Depois da confusão do vestido, Karol foi embora, morrendo de remorso por eu ter falado que ia ajudar a pagar. Ela insistia dizendo que iria me mandar o dinheiro as eu não aceitei. Eu consegui um emprego como auxiliar de chefe, me colocando para trabalhar na cozinha. Cebola era garçom então eu não tinha muito contato com ele no serviço, e percebi que ele me evitada sempre que podia.

Ao longo das minhas duas semanas de serviço aprendi muito sobre culinária e gostava de cozinhar meus quitutes mineiros, que os clientes sempre elogiavam.  Fiz amizades com alguns dos funcionários: o Tikara e a Keiko, que também eram garçons, o cozinheiro, Seu Augusto e tinham mais umas três pessoas que eu não conversava muito.

Eu me perguntava sempre porque o Cebola ficou diferente comigo. E tinha sido após eu perguntar a ele sobre o Luca. Será que ele não queria que eu voltasse com ele?

- Menina, pare de viajar e vá terminar de confeitar esses cupcakes, porque eles não vão se encher de glacê sozinhos.

- Desculpe, seu Augusto.

Droga, isso vem acontecendo muito. Só fico pensando nos motivos pelo Cebola estar com raiva de mim e acabo recebendo bronca do chefe. Faltam duas semanas para eu receber o salário e poder ajudar o Nimbus.

Quando acabou o meu expediente eu o vi no portão dos fundos, perto da lixeira, encostado na parede. Do Contra. Ele ficava me esperando com um sorriso enorme no rosto, e eu sempre dava pra ele um cupcake. Mesmo sabendo que ele colocaria ketchup nele.

- Não sei por que voce ainda vem todos os dias me buscar.

- Oras, eu tenho que ser um namorado exemplar, esqueceu?

- E ainda mais com essa cara de bobo. Não sei o que a Keiko viu em voce.

- Como?

- Ela disse que voce é uma gracinha.

- Sério? Interessante. Mas não é ela quem eu quero.

- Eu sei. – ficamos um tempo sem conversar quando eu perguntei: DC, voce percebeu que a Monica fica grudenta demais com o Cebola?

- Não sei de nada. – É claro que ele sabia.

- Tá certo. Ela fica na frente do café esperando o Cê todos os dias, por que voce não faz como ela?

- Por que eu gosto de ficar na porta dos fundos.

- Aham. – eu estava plantando uma sementinha na cabeça dele, para que ele possa se aproximar da Monica. Não sei por que eu pensei nisso, de juntar os dois.

* Em casa.

Fiquei no computador terminando de pesquisar os trabalhos escolares e vi o Cas online no bate papo.

- Oi amore, como andam as coisas?

- Belê Isa. Já fez o trabalho de Portugues?

- Sim, pq?

- Me empresta pra eu dar uma olhadinha?

- Olhandinha, sei... (¬ ¬)

- Por favorrrrrr...(*U*)

- Ta bom.

- \(O O)/

* enviando arquivo*

- Cas, me fala aki, pq o Cê ta diferente comigo?

- Do que você ta flando?

- Ele ta frio, distante... eu fiz/flei algo q chatiou ele?

- To sabendo não.

* arquivo enviado*

- Pode ser por causa do Luca...ops flei dimais.

- Como assim?

- Nada não, Isa vlw pelo trampo.

- Cas volta aqui seu peste.

* Cascão está desconectado*

Droga. Ele tinha que sair na melhor parte da conversa? O que o Luca tem haver com essa atitude do Cebola comigo? Será que foi por que eu disse a ele que o queria de volta? Então ele não quer que eu volte com o Luca? Mas por que?

Quando eu cheguei no colégio na sexta feira ( finalmente) eu estava morta de cansaço e fui direto pra sala, sem nem conversar com as meninas. Eu estava ficando distante delas por que trabalhar seis horas por dia fazendo bolinhos e cupkakes além de carregar farinha de trigo pra todo lado e confeitar mil e uma guloseimas era muito cansativo. Acho que só o Cebola e o Quim sabiam o que era trabalhar e estudar ao mesmo tempo.

