Remember Me escrita por CahShelley


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Espero que estejam gostando.
Como prometido, começarei a postar capítulos um pouco maiores na próxima atualização.
Obrigada pelos reviews.



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Fui capaz de sentir o quente sol da manhã em meu corpo. Não que me incomodasse, mas Caspian já parecia ansioso para começar nossa vagarosa subida até o Monte de Aslam, então levantei-me. Pude perceber que lá, em nosso grupo de soldados, não haviam mulheres e que algumas crianças estavam entre nossos guerreiros.

Andei sobre algumas pedras que ficavam em linha reta, até porque, não havia nada para me entreter. De relance, uma memória veio em minha cabeça: Caspian falara que tinha tocado a trompa dos antigos reis. Mas isso significava que logo eles estariam a caminho?

Notei Ripchip ao meu lado e, curiosa como sou, perguntei sobre o assunto:

— Ripchip, você acha que a trompa que Caspian tocou é realmente mágica? Quero dizer, você acha que ela trará os antigos reis de Nárnia?

— Acredito que ela tem seus dotes mágicos, mas em que sentido não sei.

— Como assim?

— Bom, ela nos uniu, como Caspian mesmo disse, e por este lado vejo que ela tem algum poder. Mas não consigo compreender como ela trará reis tão velhos, experientes e gloriosos como foram os antigos reis de Nárnia. — Ele respirou fitando o vazio, parecia vasculhar em suas memórias, as imagens perfeitas para acompanhar aquela explicação. — Quatro reis tão magníficos que transformaram Nárnia em um lugar de harmonia, felicidade e justiça.

— Gostaria de ter visto um lugar como essa Nárnia.

— Todos nós gostaríamos, mas receio que isso nunca mais será possível.

O que não fazia o mínimo sentido para mim era: Se esses reis foram tão bons para Nárnia... O que, ou quem, os tirou do trono? Mas não voltei a perguntar à Ripchip.

Um grito surgiu atrás de mim, mas nada estrondosamente alto para que asustasse. Quando virei-me divagar, Caspian, o causador do grito, ficou decepcionado. Não entendi direito o porque daquilo, mas ele era o comandante, então tinha noção do que fazia... Ou não.

— Senhor Caspian, poderia me explicar o que você está fazendo? — Perguntei colocando as mãos na cintura e falando com ar brincalhão.

— Bom... Eu queria te dar um susto. — Riu.

— E você sabe que não conseguiu.

— Já percebi. Mas o que me diz, já está canssada?

— Não, por que estaria?

— Tenho que dizer que você não é a pessoa mais bem preparada físicamente.

— Tem razão, mas a vontade que tenho é o bastante.

— Vontade de quê?

— De ver e descobrir mais coisas. A cada passo que dou acho uma flor que nunca tinha visto, um animal desconhecido para mim e principalmente fatos históricos sobre essa terra, que é perfeita de sua forma, Nárnia. — Poéticamente, terminei minha frase.

— Concordo com você, acho que nossa vida melhorará muito daqui para frente. — Ele mal terminou sua frase e já havia corrido para a frente do pelotão, logo após é claro, um sorriso torto.

Não demoraria muito até chegarmos ao Monte de Aslam, que se situava em uma região muito odiada por todos os telmarinos, mas de repente algo fez com todos a minha frente parasse. Eu ouvia as lâminas de espadas se encostando, mas era impossível ver ou passar pelos minotauros e centauros.

Quando percebi, Ripchip não estava mais ao meu lado, pelo que eu conseguira ver, ele tinha partido como um jato na direção da pequena confusão. Aquilo deveria ser apenas um mal entendido, talvez dois de nossos novos companheiros tivessem descutido e acabado em uma pequena troca de insultos e uma luta com espadas. Será que Caspian estava bem? Quem teria começado esse desentendimento? Eu, além de não ver, não conseguia ouvir nada, como iria saber se todos estavam bem e se a luta já havia terminado?

Não, eu não tinha nenhum poder psíquico, mas no momento em que pensei sobre como eu não enxergava nada, Caspian surgiu abrindo caminho para, o que parecia, me apresentar à alguém. Depois de alguns nárnianos ultrapassados, Caspian surgiu na minha frente e apenas sorriu, esperando que aqueles que o seguiam chegassem ao local. Quando fitei as pessoas, que agora estavam na minha frente, simplesmente travei. Ripchip, que estava ao meu lado novamente, apenas acentiu com a cabeça e sorriu, acho que por conta da minha feição perplexa. Caspian, que continuava a sorrir, abraçou-me de lado e disse:

— Grandes reis, apresento-lhes, minha... — Era impossível definir exatamente o que éramos, e é claro, Caspian optou pela palavra certa. — Irmã. — Estendi minha mão para cumprimentar o primeiro daqueles que eu admirava apenas por figuras.

