Remember Me escrita por CahShelley


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Espero que estejam gostando. Tive apenas um 'Review' até agora, mas acho que foi muito construtivo e agradeço demais pelos elogios.



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O vento soprava forte em meus cabelos negros e a única coisa que eu sentia era o doce aroma das bromélhias espalhadas pelos largos vales. O sol estava alto no céu e as nuvens, que eram um pequeno suspiro naquela grande imensidão azul, não ajudavam muito.

Meus planos eram simples: Encontrar Caspian, mas por onde eu começaria a procurá-lo? Eu sabia somente a direção que o príncipe havia tomado quando entrou na floresta, mas depois disso...

Eu sabia que um rio separava aquela floresta, e pelos ruídos das águas ferozes do mesmo, eu sabia que estava perto. Vi então que as folhas da grama, bastante alta naqueles arredores, se mexiam muito rápido, mas o vento não era o causador da movimentação.

Andei lentamente, com um certo receio de que algum animal me seguisse. Eu sabia que naquela região, ursos, onças e tigres ferozes se encontravam, e eu não queria correr o risco de um 'ataque surpresa'. Mas assim que meus pés atingiram uma planíce, pude confirmar que o que me seguia era um animal. Não um grande, mas sim um rato. O ser olhou em direção a mim e disse fervorosamente:

— O que faz aqui Telmarina traiçoeira?

— Eu não sou traiçoeira!

— Pode ser, mas mesmo assim a senhorita não respondeu a minha pergunta.

— Espere! Você pode falar?!

— Pelo que parece... — O rato correu e parou o mais próximo possível de mim. — Responda minha pergunta garota insolente!

— Estou procurando um amigo meu. Ele foi perseguido e entrou nesta floresta, mas não sei por onde começar.

— Bom, a pergunta você já respondeu, mas será que devo lhe matar?

— Por favor, me ajude. Eu sei o que meu povo fez, eu sei que vocês, nárnianos, nos querem longe, mas eu também sei da profecía e de que eu vim para ajudá-los. Ao menos me dê uma chance.

— Acho que devo considerar o fato de que sua sabedoria foi grande o bastante para conversar comigo de igual para igual, mesmo eu sendo um rato. E também devo creditar que a senhorita conheçe mais coisas sobre Nárnia do que eu imaginaria. — Ele respirou, sorriu estranhamente e logo depois reverenciou-me.— Me chamo Ripchip. E quem é a bela senhorita à quem me dirijo a palavra?

— Me chamo Sophie Charlotte LeClére. Prazer em conhece-lo, Ripchip. — Ajoelhei-me e segurei em uma das patas do pequeno, mas respeitoso, rato.

Era incrível como aquilo podia parecer normal para mim. Mesmo sem nunca ter visto um nárniano eu me sentia confortável e nem um pouco surpresa com sua aparência, ele era, de um jeito engraçado, uma criaturinha adorável e prestativa.

Contei a Ripchip toda as histórias de Nárnia que eu ouvira e ele me explicou aonde as enganações estavam e como eram as verdadeiras histórias, ele ouvia cada palavra que eu falava sobre Caspian e de como Miraz era perspicaz e malígno. Ele até disse um cordial 'sinto muito' quando contei-lhe sobre eu casamento arranjado e assegurou-me de que não deixaria de me ajudar por nem um segundo sequer, e depois de muito andar e de histórias contadas, Ripchip e eu entendemos o propósito de tudo aquilo.

O destino fizera um filho homem nascer, para que eu e Caspian pudessemos entender que Miraz não era a boa pessoa que estávamos acostumados a connhecer. Ele, o destino, fizera Caspian ser persguido para que nárnianos e aqueles que querem o bem de Nárnia, se juntasse, e como um só, lutassem pela justiça. E mesmo sem trocar palavras, eu sabia que Ripchip tinha compreendido o mesmo.

E por um pedaço do caminho andamos calados, apenas fitando nossos pés e esperando que o rio surgisse atrás de alguma árvore. Após a 13ª árvore o som da correnteza se intensificou e Ripchip bradou:

— Sophie, receio ter que parar por aqui. Acho que nunhum de nós conseguirá atravessar tal grandiosidade deste rio.

— Não! Eu não posso parar agora, meu tio já deve ter percebido minha ausência e logo soldados telmarinos estarão aqui, temos que continuar Ripchip. — Mas tudo o que restava ao grande rato era suspirar, porque ele tinha razão, era inpossível de atravessá-lo. — Eu vou tentar, suba nas minhas costas, se ficar muito ruim voltamos para esta margem. — Acentindo, Ripchip subiu em meus ombros e eu andei para mais perto do rio.

Assim que minhas botas encostaram na água o rio se acalmou. A correnteza parou de fluir e a água, que como Ripchip dissera era funda, não chegava à minha cintura.

— Isso é mágico! — Indagou o rato.

— O quê? — Mas ele não respondeu.

Quando retirei meus pés da água o rio voltou ao normal. Era como se uma alavanca tivesse sido puxada e acionado algum tipo de parede de contenção.

Ouvimos barulhos e Ripchip percebeu que algo vinha em nossa direção e logo pediu que eu me escondesse. Obedeci, mas pensei: "Aquele pequeno ratinho não poderá fazer nada contra um grande soldado e muito menos ele fará com um grande animal selvagem."

