Me Ama? escrita por Priih _ ncesa


Capítulo 5
Doente


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada Samurai Girl por indicar a história! Fiquei realmente muito feliz. Por isso, esse capítulo é dedicado a você!
Pequena participação especial de dois personagens conhecidíssimos por vocês: Itachi e Gai! Espero que gostem, enjoy~



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Capítulo IV

Doente

Muitos arrependimentos em mim

Não adianta deixar esse machucado em vão

Fazer uma marca no peito e vamos nos arrepender

Sim, aqui começa luta.

Raiko, Alive.


Enquanto Jun começava sua noite de sono, Kakashi entrava no seu carro para um dia de trabalho.


O jovem recebeu um pequeno sermão de um acionista idoso que pensava que era o pai de todo mundo e foi direto para a sua sala, não se barbeara e assim que chegou ao escritório de cobertura havia tirado a mascara com um puxão e a jogada na lata de lixo mais próxima. Poderia sobreviver sem ela por um dia.


Ofegou passando os dedos pela barba por fazer e olhou a pilha de trabalho que havia se acumulado por ter matado um dia de trabalho.


– Ao trabalho Sr. Hatake – ele ironizou a meia voz na sala vazia.


Passava pouco mais de meio dia quando finalmente conseguira colocar o trabalho em dia, pensou em descer para almoçar no restaurante do térreo, porém afastou essa ideia da cabeça, o estomago ainda estava revirado por causa do sushi barato e bebedeira do dia anterior. Havia prometido para si mesmo que nunca mais faria algo do gênero; era melhor tomar arsênico.


Olhou para o computador que estava em espera desviando o olhar para o seu notebook pessoal que estava na tela de proteção: uma foto de Jun. Agitou com raiva o pequeno mouse portátil que estava conectado na USB e fechou o notebook com violência, se arrependendo no minuto seguinte e inspecionando-o para verificar se não havia quebrado nada. Não havia. Suspirou aliviado.


Olhou para o relógio acima das portas duplas de carvalho e escutou o seu tiquetaquear irritante, batucando com os dedos na mesa no ritmo do som. Estava entediado, completamente entediado. Não havia com quem conversar; quem o escutar.


Kuso – ele sibilou em japonês, sua língua materna – porque eu não tenho amigos? – A pergunta retumbou nas paredes de tom pasteis.


Mas é claro!” – Ele pensou batendo os pés no chão de linóleo. Levantou o telefone preto do gancho e discou um ramal.


– Itachi? – Ele perguntou quando o telefone foi atendido ao primeiro toque – Pode vir aqui? – Não recebeu resposta, apenas a linha muda fez-se ouvir.


Pousou o telefone confuso. Quem o atendera ao telefone e o desligara na sua cara?


– Kakashi! – Alguém irrompeu pelas portas duplas o chamando pelo nome.


O jovem de cãs brancas sorriu; Itachi não se delegara a respondê-lo, pois deveria estar tão entediado quanto ele e já estava a caminho da sua sala.


– É bom ver você também Itachi. Já se fazem semanas que não nos vemos, não é?


– Verdade, – Itachi puxou, sem cerimônia nenhuma, a cadeira revestida de couro que ficava em um canto da sala e a colocou de frente a mesa do amigo – nossas salas ficam lado a lado e passamos, às vezes, semanas até nos vermos. Ficamos meio isolados aqui né?


– Sim – Kakashi sorriu para o amigo alguns anos mais novo; Itachi tinha olhos e cabelos negros. Era um Uchiha, o irmão mais velho de uma colega de escola de Jun, Sasuke. Itachi tal qual ele era japonês criado na Inglaterra, já o irmão caçula era Inglês criado no Japão; por os pais serem divorciados os irmãos Uchihas haviam sido criados separados.


– O que te fez levantar essa mão ociosa e discas os números do meu ramal? – Perguntou o moreno ironicamente.


– O mesmo motivo que te fez vir aqui em dez segundos – respondeu o outro jovem no mesmo tom.


– Trabalhar faz um mal danado a saúde – Itachi falou preguiçosamente se espreguiçando e afrouxando a gravata de cor sóbria.


– Nem me fala...


