Dramione: Misunderstood

Cap. 20

Narrado na 3ª pessoa *

Já passava da uma hora da madrugada e a garota morena de pele dourada acabara de chegar a sala comunal da Grifinória. Para a surpresa dela a sala estava completamente vazia, o que não era normal na época de prova do final do segundo semestre. Parvati se jogou no sofá fitando o fogo brilhante da lareira, que era a única luz que iluminava aquela sala. Ela estava estranha e por momentos mergulhou a mente em seus pensamentos.

"Você matou a Parkinson! Como pode fazer uma coisa dessas em pleno castelo de Hogwarts? Como foi capaz de fazer uma coisa dessas apenas por que achou que ela tinha sido a culpada por ter contado tudo ao Draco?"

Parvati começou a soluçar. Encolhida no sofá, se deixou assombrar pela voz e pela lembraça daquela garota. O que era para ter sido uma conversa sobre se ela tinha sido a responsável por ter aberto a boca e ter contado a verdade ao Draco resultou de outra forma, ela acabou fugindo do seu controle.

"Ela não era sua amiga Parvati, você nem gostava dela, mas você a matou! Você tentou envenenar a Hermione e agora matou a Pansy, só por que não quer ninguém perto daquele garoto que você tanto quer."

Sua própria consciência a estava tirando do sério. Sacudiu as pernas batendo com os punhos no sofá e na sua própria cabeça enquanto as lágrimas escorriam pelo seu rosto.

– Eu sou um monstro horrível, como fui capaz? - Ela sussurrou para si mesma.

"Vamos Parvati, se acalme, tente não ter ficar nervosa. Mas eu não consigo ficar calma! E agora, o que eu faço? Conto a verdade para o Draco? Mas se eu contar eu sou capaz de ter problemas graves com a diretora, com os alunos e até mesmo com meus pais! O que faço agora, Merlin?"

Ela escondeu o rosto entre as mãos e por um momento respirou fundo e se levantou do sofá lentamente. Caminhou até ao espelho de parede e fitou a própria imagem, os olhos e o nariz estavam muito vermelhos pelo choro, a pele dourada parecia pálida naquele momento e os lábios quase tinham a mesma cor que a pele. Ela fitou seu rosto mais uma vez e pensou: "Será que esse rosto é o rosto de uma jovem assassina?" Parvati tentou afastar rapidamente aquele pensamento e deu as costas para o espelho, caminhando em seguida em rumo do dormitório feminino.

O plano dela fora iniciado e ela não tinha escolha senão continuá-lo, sua única saída naquele momento era dar continuidade para ele. A morte de Pansy não podia ser lamentada. Ela fora afastada de Draco e agora só faltava afastar de vez a Hermione dele, mas isso ia ser mais complicado, pois ela ainda acreditava que sentia sentimentos de amizade por ela. Parvati não queria que isso atrapalhasse seu plano e por isso ela teria que ser fria e afastá-la de Malfoy de outra forma, mandá-la para o mais longe possível, mesmo que seja um risco de ela não querer olhar mais para sua cara.

A garota morena levou as mãos à cabeça e suspriou fundo. "Desde quando é que você virou psicopata, Parvati? Você não era assim!" Ela agitou a cabeça com força tentando afastar os pensamentos negativos, pois não havia outra escolha senão continuar com o plano. Quando ela cumprisse de vez seu objetivo final, ela teria que desaparecer, mesmo que tivesse que abandonar sua família, pois ninguém poderia saber o que estava acontecendo.

*****

Passos largos e rápidos avançavam pelos corredores do hospital. A enfermeira ia o mais rápido que podia, quase esbarrou em uma garota doente que andava em rumo de seu quarto.

– Madame Pomfrey! Graças a Merlin que a encontro!

A senhora de idade lia um jornal de feiticeiros em seu gabinete, quando a enfermeira assistente chegara aflita.

– O que aconteceu?

– A Sta. Granger, Madame Pomfrey.

– O que aconteceu com a garota? Ela está passando mal?

– Não. É que aconteceu algo... - Ela fez uma pausa e respirou fundo antes de falar.

– Eu entrei em seu quarto, dei uma olhada no quadro dela como faço todas as manhãs e notei que houve uma grande melhoria.

– Tem a certeza? - Falou a mulher de idade colocando o jornal em cima da mesa.

– Tenho! Por favor, venha comigo! - A mulher loira suplicou e logo em seguida a Madame Pomfrey foi atrás dela.

As duas chegaram rapidamente no quarto da garota que dormia tranquilamente, a mulher mais velha se aproximou dela e a fitou por uns segundos.

– E aí Pomfrey, ela está acordando?

Madame Pomfrey ainda olhava para a garota desacordada e depois olhou para o quadro.

– Eu não sei, mas a melhoria dela foi grande.

