Nossos Momentos escrita por b-beatrice


Capítulo 2
Porto Seguro


Notas iniciais do capítulo

- como prometido, postado durante o fim de semana



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Eu havia acordado há poucas horas. Desde que tive meu choque de realidade passei a agir como expectadora da minha própria situação, deixando minha mãe e o tal Edward agirem por mim, apesar de que notei que quando comparava os feitos dos dois era praticamente como se ele não estivesse aqui, deixando nas mãos da minha mãe todas as decisões.

Foi ela quem avisou a enfermeira que colaborara com meu choque de realidade sobre minha perda de memória, quem conversou com o médico sobre como eu havia acordado, quem implicou com a comida que me serviram, quem me acompanhou nos exames que fiz, quem me contou que estava com um braço quebrado, quem ajeitou meus travesseiros e quem ficou segurando minha mão e me distraindo das agulhas que ainda estavam em mim.

Minha mãe sempre foi o tipo de pessoa que se entrega por completo em tudo o que faz e eu nunca levei muito a sério seu lado exagerado e quando mexia com seu lado mãe-coruja sentia-me extremamente incomodada por tanta proximidade. Acontece que agora eu estava mesmo assustada e o que mais queria era algum ponto de apoio, alguém para me acalmar, alguém em quem confiasse. Por um lado, então, eu agradecia por minha mãe estar ali, apesar dela não conseguir diminuir em nada minha confusão e agitação, mas pelo outro eu me perguntava com que tipo de pessoa casei.

Edward havia ficado sempre às sombras. Eu sabia que ele estava bem ali do lado de fora do quarto, pois toda vez que a porta se abria eu podia vê-lo, mas ele mantinha uma distância extrema de todas as decisões. Ele não entrava no quarto, não participava das conversas e não interferia em nada. Será que estávamos brigados? Pelo modo que ele agiu quando acordei poderia dizer que sim, mas ao mesmo tempo ele parecia tão preocupado e carinhoso...

A porta do quarto se abriu interrompendo meus pensamentos e pude ver a figura de Edward ali fora antes de um homem de jaleco branco entrar e ela se fechar.

– Isabella Swan, certo? Sou o doutor Denali, mas por favor, me chame de Eleazar. – ele falou aproximando-se e oferecendo um aperto de mão ao qual correspondi de imediato. Seu aperto era seguro e ele tinha um sotaque espanhol que se encaixava com suas feições e com os cabelos e olhos escuros.

– Eu prefiro Bella, Eleazar. – respondi.

– Combina com você. – ele falou com simpatia. – Como vai, Renée? – falou virando-se para minha mãe.

– Preocupada. – ela respondeu olhando para mim com aquele olhar de mãe assustada que ainda me incomodava.

– Acredite, você não é a única. Há alguém surtando do lado de fora. Além do mais, estamos fazendo o nosso melhor, mas agora preciso pedir para ficar sozinho com Bella. – ele respondeu sorrindo tranquilamente. Será que ele se referia a Edward surtando? Ele se importava, afinal?

– Estarei ali fora, Bella. – minha mãe disse e me deu um beijo na testa antes de sair do quarto.

– Então, Bella, estou aqui para te fazer algumas perguntas para saber mais sobre sua perda de memória, está se sentindo a vontade para isso? – ele perguntou tirando minha atenção da porta, tornando impossível para mim checar pela milésima vez se Edward estaria ali.

– Claro. – respondi um pouco desanimada.

– Qual é a última coisa que você se lembra? – ele perguntou puxando uma cadeira para perto da minha cama.

– Não sei. Não há uma última lembrança. Eu lembro do contexto, do geral, mas nada específico. – respondi após tentar lembrar de algum fato isolado, algum momento em si.

– Certo – ele falou anotando algo em uma prancheta. – Vamos checar então até onde dos contextos você se lembra. Você sabe me dizer o seu nome completo, sua ocupação, onde mora e com quem?

– Meu nome é Isabella Marie Swan, mas sempre preferi que me chamassem de Bella. Lembro de ser estudante da Phoenix High School*, moro aqui mesmo em Phoenix com minha mãe, que se chama Renée.

