Nunca em toda a sua vida, Thalia ficara com tanto medo ao ouvir a voz de seu irmão, como naquele momento

- Como é que é, Thalia? – essa frase ecoou trezentas vezes na mente da Grace, e o frio na coluna, não ajudavam em nada raciocinar o que estava acontecendo.

- Então, Thalia vai desembuchar ou não? – a voz de Percy ecoou novamente, e dessa vez a morena soube que não era fruto de sua imaginação.

-Percy? – ela perguntou virando-se para o irmão, e Nico riu ao ver a morena empalidecer completamente.

- Thalia. – o moreno de olhos verdes debochou, e Nico riu mais uma vez. – Agora que já sabemos nossos nomes pode me dizer que história é essa de tirar vestido? – o Jackson perguntou e a morena engoliu em seco.

Como faria para se livrar dessa? Percy com toda a certeza do mundo, não ficaria nenhum pouco feliz em saber que sua irmã tinha tirado a roupa para seu melhor amigo, sem contar que em uma praia nas vistas de todos que passassem por ali.

A morena logo buscou em sua mente algo que a tiraria daquela situação, mas a dor de cabeça, a ressaca e o fator surpresa não ajudavam em nada.

- Graças a Deus, vocês nos encontraram, já estávamos ficando desesperados. – a morena disse mudando de assunto.

- Como assim encontramos? – Annabeth se manifestou pela primeira vez, dando assim outro susto em Thalia.

- Annie? – a morena perguntou franzindo o cenho e a Chase revirou os olhos.

- Thalia! – a loira disse em uma falsa animação, fazendo com que sua melhor amiga lhe direcionasse uma careta.

- Então, vai nos dizer ou teremos de descobrir essa história de vestido? – o moreno de olhos verdes se meteu mais uma vez, e Thalia o olhou feia.

- O que você está fazendo com o Percy? – a morena de olhos azuis perguntou para sua amiga que revirou os olhos, mas respondeu.

- Percy me deu uma carona até um point brasileiro para que eu comesse um açaí. – a loira respondeu pacientemente, mas Percy que estava ao seu lado não estava tão paciente assim.

- Point? Açaí? Que diabo é isso? – morena perguntou franzindo as sobrancelhas, confusa com a situação, mas a sua real intenção era enrolar o irmão, fazendo com que ele se esquecesse da história do vestido. Porém essa ideia não deu certo.

- Ei, ei pode parar de tentar mudar de assunto Dona Thalia. Eu quero saber que história é essa de vocês dois juntos, de te encontrarmos e a mais importante de todas, a do vestido. – o Jackson disse autoritário.

Thalia revirou os olhos, mas arrependeu-se, pois a dor de cabeça tornou-se mais intensa.

- Deixa que eu explico. – Nico se manifestou ao ver que Thalia não abriria a boca, tão cedo. – Nós estávamos na balada que você nos levou ontem, e essa daqui se envolveu em uma briga com um cara lá. Eu como sou um bom amigo fui lá ajudar. Mas como a Thalia é muito esquentadinha... – o moreno de olhos negros iria continuar sua explicação se Thalia não o tivesse interrompido.

- Já lhe disse que se meteu porque quis. Eu tinha tudo sobre controle. – a moreno disse e Nico revirou os olhos, pronto para retrucar.

- Ah, claro. – o moreno debochou e emendou – E eu também já lhe disse que da próxima vez que te ver em uma situação dessas, passarei reto e fingirei que não te conheço. Ouviu? – o moreno perguntou e Thalia lhe mostrou a língua.

“Quem mostra a língua pede beijo.” – foi o que Nico ficou tentado a dizer, mas sabia que apanharia feio se o fizesse, mas não seria Percy o autor do soco e sim Thalia.

- Ei. Podem parar. – Annabeth interrompeu, sabendo que se iniciaria uma briga.

- Então, como eu estava dizendo. – Nico disse olhando sugestivamente para Thalia, que fez uma careta de desdém. – Eu me meti na confusão, para ajudar a sua irmã. Mas ela, por ser muito impulsiva deu um chute nas partes baixas do cara... – Percy fez uma careta simbolizando dor e Nico riu assentido com a cabeça – E o cara... – o moreno fora novamente interrompido.

- Não, espera ai. Você está dizendo que a culpa do cara ter nos perseguido foi minha? – Thalia perguntou incrédula.

- É isso mesmo. Eu estou dizendo, exatamente, isso. – Nico afirmou e quando a Grace abriu a boca para soltar impropérios, Percy intrometeu-se prevendo outra briga.

- Continuem, por favor. – o moreno de olhos verdes suplicou e dessa vez fora Thalia quem continuou a explicação.

- Então, o cara e mais dois amigos dele correram atrás da gente e nos acabamos nos perdendo, por isso não soubemos voltar para casa. – Thalia finalizou ocultando boa parte da noite anterior.

- Então, vocês se perderam ao fugir de um cara, porque a Thalia o chutou nas partes baixas? – Percy perguntou erguendo a sobrancelha digerindo a noticia.

- É basicamente isso. – Nico disse dando de ombros, e Thalia assentiu com a cabeça.

- E a história do vestido? – Annabeth perguntou ainda confusa com toda a situação, e sua melhor amiga a fuzilou com olhar.

Thalia esta fula com a pergunta de Annabeth, pois seu irmão parecia ter se esquecido desse pequeno detalhe.

- É mesmo, dona Thalia. A história do vestido. - Percy disse e Thalia bufou, buscando em sua mente alguma desculpa esfarrapada que explicasse a maldita frase que seu irmão ouvira.