– Kakashi, - o amigo ficou sério – eu soube que você matou o trabalho ontem sem explicações... Sei que você é o acionista majoritário e tudo o mais e que está fazendo a empresa crescer tanto quanto o Senji fazia, mas eu estou preocupado com você meu amigo. Está acontecendo alguma coisa?


– Eu matei mesmo o trabalho – ele suspirou cansado antes de continuar, tinha que ter essa conversa com alguém, e melhor ainda se esse alguém fosse um amigo – fui me embebedar em um bar japonês de sushi. Tente me matar comendo baiacu, mais parece que eles têm um bom cozinheiro...


– Como é que é? – Itachi se esticou na cadeira e focalizou com os olhos negros o amigo abatido a sua frente – Mas e a Jun? O que ela achou dessa repentina rebeldia sua?


Kakashi piscou os olhos, Itachi ainda não sabia que ele estava se separando; na verdade nem ele sabia se já estava na condição de solteiro novamente.


– Jun está no Japão. – ante ao olhar confuso do amigo completou – Ela está morando lá.


– Vocês se separaram? – Arfou Itachi surpreso – Pensei que você amasse aquela menina mais do que tudo! Você parecia a amar mais do que o próprio Senji!


– E eu amo, mais o lugar dela não é aqui – ele tamborilava os dedos no tampo de vidro da mesa sem querer ter contado visual com o amigo, não queria que ele visse a dor que seus olhos escondiam.


– Não diga isso! – O moreno se esticou por sobre a mesa e deu uma tapa no braço do outro – Ela sabe qual é o lugar dela, não precisa que você imponha a sua vontade – ele completou sentando-se novamente.


– Não adianta você falar nada, ela já foi...


– Nunca é tarde para um reencontro – o jovem sorria abertamente, não gostava de compromissos, mas quando se tratava dos outros virava um conselheiro amoroso profissional.


– Maldito – Kakashi deu a volta na mesa e deu uma tapa na cabeça do amigo que ria – o que você acha de eu afundar as minhas mágoas depois do trabalho com uma cerveja e algo bem calórico?


– Desde que você pague para mim também! E por que não chama o Neji? Ele anda bem estressado com o casamento que se aproxima, a morena dele não o deixa em paz!


Itachi recebeu outra tapa de Kakashi, que em dois dias era a primeira vez que ria sem fazer esforço. Talvez sair com os amigos não fosse uma má ideia.


– Liga depois para o Hyuga, agora chispa daqui que eu ainda nem comecei o trabalho de hoje...


– Tudo bem senhor empresário bem sucedido – Itachi fez uma mesura e saiu da sala ainda rindo e escutando Kakashi reclamar que ele era um tolo abestalhado e irresponsável.


Elogios carinhosos de amigo para amigo.


Kakashi retirou o computador do estado de espera e abriu a planilha no Excel que a secretária de meia idade havia planejado para o dia, consultou sua agenda virtual e o valor das ações da empresa no site da bolsa. Tudo estável. Sorriu satisfeito para a tela brilhante do computador; pelo menos não teria nenhuma surpresa desagradável até o final do dia.


Com o mesmo sorriso da promessa de uma cerveja gelada no final do dia começou o trabalho monótono e entediante que o deixaria ocupado até o fim do expediente.


O trabalho nos livra de três grandes males” – recitou Kakashi em pensamento a famosa frase de Voltaire – “o tédio, o vício e a pobreza”. – Ele finalizou o pensamento afundando, literalmente, a cara nos relatórios pendentes e limpando a mente.


• • •


Que horas são?” – A jovem tateou por debaixo das cobertas até encontrar o relógio digital e o levantar na altura dos olhos, esquecendo completamente que estava com o relógio no pulso. – “12h23min... Será que está certo?” – Os pensamentos da jovem estavam enevoados, momentaneamente até havia se esquecido de onde se encontrava.


Espreguiço-se e depositou o relógio onde estivera e sentou-se ereta na cama de emaranhados lençóis.


Olhou ao redor ainda um pouco confusa e afastou a franja castanha que lhe atrapalhava a visão já meio turva. Parecia que havia tomando algum sonífero que a deixara meio grogue.


– Japão... – ela disse em alto e bom som estranhado a voz meio enrolada. A língua parecia ter dobrado de tamanho e era como se houvesse uma esponja em seu lugar, mordeu-a para ter certeza de que não estava inchada. Não estava, apenas a sensação é que continuava.


