The Best Swimmer escrita por AlohaHawai


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora para postar, fui viajar e não deu tempo! Espero que gostem!



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— Acorde Annie, temos que nos aprontar. — ouvi a voz de minha mãe.

1 de outubro. Dia da Colheita. O dia em que duas crianças seriam sorteadas para serem jogadas em uma arena junto com mais vinte e duas pessoas, e elas lutariam até a morte. No final, só haveria um vencedor, enquanto os outros mortos seriam colocados em um caixão e devolvidos para serem enterrados em seus devidos Distritos.

Me levantei da cama desesperada e corri ao banheiro. Novamente havia acordado tarde e agora eu tinha somente meia hora para me arrumar, ficar decente e tomar café. Já que a Colheita começaria ás onze horas. E se depois dos cinco gongos eu não estivesse lá, seria castigada publicamente.

Joguei água gelada em meu rosto e tirei as remelinhas de meus olhos; escovei os dentes e penteei os meus cabelos rapidamente, e em seguida fiz uma trança lateral bem feita. Coloquei o vestido de alças que ia até os meus joelhos, e calcei a sapatilha prateada que ganhara de Albernathy quando fizera doze anos.

Minha mãe logo apareceu na porta. Ela estava usando um vestido florido e uma sandália de salto fino e baixo, os cabelos estavam presos em um coque bem feito e ela usava um pouco de maquiagem em seu rosto.

— Vou terminar de te arrumar. — disse ela e eu me sentei na cama

Mamãe começou passando uma base em meu rosto, em seguida, passou um daqueles blushs dourados, provavelmente havia custado uma fortuna, mas ela não fazia o tipo que se preocupava com dinheiro. Terminou passando uma sombra verde em minhas pálpebras, que realçou os meus olhos, um rímel preto e no final um batonzinho rosado.

Quando terminamos, descemos para a cozinha e me sentei ao lado de Albernathy. Hoje ele não trabalharia por causa da Colheita — que era como um feriado em toda Panem —, então estava usando uma de suas roupas mais sofisticada.

— Bom dia, Annie. — ouvi sua voz

— Bom dia. — sorri e me sentei

Me servi do pão em formato de peixe, peguei um pouco do queijo branco de cabra e coloquei suco de laranja em meu copo. Comi silenciosamente, enquanto minha mãe e meu padrasto estavam falando sobre a Colheita.

Um gongo. Tínhamos que começar a nos aprontar e sair rapidamente de casa. Dois gongos. Eu, meu padrasto e minha mãe já estávamos nos levantando. Três gongos. Peguei Cherr no colo e sai de casa.

Seguimos em direção à praça principal e eu pude ver que o resto do Distrito estava fazendo o mesmo. Eu queria ir devagar, sabe, meio que atrasar o tempo, mas isso era completamente impossível, então simplesmente olhei para os olhos de Cherr e sorri. Seus olhos eram como os meus.

Me aproximei do palco e vi. Sobre ele havia três cadeiras, provavelmente seriam ocupadas pelo prefeito, sua mulher e a representante da Capital; havia duas bolas de vidro, e dentro delas, milhares de tirinhas de papel brancas.

Havia uma mulher lá. Ela tinha uma pele meio pálida demais, usava uma peruca azul curta e que batia em seu queixo. Estava usando um vestido comprido de paetês, que emoldurava suas curvas e a deixava bem sexy. A mulher era completamente extravagante, com uma maquiagem fortíssima e exótica. E ela parecia como um raio do sol, podendo ser vista de longe.

Me despedi de minha mãe, coloquei Cherr em seu colo e acenei com a cabeça para Alberthy. Assim, entrei na fila das garotas para me registrar. Uma moça de cabelos presos e um sorriso falso no rosto colocou uma agulha em meu dedo, fazendo com que um pouco de sangue saísse. Depois, ela colocou a gota de sangue sobre o papel, ao lado de onde estava escrito Annie Cresta.

Depois de fazer isso, entrei na fila das garotas com treze anos e esperei.

Assim que o relógio dá as baladas avisando que já eram onze horas, o prefeito subiu no palco e começou a sua leitura. Era a mesma coisa de sempre. Ele começou falando a história de Panem, o país que se ergueu das cinzas sobre um lugar que fora chamado de América do Norte. O resultado foi Panem, uma Capital de treze Distritos unidos. Então vieram os Dias Escuros, o levante dos Distritos sobre a Capital. Dos treze, doze foram derrotados, enquanto o décimo terceiro foi escondido. Como uma “lembrança” de como a Capital sempre seria a melhor, foram criados os Jogos Vorazes.