Nico sorriu de lado e disse:

- Thalia, estava me contado sobre a vez que ela ficou bêbada e quase fez um Streep tease. – o moreno disse ainda sorrindo e Thalia o olhou, confusa.

- Conta essa história melhor, Thalia Grace. – a morena de olhos azuis riu com a forma que Percy pronunciara seu nome, até parecia que tinha alguma autoridade sobre si.

- Então, é ahn... – a morena não sabia exatamente o que contar, e não podia inventar um dia qualquer, pois Annabeth a desmentiria na hora. – F-foi no dia... Da... – a morena se enrolou e Percy a olhou sugestivamente.

- Vai me contar hoje, ou amanhã está bom para você? – o moreno de olhos verdes perguntou sarcástico.

- Amanhã está ótimo. – a morena disse e começou a andar deixando seus amigos para trás.

- Ei, Cara De Pinheiro, eu estava sendo irônico. Sabe o que é isso? – Percy perguntou e viu a irmã revirar os olhos.

- É claro que eu sei Peixinho. – a morena disse chamando Percy por seu apelido mais antigo.

- Até porque você é vinte quatro horas por dia, sete dias por semana. – Nico disse e Thalia partiu para cima dele com o punho fechado, mas seu irmão a impediu.

- Me deixe bater nele, Percy. – a garota disse debatendo-se contra o corpo do irmão. – Você ouviu o que ele falou?

- Claro que eu ouvi, mas não posso permitir que você bata no cara só porque ele disse a verdade. – o moreno de olhos verdes disse divertido e Thalia parou de se debater, fazendo com que Percy a soltasse e o mesmo se arrependeu disso no segundo seguinte, quando recebeu um soco no peito.

- Ai, doeu.

- Era para ter afundado suas costelas. – a morena disse sádica e Percy arregalou os olhos.

- Pelo amor de Deus, parem com isso. – Annabeth pediu.

- Mas foi ela que começou! – Nico e Percy disseram ao mesmo tempo em que Thalia dizia:

- A culpa é deles.

- A culpa é dos três. Nico pare de provocar a Thalia, e você também Percy. – a loira disse apontando para os dois garotos, que abaixaram a cabeça. – E você, Thalia. – a Chase apontou para a Grace. – Termine de contar a história, logo de preferência.

Thalia bufou, mas fez o que sua amiga tinha ordenado.

- Está bom, mamãe. – a morena provocou e Annabeth fez uma careta de desdém. – Eu estava contando para Nico da vez que eu bebi demais e quase fiz um Streep em uma festa da faculdade. – a morena deu de ombros, ao ver o irmão arregalar os olhos, surpreso.

- E quando foi isso? – Annabeth externou a pergunta que martelava na cabeça de Perseu.

- Foi na minha primeira festa da faculdade, no dia do trote. – Thalia respondeu e viu Annabeth franzir o cenho, como se buscasse essa memória em sua cabeça.

- Eu não me lembro disso. – a loira afirmou e a morena assentiu com a cabeça, explicando o motivo da falta dessa memória.

- Você não foi à festa. – a morena disse e Annabeth franziu o cenho, ainda mais confusa. – Nesse dia você tinha saído com o... – Thalia repreendeu-se antes de dizer o nome de Luke.

- Com o...? – Nico indagou curioso, e se encolheu quando Thalia o fuzilou com o olhar.

- Um ex-namorado. – e tanto Percy, quanto Nico fizeram a ligação dos detalhes e souberam que as meninas estavam falando do pai de Peter.

O Di Ângelo sabia o suficiente para saber que esse assunto, era um assunto delicadíssimo.

- Ah. – Nico soltou ao ver que ninguém diria nada.

Annabeth ao menos escutou o ruído de Nico, pois estava mais ocupada sentindo-se mal por lembrar-se de Luke pela segunda vez naquele mesmo dia. Mas como não lembrar, não é mesmo? Sendo que aquele foi o dia em que comemoraram um mês de namoro.

- Ninguém comentou nada sobre esse seu quase Streep. – Annabeth disse balançando a cabeça, na intenção de livrar-se de certos pensamentos.

- Eles estavam mais bêbados do que eu, foi um milagre saberem que eram no dia seguinte. – a morena disse e riu ao final da frase lembrando-se daquela noite.

- Espera ai. Você está me dizendo que quase tirou a roupa na frente de uma cambada de homens? – o moreno estava ficando vermelho com a possibilidade de isso ter acontecido.

“Na verdade foi na frente de um só.” – Thalia ficou tentada a dizer, mas sabia que se o fizesse Percy explodiria.

- Eu não diria que foi, exatamente, um Streep. – Thalia disse e Percy ergueu a sobrancelha, desconfiado. - Eu só subia a barra do vestido até o inicio da coxa.

“E que coxa!” – Nico pensou consigo e soltou um sorriso malicioso.

- Mas... Eu não entendi uma única coisa. – Percy disse respirando fundo. – Por que motivo, razão e circunstância você está dizendo isso, justamente, para o Nico? – aquela pergunta pegou o Di Ângelo e a Grace de surpresa.

“Desde quando Percy deixou de ser tão lerdo?” – Thalia e Nico partilharam do mesmo pensamento, enquanto buscavam uma desculpa para contornar a situação.

- É que, enquanto caminhávamos sem destino, ficamos sem nada para dizer e concordamos em contar fatos engraçados que já passamos. – Nico respondeu e Thalia o olhou surpresa, pela rapidez com que ele achara uma resposta.

- Sério? – Annabeth perguntou incrédula. – Você e a Thalia concordaram em alguma coisa?

- É. – os dois responderam ofendidos.

- Nossa. – Annabeth respondeu ainda incrédula.