Por fim tocou o chão com os pés e apreciou o contato com a madeira gelada que revestia o piso do cômodo com seus pés quentes, divagou por algum segundo e se pôs de pé, estranhando suas próprias ações.


A vista nublou-se e ela caiu sentada na cama, de repente tudo rodava e ela tinha uma louca vontade de vomitar mesmo estando com o estomago mais do que vazio.


– Ai meu Deus... – ela murmurava segurando a cabeça entre os joelhos. Repentinamente tudo havia se tornado muito colorido e movimentado para os seus olhos e a boca estava seca e os lábios pareciam rachados. Precisava de água.


Tateou com a mão esquerda pela mesa de cabeceira tentando encontrar uma pequena campainha que ficava ali para emergência enquanto com a mão direita apertava a têmpora que parecia que ia estourar.


Uma melodia foi escutada no andar inferior, segundos depois uma senhora pequenina aparecia na porta do quarto.


– Chamou Jun-sama? – Perguntou a filha única de Momo-san da porta.


Jun olhou por entre as mechas de cabelo que caiam pelos seus olhos e esticou a mão para a senhora, desmaiando logo em seguida e caindo para o chão frio.


– Oh Kami-sama! – Arfou a pequena mulher correndo para a jovem caída no chão e botando-a sentada encostada na mesinha de cabeceira e a abanado.


A mulher pensou no que ia fazer, decidiu-se por fim ligar para o médico da família; afastou-se momentaneamente da jovem e pescou o telefone sem fio para perto de si e abaixou-se para ver se a jovem estava melhor. Não estava, parecia mais pálida do que estava antes.


Discou os números de cor. Sua mãe sempre dissera que números importantes o único lugar para serem gravados era a memória; agradeceu mentalmente a mãe que estava na Europa, provavelmente dormindo a essa hora no fuso de lá.


Mochi-mochi? – O médico atendera no segundo toque.


– Senhor! – Arfou a senhora – Jun-sama está passando mal! Será que o senhor poderia... – foi interrompida.


– Hinday-san? – Perguntou o médico.


Hai! – Concordou a senhora.


– Chego aí em minutos – dizendo isso o médico desligou.


A mulher respirou mais aliviada a apertou os ombros frágeis da jovem que estava amparando; não sabia o que acontecera com ela, porém deveria ser algo grave, ela estava pálida com o rosto escovado e tinha profundas olheiras, e poderia apostar que por debaixo das pálpebras os olhos estavam injetados.


Olhou para o telefone em dúvida. Será que deveria ligar para a Inglaterra e avisar o marido, ou ex, que a jovem estava passando mal? A senhora olhou em dúvida do telefone para Jun que arfava, talvez com apnéia e decidiu-se por sim. Discou os números que também sabia de cor e esperou enquanto fazia contas mentais para ter certeza de que horas eram na Europa.


Apertou o telefone contra o ouvido e escutou o aparelho chamar uma, duas, três, sete vezes até cair na caixa postal. Suspirou resignada e tentou mais uma vez.


Kakashi estava dormindo pesadamente e em seu estado de dormência escutou o telefone ao lado da cama tocar, porém quem seria a pessoa anormal que telefonaria as 03h30min da madrugada de quinta-feira? Deixou que o telefone tocasse e ficou feliz ao perceber que ele parara.


Passados cinco minutos de torpor nos quentes cobertores verdes o telefone passou a tocar novamente, Kakashi enterrou a cabeça no travesseiro e amaldiçoou o inventor desse maldito meio de comunicação. Contou às vezes que ele tocou até parar, sete, igual da outra vez. Fungou feliz com o rosto afundado no travesseiro curtindo o silêncio da madrugada.


Pela terceira vez o telefone tocou, deixando Kakashi irritado. Ele havia passado a noite toda em um bar com os amigos, bebendo, assistindo uma corrida de cavalos numa televisão de 14 polegadas e comendo comidas nada saudáveis, agora só queria dormir.


O telefone continuou a tocar. Quando chegou ao sexto toque Kakashi o retirou do gancho e o pressionou contra o ouvido, escutou um som abafado e logo em seguida uma voz de mulher ao longe, depois apenas o telefone mudo. A pessoa que o havia ligado não percebera que ele atendera ao telefone e o desligara; havia algo realmente familiar naquela voz, no entanto estava muito cansado para pensar. Afundou mais no travesseiro e voltou ao mundo dos sonhos.


