Nossos Momentos escrita por b-beatrice


Capítulo 29
Labirinto


Notas iniciais do capítulo

Oi queridas!
Queria postar ontem, mas minha internet voltou a falhar quando eu estava respondendo os comentários!
Por causa disso, novidade: não vou deixar os comentários acumularem!
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/220364/chapter/29

Ele estava vestindo jeans e uma camisa social de mangas cumpridas por fora da calça. Casualmente arrumado. Ele provavelmente ainda estava de férias, porque eu não imaginava alguém se vestindo dessa forma para trabalhar aqui.

– Como você está, Bella? – ele perguntou com um sorriso brincando em seu rosto.

– Bem, e você? – perguntei realmente sem saber como agir.

Ele riu.

– Ótimo, bem melhor agora. Apesar de que eu deveria estar um pouco chateado com você. – ele falou cruzando os braços e dando uma piscada, deixando óbvio que estava brincando.

– Por quê? – não pude resistir a perguntar, entrando em sua brincadeira.

– Você sofre um acidente que me leva ao auge da preocupação, fica sem trabalhar, levando todos nós a vários surtos seguidos e quando volta, não avisa... E ainda se diz minha amiga. – ele falou com tom sério e balançando a cabeça de um lado para o outro, mas seu rosto era tão tranquilo que me vi rindo quando ele terminou de falar.

– Desculpe! – falei levantando minhas mãos em sinal de rendição – Ajudaria se eu dissesse que não pretendo passar por um acidente desses nunca mais e que estou tentando voltar a ser útil impedindo possíveis futuros surtos do pessoal? – perguntei entrando com ele em sua brincadeira.

– Talvez... – ele levou sua mão ao queixo, em claro sinal de quem refletia – E sobre o fato de não ter entrado em contato comigo?

– Max, esqueceu que eu não lembro de você? – perguntei e rimos juntos do quanto aquela frase poderia ser usada como trocadilho.

– Então você prefere deixar assim ou vai me convidar para entrar? A não ser que você realmente pretenda ficar batendo papo comigo bem aqui na porta da sua sala. – ele falou ainda fazendo graça.

– Não sei... Você realmente pretende ficar batendo papo comigo? – perguntei já abrindo a porta para ele entrar.

– Obrigado. – ele respondeu e fomos nos sentar.

A impressora tinha acabado de praticamente cuspir meu texto quando ele se acomodou em sua cadeira.

– Nossa. – comentei sobre o comportamento da máquina.

– Ela nunca foi muito educada, não se preocupe, não é pessoal. – ele falou brincando.

– Tudo bem, então. – falei pegando a folha e sentando do outro lado da minha mesa, de frente para ele.

– Agora, de verdade, como você está, Bella? – ele perguntou e percebi que o clima brincalhão tinha ido embora.

Em seu lugar, percebia uma grande e real preocupação.

Dei de ombros sem saber ao certo como responder àquela pergunta.

– Acho que eu estou bem... Quer dizer, eu estou bem, saudável, sem lesões, sem dores... Falta só todo o resto. – lembrei de ter tido mais ou menos essa mesma conversa com Rose quando fomos ao shopping e descobri o quão intensa era nossa amizade.

Isso foi há exatamente uma semana? Parecia ter sido uma eternidade!

– Você não lembra de nada mesmo? – ele perguntou e eu via o quanto ele estava preocupado comigo e ao mesmo tempo um pouco triste.

– Não. – respondi automaticamente ficando triste por isso. Não tinha como evitar.

– Mas você está fazendo tratamento, não está? Indo ao médico e essas coisas... – ele falou com desespero em seu tom de voz.

– Estou, mas eu não consigo lembrar. – falei cruzando os braços em uma posição instintiva de defesa – Mas pelo menos agora eu sei que falta algo.

– Como assim? – ele perguntou claramente perdido em minhas palavras.

– Quando eu acordei no hospital eu achava que eu era uma adolescente. Eu não fazia ideia de que o tempo havia passado. Agora pelo menos eu sei disso. Agora tem um espaço enorme na minha cabeça. Está vazio, mas pelo menos está lá. Eu sei que preciso preenchê-lo. Antes era apenas como se eu tivesse parado no tempo. Estou fazendo algum sentido? – perguntei quando percebi que eu estava divagando demais.

– Está, sim. - ele respondeu com um sorriso tranquilizador – É bom que pelo menos você saiba que o tempo passou. Muita coisa aconteceu.

– Eu sei. – comentei com um sorriso – Uma hora ou outra eu teria que notar os avanços da tecnologia.

Rimos juntos.

– Você não consegue lembra de nada? – ele perguntou novamente.

