S: Quinn Fabray hoje quero-te sentada à minha mesa de jantar às 20h00 em ponto. Temos muito que conversar! – disse Santana despachada.

Q: Olá Santana, eu estou bem, e tu?

S: Não ignores o que eu disse se fazes favor, que eu não estou a brincar.

Q: Voltaste mais cedo?

S: Mais cedo? Eu disse-te que voltava hoje.

Q: Não, tu disseste que voltas na quinta-feira.

S: E hoje é o quê? Décima-feira queres ver… - disse a latina mal humorada.

Q: Hoje é quinta feira? Ai, tenho de desligar.

S: Porquê?

Q: Depois falamos.

S: Às 20h00 lá em casa, sim ou sim e não tens desculpa nenhuma senão eu faço do… - mas Quinn gritou um “sim” e desligou o telefone.

A loira levantou-se do sofá, onde tinha adormecido a ver um filme na noite passada, e correu até à casa de banho. Pegou à velocidade da luz na escova de dentes e meteu-lhe uma quantidade exagerada de pasta, levou a escova à boca e enfiou-se dentro do banho. Ela tinha-se esquecido completamente que naquela manhã acabava o prazo para a inscrição ao exame de “Estratégias de publicidade” na universidade. Quinn deixava sempre tudo para a última, e naquele momento jurou que nunca mais o faria.

Após tomar o seu banho e já despachada, pegou nas chaves do carro e conduziu o mais depressa que pôde até ao polo universitário onde se encontrava a secretaria. Quando chegou, cansada de correr, percebeu que existia uma fila enorme para ser atendida, e em breve a secretaria fechava durante uma hora para a hora de almoço. Retirou a senha e esperou que a fila andasse depressa, mas para seu azar, a três números de ser atendida a secretaria fechou. Não conseguir inscrever-se àquele exame era uma opção que Quinn não punha, afinal não ia ficar mais um semestre, após concluir o curso, para fazer uma única disciplina. Ao ver uma das senhoras da secretaria sair, explicou-lhe que não chegou à senha dela antes do almoço e que elas tinham de a inscrever depois do mesmo. A senhora sorriu retirou-lhe a senha, piscou-lhe o olho e agarrou-a pelo braço levando-a consigo para dentro da secretaria.

~X~

P: Então? Já entregaste tudo?

R: Hã?

P: Não tinhas o último trabalho para entregar hoje?

R: Ah, já. Já estou de mini-micro-férias.

P: Como é que isso funciona?

R: Noah?! Tu fazes essa pergunta todos os anos. Faltam as frequências das cadeiras todas. As frequências de fim de semestre. Agora tenho uma pausa de duas semanas antes delas começarem.

P: Vamos a Lima?

R: Fazer o quê?

P: Ver a família, talvez?!

R: Qual foi a parte: “tenho frequências das cadeiras todas daqui a duas semanas” que não percebeste? Eu preciso de estudar, mas se tu quiseres ir, eu acho que só fazes é bem.

P: Pois, isso foi uma maneira simpática de dizer: “vai-te embora Noah que eu quero estudar”. Né? – o rapaz sorriu e levantou-se do sofá onde estava sentado em direção ao quarto dele.

R: Onde vais? – disse Rachel que estava em pé ao pé da mesa de jantar.

P: Arrumar a mala! – respondeu ele num tom mais alto desde o quarto para que ela o ouvisse.

R: Vais mesmo? Eu não te mandei embora.

P: Eu sei baby, mas eu já tinha planeado lá ir este fim de semana de qualquer maneira.

R: Ah, pronto. Manda cumprimentos à tua mãe e à tua irmã, e se vires alguém da escola manda beijinho.

P: Sim. Mando cumprimentos à minha mãe quando estiver a embarcar de volta.

R: Porquê?

P: Até parece que não sabes. – Rachel caminhou até ao quarto de Noah e sentou-se na cama ao lado da mala que ele estava a arrumar. – Ela se ouve o teu nome não se cala mais. És o desgosto daquela senhora, tu.

R: Eu? Que lata, tu é que não pousas de uma vez.

P: Isso seria o desgosto ao dobro. Sabes bem que só quando ela morrer é que eu posso “pousar”.

R: Não digas essas coisas.

P: A mulher tem uma fascinação por ti, vais ser sempre a nora do coração.

R: Qual é o problema de ela gostar de mim?

P: Nenhum, mas e é que tenho de ouvir a mesma conversa todas as vezes que lá vou: “quando casas com a Rachel? Tens-te portado bem com ela?”. – Rachel gargalhou quando ouviu Puck a tentar imitar voz de mulher.

R: O que é que tu lhe respondes?

P: O que é que tu queres que eu lhe responda? Digo-lhe a verdade. Que jogas do mesmo lado que eu.

R: Noah!!!

P: Preferes que eu diga: “mãe a Rachel está ocupada com os estudos, e a ficar uma resmungona de primeira com a falta de sexo, mas não te preocupes, que eu acho que ela a semana passada foi a uma casa de strip e veio mais bem disposta…”

R: Noah!!! – gritou Rachel de novo.

P: Enquanto não me disseres onde raio estiveste aquela noite, eu vou continuar a fazer suposições.

R: Podes fazer as suposições que quiseres, só não as digas à tua mãe por favor.

P: Tonta. Achas que eu lhe respondia isso?

R: Bom, o que lhe respondes não é muito melhor.

P: Não te preocupes, ela continua a não acreditar quando eu lhe digo que tu gostas de mulheres, diz que é uma desculpa qualquer que eu arranjei para que ela aceite que eu seja um mulherengo.

R: Definitivamente, eu adoro essa senhora. Manda-lhe beijinhos e diz que eu tenho saudades dela.

