Marvels New Avengers - Next Generation escrita por Joke


Capítulo 57
Capítulo 55


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, eu sei. Demorei.Mas eu tava em semana de provas, então minha ausência é válida u.uAqui está mais um capítulo bem gordinho procês.



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Capítulo 55 – James Rogers

– James! Atrás de você! – mamãe grita para mim bem a tempo de eu desviar de um golpe fatal na cabeça. Com uma pirueta no ar, derrubo o chitauri e arranco-lhe a cabeça com um chute forte e certeiro.

A Viúva Negra, juntamente com o Gavião Arqueiro, começam a dizimar todos os inimigos que estão a um raio de um metro de distância. Observo os dois lutarem com um sorriso meio bobo no rosto, maravilhado com golpes e gingados que nunca vi em todos esses anos de treinamento. O jeito como os dois gingam é algo espetacular. Toda a graça do movimento faz um soco na cara parecer ballet clássico.

Não que eu goste de tal coisa.

– James! – a voz de Erika me chama e eu logo me viro para encontrá-la vindo até mim. Imediatamente abro os meus braços e a acolho, trazendo seu corpo para perto do meu e tirando-a da zona de ataque.

– Qual o problema? – questiono-lhe, preocupado. – Está ferida? – observo com atenção seu rosto, tentando identificar alguma anomalia em sua face.

Ela balança a cabeça nervosamente, pegando minhas mãos e envolvendo-as nas suas.

– Nós vamos morrer.

Em silêncio, e um tanto chocado, espero por mais alguma coisa, porém, Erika apenas continua a me encarar com seus olhos azuis saltados e encharcados com lágrimas recentes.

– Como sabe disso?

Seu dedo trêmulo aponta para a luta violenta entre Drax e Thanos. Como ambos são gigantes, cada golpe acaba sacrificando pelo menos metade do exército de chitauris, que são pisoteados, ou até mesmo os nossos aliados que batalham perto demais do conflito final.

– Não há como escapar... Eles vão acabar destruindo tudo! – posso notar facilmente pânico na voz já rouca. – E-eu achei que pudesse ser forte o suficiente, mas n-não consigo! Não consigo ser valente o bastante não só por mim, mas por nós, por Asgard, pela Terra, pela minha mãe. – Erika novamente começa a chorar em meio ao seu desespero. – É muita pressão para eu aguentar. Deus, se falharmos, estaremos sacrificando nosso próprio planeta!

– Erika, se acalma! – eu peço a ela, tomando seu rosto com as minhas mãos e fazendo-a olhar diretamente para mim. – Não se culpe por sentir medo. Você nunca foi preparada para enfrentar uma situação dessas! Há menos de seis meses você era apenas uma garota normal que o maior problema era tirar boas notas. – mentalizo toda a minha confiança e tento passar para ela por meio das minhas mãos. – Foi um choque passar por tudo o que você passou e eu devo dizer que você agiu super bem. – novamente eu a puxo para perto de mim, pressionando fortemente seu corpo contra o meu. – Ter medo não diminui quem você é, Erika, você é a minha heroína, e eu sempre vou acreditar em você.

Com os olhos ainda mareados, Erika me puxa para si e cola seus lábios fortemente contra os meus. Não tento resistir aos meus impulsos de soltá-la e voltar a lutar, apenas a agarro e começo a saborear seu doce gosto.

Eu sempre soube que entre os três novatos, Erika era a mais sensível. Também sabia que em meio de tudo isso, sua confiança quebrar era uma questão de tempo. Mayday e Howard também podem estar assustados agora, mas Erika está apavorada. Desde o começo, desde que toda a verdade nos foi revelada, ela se mostrou como um alguém cheio de inseguranças e medos. Não posso, e nem quero, julgá-la por ter uma personalidade mais frágil, afinal de contas, não temos a obrigação de sermos fortes em tempo integral.

– Obrigada, James. – ela me agradece com um meio sorriso. – Se morrermos mesmo hoje, quero que saiba que tudo o que passei valeu a pena por apenas estar do seu lado.

