Eu ainda estava ali na chuva, com cara de bobo. Ainda pensando nela. Só despertei quando ouvi Stephanie me chamando. Virei-me para trás e a vi perto do portão com um guarda-chuva e minha mochila, fazendo sinal para que eu me aproximasse.

– Enlouqueceu?! Por que está aí tomando chuva feito um retardado? – Ela disse enquanto me deu um tapa no ombro.

– Ai! – Exclamei. - Doeu Steph!

– Isso é pra você aprender a não ficar tomando chuva sem camisa. – Ela disse. – Depois quem tem que cuidar de você doente sou eu. – Ela me entregou minha mochila. – Agora veste uma camisa. – Peguei a mochila e a abri em busca da camiseta. – Mas o que é que você estava fazendo aí? – Ela perguntou enquanto eu colocava a camisa.

– Eu beijei a Annie. – Sorri enquanto lembrava.

– Ai. Meu. Deus! Não acredito! – Ela pulou em cima de mim. – Que lindo Zayn! – Ela disse me fazendo rir. – Como foi?

– Eu disse que gostava dela e a beijei. Mas ela separou o beijo quando ouviu uma amiga a chamando.

– Você disse que gostava dela? Que foooofooo. - Ela disse e eu não pude evitar rir da cara dela. – Para de rir seu insensível. – Ela deu um tapa em meu braço.

– Parei, parei. – Levantei as mãos para o auto a fazendo rir.

– Agora me conta como foi e o porquê de você estar na chuva.

– Eu ia beijá-la mas começou a chover, então a puxei para trás da arquibancada, ela parecia meio nervosa, mas a beijei. Foi só isso. – Claro que não era “só isso” pra mim, significava muito.

– Pera... – Ela disse parecendo pensar. – Você levou a menina pra baixo da arquibancada sem camisa á noite? – Vi como aquilo parecia outra coisa.

– Hum... Sim? – Eu disse com medo de afirmar.

– É claro que ela estaria nervosa Zayn! – Ela disse.

– Eu não estava pensando desse jeito na situação. Você que pensa besteiras demais. – Eu disse e ela riu.

– Tá, agora vamos embora logo. Já são quase dez horas. – Então fomos andando mesmo pra casa. Cheguei e meus pais estavam na sala conversando. 

– Oi filho, como foi o jogo? – Minha mãe perguntou sem tirar os olhos do livro.

– Vencemos mãe. – Eu disse alegre.

– Que ótimo! Parabéns filho. – Finalmente ela me olhou e pareceu não gostar do meu estado. – Porque você está molhado desse jeito? - Eu estava encharcado, afinal, Stephanie só estava com um guarda-chuva e não cabíamos os dois direito.

– Deixa ele, Trisha. – Meu pai disse. – Parabéns filho. – Ele disse apertando minha mão e sorriu.

– Como deixar Yasser? Ele está encharcado. – Minha mãe disse como se eu estivesse cometendo um crime.

– Eu vim a pé mãe, por isso estou molhado. – Eu disse, irritado.

– Acho que você não vai mais ter esse problema. – Meu pai disse e olhou para minha mãe como se estivessem se comunicando pelo olhar.

– Como assim não vou ter mais esse problema, pai? – Eu perguntei, sem entender nada.

– Bom, - Meu pai começou. – meu filho não pode ficar andando por aí no carro do pai para sempre.

– Vocês vão comprar um carro pra mim?! – Perguntei espantado. Quando aprendi a dirigir eles disseram que não me dariam um carro até eu entrar na faculdade. Aquilo havia me deixado extremamente irritado. Tentava convencer meu pai de todas as maneiras, até usei argumentos do tipo “Não pega bem seu filho ficar andando no seu carro” ou então “não agüento mais ir a pé para a escola”. Mas nada adiantou.

– Na verdade, - Minha mãe disse. – já compramos.

– Cara, não acredito! – Eu disse. – Valeu pai! – Apertei sua mão e lhe dei um abraço, seguido por leves tapas nas costas. – Obrigado mãe. – Dei um abraço nela também.

– Vamos lá pra garagem pra você ver como ele é. – Minha mãe disse já me empurrando.

