Remember Me escrita por CahShelley


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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Abri o livro que tinha sido meu refúgio durante todos aqueles anos. Não era bonito, não tinha belas gravuras e principalmente não era um dos que meu tio aprovaria. Acho que o real motivo do meu gosto pelas histórias era o mistério que as envolviam, mas mesmo assim, elas eram inspiradoras e me faziam querer viver naquele tempo.Após ler a primeira página não pude mais me concentrar. Barulhos vinham dos corredores e as paredes, finas como eram, permitiam a mim compreender tudo aquilo que os presentes falavam.

Pelo que pude assimilar se tratavam dos soldados de meu Tio e todos estavam, aparentemente, carregados de arcos e flechas.

Depois de algumas palavras, não mais quis escutar as barbaridades que falavam e decidi que fazer meu rotineiro passeio ao jardim. Eu não iria sair com todo aquele falatório em meu corredor, por isso segui por minha passagem 'secreta' pela parede. Era muito comum se ter passagens assim em nossos castelos, ainda mais com o jeito mistérioso de meu tio, que parecia sempre estar com um segredo na manga e uma navalha na outra.Quando cheguei ao Jardim, pude ouvir que fogos de artifício eram soltos e que um dos soldados de Miraz gritava:

— Atenção Telmarinos! Deêm graças ao novo herdeiro de Miraz! — E o grito foi seguido por calorosos 'vivas'.

Quando olhei para a entrada do castelo vi Caspian montando rápidamente em seu cavalo e pegando um pequeno embrulho que lhe era entregue pelo Professor Cornelius, que estava igualmente apressado e aflito.

Caspian saiu em disparada por mim e enquanto ia em direção a floresta falou alto o bastante para que eu pudesse o ouvir:

— Sophie! Eu volto para te buscar.

— Te esperarei. — Falei e sorri. Um sorriso falso e que era perceptível, mas que era o bastante para esconder minhas lágrimas.

Eu não era tão ingênua e sabia o que estava acontecendo. Com o nascimento de um filho homem, meu tio Miraz não precisava mais de Caspian. Ele tinha se tornado dispensável e uma ameaça para o, agora, rei. Caspian era o dono do trono por direito, mas Miraz tinha seus planos e em nenhum deles Caspian era necessário.

Mas o que me deixava triste era o fato de que eu nunca fora indispensável, então, mais cedo ou mais tarde chegaria a minha vez de fugir... Mais cedo ou mais tarde chegaria a minha vez de ser perseguida. E eu podia apostar minhas jóias que meu tio seria suficientemente capaz de impedir Caspian de me encontrar.

Corri ao encontro de Cornelius. Se meu tio descobrisse que ele havia ajudado Caspian a fugir ele seria um homem morto. Não pude evitar que uma lágrima enxerida caísse de meus olhos, eu ajudei o velho senhor a entrar no castelo e fui com ele até a torre. Pedi então que Cornelius me ouvisse e ele se sentou, parecendo interessado pelo que eu tinha a falar:

— Eu sei o por que da partida de Caspian...

— Eu sei que você sabe, minha querida.

— O senhor compreende que eu vou ser a próxima a sair deste castelo?

— Minha querida, olhe bem para mim. Miraz não quer você longe de vista, ele... Precisa de você. Então fique tranquila, pelo menos em você ele não encostará.

— Encostará? Precisa de mim?

— Querida, tudo o que você sabe... Tudo o que você conheçe está prestes a mudar. Esqueça todos e tudo de que você se lembra. E recorde-se, aqui... Ninguém é o que parece ser.

Permaneci em silêncio o fitando com expressões confusas nos olhos, pensei em como as frases que haviam me sido ditas não faziam sentido e nem tinham relações.

— Boa-Noite Sophie. — Cornelius me disse empurrando-me para fora da sala e fechando a porta perto de meu nariz.

Não que aquilo fizesse alguma diferença agora, mas eu precisava decidir se eu ficava naquele castelo esperando que Caspian viesse me buscar, ou se eu iria até a floresta e o encontraria por mim mesma. Eu precisava descançar, qualquer que fosse a minha decisão seria preciptada naquele momento, e além do mais, eu precisava descobrir do que Cornelius falava.

Deitei em minha cama e peguei novamente meu livro. Reparei que uma luz estranha iluminava a página que tinha deixado aberta e que além de toda a mágica que envolvia meu livro, eu nunca havia visto aquela ilustração. Era de se esperar que eu lembrasse se tivesse visto tal imagem. Ela era colorida, com uma imensa riqueza de detalhes e uma das mais, se não a mais, bonitas que já vira. Nela se encontravam quatro reis de Nárnia e poderia assegurar que todos eram bonitos, bravos e muito especiais somente por suas expressões.

Não pude mais resistir e me rendi ao sono. Mal sabia eu que sonharia com aqueles perfeitos reis da figura... Mal sabia eu que aquele ano, que havia apenas começado, já tinha mudado a mim, a Caspian e a outras quatro pessoas que seriam tão importantes para mim e para a história de minha terra, Nárnia.

– // -

Eu tinha receio de me levantar, eu tinha receio de saber o que descobriria naquele dia, mas já havia colocado uma coisa em minha cabeça: Eu decidiria naquela tarde o que fazer com relação a Caspian.

Coloquei logo uma roupa quente e confortável e corri em direção a biblioteca. Coloquei o livro dos quatro reis na estante e senti a presença de alguém na sala.