- Está bem, se essa for mesmo a verdade, por que a Thalia contaria uma mico dela, para o Nico? – Percy perguntou desconfiado.

- Você não escutou? Seria uma troca, eu contaria algo constrangedor sobre a minha pessoa e ela contava uma sobre ela. – Nico respondeu como se explicasse a uma criança de três anos de idade.

- E o que você contou? – Percy perguntou sorrindo travesso.

“Agora eu vi vantagem.” – a morena de olhos azuis pensou consigo ao virar-se para Nico com um sorriso de orelha a orelha.

Nico começou a gaguejar alguma negação, quando Percy interrompeu.

- Fala direito. Você disse ou não algo para Thalia? – o Jackson já estava pensando em mil coisas constrangedoras pelas qual Nico já passara na vida.

- Não tive tempo. – o moreno respondeu e Thalia riu.

- Mas agora tem, pode contar alguma coisa. Ou eu farei com que diga, sob tortura. – a morena disse a última parte ameaçadoramente.

- Eu... ahn. Teve aquela vez que... – o Di Ângelo buscava algo o menos constrangedor possível, em sua mente, quando Percy interrompeu e pelo visto ele contaria a mais constrangedora possível.

- Porque não conta sobre o seu aniversário de dezoito anos? – o moreno de olhos verdes perguntou com um sorriso sacana.

- Não, nunca. Aquilo era para ter morrido na Itália. – o moreno disse transtornado.

- Mais foi bem constrangedor.

- Não sei o porquê você quer contar isso, se não se lembra você também fez a mesma coisa. – Nico disse olhando acusatoriamente para seu amigo.

- Eu sei, mas foi bem constrangedor para você. – Percy disse sorrindo.

- Eu. Não. Vou. Contar. E ponto. – o moreno de olhos negros disse pausadamente, confiando que se falasse dessa forma a mensagem entraria na cabeça de seu amigo.

- Então... – Percy fez uma pausa como se estivesse pensando, deu um sorriso maior que anterior e complementou animado – Eu conto.

Antes de Nico discordar Percy já estava contando.

- No aniversário de dezoito anos do Nico, nós fomos para a Itália, porque o pai dele queria passar o aniversário com ele, já que a Bianca já tinha se mudado para New York para começar a faculdade. Passamos o dia com o pai dele, e na noite nós saímos com alguns amigos que também tinham ido com a gente... – Annabeth interrompeu Percy um pouco confusa.

- Vocês se conheceram na viagem pelo mundo, ou foi antes disso? – a loira perguntou com o cenho franzido.

- Nós fizemos o último ano do colegial juntos. – Nico respondeu vermelho, talvez pela vergonha que seu suposto melhor amigo o faria passar em alguns minutos.

- Você também repetiu? – dessa vez Thalia perguntou, olhando para Nico com a sobrancelha erguida.

- Não me orgulho disso. – o moreno respondeu fingindo chorar. Thalia revirou os olhos e voltou-se ao irmão para que ele continuasse a história.

- Continuando... Lee Fletcher um colega nosso teve a ideia de sairmos vestidos de mulher, para não deixar que a data passasse em branco... – e mais uma vez o moreno fora interrompido.

- Na verdade vocês me desafiaram e depois se juntaram a mim. – Nico disse.

E antes de Percy continuar a história, Thalia intrometeu-se.

- Uhum... Vocês se vestiram de mulher e saíram na rua de livre e espontânea vontade? – a morena perguntou tentando entender o que aquilo significava. – Se bem que até faz sentido, eu ouvi falar que na Itália tem bastantes lugares com movimentos de travestis. Pelo menos se a profissão de vocês não der certo, já sabem que tem um ramo garantido. – a garota completou debochada.

Nico e Percy fecharam a cara diante o comentário infeliz de Thalia, e Annabeth riu acompanhada da morena.

- Nós estávamos bêbados, se nos mandassem pular de uma ponte pularíamos. – Percy tentou arrumar o que dissera anteriormente e Thalia riu ainda mais.

- Me lembre disso da próxima vez que eu os ver bêbados. – a morena disse e seu irmão lhe mostrou o dedo do meio.

- Continue logo Percy. – Annabeth disse antes que a 3ª Guerra Mundial tivesse inicio.

- Como o Nico era o aniversariante ele teve de seduzir alguém...

- Uma garota, não é? – Annabeth perguntou já sabendo que sua resposta fosse negativa.

Percy negou com a cabeça, fazendo Thalia curva-se para á frente segurando a barriga de tanto rir, Nico olhou o amigo incrédulo, ele tinha esperanças de Percy não contar sobre aquela noite, mas acabou se decepcionando.

- E como foi que o Nico seduziu um italiano? – a morena de olhos azuis perguntou divertida.

Percy abriu um enorme sorriso e respondeu:

- Sabe quando um carro passa e você faz com que ele pare? Então, desse jeito. O Nico viu o cara abaixar o vidro e se debruçou na janela e começou a falar embolado. – Percy narrou a história com uma tremenda vontade de rir. – Nós pensamos que o cara ia mandar ele se ferrar ou coisa parecida, mas para nossa total surpresa o cara saiu do carro e queria abraçar o Nico. – o moreno de olhos verdes já gargalhava a essa altura. – Não, não. O pior não foi isso mais a situação em que ele estava. – o moreno disse dando uma ênfase, maliciosa a palavra situação.

E como quem está na chuva é para se molhar, Nico completou em tom inocente.

- A culpa é minha se o cara queria o meu corpo nu?

“E que corpo!” – Thalia exclamou em pensamento olhando o tanquinho de Nico que estava descoberto, já que ele tirara a camisa depois de sair da padaria.

