Imprinted Heart escrita por penadinha_x


Capítulo 2
Mãe e filha.




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      Quando cheguei em casa, Anna – minha mãe – estava chorando, ela andava fazendo muito isso ultimamente. Juro que se visse aquele cara de novo, ia dar um belo soco nele. Pensei se voltasse a morar aqui, minha mãe ia conseguir lidar com isso mais facilmente, mas eu estava errada, minha volta não a deixou mais feliz. Na verdade nós duas tínhamos um relacionamento tenso. Meu pai era meu favorito, mas sempre me dava bem com a minha mãe, até o dia em que ela começou a namorar pela primeira vez desde quando meu pai tinha morrido. Tinha feito dois anos já, mas eu achava que ela devia ser fiel a ele pro resto da vida. O primeiro namoro não durou muito tempo, pra minha felicidade, mas logo apareceu Joey, sim o cara. Odiei ele no primeiro momento que o vi. Nunca descobri o porquê, mas sinceramente não ligava, não ia gostar dele mesmo.

      Então no dia em que minha mãe foi me contar que ele ia morar com a gente eu quase tive um troço, como ele ia morar com a gente? Qual era o argumento que ela ia usar para eu aceitar isso? Nenhum. Ela não conseguiu me convencer, nem quando disse: “O seu pai ia querer que fossemos felizes”. Frase hiper clichê, comigo não colou. Mas ela disse que eu querendo ou não, ele ai morar com a gente. Passei apenas uma semana com ele na mesma casa. Depois liguei pra minha tia e perguntei se poderia morar com ela. Lógico que ela deixou – todos meus parentes que brigavam e não queriam mais ficar em suas casas iam pra casa dela -, então me mudei no dia seguinte. Óbvio que Anna não queria, mas ela preferiu ele do que eu. Acho que o que estava acontecendo com ela era pra ela aprender, mas mesmo assim era triste ver ela desse jeito. Às vezes eu queria que o Joey voltasse pra ver se ela ia melhorar, mas no momento seguinte eu mudava de opinião. Já tínhamos passado por coisas piores juntas.

      – Anna, ta chorando de novo? – Eu perguntei, mas já sabia qual era a resposta.

      – Ah, você já chegou? – Ela falou, enxugando as lágrimas com a manga da blusa. – Espera que eu já faço seu almoço.

      – Mãe, relaxa, eu to sem fome.

      – Não vou deixar você morrer de fome por causa da minha depressão.

      – Ah mãe, sem drama, por favor. – Anna além de tudo era dramática, digna de um Oscar.

      – Não é drama – Ela balbuciou e voltou a chorar.

      – Você não deveria chorar por aquele cara mãe. – Eu a abracei – Olha mãe, pensa pelo lado positivo, assim nós duas estamos juntas de novo.

      – É, isso é bom – Ela forçou um sorriso. – Eu senti sua falta sabia.

      – Eu também.

      – Se eu soubesse que aquele cara ia fazer isso, eu nunca teria deixado você ir.

      Ok, isso é novidade.

      – Tudo bem eu chamar ele de cara, mãe. Mas você chamar ele assim, isso é novo. – Eu disse meia surpresa.

      – Eu to tentando fazer que nem você, se eu começar a chamar ele assim, talvez eu comece a odiar ele também. – Ela começou a rir.

      Eu e a minha mãe não nos parecíamos em nada, a não ser pelos cabelos enrolado castanho e o nariz pequeno arrebitado, mas esses tipos de coisas nos mostravam que ainda éramos mãe e filha. Sempre aprendíamos uma com a outra sobre como lidar com garotos, apesar de que eu não tinha uma grande experiência com garotos, mas sempre dava bons conselhos, acho que isso conta. Não conta?

      – E então como foi o seu primeiro dia de aula? – Ela me perguntou, disposta a não chorar mais. Ufa.

      – Er, sabe como é. Primeiro dia de aula é sempre... – Irritante, chato, estressante. – Divertido. – Se ela estava decida a não chorar mais, eu ai ajudar, falando de coisas felizes.

