- Ei, não precisa fazer isso Carminha. Eu gosto de voce.

- Mas não parece, já que voce está falando com ela.

- Eu não tenho nada haver com essa DR de voces. Fui.

- Voce não vai a lugar algum. – senti um empurrão no meu ombro e me desequilibrei quase caindo no chão. Quando me virei de frente a Carminha me deu um tapa no rosto. Coloquei minha mão na bochecha e continuei andando sem dizer uma palavra.

As pessoas começavam a vibrar, querendo ver uma briga. Virou uma confusão. Com vários alunos correndo para ver o que iria acontecer.

- Vai fugir? Covarde. Eu sempre soube que voce era uma galinha caipira medrosa. Não passa de uma covarde mesmo. Volte aqui que eu não acabei com voce não.

- Carminha pára com isso. – escutei Luca dizendo.

Ela veio atrás de mim e me empurrou no chão, eu caí com o braço esquerdo protegendo meu corpo e senti os ossos doendo.

- Agora voce está no seu lugar, no chão, como um lixo.

Ninguém acreditava que a doce e meiga Carminha agiria como uma selvagem me agredindo. Eu escutei o inspetor chegando correndo e mandando todos pra sala enquanto a professora de Literatura veio me ajudar. Eu olhei para todos os alunos, aturdidos com o fato de eu ter sido agredida pela patricinha da escola. Olhei pra Carminha e sorri ironicamente.

- Que foi garota? Por que esta sorrindo pra mim? Por que não se defendeu?

- Eu não estava fugindo, estava evitando ficar perto de voce. Por que voce me enoja, Carminha. E pelo visto eu fiz certo, todos podem ver o quanto voce é falsa e fingida agora.

Ela olhou ao redor e viu todos os alunos a encarando, incrédulos. A Carminha saiu andando rápido e não a via mais.

- Nimbus, venha aqui, leve a Isa pra enfermaria e depois a acompanhe pra diretoria parece que o braço dela tá machucado. E voce Xaveco vai atrás da Carminha. Ela tem muito o que se explicar pra diretora. O resto de voces não tem nada pra fazerem aqui. Voltem pras suas salas.

Todos foram saindo e , quando eu saía do pátio, vi Luca, DC e Cebola olhando pra mim, preocupados.  Nimbus a todo momento me perguntava se meu braço estava doendo e eu, como não queria preocupá-lo, dizia que não. Ao chegarmos à enfermaria uma surpresa: eu havia quebrado o braço. Pelo que a enfermeira viu eu tinha que ir ao hospital colocar gesso. Ela limpou os arranhões e enfaixou o braço, depois prescreveu uma licença e uma indicação medica.

Quando saímos da enfermaria o Cê estava me esperando sentado em um banco, com a cabeça baixa e quando me viu se levantou rapidamente.

- Nimbus pode deixar que eu levo ela até a diretora.

- Mas a professora disse para eu acompanhá-la.

- Tudo bem, Nimbus, voce já perdeu muita aula comigo. Pode ir.

- Ta bem. Se cuida Isa. – E o Nimbus saiu correndo pra sala.

- Como tá o braço?

- Tá doendo muito, mas eu vou sair daqui a pouco e vou num hospital. A enfermeira daqui disse que pode ter quebrado e já me indicou um medico pra eu fazer exames.

- Nossa, Isa como voce consegue se meter nessas confusões heim?

- Eu não fiz nada, só estava conversado de boa com o Luca quando a Carminha veio louca pra cima de mim.

- Hum. Entendo. Ela tava com ciúmes de voce.

- Mas não precisava me bater, aquela louca.

- Isso voce tem razão. Mas eu não imaginava que ela faria uma coisa dessas.

- Depois que ela me deu aquele tapa, eu não duvidava de mais nada que a Carminha pudesse fazer. Por isso saí andando. Ela se faz de princesa mas é um monstro por dentro.

Ficamos um tempo em silencio e eu comecei a abrir a boca pra perguntar algo pro Cê quando viramos o corredor e encontramos o Xaveco e a Carminha, esperando na porta da diretora. Escutamos ela chamando para que entrássemos e os meninos ficaram lá fora.

- Diretora, eu...

- Eu quero saber o que aconteceu. Isadora, fale.