– Nós não vamos morrer. – garanto-lhe, mesmo não tendo tanta certeza, enquanto nós dois nos afastamos. – Vamos lutar, mostrar para eles que mexeram com as pessoas erradas, e voltar pra casa com uma boa história para contar.

Porém, ao invés de me responder com algo doce, Erika arregala os olhos e grita.

– Cuidado! – ela tenta me puxar para baixo junto de si, mas não é rápida o bastante para me tirar do caminho do rápido e enorme pé de Thanos, que, mesmo eu não sendo seu alvo principal, me atinge e arremessa para longe com um míssil.

Caio de bruço contra o chão esburacado e coberto de sangue. Assim que meu corpo bate contra o solo duro, posso ouvir vários ossos estalarem, porém, o som mais preocupante vem das minhas costelas. Tento me levantar, mas sou consumido por uma dor tão alarmante que faz parecer que a surra do Banner é brincadeira de criança.

– Agora eu sei como o Barton se sente. – procuro me tranquilizar enquanto espero a dor passar.

Mas que merda! Não posso ficar parado aqui! Tenho que me levantar antes que alguém acabe com a minha raça de vez.

Minha nova tentativa de me mover é falha e eu amaldiçoo a dor mais uma vez.

Droga, droga, droga!

– James?! – escuto a voz de Frank me chamar. Seus passos vão aumentando a cada segundo até que eu o vejo parado ao meu lado, virando-me tão bruscamente que não consigo prender um gemido entre os meus lábios. – Você está bem? O que foi que aconteceu?!

– Aquela geléia de uva gigante aconteceu... – resmungo baixinho, tentando manter minha respiração curta e breve a fim de evitar mais dor. – Acho que quebrei todas as minhas costelas.

Frank observa com um olhar realmente preocupado para onde fui acertado. Tento erguer a cabeça, contudo, o movimento pareceu mais que estava rasgando meus pulmões, então volto a me deitar.

– Está feio, não?

– Não vou mentir, está sim. – Frank toca de leve em meu abdômen e eu na hora me retraio de dor. – Tem sorte por estar vivo... Diferentemente de muitos dos Guardiões, agentes da SHIELD, como a Maria Hill e de heróis como a Lince Negra, Mulher-Aranha, Aranha-Escarlate, Visão ou o Punho de Ferro.

Fico em estado de choque com a notícia. Maria Hill está morta? Não, não pode ser... Logo a Hill, a agente mais durona que a SHIELD já teve (acho que só perde pra minha mãe), se foi juntamente com vários outros agentes e heróis. Pessoas que tinham uma vida e família na Terra, mas que nunca mais voltarão para nenhuma delas.

– Mais alguém sabe disso? – questiono-lhe, num tom amargo.

– O Professor X, Noturno, Miss Marvel e o Fury estão juntando os corpos. – o loiro dá uma pausa. – Eu vi a Erika observando os quatro, mas quando tentei falar com ela... Eu não entendi direito, ela saiu correndo, até deixou a espada para trás.

Agora tudo faz sentido. Erika viu todos os corpos e obviamente a visão fúnebre a apavorou.

– Temos que acabar com essa palhaçada. – digo, determinado a fazer cada um desses alienígenas sofrer tanto que vão implorar pela morte. – Há alguma maneira de derrubar o Thanos?

Frank nega com a cabeça, fazendo o possível para desviar a atenção do meu tórax deformado.

– Thanos é poderoso demais. Drax é o único que pode parar esse maluco. – ele esboça um sorriso maroto. – Mas eu, Elise e a Vampira descobrimos uma maneira de acelerarmos o processo. - posso sentir um sorriso também se formar em meu rosto. – Lembra-se da ideia do Thomas? Unir todos os poderes em um só corpo? – assinto com a cabeça. – Eu conversei com alguns dos guardiões e descobri que Drax é tão poderoso que é capaz de fazer a ideia funcionar. Ele pode ser o hospedeiro sem ser morto no processo.