Para tornar as coisas ainda mais humilhantes, a Capital faz com que nós tratemos os Jogos como um evento de festividade, um feriado. Isso faz com que os Distritos se tornem inimigos uns dos outros.

É não só um tempo de arrependimento, como também um tempo de agradecimento — entoa o prefeito.

Em seguida, ele lê o nome dos vencedores do Distrito 4. Nós temos somente dois ganhadores vivos, Mags e Finnick Odair.

No momento seguinte, Finnick sobe no palco. Ele está usando somente uma bermuda, como de costume seu peito está nu. O garoto esbanja um sorriso maravilhoso no rosto, e de um modo ou de outro, eu sei que tanto as garotas presentes como as que estão assistindo, estão se deliciando ao vê-lo assim.

— Bem vindos, bem vindos. — diz a mulher cintilante, cujo nome é Delphi — Feliz Jogos Vorazes! E que a sorte esteja sempre ao seu favor.

Em meio à multidão encontro minha mãe e seu marido. Dou uma ultima olhada para eles, e abro um sorriso, de um jeito ou de outro, eu sinto que a sorte estava ao meu favor hoje. Pelo menos eu esperava, sabe como é.

Está na hora do sorteio, Delphi se levanta, vai em direção à uma das grandes bolas de vidro, e como todos os anos, diz:

— Primeiros as damas.  — Ela se aproxima mais um pouco, coloca uma de suas mãos finas e delicadas no fundo e retira uma tirinha de papel. A multidão fica toda em silencio, e eu estou me sentido completamente nervosa.

Não seja eu, não seja eu, não seja eu, não seja eu.

— Annie Cresta. — ela diz com a voz aguda

No momento, senti que estava afundando. Estava nadando nas águas geladas do mar, mas era como se eu não soubesse nadar. Como se meu pai não houvesse me ensinado quando eu tinha cinco anos. Eu me sentia como se fosse outra pessoa. E cada vez mais eu estava afundando.

Sentia meus olhos se enxerem de lagrimas, que se misturavam com a água salgada, e eu estava tentando gritar. Estava rezando para que houvesse alguém lá para me salvar, mas depois de cinco minutos, percebi que não havia sequer uma pessoa. Eu estava pronta para morrer.

Finalmente voltei à realidade e senti que todos estavam me olhando. Delphi estava com as mãos em minha direção, me chamando delicadamente para subir ao palco. Meu corpo demorou para se mover, mas logo segui em frente. Subi as escadas em silencio e com a cabeça abaixada.

Olhei para Finnick, ele estava ao lado de Delphi. Percebi que seu rosto estava rígido e vi um certo olhar de preocupação em seus olhos esverdeados. Ele olhou para mim como quem queria se desculpar, e em seguida se virou.

— Agora chegou a hora de escolher o nosso tributo masculino. — diz ela sorrindo. Se aproximou da outra grande bola de vidro, enfiou sua mão no fundo e pegou um tirinha de papel.

Percebi que ela havia feito um pouco de suspense, mas não estava prestando muita atenção nisso, na verdade, eu não conseguia tirar os olhos de minha mãe. Ela estava com o rosto enfiado no peito de Albernathy e percebi que ela estava chorando. Me senti mal por isso, não queria que minha mãe chorasse.

— Cliff Roxen. — disse ela

Nem prestei muita atenção, minha cabeça estava girando. Assim que o hino acabou, um grupo de Pacificadores nos conduz para dentro do Edifício da Justiça. Lá dentro, me separo de Cliff e sou deixava em uma sala escura.

O lugar é bem chique. Com uma parede de madeira preta, uma escrivaninha contendo milhares de livros amarelados que tinham aparência antiga, uma poltrona de couro preto e um tapete de veludo vermelho. Esse seria o lugar em que iria me despedir de meus parentes, e eu tinha somente três minutos para dizer tudo o que precisava, seria meio impossível.

Minha mãe chegou, junto com Albernathy e Cherr que estava em seu colo. Seu rosto estava um pouco vermelho e ela havia chorado. Rapidamente, ela se agachou em minha frente e me abraçou.

— Calma mãe. — falei

Ela não falou nada do tipo “você vai vencer” ou alguma coisa assim, porque ela não me convenceria. Eu sabia que não iria vencer, eu era a garota mais frágil e pequena do mundo, não consiga matar sequer uma barata, imagina uma pessoa real.