– E o que você sabe me falar sobre o seu pai? – perguntou devagar, deixando claro que eu teria tempo para pensar.

– Oh... Nós não nos vemos muito. Seu nome é Charlie Swan, ele mora em Forks, é chefe de polícia de lá. Meus pais são separados desde que eu era muito pequena, então eu passei pouco tempo da minha vida com meu pai. – agora a já conhecida dor de cabeça começava a dar sinais de vida.

– O que você se lembra de gostar de fazer, Bella? Alguma atividade extracurricular, um hobbie, uma diversão?

– Eu não sou tenho coordenação motora para esportes, muito menos talento para artes ou música. Eu costumo ler muito.

– O que você pode me falar sobre seus amigos?

– Eu não tenho muitos. Acho que nunca estive sintonizada com pessoas da minha idade, já nasci um tanto antiquada... Muito chata para uma adolescente. – dessa vez ele levou mais tempo anotando.

– Eu prefiro dizer precocemente amadurecida. – ele falou rindo. – Então, Bella, de acordo com os exames anteriores e nossa entrevista, parece que não há nenhuma sequela física em você. O que nos leva a pensar que a perda de memória se deu pelo trauma do acidente. – pontuou.

– Significa que eu vou ficar bem? – perguntei ansiosa.

– Você já está bem, Bella. Não há lesão grave, não ocorreram fraturas sérias... O problema maior foi o impacto na sua cabeça, que ainda assim não gerou maiores complicações. Vamos manter você em observação essa noite e amanhã mesmo se você quiser podemos pensar em te liberar para casa. O que me preocupa agora, é o seu lado psicológico. – explicou ele mantendo no rosto um sorriso que vinha falhando na tentativa de me tranquilizar.

– Como assim? – perguntei já demonstrando agitação.

– Muita coisa aconteceu, Bella, desde a época que você se lembra. Muita coisa mudou. Você está preparada para saber tudo? – agora o sorriso dele começava a me deixar mais ansiosa.

– Eu sei. Na verdade já era de se esperar, já que tanto tempo se passou.

– Bella, pessoalmente, eu não acho que devo ser eu a te contar tudo o que aconteceu. Inclusive, o melhor seria ninguém te contar, para que você possa tentar se lembrar sozinha, mas há coisas básicas que você precisa saber. O mais indicado agora, seria você escolher algumas coisas que você julga serem necessárias saber e alguém para perguntar. Sente-se bem quanto a isso? – perguntou pela primeira vez sem o sorriso.

– Sim. – respondi.

– Então, antes de dar por encerrada nossa entrevista, você tem alguma coisa a pedir, alguma reclamação ou queixa? – ele perguntou já se levantando.

– Minha cabeça dói. E meu braço está incomodando. – respondi fazendo uma careta pelas dores que passei a perceber com mais intensidade depois que ele perguntou.

– Certo, a enfermeira já está vindo trazer analgésicos. Foi um prazer, Bella. – ele saiu com seu sorriso de médico.

A enfermeira de fato veio logo em seguida e com ela os analgésicos que aliviaram minha dor e me deixaram sonolenta, até que estava quase dormindo e a última coisa que minha consciência percebeu foi um perfume diferente no ar. Um perfume que por si só me acalmava e passava segurança.

De repente eu estava bem, havia encontrado meu porto seguro e não havia mais confusão, não havia medo nem agitação. Não existia dor nem insegurança. Estava tudo estabilizado.

Então, lutando para conseguir uma última olhada pelo quarto antes de me deixar levar pelo sono abri um pouco os olhos e percebi que a fonte de toda aquela calmaria e segurança que estive buscando frustradamente o dia inteiro era Edward, que estava dentro do quarto, sentado bem próximo de mim com um olhar de completa adoração.

* Phoenix High School = inventei um nome para a escola da Bella em Phoenix.


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Notas finais do capítulo

- Desculpem a falta de interação Edward/Bella, aguentem um pouquinho, prometo que é o que mais vai ter.
- Se ainda houver quem queira, o capítulo 3 está em andamento. Vou tentar postar no próximo fim de semana, mas por ser dia das mães pode ficar complicado, então no outro, sem falta, estará aqui!
- Se quiser fazer uma autora de primeira viagem feliz... Comente!