Tamaran escrita por Nightstar


Capítulo 3
Partida




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Eram 14:05 e os titãs estavam almoçando. Bom, Robin e Ravena pelo menos tentavam comer em paz enquanto Ciborgue e Mutano faziam sua discussão diária de ‘carne X tofu’.

 

O líder apenas cutucava alguns vegetais do seu prato com o garfo, tinha o pensamento longe. Não dissera nada desde o ocorrido no terraço àquela manhã, nem mesmo para reclamar ou comentar o estranho fato de que estava tendo um dia calmo na Torre T.

 

Estava tão concentrado em seus pensamentos que nem reparou que a briga dos dois rapazes havia terminado e que agora eles passaram a fitá-lo. Pareciam estranhar o desapontamento estampado em seu rosto.

 

“Cara?” Mutano tentou chamar sua atenção, sem sucesso. O rapaz parecia mesmo concentrado em alguma coisa. “Robin??”

 

“Deixe-o. Deve estar concentrado em algo mais útil que essa sua discussão ridícula...” Ravena dizia sem olhar para o garoto de pele esverdeada.

 

“Mas ele tá calado faz um tempão! Nem reclamou dos vilões terem nos dado uma folga hoje!”

 

“O verdinho tem razão.” Ciborgue interviu. “Tá que o Robin é estranho, mas numa hora dessas ele fica trancado no laboratório de crimes, e não parado feito besta no meio do almoço!”

 

Mutano concordou acenando com a cabeça e prosseguiu com suas tentativas de chamar a atenção do líder. Agora abanava as mãos a menos de um palmo do rosto dele, chamando pelo nome a cada segundo. Mesmo assim, foi só depois de cinco minutos que o rapaz notou os dez dedos acinzentados quem se agitavam na sua frente.

 

“Que foi Mutano?”

 

“Cara, eu to te chamando sem parar e só agora você percebe?!”

 

“Eu estava distraído, ok? Agora pare de me amolar!” Ele voltou a cutucar seu alimento, sem a menor vontade de come-lo. Os outros três se entreolharam como se formassem um grande ponto de interrogação, era muito estranho, até para um garoto como Robin!

 

Ravena então começou a acreditar no que Ciborgue havia dito. O modo de o garoto agir seria diferente caso se tratasse de um 'problema comum'. Aquilo era diferente. Pelo modo como Robin agia, deveria ser até pior.

 

Ela então fez um sinal para que ignorassem as estranhas atitudes dele e voltar a ter um almoço normal, ou pelo menos o mais normal possível para os titãs. Mas assim que concordaram e retomaram a refeição, um silêncio agonizante tomou posse do lugar por vários minutos, interrompido apenas por talheres batendo calmamente nas superfícies dos pratos de vidro... era irritante!

 

“Escuta, só eu percebi que a Star não veio pro almoço??” Mutano quebrou o silêncio.

 

“É verdade, não a vi o dia todo. Mas talvez esteja brincando com o Silkie ou qualquer outra coisa!...”

 

“Quem dera, Ciborgue...” Robin murmurava em baixa voz. Tanto que ninguém pôde ouvi-lo além de sua própria consciência.

 

“Mesmo assim, acho que ela não perderia o almoço...”

 

“Aí depende, se você fosse o cozinheiro eu não estranharia se todos faltassem!”

 

“Não começa, Ci! Tofu é muito bom pro seu governo, tá?!”

 

“Só nos seus sonhos! Aquilo deve ser horrível!”

 

“Como pode saber se nem provou??”

 

“Pelo cheiro de cada prato que você prepara, por quê acha que eu fico longe sempre que decide cozinhar?!”

 

“Tofu não é ruim!”

 

“Prefiro carne que pelo menos tem sabor!”

 

“Mas ele também tem sabor!!”

 

“Ah claro, de papel misturado com capim!...”

 

“Querem parar com a discussão?!!” Ravena agora gritava. “Estou cheia das suas brigas idiotas por hoje! Por quê não sentam e ficam quietos pelo menos uma vez?!!”

 

Eles continuavam calados e encolhidos em suas cadeiras. Não arriscando encarar o rosto da empata novamente. Robin por sua vez apenas observava sem se impressionar muito.

 

De repente, o som das portas se abrindo pôde ser ouvido. Era Estelar que se aproximava.

 

“Star! Onde você estava?!” Mutano disse quase berrando, estava querendo fugir da bronca da empata.

 

“Como assim? Eu sequer saí da torre.”

 

“Puxa, mas você sumiu o dia todo!” Agora era a vez de Ciborgue fugir da briga.

