Capítulo VI

Vilão

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Mas tudo o que você é, é mau

Tudo o que você é, é mau

E um mentiroso, e patético, e sozinho na vida

E mau, e mau, e mau, e mau.

Taylor Switf, Mean.

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Hidan recolocou o telefone no gancho, tinha um sorriso escancarado no rosto e os olhos lilases brilhavam.

- A trouxa caiu na armadilha? – Uma voz feminina fez-se ouvir do banheiro.

- Como um patinho – respondeu Hidan indo em direção ao banheiro e enlaçando uma loira de longos cabelos pela cintura e a trazendo para perto.

- Eu disse que ia dar certo – sorriu a mulher satisfeita – ela sempre foi meio boboca.

- É por isso que eu te amo Shion... – Antes que Hidan dissesse mais alguma coisa a jovem mulher atrelou seus braços ao redor do pescoço dele, dando-lhe um beijo voraz e apaixonado, que foi prontamente correspondido à altura.

- Quais são os planos para o final de semana querido? – Perguntou cinicamente a loira jogando os longos cabelos para trás.

- Os melhores possíveis – ele gargalhou alto fitando os olhos também violetas da mulher.

- Baka – ela revirou os olhos enquanto ele continuava a rir.

- Seu baka...

- Sim, meu, apenas meu. Ah! – Ela lembrou-se de algo e se desvencilhou do jovem e disse de costas para ele – Não se esqueça do Suigetsu. Seu priminho querido, nós temos de dar um jeito para que ele fique longe...

- Não se preocupe... – ele a abraçou e completou – Não se esqueça de que ele também é seu primo...

- Não me lembre disso! – Ela se desvencilhou dos braços de Hidan novamente e sentou na beira da cama – Aquele idiota não faz parte da minha família! Nunca!

- Tudo bem, tudo bem... – Hidan revirou os olhos e foi para o banheiro, aturar brigas de família não era a sua praia, preferia um banho quente na banheira do luxuoso hotel que não estava pagando. Tudo que é de graça é bem melhor...

• • •

- São dezoito ienes senhorita... – informou o taxista do banco da frente.

- Está aqui – Jun estendeu duas notas de dez e completou – pode ficar com o troco – dando um sorriso amistoso para o senhor ao volante saltou para a calçada do restaurante Gohan’s.

Vestia um jeans simples e sua blusa preferida verde. Nos pés havia uma sapatilha de veludo escuro e os cabelos estavam presos em um rabo de cavalo alto, com a franja escapulindo do laço e caindo por sobre o rosto claro. Seria uma roupa simples se não fosse por quem estava vestindo, qualquer uma cairia bem na jovem, até se ela vestisse camisas puídas e calças largas.

Dois homens que passavam ficaram cochichando sobre a bonita moça que descera do taxi e Jun fez uma careta, não gostava que falassem dela, principalmente desconhecidos.

“O que é bonito é para ser apreciado.” – Diria sua amiga Karin. Jun nunca pensou assim.

Dando de ombros para quem quer que a estivesse observando entrou no restaurante.

Sua primeira impressão foi de que estava no lugar errado, era muito chique até para um café da manhã, porém quando um Maître-d'hôtel a chamou pelo nome ela soube que era lá.

- Hinday-sama? – O jovem pálido perguntou-lhe com um leve sotaque francês.

- Sim?

- Hidan-san lhe espera – ele fez um gesto para que ela o acompanhasse – por aqui.

Jun seguiu o jovem pelo restaurante onde haviam pessoas vestidas em luxuosos vestidos europeus de grife e estolas, mesmo no clima quente, sentindo-se mal vestida com o seu Jeans e a blusa surrada.

- Uma modelo? – Sussurrou uma jovem a amiga quando Jun passou pela mesa delas.

- Acho que sim, parece ser européia. Que inveja de poder usar um jeans e parecer divina! – Exclamou a amiga que vestia um vestido Dior.

Jun sorriu internamente, já não se sentia mais tão esculhambada, mesmo sendo algo da inveja alheia.