– Lembrar... não. Não exatamente, mas eu percebi que há algumas coisas que eu simplesmente sei. – falei esticando os braços a frente do meu corpo relaxando novamente em nossa conversa.

– Essa é a parte em que eu digo que você não está fazendo sentido e que você então começa a me explicar? – ele perguntou novamente me fazendo sorrir.

– Eu sei mexer em um computador desses. – falei apontando com a cabeça para um modelo muito atual de um Mac – Sei mexer no meu celular, sei usar o som do carro...

– O carro em si não? – ele me interrompeu trazendo uma questão na qual eu nunca tinha pensado.

– Não sei... Acredito que sim. Eu lembro de saber dirigir, lembro até de como foi aprender a dirigir. Isso foi antes da última memória que o acidente deixou. Eu provavelmente sou capaz de dirigir. – falei confiante.

– É claro que é. – ele falou sorrindo – E o trabalho? Ajudando em alguma coisa?

– Não sei... Eu estive lendo algumas coisas que eu já publiquei. Na verdade, é o que eu mais faço quando estou aqui. Não estou me gabando, mas eu realmente me superei! – rimos juntos dessa.

– Pode se gabar a vontade, Bella! Nós dois sabemos o quanto você gosta disso e como você é capaz de tornar o impossível em possível para conseguir escrever algo bem. E dentro do prazo. – ele falou e voltamos para as brincadeiras.

– Por que eu sinto que há uma pontada de inveja em sua última frase? – perguntei inclinando-me para analisá-lo.

– Culpado. – ele se declarou levantando suas mãos em abandono.

Rimos juntos mais uma vez.

– Sabe, é bem fácil conversar com você, Max. – comentei voltando a me recostar em minha cadeira.

– É muito bom ter você de volta para nossas conversas fáceis, Bella. – ele falou e tivemos um breve momento de silêncio.

– Bella? – ele chamou e eu pude perceber que ele vinha segurando o que quer que ele fosse falar agora – Como Edward está com tudo isso?

– Edward... – sorri involuntariamente quando deixei seu nome escapar pelos meus lábios – Ele é maravilhoso.

– Você poderia me apresentar uma definição mais detalhada? Você definitivamente precisa treinar melhor isso em sua comunicação, garota das artes! – ele falou em uma tentativa de me fazer rir novamente.

E ele conseguira.

– Ele é tão carinhoso! – joguei minha cabeça para trás, olhando para o teto enquanto falava sobre ele – Ele é cavalheiro, atencioso, cuidadoso...

– Aí está ela... – ele falou zombando.

– Quem? – perguntei sem entender sua piadinha.

– A adolescente que o acidente trouxe. Você está agindo exatamente como uma adolescente apaixonada! – rimos juntos disso. Eu era meio que uma adolescente. E mais que meio apaixonada.

– Ele tem sido meu companheiro em cada um desses momentos. – falei sorrindo enquanto pensava nele.

– Verdade? – Max perguntou com as sobrancelhas arqueadas, claramente surpreso.

– Sim! – falei apoiando meus braços na mesa e me inclinando na direção da nossa conversa – Nós passamos os dias juntos... Ele me conta do nosso passado, desde que nos conhecemos... Ele me levou para conhecer vários lugares... Nós nos encontramos com os irmãos e cunhados dele de vez em quando... Está tudo tão bom!

– Uau! – ele parecia sem palavras – Isso é ótimo, então.

– É sim. – respondi ainda pensando em Edward, mas ao olhar para Max vi que os sinais de surpresa não saiam de seu rosto – Por que você está tão surpreso?

– Não parece você. Na verdade, não parecem vocês. – ele falou com o cenho franzido.

– O que quer dizer? – perguntei.

– Nada. – ele respondeu com um sorriso que nem de longe era verdadeiro – É bom saber que você está bem e que está tendo algum progresso. Você tem todo o tempo do mundo para se lembrar e pode contar comigo sempre que precisar.

Com a rapidez que ele falou era fácil perceber que ele estava tentando se livrar daquela conversa.

– Max, eu não lembro de nada em relação a você – comecei e ele me olhou com tristeza –, mas de alguma forma eu gosto de você e confio em você. Por favor, não estrague isso. Por favor, me conte o que você está escondendo.

Eu pude ver que ele estava em um dilema. Sua boca tornou-se uma linha fina e suas sobrancelhas se aproximaram.

– Merda, Bella. Você sempre sabe o que dizer! – ele falou exasperado e eu soube que eu tinha ganho – O que você quer saber?

– Por que eu não pareço eu? – resolvi começar do início.

– De cara? Você nem sequer está em sua aparência, Bella. Você costuma estar... – ele parou como se buscasse palavras – Espera, deixa eu te mostrar.