Escutei espadas se cruzarem e gritos ofensivos, mas nenhum deles parecia vir de Ripchip. Será que ele se dera bem? Um silêncio pairou no ar e logo depois otra lâmina de espada foi ouvida, mas não viera acompanhada de granidos de dor. Pensei que aquilo poderia ser uma coisa boa, mas depois outro grito veio ao ar. O plano era esperar por Ripchip, mas eu não poderia ficar e esperar que ele fosse morto. Coloquei a mão em minha espada, preparada para puxá-la assim que necessário e esguerei-me para fora dos arbustos.

A cena que vi não era sangrenta, era o que eu precisava para ficar feliz, pois lá estava Caspian, ao lado de um anão, um texugo e meu amigo Ripchip. Ele correu ao meu encontro e colocou os braços pela minha cintura me envolvendo em um quente e perfeito abraço. Aquilo era o que eu precisava, um abraço daquele que eu nunca mais deixaria.

O caminho, após encontrar Caspian, havia sido mais fácil e menor. Não era nada improvável que conversas e abraços provocassem a sensação mais confortável que eu já tivera. Sim, meus sentimentos por Caspian eram grandes, mas devo confirmar que eram apenas sentimentos de amizade e que em nenhum dos meus sonhos Caspian era o rei que me salvaria e me faria sentir as 'borboletas' em meu estômago. Ao contrário disso, Caspian não era rei e nem estava em meus sonhos, claro que ele me salvaria se um perigo se aproximasse, mas as a únicas coisas que ele me faria sentir no estômago seriam os pesos de seus 'pequenos' socos carinhosos...

Enquanto andávamos pude perceber que Ripchip comentava com o anão, de nome Nikabrik, e o texugo, chamado Caça-Trufas, sobre o incidente do rio, ele expressava sua emoção, mas sempre evitando ser ouvido por mim e por Caspian, que no momento, se importava em olhar uma das muitas árvores em nosso caminho.

— Caspian, para onde iremos?

— Uma pequena reunião.

— Pequena? Como assim?

— Bom, estes nárnianos disseram que há outros como eles que merecem uma explicação.

— Sobre...

— Ontem a noite, o professor Cornelius me deu a trompa dos antigos reis de Nárnia.

— E você a tocou?

— Sim. Eu pensei estar em grande perigo, mas estes simpáticos nárnianos me ajudaram. — Ele olhou para mim e deu seu 'famoso' sorriso. — Mas nem faz diferença, acho que ela não é tão mágica como eu esperava.

— Eu não diria isso. Hoje aconteceu tanta coisa... Eu não esperava isso, mas aconteceu. — Permaneu-se o silêncio e Caspian parou de fitar a grande árvore assim que a deixamos para trás.

O anão olhou para o sol, que já cedia e deixava a bela e incrívelmente iluminada noite, se instalar no céu. Ele apontou para uma clareira e enquanto retrucava com grosserias as palavras de seu amigo texugo, andava de um lado à outro procurando algo.

Não demorou muito até a clareira se encher de criaturas que, até aquele momento, não existiam para mim, elas gritavam sobre sermos (eu e Caspian) traidores e acabarmos com a Nárnia que seus antepassados conheciam. Caspian pôs se no meio de todos e disse as mais belas palavras que possuia em seu vocabulário:

— A dois dias, eu não acreditava na existência de nenhum de vocês. Mas vocês existem, e em número e força que nós, telmarinos, nem poderíamos imaginar.

"Essa trompa, sendo mágica ou não, nos uniu aqui hoje. E nos deu a chance de retomar o que é nosso por direito. Ajudem-me a reclamar pela justiça."

E finalizou estendendo uma de suas mãos para o centauro mais próximo, que respondeu:

— Se você nos guiar... Eu e meus filhos vos oferecemos nossas espadas. — Todos os centauros levantaram suas espadas, e foram seguidos por todos os outros nárnianos, que levantavam seus espadas, patas, mãos e qualquer coisa ao alcançe.

— E nós oferecemos nossas vidas, sem reservas. — Indagou Ripchip, que fez uma pequena reverência dirigida à Caspian.

Certamente aquela noite tinha sido espetacular. Caspian tinha voltado para mim, os nárnianos estavam felizes assim como eu, e todos estavam convivendo em perfeita harmonia. Eu já podia sentir a diferença que aquele dia teria em minha vida, podia sentir o grande peso de uma batalha que viria. E apesar de saber que muitas coisas haviam mudado eu percebia que uma coisa ainda faltava. Uma peça estava perdida e longe do meu quebra-cabeça. Mas o que seria? E por que eu ainda não a havia encontrado?

Enquanto eu sonhava naquela noite, pude ouvir uma conversa paralela a meu e outros sonos, era Caspian e o comandante dos centauros, Ciclone.

— Senhor, podemos partir assim que desejar.

— Acho que amanhã de manhã seria perfeito. — Caspian disse, e mesmo sonolenta pude sentir o peso de seu olhar em mim. — Quero deixá-los tranquilos e seguros por uma noite...



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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e por favor, comentem.
Se gostaram, indiquem para alguém. Obrigada.



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