American Idiot escrita por Adrenaline Earthquake


Capítulo 4
Boulevard Of Broken Dreams


Notas iniciais do capítulo

OOOOOOOOOOI!
Ouvir TBP me inspirou, não sei por que.
E quando eu tenho muitas ideias, meus dedos coçam pra eu postar logo, portanto, aqui estou eu.
(Vocês devem estar felizes com isso, né. E eu também, afinal, é menos um motivo pras pessoas me xingarem...)
Anyways, vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=tijW_SrCoxs
Enjoy!



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Andamos por um longo caminho. Era uma estrada na parte mais deserta da cidade, longe de toda a agitação que vimos poucos minutos antes. Era como se estivéssemos andando pela cidade de Nova York e, subitamente, começássemos a andar pelas ruas calmas e tranquilas do interior do Tenessee. Dentro de minha cabeça, um grupo de frases martelava toda vez que eu dava um passo:

Eu ando em uma estrada solitária, a única que eu conheço. Não sei até onde vai, mas é um lar para mim e eu ando sozinho.

Balancei a cabeça. Não fazia sentido. Bob e Ray estavam do meu lado, como eu poderia estar andando sozinho?!

Não... Eles estão do meu lado, mas eu sinto que estou sozinho.

... Meu corpo não está sozinho... Mas minha alma está.

Eu sentia como se a única coisa que andasse do meu lado era a minha sombra, enquanto os batimentos de meu coração superficial fossem o único som que eu ouvisse.

Sim, digo coração superficial. Já faz séculos que deixei de sentir qualquer coisa, desde afeição até amor. Sei que não devia fazer isso, mas Bob e Ray se encaixam nisso. Não tenho certeza sobre meus sentimentos para com esses dois. Sei que são legais e tudo o mais, mas até agora não sei dizer se são meus amigos, colegas ou até mesmo conhecidos.

Às vezes eu sinto que eu precisava de alguém ao meu lado, entende? Para andar comigo nessa estrada solitária. E quando eu digo “estrada solitária”, não me refiro só à avenida que estamos andando, mas sim a estrada da vida.

–Essa cidade me assusta. – comentou Bob. Bufei em impaciência e não respondi. Se eu abrisse a boca para responder, minha educação (que não é tanta assim) escorreria toda por água abaixo e, bom, eu não estava com ânimo para discutir.

Muito menos com Bob.

Além do mais, veja só o tamanho do homem! Vê se pode um cara daquele tamanho ficar com medinho de uma rua deserta! Pelo amor de deus.

Aos poucos, algumas pessoas e casas pobres começaram a aparecer. Todas elas possuíam um ar infeliz e/ou estranho, como se algo faltasse em suas vidas.

–A-a-aonde estamos? – gaguejou Bob.

–Não sei... – murmurei, roucamente. Ele franziu a testa, mas não fez comentários. Provavelmente notou que eu estava muito concentrado nos meus próprios pensamentos para poder responder direito.

Andamos por mais um tempo que pareceram ser horas. Não sei ao certo. Em um ponto de nossa caminhada, Ray apontou para o lado e vimos uma... Bom... Não sei ao certo o que era. Parecia uma casa, mas a porta aberta era como a de uma garagem. Dentro da pequena casinha, estavam três homens. O primeiro era baixinho, tinha os cabelos espetados e negros e olhos de um verde hipnotizante. Vestia uma blusa, uma gravata um casaco, calças compridas e sapatos negros um pouco empoeirados. Segurava uma guitarra e cantava na frente de um microfone. O outro homem era loiro, tinha olhos azuis. Apesar da cara séria, parecia ser um homem divertido. Vestia praticamente a mesma coisa que o primeiro, a única coisa que mudava era a cor da calça, que era cor de creme. Em suas mãos, estava um baixo. O último homem era o mais esquisito de todos. Vestia um casaco marrom com uma blusa branca, calça comprida e sapatos. Sentava-se atrás de uma bateria e, em suas mãos, encontravam-se um par de baquetas que ele batia com vontade na sua bateria.

