Levei um momento para avaliar o homem a minha frente. Alto, cabelo e olhos castanhos bem claros, a pele pouco bronzeada e um sorriso mostrando seus dentes perfeitamente brancos e bem alinhados.

Senti o aperto de Edward se intensificar e, como ninguém falava nada, percebi que a situação tendia a ficar cada vez pior.

– Oi! – foi tudo o que consegui falar para tentar quebrar aquele clima.

– Você não estava de férias? – perguntou Edward com a voz rígida e, se não fosse aquela sensação de estar em uma situação extremamente delicada eu teria olhado para ele indicando o quanto desaprovei sua falta de educação.

– Eu estou, mas me ligaram falando que Bella estava aqui e não pude deixar de vir vê-la. – ele falou sorrindo ainda parecendo feliz e animado – Como vocês estão? Ou melhor, como você está, Bella?

– Bem. – respondi simplesmente.

– Ah, desculpe. Eu esqueci que você não lembra quem sou eu. – ele falou passando a mão pelo cabelo – Meu nome é Max, somos colegas de trabalho. Você faz a parte das artes enquanto eu cuido da economia.

Ele estendeu sua mão para mim alegremente e, apesar de sentir Edward enrijecer ainda mais, apertei-a, pois não percebi nada de errado naquele gesto.

– Oi, Max. – falei com um pequeno sorriso, torcendo para passar logo por aquilo.

– Então, como foi a visita? O que achou de tudo? – ele perguntou, claramente sem intenção de encurtar nosso encontro.

– Eu gostei muito. – respondi.

– Você deveria voltar mais vezes. – ele falou – Pode ser bom para você lembrar de tudo.

– Sim, eu vou voltar. – falei torcendo para que ele não tivesse mais nada a acrescentar em nossa conversa.

– Vai ser bom, você vai ver. Me avise, assim eu venho e posso te ajudar com as coisas. – ele falou sorrindo – Nós somos uma boa dupla, Bella.

Com isso ele os deu passagem e fomos em direção ao carro.

Edward ainda estava tenso. Ele ainda não havia tirado seu braço da minha cintura. Fomos andando assim até o carro, como se a qualquer hora pudesse acontecer um tiroteio, um arrastão ou a queda de um meteoro e eu deveria ser cuidadosamente protegida.

Não reclamei.

Ele abriu a porta do carro, certificou-se de que eu estava bem acomodada e a fechou, antes de dar a volta para ele mesmo ocupar seu lugar.

Seu primeiro ato foi tomar uma longa respiração, enquanto eu continuei quieta, deixando ele tomar o tempo necessário para se recuperar do que quer que tivesse acontecido.

Foi quando ele ligou o carro e puxou assunto como se nada tivesse acontecido que não consegui mais continuar com aquela postura.

– Pronta para o nosso almoço? – ele disse atento demais a direção para olhar para mim.

– O que foi aquilo, Edward? – perguntei sem rodeios, encarando seu rosto mesmo sem ser encarada de volta.

– Aquilo? – ele se fez de desentendido.

– Aquilo lá dentro! Você foi rude, foi estranho. Você não age assim. Eu sei que tem alguma coisa errada. – insisti tendo que me segurar para não sacudi-lo.

– Eu não fui rude, fui direto. Eu não conheço Max direito, não tinha o que falar com ele. – ele respondeu frio.

– Edward, não faz isso comigo. – pedi em um murmúrio – Você sabe que eu sei que tem algo errado. Não me deixe no escuro. Me conte.

Ele estacionou o carro e suspirou novamente.

– Você lembra quando eu te falei que você tinha ciúmes de Tanya? – ele perguntou, ainda sem me olhar.

– Sim. – respondi ansiosa.

– Eu tinha ciúmes dele. Max, seu suposto “parceiro” de trabalho. É irritante a forma como ele quer se fazer presente perto de você, como vocês se deram bem logo de cara, como as pessoas dizem que vocês se completam, como vocês estão sempre juntos em eventos, como vocês parecem... bem. – ele falou e só dirigiu seu olhar para mim quando dizia a última palavra.

Havia mais, eu sabia. Ao olhar em seus olhos, no entanto, vi tanta angústia que escolhi não insistir.

– Nós vamos ter que conversar sobre isso em algum momento. Você sabe disso, não sabe? – falei colocando minha mão sobre a dele, que estava parada entre nós.

– Em outro momento. – ele respondeu movendo seu polegar em minha mão.

– Certo. – finalizei.

Com isso, fomos para o restaurante.

Nosso almoço correu bem, entre conversas amenas, mas eu estava incomodada.

Havia muitos segredos entre nós e isso me incomodava. Ainda assim, Edward vinha sendo extremamente bom para mim e eu não conseguia evitar aquela sensação de que podia confiar a minha vida a ele.

Ao que tudo indicava, ele estava um tanto inseguro com a nossa atual relação. Afinal, quem não estaria? Eu não lembrava dele!

Resolvi que o melhor seria guardar aqueles questionamentos para mais tarde. O problema é que nossa lista de assuntos inacabados apenas crescia.

