Imprinted Heart escrita por penadinha_x
Quando cheguei em casa, Anna – minha mãe – estava chorando, ela andava fazendo muito isso ultimamente. Juro que se visse aquele cara de novo, ia dar um belo soco nele. Pensei se voltasse a morar aqui, minha mãe ia conseguir lidar com isso mais facilmente, mas eu estava errada, minha volta não a deixou mais feliz. Na verdade nós duas tínhamos um relacionamento tenso. Meu pai era meu favorito, mas sempre me dava bem com a minha mãe, até o dia em que ela começou a namorar pela primeira vez desde quando meu pai tinha morrido. Tinha feito dois anos já, mas eu achava que ela devia ser fiel a ele pro resto da vida. O primeiro namoro não durou muito tempo, pra minha felicidade, mas logo apareceu Joey, sim o cara. Odiei ele no primeiro momento que o vi. Nunca descobri o porquê, mas sinceramente não ligava, não ia gostar dele mesmo.
Então no dia em que minha mãe foi me contar que ele ia morar com a gente eu quase tive um troço, como ele ia morar com a gente? Qual era o argumento que ela ia usar para eu aceitar isso? Nenhum. Ela não conseguiu me convencer, nem quando disse: “O seu pai ia querer que fossemos felizes”. Frase hiper clichê, comigo não colou. Mas ela disse que eu querendo ou não, ele ai morar com a gente. Passei apenas uma semana com ele na mesma casa. Depois liguei pra minha tia e perguntei se poderia morar com ela. Lógico que ela deixou – todos meus parentes que brigavam e não queriam mais ficar em suas casas iam pra casa dela -, então me mudei no dia seguinte. Óbvio que Anna não queria, mas ela preferiu ele do que eu. Acho que o que estava acontecendo com ela era pra ela aprender, mas mesmo assim era triste ver ela desse jeito. Às vezes eu queria que o Joey voltasse pra ver se ela ia melhorar, mas no momento seguinte eu mudava de opinião. Já tínhamos passado por coisas piores juntas.
– Anna, ta chorando de novo? – Eu perguntei, mas já sabia qual era a resposta.
– Ah, você já chegou? – Ela falou, enxugando as lágrimas com a manga da blusa. – Espera que eu já faço seu almoço.
– Mãe, relaxa, eu to sem fome.
– Não vou deixar você morrer de fome por causa da minha depressão.
– Ah mãe, sem drama, por favor. – Anna além de tudo era dramática, digna de um Oscar.
– Não é drama – Ela balbuciou e voltou a chorar.
– Você não deveria chorar por aquele cara mãe. – Eu a abracei – Olha mãe, pensa pelo lado positivo, assim nós duas estamos juntas de novo.
– É, isso é bom – Ela forçou um sorriso. – Eu senti sua falta sabia.
– Eu também.
– Se eu soubesse que aquele cara ia fazer isso, eu nunca teria deixado você ir.
Ok, isso é novidade.
– Tudo bem eu chamar ele de cara, mãe. Mas você chamar ele assim, isso é novo. – Eu disse meia surpresa.
– Eu to tentando fazer que nem você, se eu começar a chamar ele assim, talvez eu comece a odiar ele também. – Ela começou a rir.
Eu e a minha mãe não nos parecíamos em nada, a não ser pelos cabelos enrolado castanho e o nariz pequeno arrebitado, mas esses tipos de coisas nos mostravam que ainda éramos mãe e filha. Sempre aprendíamos uma com a outra sobre como lidar com garotos, apesar de que eu não tinha uma grande experiência com garotos, mas sempre dava bons conselhos, acho que isso conta. Não conta?
– E então como foi o seu primeiro dia de aula? – Ela me perguntou, disposta a não chorar mais. Ufa.
– Er, sabe como é. Primeiro dia de aula é sempre... – Irritante, chato, estressante. – Divertido. – Se ela estava decida a não chorar mais, eu ai ajudar, falando de coisas felizes.