Um quarto iluminado. Parecia que tinha passado muito tempo desde as últimas luzes que vira. Os olhos castanhos escuros aos poucos se abriram e observavam o que havia a sua volta. Duas mulheres sorrindo como ela nunca vira, as duas a encaravam e tudo parecia confuso.

– Oh Merlin! Sta. Granger, você acordou! Pode me ouvir?

Com alguma dificuldade ela confirmou com a cabeça. As duas mulheres sorriram, a esperança voltara aquele hospital e parecia que tudo tinha voltado ao normal.

*****

 Gina *

Fazia algum tempo que não estava stressada, senti que meu coração iria explodir a cada passo que dava. Desde que "descobri" o que Parvati estava planejando minha raiva por ela aumentava dia após dia. Ainda me custava acreditar que provavelmente era ela a culpada do que acontecera com a Hermione.

– Gina se senta, por favor, você precisa de ter cuidado, ainda não está totalmente recuperada, ficar nervosa pode ser perigoso para você.

Olhei para meu namorado a meu lado, assim como ele, eu também estava nervosa. Meu irmão e Neville também estavam ali, ambos pedindo a Merlin para que Hermione saísse dessa com vida. Meu corpo estava tenso, ainda ninguém sabia de minhas desconfianças sobre o plano de Parvati, apenas Draco, que ainda parecia não acreditar no assunto.

– Ouve seu namorado Gina, senta o rabo aqui. - Rony falou apontando para o banco ao seu lado, ele também estava triste por ter causado alguns problemas para a garota, mas isso era dantes quando ainda estava ajudando Parvati com seu plano idiota, mas apesar disso, ele ainda era amigo da Hermione.

Cabelos loiros compridos esvoaçaram pelo correcor, a jovem pálida tinha o rosto incrédulo, mas muito feliz.

– Eu vim assim que pude, estava estudando para a prova de poções de sexta e não deu para vir mais cedo. Mas como ela está? Alguma notícia da Mione? - Perguntou Luna.

– Ainda não. Estamos aqui desde a hora do jantar e ainda não sabemos nada. - Falou Harry.

– Oh Merlin, espero que ela fique bem. Ainda não posso acreditar que isso tenha acontecido a ela.

– É eu também não, só acho que certas pessoas deviam estar no lugar dela. - Falei irritada e todos olharam para mim.

– Do que está falando Gina? - Perguntou Harry desconfiado e eu engoli em seco, mas antes que pudesse responder a sua pergunta, a Madame Pomfrey entrou na sala de espera com um sorriso enorme e ele acabou se esquecendo do assunto. Todos nós nos levantamos das cadeiras e ouvimos o que ela nos queria dizer.

– Boa noite garotos. - Falou ela ainda sorrindo.

– Boa noite.

– Eu sei que estão aqui para saber notícias da Sta. Granger. - Ela fez uma pausa.

– O que aconteceu? Ela está bem? Aconteceu algo de errado com ela? - Falei um pouco preocupada e Madame Pomfrey riu.

– Não se preocupe Sta. Weasley porque a notícia que eu tenho para vocês é boa. - Meus olhos azuis encararam os dela.

– Boa?

– Sim boa. Quero dizer que ela acordou. - Todos nós abrimos um leve sorriso. - A Sta. Granger acordou!

– Está falando sério?

Madame Pomfrey confirmou com a cabeça e meus olhos se encheram de lágrimas.

– Eu preciso ver minha melhor amiga.

Meu coração disparou, sem dizer mais nada para meus amigos, dei as costas para eles e andei em rumo do quarto da Hermione. Ainda não podia acreditar que ela tenha saído dessa com vida. Como era possível? Para dizer a verdade, dou graças a Merlin por que os médicos fizeram um grande trabalho para salvarem a Hermione, pois no estado em que ela estava, ela poderia ter morrido. Estou muito feliz, só pode ter sido um milagre.

Andei o mais rápido que conseguia, sem fazer muito esforço,, é claro, e cheguei ofegante até onde era o quarto de Hermione. Ela continuava deitada na cama, tentei me acalmar, caminhei devagar para perto dela, puxei uma cadeira e me sentei.

– Hermione? - Minha voz saiu estranha, ela não se moveu. Tentei me acalmar e chamei o nome dela outra vez mas um pouco mais alto. - Hermione? Está me ouvindo?

Minha amiga moveu lentamente a cabeça e eu sorri.

– Sim... - A voz dela era rouca.

– Ah, obrigada Merlin! - Suspirei fundo. - Não acredito que você está bem, você não tem a noção do medo que todos nós sentimos quando descobrimos que você tinha tomado uma poção perigosa.

– Eu o quê?

– Nada, deixa para lá... Quando você estiver totalmente recuperada eu conto para você. - Eu desviei os olhos dos dela que parecia confusa.