Quando a diretora cortou a Carminha eu fiquei nervosa, engoli em seco, respirei fundo e comecei a falar:

- Eu estava conversando com MEU amigo e ex NAMORADO normalmente quando a Carminha chegou brigando. Eu estava indo embora por que não queria confusão quando ela me empurrou, me deu um tapa e depois me jogou no chão, o que resultou no meu braço possivelmente quebrado. A enfermeira não tem certeza e até me deu essa licença pra sair da escola e me recomendou um medico.

Estiquei minha mão e mostrei os documentos assinados.

- Hum... entendo. E voce Carmem, o que tem pra dizer em sua defesa?

- Diretora, ela tá mentindo. Eu posso ter empurrado ela uma ou duas vezes, mas ela estava se jogando nos braços do Luca.

- Isso é mentira, ele que veio conversar comigo.

- Só nos seus sonhos né queridinha!

- Chega! Carmem voce vai ficar de suspensão por três dias e fazer um trabalho voluntario aqui no colégio, ajudando os supervisores com as crianças do primário, e Isadora, como voce não vai conseguir se mexer por muito tempo, vai ajudar no Ensino Fundamental.

- Tudo bem diretora. Eu aceito. Mas não vou limpar bagunça de criança. – dizendo isso a Carminha saiu andando.

- Mas diretora, eu sou a vitima aqui.

- Está bem, voce pode me ajudar a arquivar uns documentos aqui na diretoria. Pode ser nos sábados que não tem aula.

- Obrigada diretora.

Saí da sala feliz de não ter levado um castigo pior, mesmo eu não tendo feito nada de mal.

- Então como foi?

- Ela me mandou arquivar uns documentos da sala dela, como e pouca coisa eu vou dar conta de fazer, e vai ser no sábado.

- Menos mal, mas voce não deveria ter levado castigo. Essa mulher é doida.

- Ela só é amargurada, o DC me disse... É isso. Tive uma idéia ótima.

- O que?

- Eu vou tentar ajudar a diretora.

- Como?

- Depois te explico, vamos pra sala pra eu pegar minhas coisas, meu braço ainda dói e eu vou aproveitar que tenho uns dois dias de folga pra ir ao medico.

- Tudo bem meu docinho, eu vou dar um pulo no banheiro, mas toma cuidado OK? – Cebola disse isso me abraçando e me deu um beijo na testa. De repente minhas borboletinhas bateram asas tão rapidamente que eu tive que me encostar na parede pra não perder o equilíbrio. Por que eu ainda sinto essas coisas por ele? Droga. Justo quando Luca tá se aproximando de mim o Cê faz isso. Parece que me quer correndo atrás dele ou algo assim.

Entrei na sala, juntei minhas coisas e fui embora. Quando minha mãe viu meu braço enfaixado quase teve um treco. Durante os dois dias a Monica ia na minha casa me ajudar a estudar e a passar as tarefas.

- Acho que o Cê não gosta mais de mim. – me surpreendei com a afirmação dela.

- Por que voce tá falando isso?

- Ele tá distante de mim amiga.

- Mas é por que ele tá trabalhando muito. Deve ser estresse.

- Eu estresso ele?

- Não foi isso o que eu disse.

- Mas e se eu tiver prendendo muito ele? É por isso então?

- Mo, me escuta, eu...

- Oi meninas tudo bem? Magali entrou no meu quarto com uma cesta de bombons enorme, e com um sorriso maior ainda. Atrás dela vinha a Marina.

- Oi Magá. Que cesta é essa?

- O Quim fez pra mim, mas eu não to agüentando ver doces então resolvi dividir com minhas melhores amigas.

- Obrigada eu to precisando mesmo. Descobri algo terrível do Cê hoje.

- O que foi Monica? – Marina perguntou a ela, olhando pra mim, Me senti como se tivesse culpa de alguma coisa.

- O Cebola tá muito diferente comigo, eu to me sentindo mal com isso. Será que eu fiz alguma coisa?

- Ai amiga não fica assim não, come um bombomzinho. – e a Magali ofereceu um bombom a ela, que comeu tudo em segundos.

- Eu disse a ela que ele só tá estressado, mas ela acha que ela o estressa. ( com razão, eu pensei, não desgruda do coitado)

- Monica, voce já pensou na possibilidade de ele estar gostando de outra garota?- A Marina estava dizendo pra Monica sobre o Cebola e eu. Fiquei em choque quando escutei essas palavras. Como ela pôde dizer isso? A Monica é doida pelo Cê faz anos e ela joga uma bomba dessas em cima da coitada.

- hahahahahahahahahah. Claro que não Marina, voce ficou doida.

 - Será, Isa?