Depois da frase de Nico os comentários se tornaram mais intensos e até mesmo o moreno participava fazendo com que todos rissem. As gargalhadas só foram interrompidas pelo celular de Percy, tocando insistentemente no bolso de sua bermuda.

- Alô? – o moreno disse depois de respirar fundo, dezenas de vezes.

O moreno esperou um tempo e continuou.

- Pode deixar que eu já to levando. – e desligou.

Thalia e Nico o olharam esperando uma resposta, mas o moreno simplesmente disse:

- As aspirina. – somente Annabeth entendeu o que aquilo significava. – Vamos? – o moreno perguntou para todos que assentiram e o seguiram até o carro.

- Pra quê aspirinas? – Nico perguntou sentando-se no banco do passageiro.

- Para os bêbados de ressaca crônica, que estão soltando palavrões aos ventos, por causa de uma dor de cabeça. – Percy disse dando partida no carro.

- Eu estou precisando de uma. – Thalia disse passando a mão sobre a testa, como se acabasse de se lembrar de sua ressaca.

- Dois. – Nico disse e pelo retrovisor do carro, a morena o viu retorcer a cara em uma careta de dor.

Os quatro logo chegaram na farmácia e somente Percy entrou para comprar o remédio deixando os outros três para trás.

- Annie, tem dinheiro? – Thalia perguntou do nada.

- Tenho. Por quê? – a loira perguntou desconfiada.

- Me empresta para comprar uma garrafa de água? – a morena pediu com cara de cachorrinho sem dono, e Annabeth não teve como negar.

A loira tirou uma nota de cinco dólares do bolso e entregou para Thalia.

- Obrigada. – a morena respondeu pegando a nota animada.

- Pega uma garrafa para mim, também? – Nico perguntou tirando uma nota de dez dólares da carteira.

- Não. – a Grace disse e saiu andando em busca de uma garrafa de água.

- Custava alguma coisa, ela ter ido pegar uma para mim? – Nico perguntou para Annabeth revoltado, e saiu andando atrás de Thalia, deixando para trás uma Chase risonha.

...

- Thalia. Hei, Thalia me espera. – Nico disse correndo atrás da morena que andava entre algumas barracas de artesanato na orla da praia.

A morena virou-se para voz a tempo de encontrar Nico apoiado nos joelhos tentando controlar a respiração.

- O que está fazendo aqui? – Thalia perguntou e o moreno a olhou, incrédulo.

- Vim comprar uma garrafa de água, pois certa pessoa não quis me fazer esse favor. – o moreno disse endireitando-se e acompanhado-a na caminhada entre as barraquinhas.

Andaram alguns minutos em silêncio até o moreno puxar assunto.

- Então... Lembrou-se de alguma coisa?

Thalia olhou, freneticamente, para os lados em busca de algum sinal de seu irmão e involuntariamente, suspiro de alivio ao não achar nada. A morena respirou fundo e negou com a cabeça.

- Não. – ela disse simplesmente e continuou a andar.

- Nada? Nadinha? – Nico perguntou e a morena negou com a cabeça. – Nem eu. – o moreno completou com um muxoxo.

- Talvez, seja a dor de cabeça. – a Grace disse buscando uma desculpa para o bloqueio mental dos dois. Nico somente assentiu e parou em frente a uma barriquinha aonde vendia sucos, refrigerantes e água.

- Duas garrafas de água, por favor. – a mulher entregou as duas garrafas para Nico que pagou a dele, deixando que Thalia pagasse a dela.

Depois de pagar pela água Thalia estende a mão para o Di Ângelo que lhe entrega a sua garrafa e assim voltam pelo caminho que tinham feito.

- Por que você me ajudou? – a morena estava com essa martelando em sua cabeça, desde o momento em que o moreno arranjara uma desculpa para ajudá-la a se livrar do irmão.

- Quem disse que eu te ajudei? – o moreno perguntou, arqueando a sobrancelha.

- Como não? Você inventou aquela desculpa para o Percy e tudo mais. – a morena respondeu confusa, mas é claro que não deixara isso transparecer.

- Thalia, querida, se o seu irmão se quer sonhasse que você estava tirando a roupa para mim, acredite ele iria bater e muito em alguém, que por sinal atende pelo nome de Nico Di Ângelo. Conhece? – o garoto falou debochado fazendo com que Thalia rolasse os olhos.

- É verdade aquela história sobre o cara? – a morena perguntou.

- Infelizmente, sim. – Nico respondeu pensativo, como se tentando lembrar-se daquela noite. – Urgh.

- Quando eu digo que é gay. Quem me escuta? Quem? Ah claro. Ninguém. – Thalia disse debochada e gargalhou ao ver Nico fechando a cara.

O Di Ângelo a puxou pelo pulso chocando brutamente os corpos de ambos.

- Já te provei que não sou gay, mas se você quiser uma comprovação mais profunda sabe aonde procurar. – o moreno disse ainda grudado a Thalia, e por incrível que pareça ela não reagiu. – Mais acho que você já tem essa certeza. – o Di Ângelo deu uma piscadela marota e se afastou, deixando uma Thalia embabascada para trás.

Nico que estava andando na frente encontrou uma fachada familiar, e ao tentar-se lembrar de onde a conhecia lembrou-se de alguns flashes da noite anterior, mas nada que o moreno não soubesse. A Grace parou do seu lado confusa e o moreno disse:

- Achei a boate. – como se aquilo ainda tivesse alguma importância.

- Parabéns. Agora você quer uma medalha de Honra ao Mérito? – a garota perguntou sarcástica e Nico revirou os olhos.

- Fala para o Percy que eu estou indo para casa. – o moreno disse e acenou uma despedida para Thalia, que ainda o olhava, confusa.