– E você, o que faz aqui? Achei que ainda estava no hospital.

– Eu tive alta a uns dias atrás, mas não se preocupe comigo, você precisa de se recuperar.

– Mas como eu vim para o hospital? O que aconteceu de verdade? - Ela pareceu insistir, mas ainda assim eu me recusei a lhe responder a verdade.

– Se acalme, a seu tempo você saberá a verdade. - Falei nervosa e ela me olhou desconfiada.

Eu sei que me custa mentir para minha melhor amiga, mas para ser sincera não tive outro remédio, eu ainda não poderia contar para ela o que Parvati estava planejando por que se eu o fizesse ela teria uma desilusão muito grande, pois ela ainda acha que Parvati é uma das suas melhores amigas. Me dá uma raiva ela pensar assim, mas eu não posso fazer nada, não agora...

– Gina? - Ela me chamou e eu caí em mim.

– Que?

– Draco veio com você?

– Não, ele não veio.

– Ahm que pena... - Ela falou triste. - Ele já sabe que eu acordei?

– Ainda não, mas vai ficar muito feliz quando souber. - Ela sorriu, e eu retribui o sorriso, mas logo voltei a mergulhar minha mente em meus pensamentos.Draco. É, ele foi o que mais sofreu com o que aconteceu com a Hermione e ele precisa de saber que ela acordou, mas a uma hora dessas ele deve estar dormindo e eu não tenho permissão para entrar na sala comunal da Sonserina. Droga! Eu preciso ver ele agora!

Voltei a cair em mim e sem dizer mais uma palavra, andei em rumo da porta do quarto de Hermione.

– Gina, a onde vai? - Ela perguntou confusa.

– Eu preciso ir embora. Me perdoe Mione, nos vemos noutra hora.

– Mas Gina você...

– Me perdoe, mas eu tenho que ir. - Falei decidida e sai do quarto, deixando a morena cada vez mais confusa.

Passei pelos meus amigos que me olharam sem perceber a razão de eu sair daquele lugar sem dar nenhuma explicação para eles. Eu não poderia perder tempo com eles agora, eu tinha que avisar o Draco sobre a Mione e era já! Mesmo sabendo que poderia levar detenção se tentasse quebrar as regras de tentar entrar na sala comunal da Sonserina.

Andei em rumo da sala e me lembrei que tinha que buscar um casaco, pois estava bastante frio e não era nada bom se eu pegasse um resfriado. O Inverno já tinha terminado, mas ainda fazia muito frio e o mês de Abril ainda era um pouco gelado. Voltei para trás e caminhei para a sala comunal da Grifinória para ir buscar um casaco quente. Acabei chegando lá dez minutos depois e assim que cheguei no dormitório feminino procurei um casaco quente e coloquei-o em seguida, me olhei no espelho e depois me voltei para sair do dormitório com cuidado, pois já várias garotas estavam dormindo. Desliguei a pequena luz que estava em cima do criado mudo do lado da cama de Parvati e me deparei com um pequeno frasco de poção bastante estranho, pois ele não tinha qualquer tipo de rótulo.

O abri, cheirei e me deu ânsia de vômito quando senti aquele cheiro nojento. Me sentei em minha cama, analisei o pequeno frasco e depois olhei para Parvati que dormia profundamente. Fiquei um tempo olhando para ela e tudo naquele momento parecia fazer sentido, provavelmente aquele seria o frasco que Hermione tomou antes de ter o acidente. Como ela pode? Agitei minha cabeça negativamente e minha raiva invadiu meu corpo, mas não era altura de perder meu tempo com ela, eu precisava agir com cuidado e fazer com que Draco acredite em mim. Coloquei o pequeno frasco no bolso do meu casaco e saí do dormitório com muito cuidado.

*****

 Draco *

Estava dormindo um sono estranho, cheio de pesadelos, acordei várias vezes, algumas delas chorando e outras delas chamando pelo nome da Hermione, por cerca da 1h30 da madrugada, eu levantei da cama, andei em circulos pelo dormitório, e notei que Blásio não estava na cama, talvez ele esteja na sala comunal estudando, mas não acredito por que ele nunca foi um garoto aplicado. Eu precisava de falar com alguém, precisa de dizer o que estava sentindo, até que me lembrei da Pansy, ela era a única pessoa que me podia ouvir naquele momento, já que ela mudara muito sua opinião sobre Hermione. Andei em rumo da sala comunal e achei que ela poderia estar lendo no sofá, já que ela gosta de ficar acordada até tarde, mas me enganei, ela não estava na sala comunal e talvez ela já tenha ido dormir. Voltei para o dormitório, mas não me deitei, troquei de roupa e achei que precisava de dar uma volta para esfriar minha cabeça. Andei sem rumo pelo castelo vazio e sem notar acabei esbarrando em alguém que vinha na minha direção.