      – Hm, muita gente nova? – De onde saiu todo esse interesse pelo meu primeiro dia?

      – Não, os mesmo de sempre. A Jully, a Lizzie. Somente a galera.

      – Parece mesmo divertido.

      – Claro - menti. – Ah, mãe o pessoal vai ao cinema em Port Angeles na sexta, tudo bem de eu ir?

      – Claro, querida – Eu torcia pra Anna falasse pra eu ficar com ela, mas ela nunca ia pedir isso.

 

      Fui pro meu quarto, troquei de roupa e fiquei deitada na cama, acho que não tinha se passado dez minutos quando eu decidi ir à casa da Jully, meu momento filha presente já havia acabado.

      – Mãe, eu vou à casa da Jullye, volto mais tarde. – Falei saindo pela porta da cozinha.

      – Ok, mas volta pra hora do jantar, Nash.

      Ela não morava longe, apenas três quarteirões de distância, ta bom, pra mim era longe. Ah, meu carro.

      Bati na porta e a irmã dela atendeu.

      – Oi, Nash, a Julls ta lá em cima – Me disse ela.

      – Valeu Betinha. - A irmã mais nova da Jullye era um amor, menos quando ficava ouvindo a nossa conversa ou tentando nos impedir de sair.

       – Jully?

      – Aqui no quarto – Gritou a Jullye. A Lizzie também estava lá.

      – Ah, oi.

      – A Lizzie veio pra cá depois da escola, a gente te procuro, mas não te achamos. – A Jullye disse enquanto pintava as unhas do pé com um rosa vibrante. Quase fiquei cega.

      – Eu fui pra casa correndo, queria ver a minha mãe logo. Vocês acreditam que ela ainda chora por causa daquele cara? – Que coisa absurda. – Ah, Julls, ta querendo cegar quem com esse esmalte?

       Ela mostrou o dedo do meio pra mim e a Lizzie começou a rir. Passamos a tarde pintando as unhas, sim com cores bem vibrantes, e falando dos meninos novos da escola. Nenhum na verdade. Quando começou a escurecer a mãe da Lizzie veio buscar ela pra ir pra casa e me deu uma carona até a minha. Aleluia. Minha mãe tinha já tinha feito o jantar e estava me esperando, na verdade ela comprou pizza, mas por mim sem problema. A gente comeu em silêncio, pelos olhos vermelho dela, eu podia presumir que ela passou a tarde chorando também. Ta legal, isso já ta ficando irritante, ela tinha que superar isso logo ou eu ia ter um ataque.

      A semana toda foi um tédio total, todas as minhas últimas aulas era o momento em que eu pedia para nunca ter nascido. E durante os intervalos eu tentava fugir e sentar com outras pessoas. Na quinta-feira eu faltei à escola. Na hora eu que eu ia saindo minha mãe teve um ataque de choro e eu não agüentei ver ela daquele jeito então eu fiquei deitada com ela na cama. E era hoje sexta, último dia da semana, e eu adorava. Na verdade sábado o melhor dia em minha opinião, mas sexta vinha antes de sábado então...

      A Jullye tinha aparecido para ir comigo à escola. Pelo menos não ia ter que fazer aquele percurso sozinha.

      – Então, empolgada? – ela me perguntou enquanto eu fechava a porta.

      – Sim.

      – Eu também. Hoje a galera toda vai sair juntos, uhu – Não era com isso que eu estava empolgada.

      – Tanto faz, mas amanhã é sábado. E sábado não tem aula – Eu falei saltitante.

      – Ah, Nash, a Lizz não vai mais com a gente.

      – Por quê? – Desde quando a Lizzie desiste das nossas festinhas?

      – Ela ta meio mal, me ligou ontem à noite pra avisar que não viria hoje.

      – Hm... Mas é grave?

      – Não ela disse que tava com cólica. – Desculpa esfarrapada detecte.

      – Ah, então ta explicado.