Mamãe continuou me abraçando, até que resolvi que os três minutos estavam acabando. Dei um abraço rápido, o primeiro do mundo, em Albernathy e lasquei um beijo demorado na testa de Cherr, que abriu um sorriso em minha direção e balançou suas pequenas mãozinhas, as colocando em meus cabelos.

Os Pacificadores apareceram rapidamente e colocou as mãos nos ombros de mamãe e Albernathy, indicando que eles deveriam sair.

— Fique viva está bem. — ela disse me deu um ultimo beijo

Rapidamente os dois saíram e eu senti lagrimas quentes escorrendo em minhas bochechas. Me joguei no sofá de couro e esperei, eu sabia que ninguém mais viria para cá. Não tinha amigos, e de qualquer forma, Mags iria com a gente até o trem, já que também era uma dos ganhadores.

— Oi. — ouvi uma voz conhecida e masculina, o que me surpreendeu um pouco

Garrett estava lá. Na verdade, eu nem havia o visto na Colheita, pelo fato de ele já ter dezenove anos. Ele se aproximou de mim e me abraçou, deixando-me sentir o calor quente de seu corpo.

— Você vai ganhar, está bem. — ele colocou a mão em meu queixo, fazendo com que meu rosto ficasse em sua direção.

— Vou tentar. — corei e sorri

— Volte para mim.

Sem falar mais nada, ele simplesmente me deu um beijo. Fora rápido, mas suave e gostoso.

O caminho para do Edifício até a estação de trem é curta, já que íamos de carro. Rapidamente estávamos cercados de repórteres com suas câmeras, pessoas se despedindo de nós, nos desejando sorte. Consigo me ver ao me virar para a Praça e ver que meu rosto estava estampado no telão, assim como o de Cliff.

Quando conseguimos, entramos no trem e as portas de ferro se fecham atrás de nós.

— Esperem, Finnick logo chegará. — disse Delphi nos olhando

Reviro os olhos, Finnick está como sempre atrasado. Mas não é nisso o que eu estou pensando, na realidade, eu ainda estou meio chocada pelo fato de que passaria o resto da semana no mesmo lugar que ele. E havia um outro grande problema, Finnick seria o responsável por conseguir patrocinadores para mim, e ele não era realmente bom nisso, já que provavelmente iria sair com alguma mulher solteira e desesperada.

Minutos depois ele aparece. Dessa vez ele usa uma camiseta, o que é ótimo para mim, já que não vou precisar prestar atenção em seu peito nu. Ele olha para mim e abre um sorriso, deixando a mostra seus maravilhosos dentes brancos.

— Desculpem pela demora, podemos ir. — ele disse

Em segundos, o trem começa a andar. Na verdade eu não sinto nada, apesar de nunca ter estado em um trem. Viajar entre um Distrito e outro é estritamente proibido, a não ser quando a Capital dava permissão. O trem é um daqueles ultra modernos e que viajavam em uma alta velocidade. Nossa viajem até lá vai durar provavelmente menos que um dia.

No trem, cada um de nós recebe um aposento, que inclui um quarto, um closet e um banheiro privado, que continha água quente e outras maravilhas que não tínhamos em nosso Distrito.

Delphi diz que posso ir para meu quarto, então é isso que faço. Deixo os outros no corredor e entro na segunda porta branca à direita. O quarto é grande e bem moderno, além de ser praticamente todo feito de equipamento high-tec. Há uma cama de casal no centro do quarto, ao lado direito há um grande guarda-roupa branco, onde as gavetas contem as mais belas e diversas roupas, pelo visto eu poderia usar qualquer uma que quisesse. Do lado esquerdo havia uma porta que levava ao grande banheiro.

Tirei o vestido acinzentado, coloquei uma calça skinny preta e uma bata amarela. Quando já estava vestida, Delphi apareceu no quarto avisando que a ceia estava pronta, então seguimos por um longo corredor e entramos no vagão. Há uma grande mesa onde contem uma prataria fina, pratos, talheres e copos.

— Você está ótima Annie. — fala Finnick olhando para mim, e percebo que Delphi arqueou as sobrancelhas.

Me sentei ao lado de Finnick e esperei a ceia fosse servida. Havia diferentes pratos, primeiro uma salada verde, com tomates, legumes e até algumas frutas, em seguida, costela de porco, com purê de batata e queijo branco. Para terminar, Delphi pedira que fosse servido morango com calda de chocolate.

