Just Like A New Surprise escrita por MariaS


Capítulo 3
I wanna dance with somebody


Notas iniciais do capítulo

Tomara que gostem!
Aproveitem!



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         O dia seguinte passou rápido. Eu pisquei e as aulas já haviam acabado. Samba as sete da manhã não é legal. As meninas tinham o dia hoje livre também, sexta feira. Estava voltando para o quarto, tínhamos programado de fazer uma sexta feira "Girls Night Out", eu quando cruzei com Jennifer no corredor. Ela vinha correndo em minha direção parecendo um pouco ansiosa.

         - Duda! Que bom que te encontrei.

         - Oi Jen! Como vai?

         - Preciso falar com você sobre seu vídeo... – ela disse me olhando séria e em seguida olhou para Tabitha ao meu e sorriu. – Bom dia Tabitha.

         - Senhorita Carter. – Tabitha a cumprimentou e depois vendo a situação desconfortável ela completou. – bem, eu vou indo! A gente se vê depois Duda!

         Esperei ver Tabitha sumir no corredor para me virar para Jennifer e abria a porta da sala atrás de nós e vez menção para que eu entrasse.

          Depois de você. – ela disse e eu entrei confusa com a situação. O que estava acontecendo?

         - Aconteceu alguma coisa Jen? – perguntei estranhando.

         - Não. Relaxe brasileira... – ela brincou. – estava querendo falar com você sobre algo que vem me incomodando desde o primeiro dia que entrou nessa sala.

         - Hum...? Tem algo errado na minha dança? – me tornei apreensiva.

         - Não é bem uma critica, apenas algo que me incomoda. – ela disse enquanto parava em frente ao espelho e se segurava na barra, esticando a perna em alguns alongamentos que deixavam qualquer bailarina morta de inveja. – Você tem talento Maria Eduarda. Muito talento.

         - Obrigada. – eu digo sem entender onde ela queria chegar.

         - O problema é que aqui, não basta ter talento. Tem que saber usar. Tem que ter autoestima e coragem para chegar na frente de um público e se apresentar com todo seu talento.

         - O que quer dizer?

         - O que eu quero dizer é que... Duda, você tem potencial para ser a melhor da turma! Melhor até mesmo que algumas profissionais que já vi por ai. A única coisa que separa você de chegar no topo, se ser tão boa quanto elas é que você não acredita em si mesma, não te autoestima. – Ela continua de frente para o espelho me encarando pelo reflexo enquanto termina de alongar as pernas.

         Engulo em seco sem saber o que dizer. Afinal, ela tinha razão. Se tinha uma coisa que eu não tinha, era autoestima.

         - Sabe... Eu não consigo entender você. Te vejo as vezes dançando aqui, muito melhor que qualquer uma. Melhor do que eu. Mas então, como que da água para o vinho – ou nesse caso, do vinho para a água – você simplesmente se contrai toda. Se volta toda para dentro de si, perdendo tudo aquilo que chega a ser cativante de se ver.

         Ela se vira para mim e fica parada ali em examinando.

         - Duda, o seu vídeo é claramente talentoso. Sua coreografia de "Hello Goodbye" é ótimo. Mas... Não é cativante.

         - O que eu posso fazer então?

         - Duda, eu trabalho como professora de dança à anos. A maioria das meninas chega aqui com muita autoestima, coragem para que se faz ver. Elas só precisam  agora achar o seu ponto forte, precisam praticar para aperfeiçoar a sua dança, o talento delas. Você é contrário. Você já tem esse aperfeiçoamento, pode ser a melhor dançarina daqui. Você só não tem a autoestima, a coragem que é preciso para ser essa dançarina.

         Sinto meus olhos coçarem e minha garganta parece fechar. Ah não... Lágrimas não.

         - O que você recomenda?

         - Eu... Bem, vou tem potencial, brasileira. E... Eu gosto de você, por isso estou de dando uma segunda chance para fazer esse vídeo para semana que vem. Vá com calma, procure achar algo que te dê confiança para dançar.  – Jennifer parou na minha frente e sorri fracamente - Você pode fazer isso Duda. Eu sei que pode.