A senhora desistira na terceira tentativa, talvez ligasse mais tarde para informar a sua mãe do que acontecera.


O médico estava examinando a jovem morena, agora deitada na cama, que ainda estava desmaiada e lhe aplicou uma injeção no braço esquerdo. Jun acordou com a picada.


O que...?” – Ela tentava pensar, porém estava difícil, piscou os olhos verdes em completa confusão e fitou com os olhos injetados a nova governanta e um senhor de cabelos negros em cuia que ela se lembrava vagamente.


Sugoi! – Exclamou o médico feliz fazendo o sinal positivo com o polegar – Fico feliz que a senhorita tenha acordado, deu um susto em tanto na gente.


Jun piscou os olhos novamente, agora se lembrava da onde conhecia aquele senhor. Ele era o seu médico particular desde que se mudara para o Japão quando mais nova. Concluiu que havia passado mal e que ele havia sido chamado para examiná-la.


– Eu... – ela tentou falar se atrapalhando com as palavras.


– Shhhh! – Fez o homem com um dedo nos lábios – Não fale nada, parece que você tomou algum remédio e teve uma reação alérgica. Fique quietinha até que a injeção que eu dei em você faça efeito. Tomei a liberdade de pedir que preparassem um mingau para você. Vai se sentir melhor. – O médico lhe sorriu mostrando os dentes extremamente brancos.


Arigatou – ela agradeceu e fechou os olhos, reconfortada. Não se lembrava de ter tomado nenhuma remédio, na verdade não se lembrava de quase nada do dia anterior, apenas que colocara tudo para fora e que não comia nada desde que saíra da Inglaterra. Mas de um dia.


– E onde está o Kakashi? – Perguntou o médico.


Ela estremeceu ao nome do ex-marido, não era um assunto que quisesse tratar nesse momento.


– Está na Inglaterra – respondeu vagamente ao moreno sentado aos pés da sua cama, não se lembrava bem, mas Kakashi havia dito alguma coisa deles serem rivais... Sua mente estava tão enevoada que não conseguia lembrar-se.


– A sim... – murmurou o homem – Quando puder diga a ele que mesmo ele estando longe ele continua sendo o meu eterno rival! Ele que nunca se esqueça do meu nome, Maito Gai! – O homem falava com uma convicção que não seria Jun que o iria dizer que nem tão cedo falaria com Kakashi, era melhor guardar essa informação só para si.


– Eu direi... – murmurou debilmente.


O médico lhe sorriu e deu uma tapinha amigável no pé da jovem enquanto levantava-se ao som da porta sendo aberta.


– Senhora, eu deixarei a jovem Hinday... Ou melhor, Hatake – ele piscou para ela sorrindo – aos seus cuidados; eu prescrevi um remédio caso ela sinta enjoos. Mas o que ela precisa é apenas: uma comida leve e descanso, e amanhã ela estará como nova! – Gai caminhou até o lado da cama e recolheu sua pasta preta onde guardava receituários e remédios e a fechou completando: - Qualquer coisa vocês sabem onde me encontrar.


Com um aceno ele saiu do quarto, deixando apenas as duas mulheres.


– Acho que preferiria algo mais saboroso – a senhora aproximou-se com uma bandeja onde havia um mingau de cor indefinida, ao qual Jun torceu o nariz, fazendo a senhora rir – Não é tão ruim quando parece.


– Só espero que o sabor não seja tão ruim quando a aparência – rebateu a jovem que se acomodou melhor para receber a refeição.


– Não será.


Jun sorriu de má vontade para o alimento.


Pelo menos é alimento, não é?” – Ela pensou antes de tampar o nariz e engolir uma colherada do alimento quente. Até que não era tão ruim...


Continua...



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Notas finais do capítulo

Ai gente, eu sei que eu estou sendo má com a Jun e com o Kakashi, mas as coisas tendem a melh- ops, tendem a PIORAR! MUAAHAHAHAHAHAHAHA~ Se vocês querem romance, leiam "Gaiden", ali tem romance para dar e vender! Até o próximo capítulo minna-san!
Ja nee~



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