A morena balançou a cabeça e continuou andando até a farmácia, aonde já podia se ver Percy e Annabeth os esperando.

- Cadê o Nico? – o moreno de olhos verdes perguntou desconfiado.

- Acabamos de achar a boate que estávamos ontem, e ele disse que ia para casa. – Thalia disse pegando a sacola de medicamentos da mão de seu irmão e engoliu duas pílulas com a ajuda de um grande gole de água.

- Ah. O carro dele estava lá. – Percy disse simplesmente e voltou-se para as meninas que esperavam uma decisão. – Vamos? – ele perguntou e elas assentiram.

...

Nico fora quem chegara primeiro na casa e por algum motivo divino fora impedido de entrar em casa, no inicio ele ficara confuso pela resistência de Beckendorf e Grover de o impedirem de entrar, mas essa confusão logo se dissipara quando Thalia chegou acompanhada de Percy e Annabeth.

- Onde a senhorita estava dona Thalia? – Poseidon gritou no batente da porta, antes mesmo de deixar que Thalia entrasse em casa. – E onde está o senhor Di Ângelo? – o homem estava irritadíssimo.

 Alguns “vish” e “ferrou” se fizeram audíveis e Nico soube que a situação não estava favorável para ele, e muito menos para Thalia.

Travis e Connor que já estavam na praia apontaram, descaradamente para Nico que tentava, em vão, esconder-se do Sr. Jackson.

Poseidon apontou um dedo para Nico em um sinal claro de ordem, que nesse caso era a de aproximação do moreno. Quando Nico e Thalia estavam lado a lado e Poseidon a frente deles, o homem começara o seu monologo que ensaiara quase a manhã inteira.

- Onde os senhores estavam posso saber? – o homem perguntou e levantou a mão em um claro sinal de silêncio, quando Thalia atreveu-se a abrir a bica para responder. – Ficamos muitos preocupados com o sumiço dos dois. E... – o homem disse antes de sua mulher, Sally, abrir a boca. – Apesar de já serem maiores de idade me devem satisfações sobre onde estavam e o que estavam fazendo, pois estão hospedados em minha casa o que me faz, automaticamente, responsáveis por vocês.

Thalia revirou os olhos e Nico não se atreveu a mexer um músculo.

Poseidon estava muito irritado e o Di Ângelo tinha a certeza absoluta, de que aquela situação não ficaria melhor se o Sr. Jackson descobrisse o que Thalia e ele faziam na praia tarde da noite. Por isso, não deu nenhuma brecha para que o homem descobrisse o que se passara na noite anterior.

- Ah. Pai? – Percy chamou a atenção de Poseidon que o olhou com a expressão mais suavizada. – Eles estavam na praia... – antes do moreno de olhos verdes terminar sua fala, o homem já gritava:

- Como é que é? Eles estavam juntos? E por que chegaram separados?  O que você fez com a minha filha?

- Nada que nenhum outro já não tenha feito. – era para ter sido um pensamento, mas a morena esquecera-se de fechar a boca e a frase saiu alto o suficiente para que seu pai escutasse.

- COMO É QUE É? – e de repente o gelo que sentira quando seu irmão dissera aquelas mesmas palavras, não fizeram nem cócegas perante as palavras de seu pai.

- Sr. Poseidon eu não fiz nada. Não é mesmo, Thalia? – Nico ficara mais pálido do que de costume fazendo com que uma enorme vontade de gargalhar consumisse todos que presenciavam a cena.

- Posso terminar de falar? – Percy perguntou apreensivo. Poseidon assentiu com cabeça, mas seus olhos verdes que no momento pareciam o mar revolto estavam direcionados para Nico que engoliu em seco ao ser fuzilado pelo pai de Thalia. – O Nico ajudou a Thalia a se livrar de um cara que queria abusar da minha irmã, eles fugiram correndo pela cidade e acabaram se perdendo, por isso não conseguiram voltar para casa. – o moreno de olhos verdes disse o que sabia.

Poseidon hesitou por um momento, e voltou a olhar par Nico que ainda encontrava-se encolhido em seu lugar.

- Então, você ajudou a minha filha? – o homem perguntou atônito e Nico assentiu com a cabeça. – Oh. Eu sabia que você era um bom rapaz! – Poseidon, para a surpresa de todos, gritou e abraçou Nico e Thalia pelos ombros.

- Me larga, pai. – a morena de olhos azuis elétricos pediu e Poseidon a largou, deixando-a corada. – Sim, sim ele me ajudou. Parabéns para o nosso herói, mas se você me dá licença eu preciso de um banho. E urgente. – a morena disse entrando feito um furacão em sua casa e logo sumindo da vista de todos.

Poseidon e Sally agradeceram a Nico, que logo fora bombardeado de perguntas pelos seus amigos, e ele é claro, respondia as partes que ele tinha certeza que Thalia não o mataria por dizer em voz alta.

Thalia logo voltara com um biquíni preto com um azul metálico que combinava perfeitamente com seus olhas, que estavam cobertos por óculos, estilo aviador.

A morena estendeu uma canga na areia de frente para o mar, aonde os meninos e seu pai surfavam, ou pelo menos tentavam surfar, no caso de Travis, Connor e Grover que mais caiam do que ficavam em cima da prancha.

Annabeth estava sentada em uma espreguiçadeira de frente para o mar, usava uma saída de paria branca, pois se recusara a mostrar sua barriga de agora de seis meses quase sete para os demais presentes. A loira estava lendo um livro qualquer e parecia alheia a tudo ao seu redor.

Silena logo se juntara as duas debaixo do guarda-sol, perfeitamente arrumada de cabelos e maquiagem perfeitos e um biquíni rosa choque, que combinava perfeitamente com a sua personalidade.