         O barulho da porta batendo me faz levantar os olhos da paisagem clara e iluminada pelo sol que podia ver da janela do meu quarto para dentro do quarto onde Katherine entrava com um sorriso bobo no rosto sem nem notar que eu estava ali.

         - Bom dia. – eu digo controlando a voz chorosa.

         - Ah! – Kath pulou de susto e fez a expressão mais cômica do mundo enquanto colocava a mão em cima do coração e ria. – Que susto Duda!

         Sorri para ela voltei minha atenção para Lemon que se esfregava no meu colo pedindo carinho.

         - O que faz aqui? – Katherine perguntou enquanto abria o armário em busca de alguma coisa. – É tão difícil fazer sol aqui, que temos que aproveitar!

         Quando não respondi nada, Katherine tirou um chapéu do armário e veio na minha direção se sentando na minha frente.

         - Aconteceu alguma coisa Du?

         - Jennifer não gostou do meu vídeo. – disse dando ombros como se não fosse nada. – ela disse que eu não tenho confiança nem coragem para ser uma boa. – digo com a voz chorosa.

         - Ah, Duda... – Katherine puxou Lemon do meu colo, colocando-a no chão e vindo me abraçar. Logo vi a gata correr pelo quarto e escalar a cama em direção ao beliche de cima das camas.

         - Katherine, a única coisa que eu sei fazer direito é dançar! Se nem nisso eu sou boa o suficiente... – olhei para ela com os olhos marejados. – No que eu sou boa?

         - Não fala isso Duda. Você é sem dúvida uma das melhores dançarinas aqui! – ela disse enquanto brincava com as pulseiras em meu pulso. – Tenho certeza que ela só te disse isso para você poder melhorar.

         - Sim, mas como?! Como mudar minha autoestima?! Não é como se por uma música e ficar treinando uma coreografia.

         - Se acalme ok? Aproveite o dia hoje, não se preocupe com isso agora. Vá dar uma volta, mudar os ares... Quem sabe você não acha algo... – ela me olha sorrindo de limpa uma das lágrimas na minha bochecha. – surpreendedor?

         Katherine estava certa. Eu não podia ficar sentada na cama o dia todo! Se eu queria ser boa, eu tinha achar uma forma de confiança, uma forma de ter autoestima.

         Pensava comigo mesma enquanto vestia uma roupa bonitinha e saia do quarto. Primeiro de tudo eu precisava achar minha fonte de confiança. Onde ou quando eu fui confiante de algo na minha vida? Ah... Nunca?! Nunca tive confiança. Nunca acreditei em mim mesma. E isso nunca foi um grande problema, mas agora...!

         Peguei minha bicicleta, aproveitando o dia mais ensolarado para dar uma volta. Precisava pensar, esvaziar a cabeça e sair de perto de toda essa pressão.

         Adorava o fato da academia ser bem isolada do centro de Londres, deixando uma boa área "rural" em volta. Na realidade, eu digo que a academia é em Londres, mas não é bem assim. É uma pequena cidade há 40 minutos de Londres onde temos apenas a academia e umas outras escolas, lojinhas e algumas casas espalhadas por ai.

         Enquanto pedalava sem rumo pensava no que Jen havia dito. Autoconfiança nunca foi meu forte. Quanto tempo passei com gente dizendo que eu não era boa o suficiente e me colocando para baixo? Confiança em mim mesma...? Eu não confiava nas minhas escolhas de um prato no restaurante, quanto mais em mim mesma para fazer as coisas certo!

         E ainda... Eu era indecisa. Fazer o quê?! Se me perguntam o que eu quero comer, irei dizer milhares de opções e quando ficasse pronto creio que teria vontade de comer outra coisa. E não satisfeita, acabaria dizendo "qualquer coisa". O que irrita muitas pessoas, mas eu sou assim. Indecisa, e no final, gosto de ser surpreendida.

         Essa é a questão, eu odeio escolher e odeio saber o que vem pela frente. Nunca leio a última página de uma livro. Perde totalmente a graça. Eu gosto de surpresas, coisas inesperadas e que vão me fazer sorrir de verdade.

         Eu não funciono para trabalhar sozinha. Preciso de alguém para em orientar primeiro de tudo, me dizer o que fazer e não deixar as decisões nas minhas mãos. Acho que uma coisa tem haver com a outra. Eu não confio em mim mesma para tomar uma decisão, o que me faz ficar indecisa.