      Chegamos atrasadas a primeira aula, com os passos de lesma da Jully, me surpreendi de chegar a tempo da primeira aula ainda. Na hora do intervalo eu não consegui fugir e tive que ficar com o pessoal no refeitório.

      – Por que você não apareceu ontem Nash? – Perguntou o Seth.

      – A minha mãe está parecendo uma torneira pingando, não para de chorar.

      – Nossa. – Ele falou meio assustado, tadinho.

      O Seth era o mais novo da turma, só andava com a gente por que eu gostava dele, e também por que ele era irmão da Leah, o resto do pessoal não ia muito com a cara dele. Eles falavam que ele muito intrometido.

      – E aí, Seth, vai sair com a gente hoje à noite? – Eu perguntei, tentando manter foco apenas nele.

      – Não, minha mãe não deixa eu ir até Port Angeles sozinho. – Ele disse desanimado. Não era novidade, o Seth nunca podia sair com a gente, se a Leah não fosse junto.

      – Ah, que pena, quem sabe na próxima.

      – É quem sabe.

      – Você sabe se a Leah vai estar em casa amanhã? – Estava realmente disposta a manter um diálogo com Seth. – Estava querendo ir visitar ela.

      – Acho que sim. Se você quiser eu peço pra ela te ligar.

      – Ah, valeu.

      Já tinha desistido do Seth, quando eu vi a Kim entrar no refeitório. Não pensei duas vezes e fui falar com ela.

      – Oi Kim, tudo bem?

      – Tudo sim, Natasha, e aí?

      – Eu to bem. Kim, você não quer na casa da Leah amanhã comigo? – Sem assunto total, mas pelo menos ela tinha carro.

      – Ah, claro, eu tava mesmo pensando em ir à casa da Leah amanhã. – Ela me disse. Sorte. – Que horas você quer ir?

      ­– Não sei, que horas é melhor pra você?

      – Às duas horas, talvez.

      – Fechado então.

 

      O sinal avisando que o intervalo havia acabado tocou, a Jullye me esperou para ir pra sala comigo. Contei pra ela sobre o meu plano pro sábado e ela não gostou muito. Ela esperava que passássemos o sábado juntas e ela não gostava muito da Leah. Ciúmes, isso sim, desde sempre a Jullye e a Leah foram minhas melhores amigas. Mas as duas nunca nem se falaram. Eu vivia me dividindo pra poder equilibrar meu tempo entre uma e outra.

      Depois eu pensei nas vantagens de bolar a última aula, tinham muitas, mas eu acabaria me ferrando se fizesse. Entrei na sala e sentei no meu lugar os meninos ainda não tinham chegado. Talvez eles tivessem bolado a última aula. Mas nesse momento eles estavam entrando na sala. Bom demais pra ser verdade.

       – Oi Nash – Falou o Quil

      – Oi. – Foi só o que o meu humor deixou falar.

      – Vai com a gente hoje né? – Perguntou o Embry.

      – Claro e vocês?

      – Lógico, o Jake ta querendo fugir, mas ele vai também. – Disse Quil.

      – A Jully te disse que a gente vai passar na casa dela às seis horas? – O Quil perguntou. Era estranho, toda vez que ele falava o nome da Jullye parecia que os olhos dele brilhavam. Pobre garoto.

      – Não, ela deixou passar essa.

      – Então, Nash, eu queria te pedir pra você me ajudar a ficar do lado da Jully, na hora do filme.

      – Quil você sabe que isso não depende de mim, e sim da sua capacidade de conquista – Ok, isso foi brega.

      – É eu sei, mas bem que você podia me ajudar.

      – Vou ver o que posso fazer por você.

        Ser da mesma sala que os meninos não era assim tão ruim, eu fazia um draminha – herdei isso da minha mãe também, mas não era tão boa quanto ela –. A única coisa que eles faziam demais era falar, nada que a Jully não fizesse também. E o resto do dia passou voando. Depois da aula eu fui para casa apenas pra deixar minhas coisas e pegar umas roupas, eu iria me arrumar na casa da Jullye.

 


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