American Idiot escrita por Adrenaline Earthquake


Capítulo 3
Holiday


Notas iniciais do capítulo

Correndo pra postar em TODAS as minhas fics, já que eu atrasei TUDO na minha vida. Mil desculpas.
Enfim, vídeo de Holiday: http://www.youtube.com/watch?v=9iJayMaUGrk
Algumas partes não combinam muito com a música, sorry. Mas eu tive que deixar assim pra não ficar muito estranha a narrativa.
Enjoy!



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Com o carro, passei mais uma vez no estacionamento da 7-11 e peguei Bob e Ray. Os dois não haviam saído de lá e Bob continuava tentando sair. Ajudei Ray a levar Bob até o carro, jogando-o na parte traseira. Ray ficou atrás também, para mantê-lo dentro do automóvel. Eu fui para trás do volante, dei a partida e dirigi até a Cidade.

Nós três conversávamos, ríamos e bebíamos algumas garrafas que compramos em postos de gasolina no caminho. As palavras que saíam de nossas bocas eram extremamente sem sentido. Mas nós não nos importávamos. Estávamos felizes assim.

-Ouça o som da chuva caindo como as chamas de um armagedom! – disse Ray. Mais uma vez, era uma frase sem sentido, considerando que não havia chuva alguma – A vergonha dos que morreram sem nome!

-Ouça os cães uivando fora de tom em um hino chamado “fé e miséria”!

-A COMPANHIA PERDEU A GUERRA HOJE! HAHAHAHA!

Depois que eu comecei a recapitular tudo o que havíamos falado, eu consegui achar alguma ligação, por mais incrível que pareça. Não sei... Nossas falas possuíam um quê de censura contra o governo... Ou, talvez, eu esteja ficando louco.

Começamos a dirigir entre ruas movimentadas, claras e confusas. Pessoas andavam sem rumo, pensando em como suas vidas eram estressantes. Crianças andavam em fileiras, uniformizadas, em direção a uma escola. Expressões vazias, cabelos iguais e roupas iguais. Algumas conversavam enquanto mostravam uns aos outros seus iPhones, iPods, iPads, quaisquer iMerdas que você consiga (ou não) pensar. Franzi a testa. Elas pareciam ter... Uns sete, oito anos. No máximo nove. E estavam ali, brincando com produtos eletrônicos caríssimos? Onde foram parar as bonecas, as Barbies, as Pollys, os Max Steels, os Hot Weels?

Minha visão se conteve em um grupo de mulheres em fila indiana na outra rua. Vestiam vestidos curtíssimos e apertados, camadas de maquiagem forte e sapatos de salto alto. Prostitutas, provavelmente, pensei. E estava certo. Volta e meia, um carro parava para conversar com as mulheres superproduzidas. Esses carros eram todos chiques: Mercedes, BMW... Todos esses carros caríssimos que, se eu quisesse comprar aquilo, gastaria até minha alma.

O mais engraçado disso tudo era que, bastava olhar para o outro lado da rua, era possível ver mendigos sentados nas calçadas das ruas, sujos, com uma cara triste, pedindo dinheiro. O que os riquinhos faziam? Ignoravam, é óbvio. Pra que olhar para a ralé quando temos pares de peitos e bundas enfileirados ao nosso dispor?

O mundo está todo bem, diz o governo.

Não há mais pobreza nas cidades, diz a TV.

Pois é, e eu permaneço aqui, implorando para sonhar e discordar dessas mentiras vazias. Esse é o amanhecer do resto das nossas vidas no feriado.

Enquanto isso, Bob e Ray continuavam ao meu lado, rindo.

-Ouça o som dos tambores batendo fora do ritmo! – disse ele, rindo – Outro protestante cruzou a linha para achar o dinheiro do outro lado!

Eu já ignorava todas essas frases. Estava concentrado demais no mundo novo ao meu redor. Um carro transportando um grupo de soldados passou ao meu lado. Isso me lembrava as imagens que passavam na TV, de todos aqueles soldados lutando pela própria vida, supostamente “pela América”. Era como uma bandeira envolvendo um grupo de homens, uma mordaça, sem permitir que eles se libertem, façam e falem o que bem entendem.

Bob, que estava vermelho por causa do álcool, virou para um lado e vomitou. Torci o nariz e falei:

-Acho melhor a gente sair do carro até ele terminar, Ray.