Levantei uma de minhas sobrancelhas ao passar por esse grupo particularmente estranho. Aproximei-me cautelosamente, tentando ouvir o que eles diziam:

I'm walking down the line that divides me somewhere in my mind on the borderline of the edge and where I walk alone…

Franzi a testa.

–Ei! – chamei a atenção do pequeno grupo. Eles olharam em minha direção, sem parar de tocar, com expressões entediadas – Quem são vocês?

–Não importa quem somos... – respondeu o primeiro homem. Sua voz era agradável de ouvir e ele cantava bem.

Desculpe, muito bem.

–Er, pelo menos pode nos dizer onde estamos? – perguntou Ray, com a voz um pouco receosa.

O primeiro homem olhou em volta.

–Não há nome para esse lugar, mas o chamam de Avenida dos Sonhos Quebrados.

Assenti lentamente. Esse nome fazia sentido.

–Como saímos daqui? – indaguei. O homem loiro sorriu e olhou divertidamente para o companheiro da bateria e, após isso, disse:

–Siga seu coração.

–Meu coração é superficial. – repliquei.

–Melhor ainda! – disse o homem da bateria – Então siga seu coração e ele te dirá como sair daqui!

Franzi a testa. Não fazia sentido. O vocalista da pequena banda sorriu amigavelmente e disse:

–Se tem uma coisa que você precisa entender, garoto, é que o nosso coração é como um radar de amor. Ele capta qualquer onda de amor e nos faz ir até ela, mas nossos olhos são cegos demais para percebê-las. Quantas vezes você já se aproximou demais de uma pessoa, acabou se afastando depois de um tempo e se arrependeu de tê-la deixado? Pelo seu olhar, aposto que já fez isso várias vezes. É porque seu coração, sedento por amor, foi até a pessoa mais próxima, e essa pessoa era a que você deixou para trás. – o homem pôs a mão no meu ombro – Acredite em mim, seu coração superficial vai achar o caminho para fora daqui e acredito que sua vida vá melhorar muito depois disso.

Assenti, incerto do meu entendimento daquilo tudo. Eu já ia me afastando quando girei em meus calcanhares e corri para perto do trio novamente.

–Espera! Por que vocês não podem nos dizer os seus nomes?

Os três suspiraram.

–Mike. – disse o baixista.

–Tré. – disse o baterista.

–Billie. – respondeu o vocalista, com um sorrisinho enigmático – Adeus, garotos. – dito isso, a porta foi se fechando lentamente.

Eu, Bob e Ray nos entreolhamos.

–Que. Porra. Foi. Essa? – disse Ray, pausadamente.

–Boa pergunta... – murmurou Bob – Não fez o menor sentido.

–Fez sim. – repliquei – Talvez vocês não tenham notado, mas fez sentido sim.

–Fez?

–Fez. Agora vamos embora.

–Espera aí! Conta qual foi a daquele papo que você e o tiozinho...

–Billie. – corrigi-o.

–Que seja! – disse ele, exasperado – Que você e o Billie tiveram!

–Não é nada, Robert. Deixa pra lá...

Ele continuou protestando, mas eu já não dava mais ouvidos. Eu tinha muita coisa pra pensar durante esse nosso percurso.

–Vamos por ali. – apontei para uma pequena alameda à nossa direita.

–Ali?! Mas é obscuro!

–Meu filho, você vive na 7-11. Quer algo mais obscuro que aquilo?!

–Hm, você está certo. – disse Ray, resignado – Vamos logo. – ele suspirou fundo antes de dar alguns passos incertos até a rua para a qual eu apontei.


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Notas finais do capítulo

Uhn... Ficou... Profundo '------'
Espero que tenham entendido a ideia que eu quis passar sobre o "coração". Creio que tenha ficado um pouquinho enrolado.
Oh well.
Esqueci de fazer um pequeno comentário: em Holiday, tem a palavra "Sieg Heil". Sieg Heil é uma expressão alemã que significa "Salve Vitória". Foi usada principalmente pelos nazistas, como um modo de saudar a guerra e enfatizar a morte dos inimigos, dizendo que a seleção natural agiria sobre todos, ou seja, os mais fortes sobreviveriam e os mais fracos morreriam.
(Adrenaline também é cultura, 2bj)
Bom... Beijos.