Ele não era velho, não parecia experiente, mas o que mais me encantava era a simplicidade que era exposta por seus olhos. Seus trajes eram perfeitos e eu nunca tinha visto nada tão mágnífico. Dispersei-me das palavras de Caspian e logo prestei toda minha atenção naquelas figuras. Mas quando Caspian preparava-se para as apresentações, foi interrompido por um dos reis, que logo se apresentava.

— Olá, sou Pedro. Prazer em Conhecê-la. — Era ele, o grande rei Pedro, o dono do olhar mais sincero que já vira.

Pedro deu um passo para trás e pude ver um belo rosto.

Ela era perfeita, desde o mais simples traço de sua feição, até o último fio de cabelo que possuía. Eu simpatizei-me com ela, parecia ser sempre alegre e assim como seu irmão, era simples.

— Prazer. Susana. — Disse um pouca mais direta que Pedro. Então, era a rainha Susana a dona do belo rosto.

A terceira pessoa a aparecer foi muito fácil de identificar. Ela era fofíssima somente por seu andar e trazia consigo a alegria que todas as crianças deveriam ter, não era difícil de dizer que aquela era a rainha Lúcia. Apenas de olhar para seu sorriso aberto eu podia ver... Definitivamente ela era a única que sorria naquele lugar.

— Olá, sou Lúcia. Muito prazer em conhecê-la Sophie. — Sorria.

A última, mas não menos importante pessoa a aparecer foi aquela que parecia menos se importar. Não que seu olhar não fosse simples como os de seus irmãos, mas dizendo apenas pela sua feição, ele não ligava. Suas vestes eram triplamente mais bonitas que as de Pedro, o azul delas brilhava diante da luz do sol e davam um ar de mistério à aquele que as usava.

— Olá, prazer em conhecê-la, sou Edmundo. — Não respondi, porque ele já seguia Pedro e Caspian.

E as apresentações acabaram.

Voltamos a andar após alguns minutos de conversa, da qual eu e Lúcia, permanecemos fora. E derrepente, o grupo todo já se movia novamente na direção do monte.

Ripchip, sempre ao meu lado, era seguido por Lúcia, que parecia querer segurá-lo e acariciar seus pêlos, mas conteu-se. Sua voz era fina e enquanto conversava com o rato eu apreciava suas vestes. Eu me sentia, cada vez mais uma estranha ali. Caspian era, aparentemente, o comandante desta situação, e os reis e rainhas não fariam pouca coisa, mas para o que eu serviria? Aparentemente eu não era nada, mas eu me sentia bem ali, então, que mal poderia ter?

Lúcia deu uma pequena risada e pude perceber que sua conversa com Ripchip tinha acabado. Porém, ela iniciou outro diálogo:

— Para onde iremos?

— Para o Monte de Aslam. — Respondi.

— O quê?

— Fica ao lado de Cair Para Vel, um pouco mais ao Norte.

— Continuo sem saber do que você está falando.

— Tudo bem. — Sorri. — Você verá, é um lugar magnífico.

— Já imagino. Tudo aqui em Nárnia é perfeito.

— Nem tudo...

— Então diga-me. O que não é? — Pela expressão de seus olhos, ela queria mesmo saber, não era apenas uma pergunta retórica.

— Meu tio. — Eu insistia em chamar Miraz de tio, mesmo depois de tudo.

— Por quê? — Perguntou tocando em meu braço. — Ele é o rei de Nárnia. — Lúcia sorriu, sem saber que Miraz era um verdadeiro monstro. — Mas ele não comanda esse lugar, ele o destrói. Ele não pensa nos outros, ele apenas pensa em si mesmo e em como os outros podem ajudá-lo a conseguir o que quer.

— Mas, o que ele fez? Para você.

— Descobri, já há alguns dias, que ele apenas queria usar-me como proposta. — Ela parecia confusa com a maneira que eu falava. — Ele ofereceu minha mão em casamento a um de seus companheiros de batalha. — Lúcia não disse nada, tinha a impressão de tê-la deixado constrangida.

— Poxa, acho que... — Ela tentava encontrar as palavras certas.

— Não precisa dizer nada. — Confortei-a. — Meu tio é um mostro, mas pensando bem... Este casamento não seria uma idéia tão ruim. — Pensei bem sobre o assunto. — Eu poderia destuir Miraz internamente.

Deixei Lúcia e andei mais rápido para chegar até Caspian. Ele ainda conversava com Pedro e Susana ficava atrás, observando-os.

— Caspian! — Gritei de uma distância considerável. — Acho que sei como ajudar.

— Ajudar? Do que você está falando, Sophie?

— Eu não sei se você já percebeu, mas eu sou a única que não tem dado seu máximo para ajudar. — Respirei, talvez ele não aprovasse minha idéia. — E agora entendi meu propósito.

— E posso saber qual seria este propósito, senhorita? — Ele parecia tão irritado quanto as palavras sugerem.

— Eu vou atacá-lo por dentro. — Sorri maliciosamente.

— E posso saber como você o fará?

— Fácil, vou aceitar o pedido de casamente de Lorde Sopespian. — Eu não estava feliz com a idéia, mas assim, eu poderia comunicar à Caspian as possibilidades de ataque.