– Hm, muita gente nova? – De onde saiu todo esse interesse pelo meu primeiro dia?
– Não, os mesmo de sempre. A Jully, a Lizzie. Somente a galera.
– Parece mesmo divertido.
– Claro - menti. – Ah, mãe o pessoal vai ao cinema em Port Angeles na sexta, tudo bem de eu ir?
– Claro, querida – Eu torcia pra Anna falasse pra eu ficar com ela, mas ela nunca ia pedir isso.
Fui pro meu quarto, troquei de roupa e fiquei deitada na cama, acho que não tinha se passado dez minutos quando eu decidi ir à casa da Jully, meu momento filha presente já havia acabado.
– Mãe, eu vou à casa da Jullye, volto mais tarde. – Falei saindo pela porta da cozinha.
– Ok, mas volta pra hora do jantar, Nash.
Ela não morava longe, apenas três quarteirões de distância, ta bom, pra mim era longe. Ah, meu carro.
Bati na porta e a irmã dela atendeu.
– Oi, Nash, a Julls ta lá em cima – Me disse ela.
– Valeu Betinha. - A irmã mais nova da Jullye era um amor, menos quando ficava ouvindo a nossa conversa ou tentando nos impedir de sair.
– Jully?
– Aqui no quarto – Gritou a Jullye. A Lizzie também estava lá.
– Ah, oi.
– A Lizzie veio pra cá depois da escola, a gente te procuro, mas não te achamos. – A Jullye disse enquanto pintava as unhas do pé com um rosa vibrante. Quase fiquei cega.
– Eu fui pra casa correndo, queria ver a minha mãe logo. Vocês acreditam que ela ainda chora por causa daquele cara? – Que coisa absurda. – Ah, Julls, ta querendo cegar quem com esse esmalte?
Ela mostrou o dedo do meio pra mim e a Lizzie começou a rir. Passamos a tarde pintando as unhas, sim com cores bem vibrantes, e falando dos meninos novos da escola. Nenhum na verdade. Quando começou a escurecer a mãe da Lizzie veio buscar ela pra ir pra casa e me deu uma carona até a minha. Aleluia. Minha mãe tinha já tinha feito o jantar e estava me esperando, na verdade ela comprou pizza, mas por mim sem problema. A gente comeu em silêncio, pelos olhos vermelho dela, eu podia presumir que ela passou a tarde chorando também. Ta legal, isso já ta ficando irritante, ela tinha que superar isso logo ou eu ia ter um ataque.
A semana toda foi um tédio total, todas as minhas últimas aulas era o momento em que eu pedia para nunca ter nascido. E durante os intervalos eu tentava fugir e sentar com outras pessoas. Na quinta-feira eu faltei à escola. Na hora eu que eu ia saindo minha mãe teve um ataque de choro e eu não agüentei ver ela daquele jeito então eu fiquei deitada com ela na cama. E era hoje sexta, último dia da semana, e eu adorava. Na verdade sábado o melhor dia em minha opinião, mas sexta vinha antes de sábado então...
A Jullye tinha aparecido para ir comigo à escola. Pelo menos não ia ter que fazer aquele percurso sozinha.
– Então, empolgada? – ela me perguntou enquanto eu fechava a porta.
– Sim.
– Eu também. Hoje a galera toda vai sair juntos, uhu – Não era com isso que eu estava empolgada.
– Tanto faz, mas amanhã é sábado. E sábado não tem aula – Eu falei saltitante.
– Ah, Nash, a Lizz não vai mais com a gente.
– Por quê? – Desde quando a Lizzie desiste das nossas festinhas?
– Ela ta meio mal, me ligou ontem à noite pra avisar que não viria hoje.
– Hm... Mas é grave?
– Não ela disse que tava com cólica. – Desculpa esfarrapada detecte.
– Ah, então ta explicado.