– Mas como vamos fazer isso? – pergunto, incerto de seu plano.

– É aí que a Elise e a Vampira entram. – posso perceber a empolgação tomar conta dele enquanto Frank me explica passo a passo da trama. – Elise consegue combinar o poder de absorção da Vampira dentro do próprio corpo, tendo a capacidade de transferir o conteúdo para qualquer coisa que ela quiser. Ou seja, se fizermos ela transferir todo esse poder ao Drax, nós finalmente ganharemos a partida!

– Ela é um vetor. – eu pronuncio, pensando sem parar na ideia.

– Como serão muitos poderes juntos, a Vampira ou Elise não vão conseguir mantê-los por muito tempo, mas acho que será o suficiente para detonar o desgraçado.

– Onde elas estão? – indago, ansioso. – Quando vão colocar isso em prática?

– As duas já estão recrutando os heróis, afinal de contas, quanto mais gente envolvida, melhor.

– Me tira daqui, Frank. – eu ergo a mão e me apoio no seu ombro, fazendo o possível para ignorar a dor. – Eu quero fazer parte disso.

– Nem pensar! Isso exigiria muito de você, James, acabaria te matando!

– Eu não to nem aí, quero apenas que essa guerra acabe de uma vez por todas! Estou cansado de ver nossos amigos morrerem! Chega de sacrifícios, Frank. – percebo que uma lágrima escorre pela minha bochecha, mas não tento limpá-la. Não é hora de esconder a tristeza... Ou a dor. - Chega.

Frank olha para os lados rapidamente antes de pousar dois dedos na sua têmpora por meros cinco segundos e voltar a olhar pra mim.

– O que você está fazendo? – pergunto, incerto.

– Não posso deixar você assim, estou chamando ajuda. – e assim que ele termina de falar, uma nova figura aparece entre nós: Elise Strange.

– Você chamou, Frank? – ela se dirige a Frank, que aponta para o meu tórax.

– Acha que consegue ajudá-lo?

Elise analisa a minha situação com um olhar sereno.

– Claro, isso é bem fácil de arrumar. – ela se ajoelha perto de mim e pousa ambas as mãos em meu peito, depois, fecha os olhos e começa a falar um bando de palavras que não têm nenhum sentido para mim. Contudo, conforme ela continua com o falatório, posso sentir os meus ossos se estalarem. Prendo o meu grito de dor na garganta e fecho meus punhos com força. Quando ela acaba, Elise vem para perto da minha cabeça. – Você está bem? Como se sente?

Quando tento me sentar, nenhuma dor me para. Sorrio como um bobo, abraçando Elise tão forte que eu a ouço soltar um gemido de dor.

– James, se continuar assim, você vai matar a nossa esperança. – Frank me repreende e eu imediatamente solto Elise, que se limita a sorrir pra mim em meio as enormes arfadas que dá para recuperar o fôlego. – E então, como estamos?

Uma vez já respirando normalmente, Elise solta tudo tão rápido que mal consigo entender tamanha a sua empolgação.

– Todos já estão preparados já conseguimos gente o suficiente para fazer o plano funcionar e ai meu deus por que ainda estamos aqui?! – pegando no meu pulso e no de Franklin, ela nos teletransporta para perto de um bando de heróis reunidos, incluindo meus pais, os Vingadores e os meus amigos.

– Você está bem! – Erika e mamãe exclamam ao mesmo tempo. Logo em seguida sou recebido com abraços e beijos e todo o constrangimento que eu necessito na frente de pelo menos vinte dos heróis mais poderosos da Terra.

– Quer que eu vá te beijar também, Rogers? – Barton me pergunta num tom ácido e sarcástico, que, para a surpresa dele, reajo dando-lhe um enorme beijo na testa.

– É bom ver você vivo.

Luke faz uma cara de nojo enquanto limpa a testa com a mão.

– Você também me beijou quando eu morri? – ele me pergunta; seus olhos se arregalam. – Deixa, não quero saber.

O Gavião Arqueiro encara o filho com um olhar surpreso.