Com isso ele se levantou e veio para o meu lado da mesa. Abaixando-se ao meu lado, ele começou a mexer no meu computador.

– Aí está! – ele apontou para a tela que mostrava uma pasta de fotos minhas as quais ele ia passando e explicando o acontecimento – Esta é você. Isso foi em uma exposição de artes plásticas há alguns meses, essa foi na última festa de fim de ano do jornal, essa foi em algum happy hour, essa...Bom, essa foi no seu aniversário. Viu como você está diferente?

E eu definitivamente estava.  Não era apenas o fato de estar com corpo de adulta, eu estava com jeito de adulta. Eu me vestia excelentemente bem. Eu diria até arrumada demais. Não era uma preocupação desnecessária a de como me vestir em meu primeiro dia, afinal.

A imagem de Alice e da Doutora Donavam vieram a minha mente. Eu provavelmente passava tanto tempo pensando em me vestir quanto elas.

E eu provavelmente ia além. Deus, eu usava acessórios. Mais do que eu julgaria confortável. E, provavelmente, todos joias verdadeiras. Colar, pulseira, brincos... Pude perceber que não era exagerado, era perfeitamente equilibrado. Como no mundo eu conseguia aquilo?

E havia maquiagem! Deus, até a maquiagem era perfeita! Eu provavelmente passara muito tempo fazendo curso de beleza. Aquela mulher nas fotos era exatamente o oposto de mim!

– Isso não sou eu! – argumentei virando-me para Max quando consegui tirar os olhos da tela.

Ele ainda estava do meu lado e me olhava como se estivesse esperando que eu explodisse ou algo assim.

– Sim, Bella. Essa é você. A mulher segura, perfeitamente arrumada que sabe onde quer chegar e o que fazer para chegar. – ele falou suavemente – Eu nunca te vi assim, cheia de sorrisinhos, se derretendo... Ainda assim, eu fico feliz por você, Bella. Isso é bom para você e para Edward.

Edward. A menção dele me fez voltar a realidade das minhas perguntas e deixar os pensamentos sobre as respostas para mais tarde, quando eu pudesse refletir.

– E ele? – perguntei.

– O que tem ele? – Max perguntou claramente sem entender do que eu estava falando.

– Você disso que não parecíamos nós. –expliquei – Como eu e Edward somos?

Antes que ele pudesse responder, bateram na porta e nós dois nos levantamos em um salto, como se estivéssemos quase cometendo um crime.

Levei dois segundos para me recompor e fui abrir a porta.

– Desculpe, Bella, mas preciso saber se você terminou seu texto e se posso para leva-lo para ser avaliado. – falou uma Bree um tanto sem graça.

– Claro, sem problemas. – abri mais a porta dando espaço para ela me seguir até minha mesa e pegar o papel com o texto – Aqui está.

– Obrigada. – ela se virara para sair, mas voltou – Oh, antes que eu me esqueça, Edward ligou. Ele vai estar aqui em dez minutos.

Com isso ela saiu e me virei para Max, que voltara a sentar na cadeira em que ele estava quando estávamos no início da conversa.

– Bella, – ele falou ficando de pé – Edward está vindo até aqui te buscar, você não quer fazê-lo esperar. – eu ia protestar, mas ele continuou falando – Vá para casa, descanse, aproveite um pouco. Suas perguntas ainda estarão com você amanhã e eu vou estar disponível sempre que você quiser.

Ele sorria para mim e forma calmante e tentei enxergar a lógica atrás de suas palavras. Depois desse dia longo eu realmente queria ir para casa.

– Você vai estar aqui amanhã? – perguntei.

– Assim que você me chamar. – ele falou com um sorriso e se aproximou de mim – Sempre que você precisar.

Ele me deu um abraço apertado e um beijo na bochecha. Com isso, ele saiu, me deixando mergulhada em um labirinto cheio de perguntas e respostas confusas que era minha mente naquele momento.

LEIAM AS NOTAS FINAIS


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Para o caso de não terem lido isso no capítulo anterior:
"Lendo os comentários de vocês percebi que algumas conclusões que eu achei que seriam óbvias não são tão óbvias assim, então, queria pedir que vocês realmente falassem tudo! Alguns mistérios só vão ser esclarecidos no final, mas muitos deveriam estar sendo explicados agora. Então, se vocês acharem que alguma coisa, qualquer coisa, não está bem explicada, por favor, me avisem pois é a única forma que eu terei de melhorar.
Vocês sabem que eu estou sempre aberta a críticas (sejam boas ou ruins) e eu realmente preciso de algo para me guiar."
Então, finalmente uma conversa com Max! Estou louca para saber o que acharam!
Nos vemos nos comentários!
Beijinhos!