Meu tio ficou quieto e apenas sorriu ao me ver virando. Ele disse calmamente:

— Como você está esta manhã, Sophie?

— Indescritívelmente bem tio. — Eu não queria lhe dar motivos para continuar aquela conversa.

— Bom, quero que suba até seus aposentos e coloque o mais belo vestido que você possuir.

— Mas tio, eu não tenho nenhuma bela roupa.

— Bom, nesse caso, quero que vá até seus aposentos e mandarei que algum de meus homens entregue-lhe um vestido.

— Tudo bem tio.

Acenei para ele e andei o mais rapidamente para o meu quarto, porém quando cheguei lá, um vestido belissímo já me aguardava. Eu o vesti e abri a porta de meu quarto, uma fileira de soldados me mostrava o caminho do grande salão. Eu nem precisei abrir a porta, dois sujeitos a abriram para mim e me indicaram o tapete vermelho que levava até o trono.

Lorde Sopespian parecia um pouco contente demais e um sorriso malícioso se abriu em seu rosto quando eu entrei. O vestido vermelho, esvoaçante e brilhante me dava um ar suspicioso e maléfico, mas que nem parecia importar para Lorde Sopespian. Quem sabe lá, quando eu entendi o propósito daquele encontro. Acho que foi no momento em que Miraz me apresentou ao Lorde como "A mais bela flor do reino" ou no momento em que ele fez questão de me colocar ao lado de Sopespian.

Eles trocaram algumas palavras sobre suas táticas em batalhas e de como a ajuda de Sopespian seria grande se ele tivesse alguma real ligação com o Rei, e então houve a proclamação do que eu já esperava:

— Bom, Sopespian, quero dar-lhe, como troca de sua lealdade, a mão de minha flor... A mão de minha preciosidade.

— É claro que aceito sua oferta Miraz. Espero que eu possa ajuda-lo como vossa majestade acaba de me ajudar. — Os dois trocaram apertos de mão e depois Miraz me pediu para deixar o salão, o que fiz com prazer.

Eu nem ao menos tirei meu vestido, pois minha ânsia era muita e precisava de algumas respostas. Andei até a torre com receio de que alguém me visse naqueles trajes e toquei levemente na porta de Cornelius. Ele apenas pronunciou: "Está Aberta" e eu entrei para que ele me explicasse o que eu precisava.

Mas ao olhar pela sala, vi que o Professor Cornelius deixaria o castelo. Perguntei:

— Professor! O senhor vai me deixar sozinha... Com essas pessoas?

— Minha querida, você não precisa de mim, você tem tudo o que precisa dentro de você.

— O quê? Eu ainda estou tentando associar o que o senhor me disse na noite passada. Não me venha com esses enigmas!

— Eu soube...

— O quê?

— De seu casamento com Lorde Sopespian... Sinto muito, Sophie.

— Não sinta! Fugirei antes que meu tio possa pensar em planejar algo. Mas o senhor tem que responder algumas perguntas, não posso partir sem saber o que enfrentarei e o que deixarei para tráz.

— Tudo Bem... — Disse ele desistindo. — Direi tudo o que você quiser saber...

— O que eu tenho de tão especial? Meu tio precisava de mim apenas para casar com Lorde Sopespian?

— Minha querida, já lhe ensinei muito sobre as profecías de Nárnia e temo ter de dizer-lhe que você pertence a uma delas.

— Como assim?

— A profecía diz que: Após um longo período Telmarino uma filha de Eva e um Filho de Adão trariam a justiça de volta a Nárnia.

"Sophie, você não é como todos nós, você possui um dom... Algo especial. Por ter este 'algo especial' Miraz precisa de você. Quando você tinha apenas dois anos, foi deixada na porta deste castelo. Miraz contratou uma feitiçeira porque achava que tinha algo especial em você e ele estava certo. Querida, você é a arma secreta dele.

Mas acho que você estar se perguntando qual é esse seu 'poder'..."

Mas o professor não conseguiu terminar. Lorde Glozelle, que comandava os soldados de Miraz havia entrado na sala com mais dois homens e estes, agora, seguravam Cornelius pelos braços e o carregavam escada a baixo.

— Mas o que está acontecendo? Por que vocês estão o levando?

— Ordens de Miraz. — Respondeu Glozelle. E ele saiu pelo mesmo lugar que seus soldados e Cornelius.

Corri até meus aposentos, peguei uma camisa que pertencia a Caspian e coloquei-a com uma calça, no lugar daquele grotesco vestido. Peguei uma das espadas que guardava no caso de uma invasão e a coloquei em minha cintura.

Não pensei duas vezes antes de correr pelos portões principais e deixar todas aquelas mentiras, traições e ingratidões para tráz. Será que eu seria capaz de encontrar Caspian? E ainda mais, sem um cavalo que pudesse me ajudar?

Era só eu e meus pensamentos, que devo dizer, me matavam por dentro. Apesar de tudo, eu estava feliz de ir embora, mesmo que isso fosse uma péssima decisão.

Enquanto eu corria, eu podia ouvir a floresta me chamando, e eu ainda podia sorrir. Porque querendo ou não minha vida iria mudar, e eu já havia jurado para mim que eu nunca mais deixaria que Miraz me usasse, eu nunca me casaria com alguém que eu não amasse e eu nunca, nunca mais me separaria se Caspian.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Por favor, comentem.