-Concordo. – disse ele, ficando um pouco mais normal do que antes. Paramos o carro e estacionamos perto do meio-fio. Saímos do carro e demos uma sacola plástica para Bob terminar de vomitar. Enquanto aguardava, vi atrás de mim uma loja de eletrônicos. Na vitrine, haviam várias televisões, todas passando a mesma coisa: o jornal. A atual notícia era sobre uma pessoa que dava um discurso para milhões de pessoas à sua frente. Havia um homem de meia-idade, de pé, falando no microfone preso ao púlpito, enquanto uma multidão estava lá, aplaudindo feito louca.

-Sieg Hail para o presidente Gasman! – o presidente dos Estados Unidos apareceu ao seu lado, sorrindo e acenando para a multidão – Jogar bombas é a sua punição. Pulverize as Torres Eiffel que criticaram o seu governo! Bang, bang, faz o vidro quebrado e mate todas as bichas que não concordam! Julgado pelo fogo, ateando fogo.

Não era isso que eu queria para mim.

-E por quê? – continuou o homem – Porque nós somos foras da lei!

A multidão toda aplaudiu fervorosamente. Mal eles sabiam do que se tratava tudo aquilo. Revirei os olhos. Era simplesmente patético.

Essa era a nossa vida no feriado.

-Já acabou aí, nojento? – perguntei, me virando para Bob. Estava decidido a não ouvir mais uma palavra daquele discurso.

-Já... – murmurou ele, fracamente.

-Quer comprar uma escova e uma pasta de dentes para tirar o gosto?

-Acho que seria uma boa ideia... – respondeu Bob.

-Tem uma farmácia ali. – disse Ray, apontando para a esquerda e mostrando a tal farmácia. Fui até lá, peguei a escova e a pasta de dentes e falei com a mocinha de cabelos cor de mel que estava atendendo na hora.

-Olá. – abri meu sorriso mais encantador.

-O-o-oi... – gaguejou ela, um pouco desconcertada. Vi ela balançar a cabeça e tremer um pouco – É... É só isso que v-v-você quer?

-Ah, é sim! Mas o problema é que eu estou meio que sem dinheiro para pagar... – suspirei profundamente e abri meu olhar mais triste do mundo, contando com a sorte para me ajudar. E funcionou.

-Own... Não tem problema, não precisa pagar. – ela abriu um sorriso piedoso.

-Obrigado mesmo, Srta... Melany. – falei, olhando para o pequeno crachá preso em sua blusa. Ela corou fortemente e me entregou os produtos. Saí, ainda com o sorriso encantador, que só desfiz ao cruzar a rua e entregar tudo para Bob.

-Obrigado, Franks.

-Por nada. Anda, escova os dentes e vamos embora.

Esperamos mais uns cinco minutos antes de irmos.

O problema é que minha mãe não mandava aquele carro para o conserto já fazia cinco meses. Junte isso com a minha sorte inigualável e você poderá imaginar o que aconteceu:

O carro quebrou.

-Er... Franks? O carro tá parando?

-... Sei lá. Está?

-Er... Está sim... – comentou Ray, que, dessa vez, dirigiu.

-Vai ver é porque você está fazendo isso errado. – repliquei ironicamente.

-Eu estou falando sério, ô idiota. O carro tá parando.

-Não, sério, Franks. Ele está parando mesmo. – comentou Bob.

Bufei.

-Era só o que faltava... Mas agora nós estamos na parte mais deserta da cidade! Não podemos parar aqui! – disse Ray.

-Não, vamos parar aonde? No inferno?

-Frank, é sério. – disse ele, com um certo tremor na voz – A gente vai morrer!

-Raymond Toro, você vive na 7-11, junto com todos os punks, e vai ficar com medo DAQUI?! Ah, vai pra porra, Ray!

-É diferente... – replicou ele – A Cidade é bem mais cruel o que a nossa Jingletown.

-Não acredito que seja tão diferente. Vamos. – falei, abrindo a porta do carro e saindo – Temos que dar um jeito de arranjar um lugar para ficar por hoje.


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Notas finais do capítulo

Próximo é Boulevard. E nem pensem em me apressar, se não, apanham.
(Mentira -q)
Anyways... Beijo.