         Estava tão presa em meus pensamentos, minha reflexão mental que mal vi o que vinha pela frente. Um buraco imenso no chão. A bicicleta, que rapidamente ia pelo caminho meio esburacado não freio a tempo. O tombo era bem evidente, a queda... Já nem tanto.

         Eu senti como se estivesse voando por alguns segundos. Mas a aterrissagem não foi suave. Por exemplo coloquei a mão na frente, fazendo meu pulso virar em um angulo estranho e doloroso. Pude ainda sentir a terra arranhando minhas pernas e meus braços, só pude agradecer por ter protegido o rosto.

         - Ei! Você tá bem?! – uma voz masculina soou vinda sabe-se lá da onde.

         Não consegui responder, nada a não ser um gemido de dor. Logo senti um par de mãos me pegando pela cintura e me virando de barriga para cima com cuidado.

         Meus olhos se arregalaram e uma crise de riso me tomou por completo a ver quem era o meu salvador ali naquele fim de mundo vazio.

         - Liam?!

         - Você tem coisa por ficar caindo por ai não é Duda? – ele riu e me ajudou a sentar me puxando pela cintura e em seguida me ajudando a levantar.

         -Engraçadinho. – digo o olhando de lado, mas sem poder evitar um sorriso, elevo a mão para mexer no meu cabelo que insistia em cair no rosto, mas o leve movimento já causa uma dor aguda.

         - O que aconteceu? – ele pergunta vendo minha expressão de dor.

         - Acho que quebrei. – digo enquanto segurava com a outra mão meu pulso dolorido.

         - Acho que não. Se tivesse quebrado você estaria chorando de dor. – ele disse e pega meu pulso em suas mãos mexendo tão levemente que parece uma massagem. – acho que foi só uma torção.

         - O que? Abandonou a carreira de músico e virou médico, é?

         - Não, só já me machuquei o suficiente para saber a diferença entre quebrar e torcer.

         - Radical. – brinco dizendo enquanto rio de sua cara infeliz de dor.

         - Eu lutava boxer quando era mais novo. – ele diz sem levantar os olhos para mim enquanto ainda mexia no meu pulso.

         - Hum... Impressionada. – digo sorrindo.

         Ele levanta os olhos, sorrindo de lado.

         - Achei que já estivesse.

         - Sou difícil de impressionar. – rio alto e ele sorri de leve. – acho que precisamos trocar o disco, esse já está um pouco arranhado. – brinco novamente.

         - Vem, você precisa limpar esses machucados. – ele diz e me puxa para onde posso ver a bicicleta jogada no meio da rua de terra com minha mochila toda aberta jogada longe.

         - Tem um lago aqui perto. – ele diz e me ajuda a levantar e andar até a bicicleta. – podemos limpar esses machucados lá e depois te levo para a sua escola.

         - Obrigada Liam. – sorri corando.

         - Disponha. – ele disse sorrindo e praticamente me carregando no colo.

         Não andamos nem 3 minutos e já posso ouvir o som de água corrente próximo. Um rio, talvez. Mas quando passamos o amontoado de árvores não vejo bem um rio e sim uma pequena cachoeira despejando suas águas em uma espécie de lago que desembocava em um rio raso.

         - Venha... – ele me puxa com a mão e me faz sentar em um pedra próxima ao lago e colocar as pernas na margem.

         - Não precisava fazer isso. – digo sorrindo.

         - Eu sei. – ele dá ombros de costas para mim enquanto molhava os machucados. – Mas eu quero.

                  Sorrio sozinha com seu jeito tão... absurdo de ser.

         - O que fazia aqui sozinha pedalando igual uma maluca, afinal? – ele pergunta quebrando o silencio.

         -Ah... Aquela apresentação que eu precisava fazer não saiu como o esperado, minha professora não gostou, mandou eu fazer outra... Resolvi sair para esvaziar a cabeça.

         - Sabe que não precisa quase abrir a cabeça literalmente para esvazia-la, não é? – ele diz irônico se voltando para mim. – pronto, isso não vai infeccionar.

