar em Nova York.

– Eu te conto que sua mãe casou, que você começou a namorar, que você estudou em Columbia, que você está casada e o que mais te espanta é morar em Nova York? – ele perguntou sorrindo.

– É espantoso. – suspirei – Você disse que eu vou ver pessoas que conheci durante o tempo que eu não lembro. Que pessoas?

– Em sua maioria minha família, mas também alguns amigos e seu padrasto. Estão todos preocupados com você. Além disso, é bom você ter contato com algumas coisas que você esqueceu para estimular sua memória. – agora ele conseguira me assustar.

Eu precisaria conhecer a família do meu marido que eu acabara de conhecer. E se não gostarem de mim? Ou melhor, e se eles já não gostassem de mim? Como seria minha relação com meu padrasto?

– Edward, estou com medo. E se for de mais para mim ter contato com todos de uma vez só? E se eu não quiser ver ninguém? Não podemos apenas esperar até que a minha memória volte? E o que eu vou fazer quando sair do hospital? Eu não conheço nada em Nova York! – acabei deixando meu desespero transparecer em nossa conversa sussurrada.

– Fique tranquila. A prioridade é te deixar confortável, assim as memórias vão voltando aos poucos, apesar de que às vezes estímulos ajudam. Confie em mim, ninguém vai te obrigar a nada. Eu posso dizer a todos que você está bem, mas não o suficiente para revê-los e você pode ficar com sua mãe na casa dela se isso fizer você se sentir mais segura. Agora é melhor você dormir. Tem muita coisa para assimilar. – sua mão continuava segurando a minha, fazendo os círculos com o polegar que tanto me acalmavam.

– Você precisa dormir também. – falei já aceitando o fato de que dormiria, pois o sono começava a me consumir e seu toque fazia o efeito tranquilizante.

– Tudo bem, vou esperar você dormir então. – ele disse ainda próximo de mim.

– Boa noite, Edward. – falei fechando os olhos, mas sem a intenção de dormir.

Meu plano era fingir que dormia e esperar que Edward acreditasse e fosse dormir. Caso levasse muito tempo abriria os olhos e reclamaria com ele.

Em algum momento, no entanto, a consciência começou a me abandonar, mas soube que Edward cumpriu sua promessa, pois senti um beijo em minha testa seguido por um “boa noite, Bella” e pude senti-lo apoiando sua cabeça em meus travesseiros.

Em algum lugar profundo da minha mente veio a ideia de que ele acordaria com uma terrível dor nas costas por estar naquela posição, mas logo em seguida senti sua respiração próxima e por mais estranho que pudesse parecer, estar com aquela pessoa estranha, que por acaso era meu marido e que, por algum motivo, eu já confiava, era bom de mais para perder tempo raciocinando, então me permiti dormir.


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Notas finais do capítulo

- Finalmente um pouco de interação Edward/Bella!
- Se ainda houver quem queira, o capítulo 4 está em andamento e como sempre, vou tentar postar no próximo fim de semana.
- Se quiser fazer uma autora de primeira viagem feliz... Comente!