A teia da cobra

Aquela seria uma bela manhã, quando o sereno da noite anterior se transformasse no sol sem força que marca o amanhecer de inverno, e era assim que Sasuke se sentia depois daquele sonho. O tão corajoso Uchiha lembrava-se de que era muito mais fácil encarar as noites mal dormidas quando não tinha tanta gente dependendo dele. Apesar de estar feliz em Konoha, sentia em seu coração que algo estava mudando.

Talvez fossem só as responsabilidades, talvez fosse a polícia que estivesse cada dia mais ocupada, talvez fosse o medo que sempre o acompanhava desde que o selo amaldiçoado tornara-se mais difícil de controlar. Mas o que ele podia fazer se ninguém tinha a menor idéia de como removê-lo? A única pessoa a quem poderia perguntar estava escondida há dois anos, desde que Naruto derrubou o teto em cima dele. Além de tudo aquilo, ainda havia Sakura, a mais doce flor de cerejeira, aquela que lhe fazia querer ser melhor. Eu preciso contar a ela do selo, que a cada dia ficava mais difícil de ser controlado.

Ele não descartava a possibilidade de ter que ir embora para salvar meus amigos de si mesmo.

Sakura sentia em seu coração que algo havia mudado em Sasuke. Ele andava cada dia mais calado, não queria mais sair com os amigos, andava sempre estressado e aquela mania dele de “coçar” a marca que Orochimaru lhe dera andava cada dia mais recorrente. E até com ela, ele andava estranho e distante. Fazia quase um mês que não a levava para sair, não passava muito tempo na sua companhia e, mesmo quando estavam juntos, Sasuke sempre se afastava “quando a coisa esquentava”.

"Será que ele não gosta mais de mim? Será que eu estou ficando gorda? Eu sei que não ando me cuidando muito, mas é porque o hospital tem andado uma loucura desde que um maluco solto na floresta começou a atacar as pessoas da vila”. Pensou ela.

"Outro dia, Sasuke dormiu no meu colo e teve outro daqueles pesadelos. Nesse, ele chamava o meu nome e o de Orochimaru. Aquele velho me dá arrepios. Desde aquela vez, comecei a reparar nas descrições dos pacientes do hospital ao tal agressor e todas elas são iguais: um sujeito de estatura mediana, pele extremamente pálida, vestindo um sobretudo preto com detalhes vermelhos. O último paciente me contou que ele lembrava a uma cobra. Eu já falei com Tsunade-sensei, mas ela disse que não pode mandar investigar suposições. Tenho quase certeza de que ele está aqui perto e é por isso que Sasuke está assim. Mas e se não for? E se ele estiver gostando de outra pessoa? Se ele estiver com pena de me contar?"

- Sakura? Você tá legal? – perguntou Naruto, que a encontrara conversando sozinha no meio da rua.

- EU TO ÓTIMA! – responde ela, empurrando-o e correndo de telhado em telhado.

Naruto resolve deixar Sakura e suas loucuras para Sasuke e foi se encaminhando para casa, onde tomaria pelo menos uma ducha e trocaria de roupa. Antes, passou na loja dos Kaori, onde foi recebido por um funcionário e pediu para que entregasse uma mensagem à Hinata, convidando-a para um dia a sós.

Seu apartamento andava uma bagunça, uma vez que ele estava há 15 dias fora. Perdera quase tudo que tinha na geladeira e a dispensa não parecia melhor. Depois de limpar a geladeira, Naruto resolveu arrumar o apartamento e o armário. Quando terminou, era por volta de 10 horas. Fez uma trouxa com a roupa suja que encontrou pela casa e foi tomar um banho. Saindo dele, pegou seu material de pescaria e as roupas para lavar.

Depois de passar na lavanderia, deu um pulo no mercado e comprou um pão de melão para a sobremesa, pois Hinata sempre adorara doce.

Quando chegou à porta da propriedade dos Hyuuga, o guarda que ali estava pediu para que entrasse e fosse em direção à casa principal, onde Hyuuga-sama o aguardava. Lá, Naruto avistou sua linda noiva vestida com sua antiga roupa de treino e com uma grande cesta ao seu lado. Ele olhava embevecido o fato de que até o vento conspirava para deixá-la irresistivelmente linda, dando um leve balanço aos seus lindos cabelos azulados.

- Naruto-kun!? – perguntava Hinata ao seu noivo, ainda parado na entrada do jardim.

- Hinata-chan, como é possível alguém que é linda se tornar ainda mais bela?

- Naruto-kun... – disse ela, corando levemente com o elogio.

- Está pronta, meu anjo? – perguntou Naruto, acarinhando-lhe o rosto suave.

- Não...falta ainda uma coisa – falou Hinata, beijando-o com calma.

- Agora não falta nada – respondeu-lhe depois do beijo.

Chegando ao rio...

Naruto escolheu uma grande árvore, que fornecia uma sombra agradável, e a brisa os convidava a um almoço mais esticado. Hinata havia caprichado no almoço e ambos se fartaram.

Quando as sombras já se estendiam sobre a grama, o loiro curtia a preguiça, recostado ao tronco, tendo Hinata no seu colo.

- Naruto-kun, fiquei com medo de que você não voltasse dessa ultima missão.

- Por que isso, Hinata?

- Eu tive um mau pressentimento quando Sakura comentou comigo sobre os boatos de que Orochimaru estava rondando a vila.

Naruto tentou disfarçar a sua insegurança para que Hinata não se assustasse, por isso preferiu ficar quieto.

- Por que está tão quieto, Naruto-kun?

- Não é nada, Hinata. É que você não é a primeira que me conta essa história.

- Você acha que é verdade?

- Mudemos de assunto, meu anjo. Essa tarde é apenas para nós dois. Deixemos os problemas de fora pelo menos por hoje.

Hinata se deixou levar pelo pedido de Naruto, até porque, quando estava perto dele, ela tinha a sensação de que nada de mal aconteceria. Enquanto isso, ele pensava no porque da Hokage não ter lhe dito nada sobre um boato tão perturbador.

- Naruto, tá tudo bem?

- Estava lembrando o dia em que te dei a flor que adorna os seus cabelos – disse Naruto, com um ar sonhador.

- Foi da 1ª vez que fomos à Suna.

- Gaara fez uma jóia linda com ela. Pena que não seja tão linda quanto a dona.

- Naruto-kun – disse Hinata, corando.

- Será que o Kazekage vem para o nosso casamento? – perguntou ela.

- Ele que se atreva a não vir pra ver só...

- Ai...às vezes acho que estou sonhando...tenho até medo.

- Eu prometo que em breve todos os nossos sonhos virarão realidade!

Hinata aninhou-se no colo de Naruto, sentindo-se a mulher mais amada do mundo.