Thalia ergueu sua sobrancelha confusa pela aparência de sua prima.

- Por que razão, motivo e circunstância você está de maquiagem e de cabelo feito na praia? – Thalia perguntou dando ênfase na palavra praia, e por incrível que possa parecer a resposta de Silena não surpreendeu em nada a morena.

- Porque eu preciso estar perfeita em qualquer situação. – a morena disse afastando os cabelos dos ombros e abrindo um lindo e enorme sorriso, fazendo com que Thalia revirasse os olhos por baixo dos óculos.

- Cadê as meninas? – Annabeth perguntou ao notar que só tinha as três ali. Silena apontou com a cabeça o mar onde as meninas se divertiam com seus namorados.

A loira soltou um ruído de contentamento e voltou sua atenção ao livro.

- Thalia, se eu te perguntar uma coisa promete não me bater? – Silena perguntou hesitante.

A morena de olhos azuis sentou-se, tirou os óculos e analisou sua prima por um longo tempo, até responder.

- Se você uma pergunta idiota é melhor ficar calada.

- É só para me tirar uma dúvida. – a garota garantiu, e Thalia deu de ombros. – Sério, mesmo que só aconteceu aquilo entre você e o Nico?

Thalia bufou e retorceu sua expressão em uma careta de desgosto.

- Sim, ele me ajudou a gente se perdeu e fim. – a morena disse e colocou os óculos de volta, deitando-se novamente em sua canga.

- Nossa Cara de Pinheiro. Você tinha um homem daquele, bêbado, que arrasta um caminhão por você e não faz nada? Como assim? – Silena perguntou sacana e a Grace engasgou-se com a própria saliva, fazendo com que sua prima risse.

Thalia sentou-se novamente tirou os óculos, olhou para o mar e para ser mais exata, para Nico que se equilibrava perfeitamente em cima da prancha.

- Ele não é tudo isso! – a morena disse simplesmente e depois se voltou para sua prima que tinha os olhos arregalados.

- Como assim ele não é tudo isso? – a morena estava escandalizada. – Pelo amor de Deus. Nico é quase perfeito.

- Viu? Ele é quase perfeito. – a morena disse e Silena revirou os olhos.

- Primeiro ele tem um sotaque lindo, o abdômen dele é super definido, igual a pernas e braços que com certeza devem ser quentes...  – a Beauregard enumerava nos dedos.

“Você não tem noção do quanto são quentes!” – Thalia pensou consigo e deu um sorriso malicioso.

-... Viu? Ele é um sonho de consumo. – a morena finalizou e Thalia voltou a prestar atenção nela.

- Silena, se não se lembra, você tem um namorado chamado Charles Beckendorf e eu acredito que ele não ficaria muito feliz se ouvisse você falando que outro cara é sonho de consumo. – Annabeth manifestou, pois a conversa das duas tirou sua atenção do livro.

- Annie, minha querida Annie. O Charles é o meu sonho de consumo, já o Nico é o sonho de consumo da minha linda priminha Thalia.  – Silena disse e sustentou o olhar da morena de olhos azuis que estavam assustadores.

- Como o Nicolas pode ser o “meu sonho de consumo”, sendo que eu não suporto passar dois minutos com ele sem que briguemos? Hein? – Thalia perguntou em tom de superioridade e arrependeu-se de sua pergunta quando a resposta lhe fora dada.

- Simples. Essa briga de vocês é fogo reprimido.

Somente Deus e Thalia sabiam o esforço que a morena estava fazendo para não pular no pescoço de sua prima.

- Annabeth, você por acaso pode mandar essa louca calar a boca, pois o meu autocontrole está quebrado ultimamente. – a morena não recebeu nenhuma resposta, então se virou para onde sua melhor amiga estava sentada podendo assim ver Annabeth rindo por de trás do livro. – Até você, Annabeth?

- Ai, Thalia. Você vai ter de concordar que essa de fogo reprimido foi a melhor.

- Olha quem está falando, não é mesmo dona Annabeth? – Silena disse sugestivamente e enquanto Thalia ainda estava virada para a loira, a morena de olhos caramelos direcionou um olhar na direção de Percy, que naquele exato momento estava caminhado até elas.

- Você está louca, Silena querida. – a loira disse ameaçadoramente e Silena deu de ombros com um enorme sorriso.

- E aí meninas? – Percy perguntou fincando sua prancha a na areia e para secar-se se balançou de um lado para o outro arrancando gritos das três garotas.

- Você está me molhando, idiota. – Thalia gritou enfurecida. 

- Meu cabelo, Perseu. – Silena disse tentando afastar-se de seu primo.

- Meu livro, Cabeça de Algas. – Annabeth disse tentando proteger seu livro.

- Cabeça de Algas? – Silena e Thalia perguntaram ao mesmo tempo e Annabeth abanou mão em descaso.

- Longa história.

E antes que as meninas pudessem perguntar que história era aquela a atenção dos quatros fora atraída par Nico, que tinha acabado de levar um lindo caldo. O que fez Thalia e Percy gargalharem.

O moreno de olhos negros emergiu em meio as onda e saiu com a prancha de um lado do corpo, enquanto tentava se recuperar do susto.

- Di Ângelo, eu tenho que admitir que você é um ótimo surfista. – Thalia disse sarcástica e aplaudiu, fazendo com que o moreno revirasse os olhos.

- Quero ver você fazer melhor. – Nico disse e a morena abriu um enorme sorriso.

- Aposta quanto? – a Grace perguntou marota e Nico respondeu:

- Quarenta dólares.