Por fim o maître estacou e Jun pode distinguir o cabelo de Hidan atrás de um cardápio belamente impresso.

- Seu anfitrião – indicou o moreno.

- Arigatou – Jun fez uma pequena reverência e dirigiu-se para a mesa indicada.

- Jun! – Exclamou Hidan assim que tomou conhecimento da presença dela.

- Tudo bem Hidan? – Ela lhe sorriu e antes que puxasse uma cadeira o jovem já estava de pé a puxando para que ela sentasse.

- Tudo ótimo! – Respondeu-lhe quando já estava sentado – E você? Parece pálida...

- Tive uma indisposição outro dia... – a jovem fez um gesto de descaso com a mão, graças a Deus aquele mal estar já havia ido embora e nunca mais voltaria.

- Foi grave? – Hidan inclinou-se por cima da mesa redonda e pegou a mão da jovem que só não recuou por educação.

- Não, não foi... – ela puxou a mão da de baixo de Hidan e desfez o rabo de cavalo, o refazendo em seguida.

- Hmmm... – ele murmurou – Que tal escolhermos o que vamos comer? Eu recomendo o cappuccino daqui, é meio diferente do europeu, mas tem um sabor peculiar... – Hidan arqueou as sobrancelhas e estalou a língua, fazendo uma careta engraçada.

- Sabor peculiar? – Jun abafou o riso com as costas da mão.

- Sim – o jovem abriu um sorriso e estendeu o cardápio vermelho para Jun.

A morena estudou o cardápio de letras miúdas e decidiu-se por apenas um bolinho de arroz doce e o cappuccino indicado por Hidan, seu estomago ainda não estava muito bem e não queria colocar tudo para fora bem na frente de Hidan e das pessoas esnobes da nata que estavam ali. Evitar constrangimentos, sempre lhe dissera sabiamente a mãe.

- Eu já me decidi...

- Que bom, acho que posso chamar o garçom.

Jun assentiu vendo Hidan fazer um sinal, não um garçom mas dois apareceram.

- O que desejam? – Perguntaram em uníssono os dois jovens garçons que olhavam fixamente para Jun, quase que ignorando Hidan, era como se dissessem: O que a senhorita deseja.

- Algum problema? – Uma voz soou atrás dos jovens que ficaram lívidos.

- Iie... – gaguejaram ambos antes de sumirem.

- Perdão pelo anti profissionalismo dos jovens – o maître pálido de sotaque francês falou polidamente abaixando a cabeça em sinal de desculpas.

- Que isso! – Disse Hidan do seu jeito expansivo – Não podemos culpá-los por quererem apreciar o que é belo. – Hidan deu uma piscadela para Jun que havia corado e voltou-se para o empregado – Já decidimos.

- Sim...?

- Eu vou querer torradas com queijo e um copo grande de leite bem doce – frisou o homem de cabelos grisalhos.

O jovem moreno assentiu e virou-se para que Jun fizesse seu pedido também.

- Já eu... – começou a morena – Vou querer bolinhos de arroz doce e um cappuccino médio.

O maître assentiu mais uma vez e partiu em silêncio.

- Cara estranho... – Hidan apontou com o queixo para as costas do moreno que ia em direção a uma porta, que com certeza levaria a cozinha.

- Não achei... – Jun enrugou o nariz, não achara o jovem estranho. Ele era profissional, até fazia lembrar-se dos irmãos Uchiha, principalmente Sasuke.

Hidan deu os ombros e ficaram em silêncio até que a refeição chegou. Hidan mordia as torradas ruidosamente e bebia pequenos goles do leite, parecia até uma criança comendo. Jun por sua vez usou garfo e faca para cortar os bolinhos e levar pequenas porções à boca, sempre comera como se estivesse em um jantar formal e nunca conseguira abolir esse comportamento, sua mãe fora inflexível em sua educação.

- Alias... – começou Hidan limpando a boca em um guardanapo de linho branco – Você gostou do restaurante? Acho aqui um lugar muito bonito...