Eu deitei na carteira e tirei um cochilo, esperando o professor Licurgo começar a aula. A Marina sentava do meu lado e me acordou quando ele  começou a chamada.

- Amiga você ta cansada demais. Devia parar com esse trabalho ou não vai conseguir estudar direito.

- Eu consigo, só mais duas semanas pra eu ajudar o Nimbus. Ele não precisa pagar pelo vestido da nojenta sozinho. E eu fui dormir tarde ontem.

- Por que?

- Fiquei conversando com o Cas no bate papo. Ele me disse uma coisa sobre o Cê, e eu fiquei pensando nisso.

- O que ele disse? Sobre o Luca?

- Voce sabe também? O que ele te contra o Luca, Marina?

- No intervalo eu te conto.

Depois das aulas chatas eu fui me encontrar com a Marina na cantina, ela estava junto com o Franja, com o Quim e a Magá e a Cascuda. Eu não queria que ela falasse a frente de todos e ela percebeu e veio se sentar num banquinho onde eu estava sozinha.

- Me conta amiga, to curiosa.

- Ah Isa, provavelmente voce não percebeu ... mas acho que o Cebola gosta de voce.

- É claro que ele gosta de mim, é meu melhor amigo.

- Não esse tipo de gostar.

- É gostar como irmão então.

- Não.

- Gostar, tipo... voce e o Franja?

- Sim. – meu coração disparou no momento em que ela confirmou. Então era esse o motivo de ele não querer que eu fique com o Luca. Era ciúmes.

- C... como assim, Marina? Ele namora com a Monica. Por que raios ele gostaria de mim?

- O Cebola não é muito discreto, amiga. E eu sou uma boa observadora.

- Mas ... desde quando voce sabe disso?

- Eu suspeitava desde o dia que você o beijou. Mas só tive certeza quando os vi na fazenda.

- Mas a gente só tava conversando, o que te fez pensar que ele gosta de mim?

- O jeito de voces. Não sei explicar, mas eu sentia que voces dois se gostavam.

- Bem... eu...

- Isa, eu sei que voce gosta dele. Voce também não sabe disfarçar tão bem assim não.

- Mas e a Monica? eles estão namorando.

- Sim, e verdade.

- Então não posso ficar com ele. Eu também sou muito amiga da Mo.

- Bem Isa, eu queria te falar isso. Acho que agora voce tem que pensar um pouco se vale a pena você correr atrás dele ou do Luca. – ela disse isso e voltou a se sentar com seu namorado.

Eu fiquei olhando as mesas cheias de alunos conversando e me lembrando de quando eu namorava com o Luca. O Cebola havia ficado distante naquela época, será que era por causa disso?

- Oi linda. Por que essa carinha triste?

Eu me virei e vi o Luca com uma bandeja de lanche no colo, sorrindo para mim.

- O que veio fazer aqui Luca? Onde está sua namoradinha?

- Ela foi ao banheiro retocar a maquiagem. E eu decidi vir conversar com você, que parece estar muito só.

- Estou bem, não precisa se preocupar comigo. – quando eu me lembro que ele ainda namora a Carminha, fico morrendo de raiva e me esqueço de tudo.

- Isa, podemos continuar amigos, mesmo eu estando namorando.

- O problema não é voce namorar, Luca. É voce namorar com “ela”.

Nesse momento eu vi a Carminha se aproximado da gente, com cara de que iria soltar fogo pelas ventas.

- Posso saber por que a senhorita está conversando com MEU namorado?

- Estamos apenas conversando. Por quê? Ele é proibido de fazer isso também?

- Com voce ele é proibido sim. Vamos, amorzinho. – e a Carminha come;ou a puxar o Luca pelo braço.

- Como assim eu sou proibido de conversar com ela? Carminha ela é minha amiga.

- Mas é sua ex.

- Antes de ser namorada ela era minha amiga e continua sendo. – eu percebi alguns alunos vindo em nossa direção, formando um circulo entre nós.

- Se voce quer ficar conversando com ela, que seja, mas eu não vou ser mais sua namorada.