- Prepare-se para mexer no bolso. – Percy disse quando viu sua irmã pegar a sua prancha e direcionar-se ao mar, com um sorriso vitorioso nos lábios.

Thalia entrou no mar e sorriu minimamente, a mesma se lembrava de não ser muito fã da água quando menor, mas Poseidon fez com que a morena mudasse a sua opinião sobre o mar, e agora tanto quanto para Percy e Poseidon o mar era o lugar preferido de Thalia.

Por ter sido criada por Poseidon a morena sabia surfar e muito bem, não tão bem quanto seu pai e seu irmão que pareciam seres aquáticos, enquanto estavam em cima de uma prancha, mas sabia o básico para não cair ou levar um caldo.

A garota passou a primeira onda e esperou uma segunda maior, e não se decepcionou ao ver a onda que lhe esperava. Um tubo começou a se formar e Thalia entrou nele saindo minutos depois com um enorme sorriso no rosto. Com braçadas ritmadas voltou para a parte rasa aonde seus pais a esperavam junto de seus amigos.

- Essa é minha filha! – Poseidon gritou enquanto todos aplaudiam Thalia que se curvava diante seus amigos que riam da cena.

- Ganhei quarenta dólares. – a morena disse para Nico que estava atônico, com a cena que presenciara. – Me entregue ainda hoje, de preferência. – e esbarrou, propositalmente, no ombro do moreno.

...

- Amanhã vocês têm aula? – Sally perguntou para os adolescentes que estavam deitados de qualquer jeito no chão de sua sala.

Alguns negaram com a cabeça, respondendo por todos.

Com certeza a tarde na praia rendera a todos um cansaço inexplicável, fazendo com que a preguiça reinasse na sala de vidro dos Jackson.

- Amanhã vocês trabalham? – Percy perguntou torcendo o pescoço no sofá para que pudesse ver seus pais. E ambos assentiram.

- Mas só entraremos ao meio dia, por isso vamos sair amanhã bem cedo. – Sally disse levantando-se do colo de seu marido e dirigindo-se a escada. – Deixem tudo pronto. Está bem? – a mulher deu o último aviso antes de subir para dormir.

Poseidon logo se juntou a sua esposa, e logo depois Maria também de recolheu, deixando assim a sala cheia de jovens.

- Annie? – Thalia chamou do sofá da ponta.

- Fala. – Annabeth respondeu do sofá do outro extremo da sala.

- Quando foi que seus tios foram embora? –a morena perguntou.

- Hoje bem cedo.

- Afrodite foi junto? – a morena perguntou e recebeu alguns pedidos de silêncio que foram totalmente ignorados.

- Foi. – a loira respondeu.

- Calem a boca, eu quero dormir. – Travis disse e recebeu algumas almofadas em resposta.

- Vai para seu quarto. – Percy disse e o garoto de levantou cambaleante e subiu as escadas sendo acompanhado de Katie.

E assim foi, subiam de um em um e quando a sala só tinha Percy, Thalia e Annabeth os três resolveram subir juntos. Já no terceiro deram boa noite uns aos outros e entraram em seus respectivos quartos.

Mas cerca de dez minutos depois Percy tentava passar clandestinamente de seu quarto para o quarto de Annabeth e para a total surpresa do morena a loira havia deixando a porta de seu quarto, encostada, fato que Percy interpretou como um convite, mas assim que o moreno entrou no quarto da loira esbarrou em uma das malas dela fazendo um enorme barulho ecoar na casa silenciosa.

- Percy? – a voz de Annabeth preencheu o quarto e o moreno sorriu ao perceber que a mesma estava sonolenta.

- Te acordei? – o garoto perguntou preocupado.

- Não, mas o que você está fazendo aqui? – a loira perguntou tentando enxergar o garoto na escuridão.

- Eu disse que viria dormir aqui, eu costumo cumprir as minhas promessas. – o moreno disse e Annabeth agradeceu mentalmente por estar escuro, pois o sorriso que estampava seu rosto afirmava que ela estava gostando da presença do moreno.

- Percy, pelo que eu saiba amigos não dormem na mesma cama. – Annabeth disse fazendo charme.

- Claro que dormem. Eu já dormi na mesma cama que a Thalia... – “quando eu tinha seis meses de idade, mas dormi.” o moreno completou mentalmente. – Posso me deitar? – ele perguntou já ao pé da cama de Annabeth.

A loira fez um barulho de concordância. Percy deitou-se, ao lado da loira que ficou de barriga para cima dando uma visão privilegiada a Percy de seu perfil. O nariz levemente arrebitado, os lábios rosados, carnudos que ao mesmo tempo finos. O que criava uma contradição tentadora aos olhos de Percy. Os cabelos levemente caindo em seus olhos, que o moreno de tempo em tempo fazia questão de afastar, e por fim os olhos cinza nebulosos que brilhavam graças à luz da lua que entrava pela fresta da cortina.

- Ele se movimenta demais. – Annabeth disse quebrando o silêncio ao acariciar sua barriga, aonde seu filho lhe dava alguns pontapés.

Percy colou sua mão a de Annabeth, na intenção de sentir os chutes de Peter, que por alguma razão desconhecida se tronaram mais intensos.

- Acho que ele gosta de você. – Annabeth disse e Percy sorriu.

- Eu li que os gostos dos bebês são adquiridos da mãe. – o moreno disse e Annabeth corou, mas respondeu.

- Talvez, seja isso.

Percy estava pronto para responder quando bateram na porta de Annabeth.

- Annie, você está bem? – era a Thalia e a mesma parecia preocupada.

- Estou. Por quê? – a loira respondeu um pouco mais alto.

- E ouvi um barulho vindo do seu quarto e fiquei preocupada.