– Ei, tome mais cuidado! - Falei alto ainda sem olhar para a pessoa que tinha esbarrado em mim.

– Me desculpe. - A garota parada na minha frente falou e foi então que eu percebi quem ela era.

– Weasley? O que faz aqui a essa hora? Não sabe que não pode andar pelos corredores de noite?

– O mesmo digo eu. - Ela falou. - Mas isso agora não importa, eu quero falar com você.

– Falar comigo? - Franzi o cenho.

– Sim, preciso de lhe mostrar algo. - Ela ficou séria.

– O quê?

– Venha comigo. Aqui não podemos falar. - Ela olhou em redor e depois me levou para o jardim do castelo, talvez ela achou que ali estariamos mais a vontade. Ela se sentou numa pedra e eu fiz o mesmo.

– Então, o que me queria mostrar? - Ela suspirou fundo.

– Olha isso. - Gina tirou o pequeno frasco do bolso e jogou para mim.

– O que é isso? Onde achou esse frasco?

– Você sabe o que é?

– Não, mas pelo que vejo me parece acho que é uma poção de magia negra.

– Mas é claro! Isso é a poção que a Parvati deu para a Hermione. - Disse ela com certeza.

– E o que lhe faz pensar nisso?

– Malfoy, eu vi isso no criado mudo da Parvati, não acha óbvio que tenha sido ela a pessoa que envenenou sua namorada? - Eu fiquei pensativo.

– Ainda não consigo acreditar como aquela garota que parecia tão timida fazer algo assim.

– É, ela nos enganou bem. - Gina sorriu friamente. - Isso é uma prova, agora tudo parece fazer sentido para você, certo? - Eu assenti com a cabeça, mas mesmo assim ainda me custava acreditar nesse fato.

– Nós temos que fazer algo, isso não pode ficar assim! - Mantenha a calma.

– Calma? Como você quer que eu matenha a calma, Weasley? Só tem acontecido merda na minha vida! - Eu escondi o rosto entre as mãos e ela colocou sua mão em meu ombro.

– Ei, não fale assim, nós vamos dar um jeito naquela garota, mas por agora não podemos contar para ninguém o que está acontecendo.

– E por que não? Você quer que aquela filha puta cometa outra loucura? Você sabe o que ela é capaz! - Gritei e ela suspirou fundo.

– Eu entendo, mas você tem que manter a calma, você está certo no ponto em que temos que dar um jeito nela, mas tudo a seu tempo.

– Que merda! - Reclamei.

– É. Mas para acalmar você, eu tenho outra notícia para lhe dar. - Eu olhei nos olhos dela.

– Se for outra má notícia, prefiro nem saber, estou cansado de tanta merda junta.

– Não é nada disso. O que tenho para lhe dizer é sobre a Hermione.

– Sobre a Hermione? - Perguntei nervoso.

– É. Ela acordou Malfoy. - Eu abri meus olhos e um pequeno sorriso se abriu no meu rosto.

– Como é que é?

– Foi o que ouviu, ela acordou, ela está bem. - Ela sorriu e eu me levantei da pedra.

– Eu preciso ver ela. - Eu tentei caminhar e ela me impediu.

– Você não pode, já é tarde, é melhor deixar para amanhã. Acho que não é a melhor altura de receber uma dentenção da diretora, não é mesmo? - Ela sorriu de lado.

– Não seria a primeira vez que isso acontecesse. - Ela me olhou e nós dois rimos. Quem diria que a Weasley se tinha tornado numa boa amiga?

– Acho melhor irmos embora, já está tarde. - Ela falou ainda sorrindo.

– É, tentarei dormir mesmo que ainda seja impossível.

– Entendo. Vamos indo?

– Vamos.

Nós dois andámos em rumo de nossas salas comunais e depois nos despedimos com um sorriso. Eu continuei andando e reparei numa figura que vinha na minha direção. Um garoto que eu conhecia muito bem parou na minha frente respirando ofegante.

– Blásio? O que faz aqui?

– Vigiando o castelo. Hoje é minha vez, mas isso não importa agora. Há algo que você precisa saber. - Eu suspirei fundo. Seria algo terrível?

– O quê? Espero que seja algo bom, por que eu estou cansado de tanta desgraça na minha vida.

– Infelizmente o que eu tenho para lhe dizer não é nada bom. - Ele estremeceu assim como eu.

– O que foi? Fala logo, você está me deixando nervoso.

– Eu encontrei a Pansy morta perto do lago negro.

– O QUE?

Meu mundo se desmoronou naquele momento. Não... Não poderia ser verdade, Pansy não poderia estar morta. Essa não... O que eu faço agora?...

*****