– Como assim você morreu?

Luke solta um sorriso nervoso.

– É uma longa história.

– Ok, deixando o momento amoroso de lado. – o Sr. Fantástico tenta tomar a atenção de todos nós para si. – O que vamos fazer agora é arriscado, pode até mesmo ser letal para alguns. – o pai de Franklin respira fundo. – Todos os mutantes e super-humanos que estão aqui tem total noção das possíveis consequências? - eu, juntamente com o resto, assentimos com a cabeça. Reed Richards prossegue. – Então vamos acabar logo com isso. Vampira, Elise? Vocês estão prontas.

As duas heroínas concordam, dando início ao plano.

Nós corremos para onde a incansável luta entre Drax e Thanos está acontecendo. Os dois estão bem feridos, sangrando sem parar em diversas regiões do corpo. O primeiro está queimado devido às bolas de energia de Thanos, enquanto este possui diversos cortes profundos feitos pelas adagas afiadas de Drax.

– É agora ou nunca. – Mayday suspira enquanto se prepara. Thomas, Erika, Mayday, e eu olhamos para trás observando Viúva Negra, Gavião Arqueiro, Homem de Ferro, Howard, Luke e outros heróis e agentes da SHIELD tomarem a direção oposta a fim de nos cobrir contra alguns inimigos que estão se aproximando.

Quando já estão posicionadas num ponto cego para os lutadores, todos nós tocamos na Vampira, que absorve aos poucos nossos poderes e passa para Elise por meio de ambas as mãos apoiadas nas costas da garota. Elise fecha os olhos enquanto espera que tudo esteja acumulado dentro de si.

Conforme os segundos passam, vou me sentindo cada vez mais fraco e cansado. Olho para os lados e percebo que todos os envolvidos também estão no mesmo estado que o meu. Minha visão fica turva, minhas pernas tremem e começo a ofegar.

Meu campo de visão embaçado tenta se focar em Elise, que, unindo ambas as mãos, dispara um raio azul marinho que atinge Drax nas costas. A energia que é absorvida por Drax tinge sua pele, uma vez verde, com a sua cor escura, e seus olhos adquirem uma coloração laranja viva. Thanos, que antes não desistia de seu sorriso maldoso, olha Drax mudar de aparência com surpresa...

Minha visa falha ainda mais, agora Thanos e Drax são enormes borrões. Começo a arfar cada vez mais.

“Vamos, James, você consegue... Seja forte... Seja forte...”

“Seja forte.”

– Como pretende me matar?! – Thanos grita, e eu vejo ambos os vultos voltarem a se enfrentar. – Você, mais do que qualquer um, sabe que eu sou imortal! - novos sons de lâminas cortantes me invadem os ouvidos. - Eu vou matar você, Arthur Douglas, e dessa vez, nem mesmo Mentor ou Cronos irá trazê-lo de volta!

– É o que veremos!

É então que eu escuto um rugido de ódio de Drax seguido de um enorme baque. Segundos seguintes sou encharcado por um líquido vermelho que logo deduzo ser sangue pelo cheiro forte de ferro.

Fico atento a mais alguns baques antes de cair inconsciente no chão.

[x]

– James... – meu nome é suspirado por uma voz feminina. Tento me focar na figura que me cerca.

O borrão se aproxima, mostrando-me a forma de uma mulher. Ela está trajando uma roupa verde e negra e uma máscara para lhe encobrir o rosto.

– Não! Cheque novamente o pulso dele! – alguém grita, sua voz ecoa no vazio.

– James... – a mulher suspira novamente meu nome, estendendo uma de suas mãos na minha direção.

– Não! Não! Afaste-se dele! – a voz volta a berrar, quase me deixando surdo. – Socorro! Não!

– James... – a palma da mão da mulher me envolve, cegando-me novamente.

– James!

O berro ecoa por mais alguns instantes antes de ficar tão silencioso quanto a própria escuridão.