Era um Volvo XC60 2012. Mal acreditei quando o vi. Sempre disse para eles que era um dos meus carros favoritos.

– Mas o que fez vocês mudarem de idéia e me darem um carro antes da faculdade? – Perguntei.

– Te daríamos no final desse ano, mas sabíamos que você venceria o jogo de hoje e resolvemos fazer uma surpresa. – Minha mãe disse. Continuei agradecendo-os e meu pai e eu checamos o carro todo.

Depois subi ao meu quarto e então Liam me ligou, já eram onze horas.

– E aí cara? – Atendi.

– Zayn, o pessoal está combinando de irmos pra pizzaria pra comemorar, o que acha?

– E você me avisa só agora?

– É, combinaram agora. Esteja lá meia-noite.

– Quem vai?

– Nós, o resto do time, a Steph com as líderes de torcida, a Vanessa, a Natalie e...

– Beleza, eu vou. – O interrompi.

– Tá, a gente se vê lá. – E desligou.

Tomei um banho rápido e me troquei. Então resolvi ligar para a Stephanie e ver se ela iria mesmo.

– Alô? – Ela atendeu.

– Oi Steph, tudo bom?

– Oi Zayn, tudo e com você? Vai na pizzaria agora né?

– Ia te perguntar isso agora mesmo. – Ela riu. – Eu vou, e você?

– Também, passa aqui daqui uns dez minutos pra gente ir junto.

– Pode deixar.

– Beijos. – E desligou.

Como eu já estava pronto, esperei mais uns quinze minutos para sair. Mesmo Stephanie tendo dito dez minutos, eu sabia que ela não estaria pronta. Desci e peguei meu carro na garagem, queria fazer uma surpresa para ela, por isso não disse nada no telefone. Parei em frente sua casa em frente sua casa e buzinei. Ela saiu na janela para verificar quem era e se surpreendeu ao me ver. Logo saiu pela porta de casa correndo. Á essa altura eu já tinha saído do carro.

– Zayn não acredito! Esse carro é seu? – Ela perguntou animada.

– Não, não.- Eu disse irônico e em troca recebi um tapa no ombro.

– Seu tonto. – Eu ri. – É lindo! Porque não me disse quando ligou?

– Pra fazer uma surpresa. – Ela riu.

– É lindo! Todo mundo vai amar!

– Então vamos logo vai. – Abri a porta pra ela.

– Abrindo a porta pra mim? O que te deu? – Ela perguntou rindo.

– Estou de bom humor hoje, aproveita. – Nós rimos.

Chegamos à pizzaria e ela estava lotada. Estavam todos lá. Quando cheguei várias pessoas vieram me parabenizar pela vitória.

– Nossa, mas essas meninas são umas putas oferecidas. – Stephanie disse quando o número de pessoas ao nosso redor diminuiu.

– Como assim?

– Ah para de fingir que não entende Zayn.

– Mas eu não entendo.

– Essas meninas que ficam em cima de você te comendo pelos olhos. – Não pude deixar de rir. – Para de rir, Zayn. É a verdade, a maioria que veio falar com você era menina.

– Está com ciúmes Steph?

– Não, só acho ridículo o jeito dessas putas. – Revirei os olhos. – E falando em putas... – Segui seu olhar e vi que Andreza, minha ex-namorada, estava vindo em nossa direção.

– Oi Zayn, - Ela me abraçou. – quanto tempo! Tenho sentido sua falta, viu? – Ela disse mexendo na minha blusa.

Stephanie apenas revirou os olhos e saiu de perto. Ela não gostava de Andreza, nunca gostou. Dizia que ela só estava comigo para ser popular, e estava certa.

– Desde que você mudou de colégio não te vi mais. – Eu disse.

– E o que tem de novidade para me contar? Está namorando? – Ela perguntou enquanto me encaminhava para uma mesa.

– Bem que eu queria. – Pensei alto.

– O que? – Ela perguntou. Pra minha sorte ela não tinha ouvido.

– Ah nada... Não estou não.

– Que ótimo. – Ela disse e me olhou de um jeito estranho. Só achei que aquilo não era bom e arranjei uma desculpa para sair de lá.