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– Local?

– Reservado.

– Convites?

– Escolhidos.

– Entrega?

– Estão a caminho.

– Buffett?

– Contratado.

– Parem! Eu não sabia que já tinham escolhido a comida! – reclamou Emmett.

Era fim de tarde e estávamos os seis reunidos novamente em nossa sala de estar. Emmett e Jasper dividiam um sofá, meio sentados, meio deitados. Edward estava sentado no sofá em frente e eu estava no chão, no meio de suas pernas. Ele se aproveitara de nossa posição para ficar acariciando meu cabelo.

Alice e Rosalie também estavam no chão, ocupando cada qual uma cabeceira da nossa mesinha.

Estavam em um momento de checagem, na qual Alice perguntava sobre algum aspecto da organização que lia em uma prancheta e Rosalie respondia com o atual estado de tal aspecto após olhar tudo que tinha anotado.

Para mim era como um jogo de ping pong, no qual eu ficava olhando de uma para a outra, bem no centro, já que tudo acontecia muito rápido.

– Você está atrasado. – Alice respondeu Emmett tratando-o, novamente, como se ele fosse o ser mais insignificante no mundo.

– Como puderam fazer isso comigo? – ele perguntou com voz e expressão sofrida – Eu precisava estar presente na hora de experimentar!

– Para início de conversa, você nem se importou com o que ofereceríamos! – respondeu Rosalie tentando se fazer de chateada com a situação, mas no fundo percebíamos que Emmett teria dado trabalho se fosse fazer parte de tal escolha.

– Isso foi antes de saber que teria dia de provas! – ele falou indignado – Você sabe como eu sou bom em julgar comida!

– Se lamber pratos significa que você entende de gastronomia... – Jasper alfinetou, recebendo um soco de Emmett.

– Decoração? – Alice continuou, ignorando os homens à sua direita.

– Planejada, selecionada e organizada. – Rosalie respondeu eficientemente.

– Por que nós não participamos do planejamento e da seleção? – perguntou Emmett ainda emburrado.

– Todos participaram. Lembra que escolhemos da última vez que estivemos aqui? – perguntou Rosalie.

– É, Emmett! Você não lembra? – perguntou Jasper que, obviamente também não lembrava, mas preferiu não ter mais trabalho.

– Música? – perguntou Alice.

– Ainda não recebi a resposta do meu favorito. – falou Rosalie.

– E se ele nunca responder? Ou não puder? – perguntou Alice.

– O nosso substituto confirmou. – a resposta veio, como sempre, eficiente.

– Quem vocês escolheram? – perguntou Jasper, se interessando pela primeira vez.

– Surpresa! – gritou Alice, causando um zumbido em meus ouvidos.

– Que tal uma pausa? – pediu Edward enquanto ainda deixava suas mãos passearem livremente pelos meus fios.

– Terminamos. – respondeu Alice sorrindo brilhantemente para ele.

– Até que enfim! – bradou Emmett jogando seus dois braços para cima.

Edward escorregou e veio sentar-se no chão, junto comigo, que automaticamente me entreguei em seu abraço. Jasper suspirou e se endireitou no sofá, recebendo Alice que saltou para ele com um gritinho de “iupi” que seria ridículo se não tivesse vindo de Alice.

– Pronta para nosso mergulho? – perguntou Emmett se jogando no chão, passando seu braço em volta de Rosalie.

Notei que ela ficou um pouco tensa com a aproximação dele, provavelmente já acostumada com os movimentos um tanto desastrosamente brutos do Cullen mais velho.

Ele, no entanto, fez apenas deixar um beijo em seu pescoço, o que achei extremamente fofo.

Nós havíamos combinado ir para a piscina depois que terminássemos. A temperatura estava anormalmente alta para Nova York e, pelo que contaram, fazia tempo que não fazíamos isso juntos.

– Claro. – respondeu Rosalie virando-se um pouco para ele e deixando um selinho em seus lábios.

Os dois estavam anormalmente bem comportados.

Os homens foram logo pra a cozinha, preparar uma enorme variedade de sucos e drinks, enquanto nós mulheres íamos para o quarto vestir nossos biquines.

Quando chegamos à piscina os três já estavam lá dentro. Nas mesinhas estavam arrumadas todas as bebidas que eles mesmos fizeram e algumas frutas e tira-gostos.

Assim que entrei, fui recebida pelos braços de Edward.

Um arrepio passou por mim ao sentir seu corpo semi nu no meu, que estava da mesma forma. Julgando por seu olhar, ele sentira o mesmo.

Não durou muito, pois logo Alice iniciara uma brincadeira, jogando água em todos.

Era cômico. Três casais adultos brincando na piscina. Era também incrivelmente divertido.

Depois de um tempo saí para pegar alguma coisa para beber. Quando estava voltando vi Edward rindo livremente com Jasper e Emmett enquanto os três judiavam de Alice.

Sentei em uma das cadeiras e fiquei admirando a interação deles por um minuto.