[x]

Uma enorme quantidade de ar entrando nos meus pulmões me faz abrir os olhos rapidamente. Numa atitude impulsiva e rápida, eu me curvo para frente e acabo ficando com uma horrenda dor de cabeça.

– James? James! – Erika, que esteve ao meu lado nesse meio tempo, pousa suas mãos no meu rosto, encarando-me com seus olhos azuis vivos e intensos. Quando minha visão melhora um pouco de seu estado deplorável, noto que Erika está não só com a pele, mas também com os cabelos manchados com sangue. Miro minhas próprias mãos e também identifico a substância vermelha e mal cheirosa. – Você está bem? O que está sentindo? Está com dor?

Seu excesso de perguntas me deixa ainda mais tonto.

– O... Quê aconteceu? – olho para os lados e não vejo mais ninguém perto de nós. – Onde está todo mundo?

Erika pensa por alguns segundos.

– Drax esquartejou Thanos. Ele arrancou violentamente cada pedaço do corpo, incluindo o coração, por isso estamos todos cobertos por, bem... Três alienígenas chegaram depois disso: o Surfista Prateado, Serpente da Lua e Mentor. Eles, juntamente com mais alguns guardiões, levaram um pedaço de Thanos consigo. Vão prendê-los uns bem longe dos outros para que ele não possa se regenerar. – ela faz uma leve pausa. – Os chitauris e os Gigantes de Gelo de desintegraram com a energia que Drax exalou quando ganhamos nossos poderes de volta.

– Então nós vencemos? – posso sentir um enorme alívio tomar conta de mim. Meu deus, acabou! Essa maldita guerra está encerrada, podemos finalmente voltar pra casa! – Onde estão os outros? – questiono, animado.

A postura de Erika enrijece e sua expressão logo se fecha. Sinto minha felicidade acabar tão rápido quanto o seu começo.

– Erika, o quê...?

– Perdemos muita gente no final, James. – ela não consegue segurar as lágrimas. – Vários de nós morreram, eu achei que você tivesse sido uma deles!

Pouso ambas as minhas mãos nos ombros de Erika, tentando fazê-la se acalmar para me fornecer o máximo de informações possíveis.

– Onde estão Howard, Mayday, Luke e Thomas? Onde estão nossos pais?

Erika respira fundo, tentando ao máximo se controlar.

– Estamos todos machucados, mas vivos. – novamente sou tomado pelo alívio. – Mayday quebrou um braço, Thomas está com um corte feio na coxa e Elise vai ter que levar alguns pontos na cabeça. – ela novamente faz uma pausa tão longa que penso que meu coração vai sair pela boca. – Os em melhores condições estão à procura dos corpos.

– Já tem alguém confirmado?

– Encontraram os corpos de mais vinte agentes da SHIELD juntamente com os de Jean Grey, Ciclope, Pantera Negra, Homem-Formiga... – Erika pensa por alguns segundos. – Franklin encontrou uma amiga dele chamada Rachel Summers, mas ela estava apenas inconsciente... Tem mais, mas não consigo me lembrar de todos.

– Olha só, o Rogers acordou! – Thomas de repente brota na sala e grita de alegria, vindo com um andar coxo na minha direção, deixando todo o seu peso cair sobre mim quando finalmente me abraça. – Você não está morto!

– Vou estar daqui a pouco se você continuar a me esmagar. – sussurro sem ar, contudo, acho que consigo transmitir o recado, pois Thomas sai de cima de mim no mesmo instante. Novamente fico grato por sentir oxigênio entrar em meus pulmões. – Por que está em pé? Você não machucou a perna?

Banner volta os olhos para a roupa empapada de sangue na parte superior da coxa, rente à virilha, com um enorme sorriso.

– Me preocupar com isso agora? Nós ganhamos, Rogers!

– E sobrevivemos. – Mayday, que está com o braço esquerdo imobilizado por um pedaço de pano, entra no local, juntando-se a nós logo seguida por Luke e Howard.

– Acho que não somos tão lezados assim no final das contas. – Howard descobre o rosto, deixando à mostra alguns arranhões na testa e no lábio inferior.