- Obrigada pela preocupação, Tha. Mas foi só um livro que caiu no chão. – Annabeth respondeu e Percy riu ao seu lado, fazendo com que a loira lhe mandasse um olhar sugestivo.

- Então, tudo bem. Qualquer coisa pode me gritar. – Thalia disse.

- Pode deixar. Boa noite, Tha.

- Boa noite. – e logo depois fora possível ouvir passos pesados se afastarem da porta.

- Vamos dormir? – Annabeth perguntou e Percy assentiu.

- Mas antes eu quero o meu beijo de boa noite.

Annabeth sorriu e beijou a sua testa, o moreno fez um biquinho e disse com a voz manhosa.

- Você errou o lugar. – Annabeth riu e beijou a ponta de seu nariz. – Errou de novo. – e então a loira lhe dera um selinho que o rapaz fez questão de aprofundar o tornando em um beijo quente e intenso, fazendo com que o fôlego acabasse em questão de segundos.

- Boa noite, Sabidinha.

- Boa noite, Cabeça de Algas.

E assim os dois caíram no sono.

...

Thalia perdera o sono depois de ouvir o barulho no quarto de Annabeth, por isso depois de se certificar que a amiga estava bem ela desceu até a sala, mas antes que pudesse liga a TV ouviu um barulho de água vindo da cozinha, então andou cautelosamente até o cômodo aonde encontrou nada mais nada menos do que Nico Di Ângelo.

- Está muito calor. – o moreno murmurou desconhecendo a presença da morena, já que estava de costas para a mesma.

E aquela simples frase foi como um estopim para as memórias que Thalia tanto queria recordar se fizessem presentes.

Flashbacks.

Thalia tirou o vestido e o jogou no rosto de Nico, que ainda estava atônico pela cena, por isso demorara, para tirar a peça de seu rosto e quando o fez, pode ver Thalia o chamando com o dedo indicador.

O moreno logo se levantou ficando cara a cara com Thalia, a morena correu sua mão pelo abdômen ainda coberto de Nico parando na barra da camiseta do moreno, que estava louco para arrancar aquela peça que não o deixava sentir as mãos macias de Thalia em sua pele febril.

A garota logo tirou a peça de roupa e desceu novamente as mãos pelos músculos de Nico que arquejou com o contanto. A morena começou a brincar com a barra da bermuda do moreno que a olhou em busca de piedade.

- Se está com calor... – a morena fez uma pausa e se aproximou do ouvido do garoto. – Se refresca no mar. – e se afastou deixando Nico completamente confuso.

Thalia correu até o mar e mergulhou sumindo da vista de Nico, que somente minutos depois entendeu o que a morena lhe fizera. Ela brincara com ele, o iludira para no último minuto dar para trás.

- Thalia, você não pode fazer isso comigo. – o garoto gritou e viu Thalia reaparecer em meio as ondas.

- Tanto posso, quanto fiz. – a morena gritou e Nico balançou a cabeça e caminhou até a água querendo que a mesma mudasse a “situação’’ em que se encontrava, o moreno agradeceu mentalmente pela água estar gelada.

Os dois ficaram na água por um tempo, cada um seu canto, cada um com seus pensamentos. Nico fora o primeiro a sair, ele deitou-se próximo algumas rochas e acabou adormecendo.

Thalia demorara em pouco mais na água e quando voltou para a areia encontrou Nico adormecido próximo as rochas, o calor que antes se fazia presente entre os dois deu lugar ao frio, já que a água gelada e o vento não colaboravam para que Thalia mantesse a temperatura de seu corpo, por isso aproximou-se de Nico e deitou-se ao seu lado. Mas alguns minutos depois os braços quentes do moreno a estava rodeando a mantendo quente e agradecida.

Flashbacks.

Thalia respirou aliviada ao saber que não tinha acontecido nada entre ela e Nico, mas ao mesmo tempo sentia-se culpada, pois querendo ou não tinha brincado com o Di Ângelo e por mais repugnante que o garoto fosse ninguém merecia receber tal tratamento.

- Está com calor? Se refresca no mar.- Thalia disse assustando Nico.

- Que me matar do cora... – o garoto não terminou sua frase, pois os flashes da noite anterior o tinham atingido.

- Se lembrou do que aconteceu ontem? – Thalia perguntou fingindo-se de inocente, mas essa expressão logo morre ao ver a cara de ódio que Nico fazia naquele exato momento.

- Sim me lembrei, e me lembrei que você me fez de idiota.

- Não querido Nico, eu não te fiz de idiota porque isso você já é, mas eu te fiz de trouxa. – Thalia disse ácida e Nico se aproximou em passos lentos parando frente a frente com a garota.

- Sabe qual é o seu problema? – Nico perguntou, mas não deu tempo de Thalia responder. – Você diz que os outros são infantis, mas algumas atitudes sua são mais infantis dos que as de algumas crianças de dez anos. – o moreno se afastou bebeu seu suco de uva, enquanto Thalia ainda estava repassando as palavras que o garoto jogara em sua cara.

Ela era infantil? Talvez. Mas por que ele disse isso?

“Talvez, o fato de você ter começado uma coisa e por pura pirraça não terminara.” – a consciência de Thalia respondeu e a morena caiu em si.

- Está falando isso, por que não conseguiu ficar comigo.

- Não, Thalia. Eu estou dizendo isso por que é você quem me quer. – o moreno disse. – Senão, não teria começado aquela “brincadeira”, ou pelo menos teria ido até o final. Mas acredite no que eu vou dizer. Você vai ceder mais cedo ou mais tarde. Mas você vai ceder.

E com essa última frase o moreno subiu as escadas que levavam até os quartos.