 

“Eu... estava ocupada...” Ela disse enquanto olhava tristemente para Robin. Este apenas devolveu o olhar e se virou. “Erm... amigos, tenho algo a dizer de extrema importância... *suspiro* vou voltar para Tamaran.”

 

“O quê?!” Todos (menos Robin, claro) disseram em uníssono. “Outro casamento?!!!”

 

“Não!” Ela já estava se irritando com essa história de casamento. “Acalmem-se, amigos, e me deixem explicar...”

 

Eles a obedeceram e começaram a ouvi-la. Estelar explicou tudo como quando conversara com Robin horas atrás e os três titãs acompanharam cada palavra que saía de sua boca. Ela até pensou em contar sobre os riscos que correria, mas achou melhor não. Sabia que, se contasse, Robin iria tentar de tudo para que permanecesse na Terra.

 

Simplesmente ignorar os pedidos do menino-prodígio era uma tarefa quase impossível para ela. Na verdade, seria uma verdadeira tortura!

 

“Então é isso? Você vai embora sem saber quando pode voltar??”

 

Ela apenas acenou positivamente para Ciborgue.

 

“E se precisarmos de você?!!”

 

“Tudo bem, Mutano, eu acredito que vocês não vão precisar de mim enquanto permanecer no meu planeta natal...”

 

“Você vai embora amanhã de manhã, certo? Mas se era um assunto tão importante, por que não te avisaram dessa missão mais cedo?” Ravena sentia que havia algo de errado nessa história.

 

“Me disseram que houve uma interferência de duas transmissões enviadas. Então eu já devo estar atrasada para ir... pelo menos já arrumei todos os meus pertences para a viagem.”

 

“Então isso significa que nada que a gente diga vai te fazer ficar aqui?”

 

“Sim, Mutano..”

 

“Tá, então eu já posso jogar videogame!!”

 

Ele ia correr para o sofá e tomar posse do console. Mas uma parede de magia negra o interrompeu. Quando olhou para trás, viu que era Ravena.

 

“Não antes de lavar a louça, hoje é o seu dia!”

 

“Droga!” Ele murmurou. “E dizem que vida de herói é mordomia!...”

 

“Pára de reclamar e começa a trabalhar! Anda!”

 

Ciborgue segurava o riso ao ver o amigo sendo obrigado a fazer as tarefas. Parecia que a bronca de Ravena estava dada.

 

“Então...” Ciborgue retomava a conversa. “A que horas você vai?”

 

“Acho que às sete... não posso tardar mais que isso.”

 

“Então te desejo boa sorte com a missão.”

 

Os dois apertaram as mãos e Ciborgue foi para a garagem trabalhar no carro. Estelar então fitou o líder que permanecia imóvel na sua frente.

 

“Robin, sinto muito se está decepcionado comigo...”

 

“Não estou decepcionado, Star, só chocado com a situação. Isso tudo foi muito... rápido... entende?”

 

“Claro... *suspiro* só espero que meu reinado em Tamaran dure pouco.”

 

Assim, ela se virou e caminhou de volta ao quarto. Robin por sua vez sentou no longo sofá e começou a refletir sobre tudo o que havia passado naquelas últimas horas. A situação era complicada.

 

Assim foi até que o céu claro e azul escurecesse e anunciasse o fim de mais um dia em Jump City...

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Eram 6:40 da manhã e o sol já brilhava no horizonte. Não tão intensamente como quando tarde, já que nascera há apenas alguns minutos.

Mesmo sendo cedo ainda, cinco titãs se encontravam no terraço da Torre-T. Davam as últimas despedidas a tamaraniana...

 

“Tomara que volte logo, sabe, é chato ficar numa torre cercada de gente séria...” Mutano dizia.

 

“Vou fazer o possível para voltar o quanto antes, amigo, não se preocupe.”

 

Os outros sorriram e concordaram. Mas era a vez de Robin se aproximar.

 

“Star, tem certeza de que quer deixar a gente?”

 

“Robin... eu nunca deixaria a torre por decisão minha. Se estou partindo é por minha obrigação de princesa, não importa o que eu sinta...”

 

Assim, os dois se abraçaram fortemente.

 

“Vou sentir sua falta...” Ela deixou uma lágrima cair.

 

“Eu também...”

 

Quando se afastaram um pouco, se encararam por alguns segundos, pouco antes de Estelar levantar vôo e desaparecer lentamente por entre o azul do céu. Deixando quatro titãs fitando o alto como se esperassem que mudasse de idéia e retornasse para a torre.

 

O que infelizmente não aconteceu. Agora só o tempo diria quando a tamaraniana estaria de volta...

 


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