P: Mas que agora estás mais preocupada com os estudos do que com ir ver a família.

R: Exato. – a morena sorriu e levantou-se da cama saindo do quarto em direção à cozinha, enquanto Puck  ficou a arrumar o resto da mala.

P: Rachel!!! – gritou ele.

R: Diz!!! – respondeu ela.

P: Vou ficar uma semana!!!

R: Tá!!!

~X~

B: Hey Quinn! – disse Britt enquanto lhe abria a porta.

Q: Hey Britt. – respondeu a loira enquanto a abraçava para a cumprimentar.

B:  a San está na cozinha.

S: Quinn Fabray anda já aqui!!! – gritou a latina desde a cozinha. Quinn revirou os olhos e foi até ela. Quando chegou à cozinha Santana estava com a tampa de um tacho que estava ao lume numa mão e uma colher de pau na outra. Quinn sorriu e depositou um beijo sonoro na bochecha da latina.

Q: Fizeram boa viagem? – Britt que tinha vindo atrás da loira sorriu e respondeu que sim com a cabeça. – E como correu tudo em Nova Iorque?

S: Bem, mas agora vamos sentar-nos que isto está pronto e eu vou servir.

As três mulheres sentaram-se à mesa e já com a comida servida começaram a comer. Quando Quinn já estava a mastigar Santana sorriu com maldade e disse: “Como foi a tua noite no Pleasure?”, e a loira engasgou-se automaticamente.

B: A Quinn foi ao Pleasure? – disse Britt surpreendida.

S: Pois, foi tomar conta dele enquanto estivemos fora com certeza. Caso contrário… Quinn, o que foste tu fazer a um sitio que achas que é polémico e uma loucura pegada? – Santana sorriu com um brilho maldoso nos olhos.

Q: A Tina prometeu não contar-te. – disse Quinn baixinho.

S: E não me contou… aliás, lembra-me que a despeça por isso… mas voltando ao… - mas Britt interrompeu.

B: Vamos despedir a Tina?

S: Não amor, espera. Quinn, conta lá, o que foste lá fazer?

Q: Para que é que aquilo serve? – por muito que quisesse, Quinn não podia fugir a responder a Santana Lopez.

S: E conta lá, estás arrependida?

Q: Não. – baixou a cabeça automaticamente enquanto corava.

S: Ui, conta-me tudo. Como é que ela era?

Q: Não te vou contar nada. Já sabes demais.

S: Aquilo é o meu hotel, é bom que eu saiba tudo o que lá se passa. Mas isso não interessa, quando é que lá voltas?

Q: Não volto.

S: Porquê? Se dizes que valeu a pena… - e Quinn levantou a cabeça e olhou nos olhos de Santana com um semblante sério. A latina estranhou e ficou expectante na resposta da loira.

Q: Porque não me vai calhar a mesma pessoa. – e baixou a cabeça em seguida fugindo do olhar de Santana. A latina percebeu, mas olhou de raspão para Britt e decidiu não fazer nenhuma alusão ao facto de Quinn ter baixado a cabeça.

S: Ainda agora cheguei e já me estás a fazer pedidos? Porra, uma gaja não pode descansar.

Q: Hã? – o olhar de estranheza em Quinn fez Santana franzir a sobrancelha.

S: Sim, porque vai contra as regras do hotel que eu te dê informações acerca da pessoa com quem compartiste quarto. Mas eu vou ver isso.

Q: Não é preciso. Eu não te pedi nada e além disso eu sei onde encontrá-la.

S: Então qual é o problema?

Q: E quem é que disse que havia um problema? Tu é que estás a dizer.

S: Há quantos anos é que nos conhecemos?! Deixa-te de merdas. Queres o número de telefone dela ou não?

Q: Já te disse que sei onde encontrá-la, mas não vou fazê-lo.

S: Porquê? Quem é ela?

Q: Não conheces.

S: Mas tu sim?

Q: Dessa noite.

S: E como é que sabes onde encontrá-la?

Q: Que conversa de doidos! Porque ela me disse, né?! Ou seja, ela não me disse com o intuito de eu a encontrar, ela só disse os sítios que frequenta enquanto se estava a apresentar.

S: Apresentar? Mas vocês não leram as regras?

Q: Sim, e eu disse-lhe diretamente que sendo tu a escrevê-las eu não ia seguir nenhuma. – respondeu Quinn com um sorriso. Santana revirou os olhos.

S: Duvido que não tenhas seguido a do “divirtam-se”.

Q: Bom, quanto a isso foi um bocado inevitável.

S: Como é que ela é?

Q: Chama-se Rachel.

S: Isso não me interessa, se eu quisesse saber o nome dela ia à folha de hóspedes. Quero saber como ela é?

Q: Ai Santana, para quê?! – Quinn disse num tom cansado.

S: Para quê, porquê? Incomoda-te falar dela? Bateu-te assim tão forte? Porque é que não a procuras?

Q: Queres parar o interrogatório?!

S: Não, só mais uma… queres que eu te avise no dia em que ela voltar e a meta num quarto sozinha? Podemos tratar disso.

Q: Ela não vai voltar.

S: Morreu?

Q: Credo!!!

S: Então?

Q: Ela disse que era a primeira e última vez que lá ia, e além disso ela partilha a mesma opinião que eu acerca da ideia.

S: Sim, claro e foi por isso que lá foram. – disse a latina em tom de obviedade.

Q: Foi curiosidade. Ponto final na conversa. Não quero falar mais nisso.

S: Se quiseres o número de identificação dela arranja-se. Sempre podes ir às finanças ver se ela tem dívidas ou ao registo criminal. – e foi com uma gargalhada que Santana se levantou da mesa e começou a levantar os pratos. Quinn levou as mãos à cara e abafou um grito de desespero.