- Hai – concordou a jovem deixando pela primeira vez que os olhos vagassem pelo lugar. Havia arranjos florais em vários tons de vermelho em jarros altos pelo salão e praticamente toda a decoração era feita nesses mesmos tons. Vermelho. Bem típico do país – Muito bonito mesmo o lugar. Bem... – ela procurou uma palavra para descrever bem o que estava vendo – Bem vermelho...

Hidan irrompeu em uma gargalhada baixa que fez com que aparecessem covinhas nas suas bochechas, qualquer uma que as visse acharia irresistíveis, porém Jun não era qualquer uma, sorriu discretamente e bebericou o cappuccino que realmente tinha um gosto peculiar, era meio amargo.

- Não gostou do cappuccino? – Perguntou Hidan vendo a expressão da jovem.

- Não... – ela sorriu – É que como você disse, ele tem um gosto peculiar... É meio amargo.

- Eu havia esquecido de falar isso, mas você não quer mais açúcar? – Perguntou Hidan já brandindo uma colher do açucareiro que ficava no centro da mesa.

- Acho que seria bom...

Hidan pegou uma colherada generosa e polvilhou por cima do copo antes de mexer. Mexeu bem e o estendeu para Jun.

- Aqui está... Espero que esteja melhor – ele sorriu complacente antes de pousar a colher suja no pires.

- Eu também – riram juntos enquanto ela levava a xícara aos lábios vermelhos.

De repente o celular começou a tocar de maneira estridente de dentro da bolsa de couro castanho da jovem. Jun pousou a xícara sem beber e atendeu rapidamente murmurando um desculpe para Hidan que assentiu condescendente.

- JUN! – Gritaram duas vozes femininas em uníssono, fazendo com que Jun afastasse o celular da orelha piscando os olhos surpresa.

- Karin? Sakura?

- AMIGA! – Gritaram novamente.

- Ai meu Deus! Meninas! Saudades de vocês... – Ela pausou momentaneamente e completou antes que elas falassem algo – Só não gritem, estou muito nova para começar a ter surdez...

Hidan riu discretamente e Jun revirou os olhos brincalhona para ele.

- Porque a senhora não avisou a gente que estava no Japão? – Perguntou Sakura fingindo raiva.

- Porque eu... Por eu não sei! Acho que realmente esqueci de as avisar!

- Tivemos de ficar sabendo pelo Sasuke, na verdade nem foi por ele – tagarelou Karin – foi o Itachi que falou com a secretária que havia comentado com o Sasuke e que falou para a mãe da Sakura que disse para a minha mãe e que falou para a minha prima que por fim falou para a secretária do Sasuke que falou para a Sakura!

Jun piscou atônita, será que não teria sido mais fácil Karin apenas falar que havia sido a secretária do Sasuke a falar para a Sakura? Não a Karin exagerada que ela conhecia.

- Tudo bem... – falou a morena pausadamente e pegou a xícara.

- Estamos com tantas saudades! – As meninas continuaram a tagarelar enquanto Jun apenas escutava e concordava com algumas coisas, por vezes ficando um tanto quanto rubra.

Hidan apenas observava, seus olhos fixos na estampa em relevo da xícara de porcelana branca e vermelha com detalhe e dourados. Os olhos lilases subiam e desciam enquanto Jun gesticulava falando sem levar a xícara aos lábios.

- Claro que eu vou me encontrar com vocês! – Falou Jun, talvez respondendo alguma pergunta. Ela olhou de relance para Hidan, cruzando o olhar com o dele e sorriu como se pedisse desculpas; ele acenou com a cabeça e sorriu de volta e passou casualmente as mãos pelos cabelos lisos.

Mas uma vez Hidan observou Jun levar a xícara a boca e baixá-la quando riu de alguma coisa engraçada que as amigas disseram. Ele já estava ficando nervoso vendo o sobe e desce da xícara.

- Acho melhor você beber – ele gesticulou com a boca quando Jun olhou para ele – se não acho que você vai acabar derrubando o cappuccino!

Jun arqueou as sobrancelhas e olhou para a xícara na mão; havia se esquecido completamente dele.

- Arigatou...

Continua...