Finnick, Delphi e Cliff conversavam animadamente ao longo da refeição, enquanto eu estava silenciosa e pensativa. Finnick perguntava a Cliff como era sua família, quantos anos ele tinha e coisas assim, eu ficara surpresa ao ver que ele estava tentando pela primeira vez ser um mentor legal.

Admito que me empanturrei de comida, não estava acostumada a comer tão bem assim, mesmo que meu padrasto sempre colocasse comida boa na mesa de casa.

Ficamos conversando, até que o almoço acabou e fomos em direção à sala de TV. O lugar era grande, havia um sofá imenso no formato de U e dar com laranja berrante, havia uma grande televisão LCD em frente ao sofá.

Nos sentamos e começamos a ver a reprise da Colheita. Como de costume, começou com o Distrito 1. . Uma mulher alta e magrela apareceu no palco e disse as mesmas palavras que Delphi quando estava em frente da Praça no Distrito 4, em seguida passou o mesmo vídeo sobre a rebelião.

A mulher escolheu o nome da garota, Tite Flamsteed, uma menina branca, que parecia ter a minha idade e usava roupas estranhas, um vestido meio rosa fluorescente e uma tiara com uma flor imensa. Depois, o garoto, Spencer. Como sempre, os tributos do Distrito 1 eram os mais elegantes e bem favorecidos.

Depois seguiu para o Distrito 2, mas nesse momento eu já não estava prestando muita atenção. Cliff conversava com Delphi, enquanto Finnick me olhava de lado.

Rapidamente, quando as câmeras estavam no Distrito 11, Cliff anunciou que ia dormir um pouco e Delphi levantou-se, dizendo que ia checar os papeis que os patrocinadores haviam lhe mandado. E assim, fiquei sozinha junto com Finnick Odair, o que era meio irônico, já que eu fazia o possível para nunca acontecer isso.

— Temos que conversar. — ele disse virando-se em minha direção

Seus olhos verdes estavam pousados em meu rosto e vi um sorriso se formando.

— O que foi?

— Vamos lá Annie, eu sou seu mentor. Não podemos ficar nesse clima ridículo.

Tudo bem, ele havia percebido. Desde que entrei no trem não troquei sequer uma palavra com ele, o que era estranho, já que Cliff conversava bastante. Eu não queria ficar nesse clima estranho, mas não conseguiria conversar com ele... Tinha medo de admitir alguma coisa ou falar sem pensar, o que quase sempre acontecia comigo.

— Quero que se abra comigo, Annie. O que você está pensando. — ele colocou sua mão pesada e bronzeada em meu ombro frágil — Está preocupada com os Jogos?

— Acho que sim. — dei de ombros — Tenho treze anos, não queria estar aqui.

— Acho que ninguém gostaria de passar por isso, mas fazer o que... Somos obrigados, certo? — ele deu de ombros também — Mas não se preocupe.

— O que quer dizer?

— Eu gosto de Cliff, esse cara parece ser realmente legal. — ele começou e olhou para mim — Mas eu vou te prometer uma coisa.

Promessas. As pessoas costumavam me prometer as coisas, mas elas nunca cumpriram. Como quando meu pai foi pescar e o tempo estava péssimo, com direito a trovões e uma chuva completamente forte... Ele prometeu que voltaria no dia seguinte, mas ele não voltou. Esperei todas as noites sentadas no parapeito da janela e olhando em direção ao mar, mas nada de meu pai chegar. Até que percebi que ela não voltaria mais para casa, e eu estava sozinha com minha mãe.

 Depois disso, parei de acreditar em promessas.

Mas Finnick parecia estar sendo sincero comigo, e seus olhos verdes me passavam uma tranquilidade incomum. Eu me sentia bem somente de estar no mesmo cômodo que ele, era estranho.

Ele colocou os dedos em meu queixo e virou meu rosto em sua direção, do mesmo modo que Garrett fizera hoje à tarde.

De repente, ele fez algo que me deixou completamente nervosa, com vergonha, surpresa... Qualquer coisa, as emoções passavam pela minha cabeça em uma velocidade incomum. Eu estava nervosa, mas minhas mãos pousaram em suas costas. Finnick Odair havia me beijado, e admito que não fora um beijo qualquer. Na realidade, havia sido único. Seus lábios eram quentes, carnudos e molhados, suas mãos estavam em minha cintura e ele me puxava para mais perto de si. Logo nos soltamos e ele olhou para mim.

— Prometo que vou te manter viva.


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Notas finais do capítulo

Podem mandar reviews, eu adoro! Xoxo, District 4