– É lindo, não é? – ouvi uma voz ao meu lado.

– Rose! – falei surpresa ao vê-la.

– Oi Bella. – ela me respondeu rindo da minha expressão assustada – Estou atrapalhando?

– Não, claro que não. Senta aqui. – falei dando espaço para que ela se sentasse comigo.

– Admirando Edward? – ela perguntou enquanto sentava.

– Ele parece tão... destravado. – soltei ainda olhando para ele.

– É verdade. – ela respondeu e ficamos quietas por um instante até ela voltar a falar – Bella, você falou com Edward sobre a minha gravidez?

– Não, achei que você iria querer contar, então não falei. – respondi virando-me para ela e imaginando se isso poderia ser encarado como desatenção.

– Obrigada. – ela respondeu sorrindo. – Eu ainda não falei com ninguém.

Seus olhos caíram para seu ventre ainda não proeminente, onde ela colocou delicadamente uma das mãos.

– Nem para Emmett? – perguntei recebendo um movimento negativo de sua cabeça – Por quê?

– Quero fazer uma surpresa. Vou contar a ele na sexta-feira, antes da festa. – ela soltou um risinho – Imagino como ele se comportará depois disso.

Ri junto com ela. Eu já podia imaginar Emmett contando animadamente a todos que seria papai, podia vê-lo querendo fazer um discurso, podia ouvir sua gargalhada sonora quando falasse sobre isso...

– Ele não está estranhando nada em você? – perguntei realmente curiosa.

– Sim. – ela falou fazendo uma pequena careta – Ele provavelmente está achando que estou chateada com ele por algum motivo. Eu estou tendo que segurá-lo, você sabe. Ele não é a criatura mais sutil do mundo, mas ele está me dando espaço.

– E os sintomas? Você não teve enjoos? Tonturas? – perguntei estranhando.

– Tive. Eu disse que era uma virose. – ela virou-se para admirá-lo por um instante – Ele cuidou de mim como um anjo.

– Ele provavelmente vai enlouquecer quando souber. – rimos juntas.

– E vai acabar levando Esme à loucura também. – ela sorriu lindamente.

– Como é? – deixei escapar a pergunta que nem eu mesma sabia que guardava tanto.

– Como é o que? – ela perguntou sem entender.

– Estar grávida. – expliquei.

– Oh! – ela pausou um instante como se estivesse escolhendo cuidadosamente suas palavras – É estranho.

– Estranho? – perguntei surpresa.

– Sim, mas é um estranho bom. Sabe, eu sempre quis isso e agora está acontecendo. É de verdade! – os olhos dela começaram a se encher e sua voz começou a embargar – Eu sei que tem algo crescendo dentro de mim. E esse algo é um pedaço meu. Meu e do homem que eu amo. É um bebê que, não importa o quanto chore ou apronte, eu vou amar para sempre. Porque é meu.

– Você merece isso, Rose. – eu falei vendo o quão feliz ela estava.

– Obrigada, Bella. – ela respondeu.

– Eu posso...? – perguntei hesitante levantando minha mão, tentando demonstrar minha intenção.

– Claro! – ela respondeu sorridente.

Me aproximei mais dela e coloquei minha mão sobre seu ventre. Obviamente eu não senti nada anormal, mas ainda assim, vinha uma sensação boa.

– Ainda não tem nada para sentir, mas me disseram que algumas mulheres já começam a ganhar barriga a partir do terceiro mês. – ela falou sorrindo.

– Você não tem medo de mudar muito seu corpo? – perguntei voltando a minha posição anterior.

– Não! – ela respondeu rindo da minha pergunta – Estou louca para meu bebê aparecer para todos. Sabe, andar na rua com barrigão, usar vestidos de grávida...

– Quanto tempo já tem? – perguntei.

– Pouco mais de três semanas. – ela respondeu ainda com aquele olhar sonhador.

– Já pensou em nomes? – perguntei realmente me interessando pelo assunto.

– Não. – ela respondeu e se assustou com a própria resposta – Acho que sempre fui tão focada na ideia de engravidar que nunca pensei sequer no nome que meu bebê teria.

– Está tudo bem, ainda tem tempo para isso. – falei tentando trazer seu antigo estado de espírito de volta.

– Ei, vocês duas! Parem de fofocar e voltem para a água! – chamou Jasper.

Era engraçado como ele conseguia ir do cara quieto ao respondão em um piscar de olhos.

Voltamos para a água e as brincadeiras recomeçaram.

Em certo momento notei que a noite ia caindo e Edward acendeu as luzes da piscina, que deixavam a água toda multicolorida, alternando a cor de tempos em tempos.

Não passou despercebido por mim que, sempre que as coisas ameaçavam sair do controle, Edward se afastava minimamente de mim. Novamente, decidi que não era o momento certo para questioná-lo, mas estava claro que minha lista de questionamentos só aumentava.

O tempo ia passando e nós nem percebíamos. Entre bebidas, tira gostos, risadas e brincadeiras acabei deixando meus questionamentos internos de lado e me permiti curtir aquele momento em grupo.