Luke dá uns tapinhas nas costas dele.

– Para um nerd, você lutou bem, Stark.

Em resposta, Howard esboça-lhe um sorriso.

– Até que formamos uma boa equipe.

De repente, escutamos passos vindos em nossa direção. Encaramos a entrada do lugar, sendo surpreendidos com a entrada inesperada dos nossos pais. Assim que me viram, meu pai e minha mãe correm em minha direção, me tomando nos braços e me abraçando fortemente. Eu também os envolvo num aperto forte, feliz por finalmente ter a oportunidade de abraçar despreocupadamente os meus pais depois de tantos anos.

– Achamos que tínhamos perdido você. – meu pai diz num tom infeliz, mas suas covinhas me mostram o quão aliviado ele está por me ver acordado.

– Não vão se livrar de mim tão fácil. – respondo-lhes com um meio sorriso.

Minha mãe também não consegue segurar algumas lágrimas de escaparem de seus olhos, mas, tentando manter a aparência de durona, as limpa rapidamente.

– Como estão as coisas lá fora? – Erika questiona ao pai, Thor, que, diferente de todos nós, não tenta nem ao menos esboçar alguma alegria.

– A SHIELD reuniu um total de cem corpos entre agentes e heróis. – ele informa com tristeza. – Ainda estamos procurando pelos asgardianos com o auxílio dos sobreviventes, que não têm onde ficar já que Asgard está destruída.

– O Dr. Strange, a Feiticeira Escarlate e o garoto Richards não estavam ajeitando as coisas? – Clint Barton indaga, confuso.

– Sim, mas somente os três não serão o bastante para reconstruir um reino inteiro. – o pai de Erika solta um longo e demorado suspiro, deixando claro que sua mente vagueia longe. – Eu já volto. – e sai da sala sem olhar para trás.

Após ficarmos por alguns minutos num silêncio constrangedor, Nick Fury adentra no lugar com passos largos. Tento ler alguma coisa em seu rosto, mas o espião consegue camuflar os seus reais sentimentos.

– Senhores, acho que já passamos tempo demais aqui em Asgard. Está na hora de voltarmos pra casa.

Ao ouvirem a palavra “casa”, os seis Vingadores se encolhem como crianças sendo repreendidas.

– Casa... – Bruce Banner saboreia o som da palavra. – Nem acredito que a última vez que a última vez que estivemos lá foi há dezessete anos.

– Eu to tão ferrado. – Peter Parker engole seco. – Mary Jane vai me matar por eu estar todo esse tempo atrasado para o jantar.

Mayday sorri rapidamente antes de abaixar os olhos e fitar os próprios pés. Howard e Erika, vendo a atitude dela, se entreolham com certa aflição nos olhos. A julgar por essas peculiares atitudes, eu chuto que a vida que todos eles deixaram para trás não está igual.

– Espere um pouco. – o Capitão América intervém. – Como vamos voltar pra casa? Tudo não foi destruído?

Como resposta, Nick Fury tira do bolso dois objetos. Um deles é uma esfera prateada de diâmetro semelhante à de uma bola de tênis. Já o segundo é apenas uma caixa pequena e velha.

– O que são essas coisas? – Luke questiona, observando os objetos com curiosidade.

– São itens que os Guardiões nos deram antes de partirem.

– E eles nos deram uma bolha de bilhar e uma caixa de música semelhante à da minha avó? – o Homem de Ferro ergue as sobrancelhas. – Puxa, eu queria tê-los agradecido pessoalmente.

O diretor da SHIELD se limita a revirar os olhos.

– A esfera é um teletransporte. Com isso, conseguiremos fazer apenas uma viagem, levando não só nós, mas também todos os corpos terráqueos que foram encontrados.

– E a caixa?

– Eles disseram para abri-la somente quando todos estivermos na Terra.

– E não te veio a mínima possibilidade de isso ser alguma coisa ruim? – é a minha vez de indagar.