Chegamos atrasadas a primeira aula, com os passos de lesma da Jully, me surpreendi de chegar a tempo da primeira aula ainda. Na hora do intervalo eu não consegui fugir e tive que ficar com o pessoal no refeitório.
– Por que você não apareceu ontem Nash? – Perguntou o Seth.
– A minha mãe está parecendo uma torneira pingando, não para de chorar.
– Nossa. – Ele falou meio assustado, tadinho.
O Seth era o mais novo da turma, só andava com a gente por que eu gostava dele, e também por que ele era irmão da Leah, o resto do pessoal não ia muito com a cara dele. Eles falavam que ele muito intrometido.
– E aí, Seth, vai sair com a gente hoje à noite? – Eu perguntei, tentando manter foco apenas nele.
– Não, minha mãe não deixa eu ir até Port Angeles sozinho. – Ele disse desanimado. Não era novidade, o Seth nunca podia sair com a gente, se a Leah não fosse junto.
– Ah, que pena, quem sabe na próxima.
– É quem sabe.
– Você sabe se a Leah vai estar em casa amanhã? – Estava realmente disposta a manter um diálogo com Seth. – Estava querendo ir visitar ela.
– Acho que sim. Se você quiser eu peço pra ela te ligar.
– Ah, valeu.
Já tinha desistido do Seth, quando eu vi a Kim entrar no refeitório. Não pensei duas vezes e fui falar com ela.
– Oi Kim, tudo bem?
– Tudo sim, Natasha, e aí?
– Eu to bem. Kim, você não quer na casa da Leah amanhã comigo? – Sem assunto total, mas pelo menos ela tinha carro.
– Ah, claro, eu tava mesmo pensando em ir à casa da Leah amanhã. – Ela me disse. Sorte. – Que horas você quer ir?
– Não sei, que horas é melhor pra você?
– Às duas horas, talvez.
– Fechado então.
O sinal avisando que o intervalo havia acabado tocou, a Jullye me esperou para ir pra sala comigo. Contei pra ela sobre o meu plano pro sábado e ela não gostou muito. Ela esperava que passássemos o sábado juntas e ela não gostava muito da Leah. Ciúmes, isso sim, desde sempre a Jullye e a Leah foram minhas melhores amigas. Mas as duas nunca nem se falaram. Eu vivia me dividindo pra poder equilibrar meu tempo entre uma e outra.
Depois eu pensei nas vantagens de bolar a última aula, tinham muitas, mas eu acabaria me ferrando se fizesse. Entrei na sala e sentei no meu lugar os meninos ainda não tinham chegado. Talvez eles tivessem bolado a última aula. Mas nesse momento eles estavam entrando na sala. Bom demais pra ser verdade.
– Oi Nash – Falou o Quil
– Oi. – Foi só o que o meu humor deixou falar.
– Vai com a gente hoje né? – Perguntou o Embry.
– Claro e vocês?
– Lógico, o Jake ta querendo fugir, mas ele vai também. – Disse Quil.
– A Jully te disse que a gente vai passar na casa dela às seis horas? – O Quil perguntou. Era estranho, toda vez que ele falava o nome da Jullye parecia que os olhos dele brilhavam. Pobre garoto.
– Não, ela deixou passar essa.
– Então, Nash, eu queria te pedir pra você me ajudar a ficar do lado da Jully, na hora do filme.
– Quil você sabe que isso não depende de mim, e sim da sua capacidade de conquista – Ok, isso foi brega.
– É eu sei, mas bem que você podia me ajudar.
– Vou ver o que posso fazer por você.
Ser da mesma sala que os meninos não era assim tão ruim, eu fazia um draminha – herdei isso da minha mãe também, mas não era tão boa quanto ela –. A única coisa que eles faziam demais era falar, nada que a Jully não fizesse também. E o resto do dia passou voando. Depois da aula eu fui para casa apenas pra deixar minhas coisas e pegar umas roupas, eu iria me arrumar na casa da Jullye.
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