— Não! Não vou deixar que se prejudique de tal maneira, Sophie.

— Mas eu quero isso.

— Não, já está decidido.

Fechei minha cara, mas Caspian era tão teimoso quanto eu e é claro, eu não teria saída a não ser aceitar minha derrota. Quando virei para voltar junto à Lúcia, os minotauros e centauros (os mesmos de antes) haviam feito uma barreira inquebrável, então permaneci aonde estava.

Logo em seguida, percebi que o chão já não era de terra e grama, mas sim de pedras e lama, ou seja, um perigo para mim e minha grande chance de escorregar. Como as palavras muitas vezes são fortes e verdadeiras, as minhas também eram. Como eu tinha previsto, meus pés não ajudaram e logo meu corpo estava não chão. Minhas roupas de sujaram, meus cabelos desalinharam e meu pé, agora torcido, doía de tal forma, que era impossível não gritar. Caspian e Edmundo me ajudaram a levantar e Edmundo parecia tão aflito quanto eu.

— Ai, me desculpem. — Disse para ambos que me ajudavam.

— Pelo quê? — Perguntou Edmundo. — Foi você quem se machucou.

— Por forçá-los a me carregar. — Eu sei que não havia um por quê, mas eu precisava me desculpar.

— Edmundo, você pode ajudá-la? Vou voltar lá para a frente. — Falou Caspian, sem se importar com minhas palavras.

— Claro que sim. — Edmundo sorriu. Eu estava com frio e minhas roupas muito molhadas por conta da lama. Já anoitecia e como sempre, o frio chegava com a brilhante lua. Edmundo não parecia se importar com a tarefa que Caspian havia lhe dado: Me "carregar" até a próxima parada. Ele sorria continuamente e de certa maneira me reconfortava. Senti que tinha o dever de puxar uma conversa com o garoto, já que era ele quem me ajudava.

— Me desculpa mais uma vez, Edmundo. — Fiquei receosa de falar seu nome, ele era muito pesado e sério, parecia um daqueles nomes que vem acompanhados de uma bronca, eu sinceramente, não gostava de como soava.

— Não se desculpe, acho que não foi sua culpa, certo? — Ele continuava a sorrir, e eu gostava de sua feição... — E Por favor, me chame de Ed. — É, agora eu estava bem melhor, eu poderia o chamar sem problemas pelo apelido.

— Espere, você 'acha' que não foi minha culpa? — Eu realmente não tinha acompanhado essa parte.

— Bom, talvez você tenha escorregado de propósito... Para que eu pudesse ficar mais próximo à você.

— Claro, essa foi a razão do meu belo tombo, porque eu iria mesmo me sujar inteira e ficar morrendo de frio, apenas para ficar do seu lado. — Ele era tão convencido quanto aparentava, mas mesmo assim, não perdia seu brilho.

— Eu sabia que sim. — Rimos. Suspirei e fiquei quieta, apesar de querer que aquela conversa fluisse para outro assunto. Ele também ficou calado, então desisti. Caspian anunciou que o próximo acampamento ficava em uma clareira próxima, e que alguns de nós deveriam ficar para trás, já que nem todos cabiam naquele espaço. Após chegarmos até a tal clareira, Edmundo me ajudou a sentar perto da fogueira que estava sendo feita, sentando-se ao meu lado. As brizas geladas começavam a surgir com mais força e logo minhas roupas molhadas secaram-se, me deixando com frio e tremendo, mas seca. Era tanto o vento, que meu grande receio era de que a fogueira apagasse, mesmo que ela não estivesse ajudando do quesito esquentar. Edmundo se aproximou, dizendo:

— Está com frio?

— Um pouco.— Ele tirou uma blusa grossa e firme e colocou-a em meus ombros, deixando as mãos exatamente sobre os mesmos.

— Obrigada.

— Sem problema. — Sorriu.

— Tem certeza de que não vai ficar com frio?

— Tenho, acho que estou bem. — Ele sorria e aquecia meus ombros com seu braço.

— Tudo bem então... E por mais que esse fosse o final de noite perfeito, devo dizer que não foi o fim.

Logo quando eu achava que minhas conversas com Edmundo fossem todas com seis ou sete frases, minhas insônia ajudou.

— Sophie, você está acordada? — Sorri.

— Sim. O que foi? — Disse me sentando.

— Você já está melhor?

— Sim, quer seu casaco de volta?

— Não, só queria saber.

— Estou ótima.

— Fico feliz em ouvir isso. — Quando me deitei ele ainda continuava com o braço estendido.

Olhei para ele, que acentiu, e eu, como boa entendedora que era, compreendi o recado. Deitei sobre seu braço como deitava em um travesseiro, e logo adormeci.


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Notas finais do capítulo

Bom, estou preparando uma novo capítulo. Ele será maior, como eu já havia dito.
Por favor, comentem. Eu adoraria saber o que todos estão achando da fanfic.



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