Nick Fury volta seu único olho para a pequena caixa em suas mãos.

– Não acho que os Guardiões da Galáxia queiram prejudicar a Terra. Especialmente agora.

Pondero suas palavras e vejo que ele está com a razão. Após ver com os meus próprios olhos o que esse grupo é capaz, chego à óbvia conclusão de que se quisessem mesmo prejudicar a Terra, já o teriam feito.

– Vamos pra casa.

[x]

– Heimdall, tem certeza de que pode conceder o meu pedido? – enquanto todos os super-heróis e agentes cooperam com o carregamento dos corpos para o local onde Nick Fury havia determinado, Thor e Heimdall conversam próximo ao lugar onde estou auxiliando Franklin a retirar alguns entulhos de cima de um corpo de uma asgardiana.

O deus porteiro sacode a cabeça, confirmando as palavras de Thor ao mesmo tempo em que fita o deus do trovão com um olhar piedoso.

– Com o pequeno auxílio que tivemos da Feiticeira Escarlate, Dr. Strange e Franklin Richards, conseguimos reerguer abrigo para os sobreviventes. Além do mais, você deixou assuntos pendentes tanto aqui quanto na Terra durante esses longos e sombrios dezessete anos. É hora de colocá-los em dia. - Heimdall desvia os olhos para as estrelas.

Thor ainda parece inquieto.

– Eu prometo voltar o quanto antes para ajudar a reerguer Asgard por completo. – ele reafirma seus votos, porém, sua voz assume um tom trágico. – Tantas mortes... Tanta destruição...Loki...

A expressão de Heimdall não muda, ele continua a ostentar seu olhar calmo e postura rígida, apertando o cabo de sua espada com ambas as mãos.

– Tudo faz parte do ciclo da vida, meu senhor. – ele compartilha suas sábias palavras. – Até mesmo o desapego e a morte de quem amamos.

– Vamos logo, James, Fury já está com todos reunidos. – Franklin acaba me tirando do lugar antes que eu pudesse ouvir a resposta do pai de Erika.

Quando Frank e eu nos aproximamos do lugar onde todos os heróis se encontram, eu não posso deixar de ouvir todos os heróis conversando e desabafando seus sentimentos de rancor e tristeza com as recentes perdas de amigos e familiares. Reconheço Elise Strange entre os pais e dois garotos gêmeos, eles conversam entre si enquanto ela toma cuidado para não encostar nas enormes feridas, agora remendadas por algum feitiço, na testa e na lateral de seu corpo. Vejo também Kayla Howlett falar com Deadpool, Wolverine e o Professor X. A julgar pela cara dos três X-men e do Mercenário Tagarela, eu suponho que não devem estar discutindo algo muito agradável. Somente percebo que Franklin não está mais ao meu lado quando meus olhos se encontram com o seu corpo dobrado sobre o chão, erguendo a provável Rachel Summers da qual Erika havia se referido. Desvio meus olhos da cena quando o Quarteto Fantástico vai ao encontro de Frank.

Sem mais delongas, eu me encontro com o meu próprio bando. Thomas, Luke, Mayday, Howard e Erika conversam com nossos pais sobre algo que só consigo ouvir quando me aproximo ainda mais.

– Deixe-me ver se eu entendi. – Tony Stark pede tempo, com certa desconfiança. – Sua mãe conseguiu manter a Stark Inc. e cuidar de você por dezessete anos sem qualquer ajuda?

Seu filho assente de leve com a cabeça.

– Ela é bem esforçada... E não tem muita paciência com as outras pessoas.

– Eu amo essa mulher. – todos nós rimos com o comentário do Homem de Ferro. – Mas eu tenho certeza de que vou dormir no sofá por pelo menos cinco anos.

– Bom, acho que todos nós vamos ter que nos adaptar. – Peter resmunga enquanto olha para Mayday. – Eu tenho uma filha que é apenas seis anos mais nova que eu.