– Vou ali na mesa do Liam, depois a gente se fala mais. – E saí antes que ela pudesse responder.

Me dirigi á mesa do Liam e dos caras e sentei ao lado de Stephanie.

– O que ela queria? – Stephanie perguntou.

– Nada de mais, apenas perguntou se eu estava namorando.

– Não suporto ela!

– Com ciúmes de novo, é? Segunda vez hoje. – Provoquei-a.

– Ciúmes nada! Nunca gostei dela e nunca vou gostar!

Depois de conversarmos mais um pouco e eu provocar Stephanie durante esse tempo, decidimos jogar boliche. Eu e Louis estávamos vencendo. Harry e Niall em segundo e Liam e Stephanie em terceiro. Me dirigi ao balcão pedir uma bebida e senti alguém me cutucar. Me virei e dei de cara com Andreza. Antes que eu pudesse fazer algo ela me beijou.Sim, me beijou! Apenas “pulou” em cima de mim me agarrando. Me soltei do beijo rapidamente a empurrando.

– Não temos mais nada Andreza! – Eu disse um pouco alto.

– Mas podemos ter, Zayn. – Ela disse e depois me olhou daquele jeito estranho de novo. - Vai dizer que não sente minha falta?!

– Sim, não sinto. Agora me deixa em paz. – Virei e a deixei falando sozinha.

Stephanie que viu a cena veio em minha direção.

– Como você beijou essa nojenta?! – Ela indagou.

– Eu não a beijei! Ela me beijou! Foi de surpresa. Eu virei e ela veio pra cima de mim.

– Que nojenta! Como pode ser tão dada?! – Stephanie falou irritada.

– Eu que o diga.

– Pensei que ela já tinha superado isso, que marcação com você! – Ela disse. Andreza não tinha aceitado muito bem o fato de eu ter terminado com ela, mas depois ela mudou de colégio e não nos falamos mais.

– Eu também pensei. – Eu disse. – Que horas são? – Quis mudar de assunto.

– Duas e meia já. – Ela disse olhando para o relógio.

– Está afim de ir embora?

– Até que sim, já deu aqui.

– Também acho. – Eu disse. – Vem. – E a puxei para fora em direção ao carro. Entramos e seguimos á caminho de casa. Então me lembrei do que ocorreu quarta de manhã, quando ela não estava bem.

– Ei Steph, você ainda não me disse o porquê de estar mal.

– Eu não estou mal. – Ela tentou desconversar. – Só estou cansada esses dias.

– Você esquece que eu te conheço não é? – Eu disse e ela riu. – Fala logo vai.

– Não é nada de mais Zayn.

– Mas fale do mesmo jeito.

– É só que... É o Nathan. – Ela abaixou a cabeça.

– O Nathan?! O que ele fez agora?! – Stephanie era apaixonada por Nathan a algum tempo. Eles já tinham ficado algumas vezes, mas nada mais que isso. Por quê? Porque ele á iludia, ela acreditava, eles ficavam e depois ele fingia que nada tinha acontecido.

– Ele agora é meu namorado. – Ela olhou para o lado, parecia não querer me encarar.

– NAMORADO?! Você sabe que ele é um filho da puta, por que isso agora?! – Eu praticamente gritei.

– Eu gosto dele Zayn, você sabe disso. – Ela se virou para mim. – Não custa nada dar uma chance.

– Que chance merda nenhuma! Ele só quer se aproveitar! – Eu disse em um tom bravo.

– Para Zayn! Olha o trânsito! – Me dei conta disso e me virei para frente. - Sabia que você ficaria assim, por isso não queria te contar. – Ela virou o rosto.

– Desculpa Steph, mas é a verdade. Ele não te merece. – Falei mais calmo.

– Mas quem sabe dê certo, você podia me apoiar né?!

– Tá bom, espero que dê certo. – Ela sorriu. Mas eu sabia que aquilo não ia dar certo, só esperava poder ajudar. Deixei Stephanie em sua casa e coloquei meu carro na garagem. Segui para meu quarto e decidi esquecer tudo isso, apenas fiquei pensando em Annabelle.