         - Engraçadinho. – reviro os olhos e puxo a perna para mim examinando seu trabalho, realmente parecia algo profissional. – Obrigada.

         - Sempre que precisar. – ele ri e se senta ao meu lado.

         - E você, o que fazia aqui antes de me salvar?

         - Aquela reunião que te falei, foi adiada para hoje, e de hoje para amanhã. Então em vez de voltar para casa, aproveitei que já estava aqui e resolvi fazer uma trilha que me indicaram, subindo a pedra...

         - Essa trilha é quase que quilômetros atrás da gente! Você passou a muito tempo!

         - Eu meio que descobri isso, mas ai achei essa cachoeira e quando estava voltando vi uma garota se estabacar da forma mais ridícula no chão e resolvi ajudar.

         Ri de seu comentário provocativo mas não disse nada. Ele sabia em provocar.

         - Que cara é essa? – ele pergunta de repente.

         - A minha cara. – digo constrangida e fugindo da pergunta.

         - O que foi? – ele pergunta, seus olhos focados nos meus, me impedindo de fugir.

         - Minha apresentação. Tenho que refazer, mas... Minha professora diz que não tenho autoconfiança o bastante.

          Ele se levanta em um pulo e estica a mão para mim, me levantando.

         - Nisso eu posso ajudar.

         - O que, na minha auto confiança?

         - Não, na sua dança. – ele diz confiante.

         - Você? Duvido.

         - Ei, eu sou uma musico talentoso, lembra? Apresentações são a minha vida. Eu sei impressionar um professor. – ele disse e quando eu não argumentei tirou um Ipod do bolso e colocou uma música agitada para tocar.

         -  Boa gênio, agora você quer que eu faça o que? – pergunto parada ali o olhando com sobrancelhas erguidas e braços cruzados.

         - Dance.

         Era impossível acreditar que eu realmente estava fazendo isso. Dançando para um quase completo estranho. E pior, ele estava me dando dicas como "levante a cabeça", "sorria", "animação!" e que eu estava seguindo.

         Devo acrescentar que estava até gostando. Era divertido. Liam estava encostado em uma das árvores com o Ipod na mão enquanto me observava fazer movimentos improvisados e rindo alto.

         Quando a terceira música terminou ele não trocou logo para outro e me chamou para perto dele.

         - Então...?

         - Então que se você se apresentar assim para a sua professora, ela não tem como dizer não.

         - Obrigada Liam. – sorrio corando.

         - Ao seu dispor. – ele ri e faz uma reverencia beijando minha mão.

         O que aconteceu a seguir foi totalmente imprevisto.

         Liam havia pegado na minha mão dolorida, fazendo eu dar um passo para trás com o susto da dor e cair no chão. Ele que segurava minha mão, ao puxado junto caindo em cima de mim.

         - Você tem uma coisa por ficar caindo por ai, não é Duda? – ele diz rindo e colocando os braços ao lado da minha cabeça, evitando o peso de seu corpo sob o meu.

         - Engraçadinho. – digo revirado os olhos e olhando em seus olhos castanhos.

         O ar de piadas e risos some em um piscar de olhos. Sinto apenas os olhos de Liam sob os meus e sua respiração perigosamente próxima. Seu hálito com cheio de hortelã parece me intoxicar por completo. Meus olhos não desviam do seu e quando vejo, seus lábios estão sob os meus em um beijos calmo, macio e delicioso.

         Me pego entrelaçando as mãos no seu cabelos macio e o puxando mais para mim. Liam me puxa para si e rola na grama, me fazendo ficar em cima dele e aprofundando o beijo. Suas mãos percorriam minhas costas e a lateral do meu corpo enquanto eu apenas conseguia em agarrar aos seus cabelos castanhos macios e ao seu beijo esmagador.

         Quando nos separamos, os dois ofegantes em busca de ar, abro os olhos com um sorriso no rosto, apenas para de deparar com olhos verdes me encarando... Pera ai.

         Verdes?!


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Notas finais do capítulo

Então...
O que acharam?!
Fiquei súper feliz com os comentários que vocês vem deixando, queria agradecer muito ah todas!
Continuem dizendo o que acham... Espero que estejam gostando de ler tanto como eu estou gostando de escrever!
Beijão!



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