Você está chocado? – ela rapidamente rebate o comentário do pai, mostrando a sua opinião sobre o assunto. – Meu pai é um garoto de vinte e três anos que além de bancar um super-herói que se balança por aí, é lindo e... – Mayday cala a boca quando percebe que falou de mais. Assim como Thomas, eu contenho um riso quando olho para a cara de Peter Parker e Luke Barton. Ambos a encaram com uma careta de confusão mesclada com descrença, fazendo May corar ainda mais.

– Er... Tenho certeza de que o mundo vai adorar ter os Vingadores de volta à ativa. – Erika rapidamente engata outro assunto. May solta um suspiro de alívio, mas logo se retrai de novo quando seus olhos se encontram com os de Luke, que ergue uma sobrancelha em resposta..

– Há uma coisa que eu não entendo. – minha mãe diz. – Como vamos conseguir voltar a ter as nossas vidas do jeito que eram? Passaram-se quase vinte anos e nós paramos no tempo.

– Senhores! – todos nós paramos de conversar no momento em que escutamos a voz de Nick Fury se sobressair perante o enorme barulho das conversas paralelas. – Antes de irmos, Thor gostaria de ter a palavra. – e vai para o lado, depositando a atenção de todos no pai de Erika.

– Eu, Thor Odinson, o único herdeiro do trono asgardiano, gostaria de agradecê-los por virem lutar por nossa causa. – ele dá uma pausa a fim de encarar alguns dos heróis antes de voltar a falar. – Há vinte anos meu irmão, Loki, espalhou o caos pelos ramos de Yggdrasil. Ele estava cego pelo ódio e por isso libertou sua fúria não só nos asgardianos, mas também em vocês, terráqueos.

“Loki nunca foi assim. Ele sempre foi um verdadeiro amigo e irmão, porém, eu era tolo e não conseguia tratá-lo por igual. Minha arrogância e vaidade tiveram seu preço, e este foi não somente a insanidade do meu querido irmão, mas também a vida de centenas de pessoas e a do próprio Pai, Odin.

Por isso aqui estou diante de vocês, pedindo perdão a todos e a Loki, que já não está mais neste mundo. Sei que meu arrependimento não trará nenhum ente querido de volta, todavia, quero que saibam que lamento não ter sido um filho, irmão, príncipe e pai melhor.”

Não consigo deixar de olhar para Erika, que está com ambas as mãos cobrindo o rosto numa tentativa falha de cobrir as lágrimas. Sorrio, feliz ao ver que ela enfim está aceitando quem ela realmente é: uma garota diferente com uma história incomum.

Ainda olhando para Thor, Erika começa a bater palmas. Eu logo a imito, também aplaudindo. Em menos de um minuto, todos nós estamos compondo uma salva de palmas e ouvindo gritos vindos dos asgardianos:

“Salve, Thor, o rei de Asgard!”

“Vida longa ao rei!”

– Mesmo a terra deles estando praticamente destruída, é bom ver que os asgardianos finalmente estão em paz. – o pai meu comenta enquanto envolve os ombros da minha mãe em seus braços.

– Agora é a nossa hora de ter paz. – Bruce Banner se estica todo, aparentemente tentando aliviar alguma dor nas costas. – Eu sinto saudades da minha cama.

Quando Thor termina de falar com alguns asgardianos, estes se voltam para nós e acenam, agradecendo pela nossa grande ajuda na, agora chamada, “Batalha do Ragnarok”.

Jogando a pequena esfera para o alto, Nick Fury ativa a nossa carona. Abrindo-se no ar, a bola nos envolve num clarão amarelo e quase de imediato sinto meu corpo ser levado para longe enquanto Asgard some de vista.

Estamos, enfim, voltando para casa.


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Notas finais do capítulo

Fic acabando, então por favor leitores, sem esse negócio de fantasminha camarada, ok? Reviews, recomendações e clicadinha no "favoritar" são mais que bem vindos ;) Apoiem a campanha "Não deixem a Spidey falando sozinha" Beijocas e até a próxima.PS: Sim, sei que o banner está com o número do capítulo errado e já vou pedir para arrumar.