Everybody Loves The Marauders III escrita por N_blackie


Capítulo 4
Episode III




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Episode III

“Stalker”

Narrado por: Remus Lupin

Camiseta do Dia: The Walking Nerd

Ouvindo: Angels and Airwaves – The Adventure

“Você estava falando sério?” Pete agachou ao meu lado, e levantei a mão para fazê-lo ficar quieto um segundo. Desde aquele dia na biblioteca o flash cor de rosa não saia da minha cabeça, e algo me dizia que seria interessante descobrir o que tinha originado a distração toda.

As duas primeiras semanas de aula, até então, haviam sido tão chatas quanto comuns. Quero dizer, claro, tão comuns quanto se consegue ser considerando que somos nós quem fazemos parte delas. James estava obcecado pelo projeto dele para a Feira de Ciências, e eu particularmente concordo com Sirius quando ele diz que essa regressão dele se deve majoritariamente a ausência de uma presença ruiva feminina de olhos verdes em sua vida. Por outro lado, também concordo com Pete. James sempre foi assim.

Peter, já que estamos falando nele, está mais conectado do que nunca. Para dizer a verdade, acho que nenhum de nós tem tanto motivo para estar online 99% do tempo quanto ele, e isso o estava deixando meio... Fofoqueiro?

“Rem, você sabia que Hilary pintou o cabelo por causa do Sirius? Você acha que eles vão voltar?” Pete começou a sussurrar, me desconcentrando totalmente do meu objetivo, que era stalkear a procura do flash cor de rosa. Abanei a mão e o ouvi puxando a mochila mais pra perto. “E sabia que Fergie ficou meio com ciúme? Achei que ela não estava interessada nele, mas pelo visto não é bem assim. Será que ela vai pedir pra ficar com Sirius também? Espero que não, vai ser bem desagradável pra você, né. Anda com elas o tempo inteiro-“

“Cala a boca, Pete.” Sibilei, e por mais pessoas aleatórias que passassem naquele corredor àquela hora, ninguém parecia anormal. Nem uma mochila cor de rosa, nem uma roupa, nada! Senti o celular vibrar no bolso, e peguei-o com frustração. Era Dorcas.

“Está sozinho?” Ela perguntou, e notei que havia um quê de preocupação na voz dela.

“Não, Pete.” Revire os olhos. “Mas já estou arrependido de ter chamado ele.”

“Não, ele é perfeito! Passa o telefone pra ele.”

“Hã?”

“Passa o telefone, Rem!”

Mais bravo do que quando peguei o celular, entreguei o aparelho para Peter, que estralou os dedos antes de enfiar o meu precioso nos ouvidos. Imediatamente, ele começou a fuçar nos bolsos, na mochila, e onde podia estar, e tirou o celular freneticamente. Irritado, decidi que não queria saber que fofoquinhas os dois tinham entre si, e continuei minha vigilância para procurar o meu flash cor de rosa.

“Remus.” Pete chamou, e continuei ignorando. De repente, como se o universo estivesse me recompensando pelo incômodo que já estava sentindo na bunda por ficar tanto tempo agachado, virou a curva do corredor uma garota, que apesar de não ter os cabelos cor de rosa, os tinha roxos. Ela devia saber quem era a dona (ou o dono, preciso começar a considerar essa possibilidade) do objeto ou parte do corpo cor de rosa.

“Remus.” Pete repetiu, e comecei a recolher minhas coisas. O que quer que ele estivesse querendo me dizer era infinitamente menos importante do que a descoberta que eu estava para fazer. Era um pequeno passo para mim, mas um grande passo para a investigação.

“Remus, é sério.” Ele segurou a minha manga, e antes que eu pudesse me desvencilhar, a moça de roxo passou por nós e subiu as escadas, escapando a minha visão. Soltei um som muito parecido com um wookie.

“O que você quer? Não tá vendo que perdi a garota de vista, seu imbecil?”

“Olha.” Ele me passou o celular, e outro flash cor de rosa, dessa vez num tom bem mais familiar, me recepcionou. A url conhecida me causou um arrepio na espinha, mas não tanto quanto a foto de Emmeline que biquíni que estampava o primeiro post.

Eu me lembrava de quanto essa foto tinha sido tirada. Foi um fim de semana que eu, ela, Hil, e Fergie tínhamos decido para a praia, e ela tirou a foto toda feliz porque finalmente tinha feito sol o suficiente para conseguir pegar algum bronzeado. Como SF tinha conseguido essa foto era um mistério. Nem eu tinha uma cópia!

Mistério Resolvido! Até Emme Vance tem CELULITE!

O título da postagem era acompanhado de uma versão ampliada na foto, bem nas coxas de Emme, e vários círculos em cores berrantes, mostrando imperfeições na pele dela. A fúria subiu nas minhas veias, e a imagem da cara que Emme faria quando visse aquilo – se é que já não tinha visto – me fez querer encontrar essa garota e enfiar o celular pela garganta dela.

“Rem? Onde você vai?” Peter começou a correr atrás de mim, mas já não estava mais prestando atenção. Precisava chegar até Sirius e dar um jeito de tirar aquela postagem do ar. Se Emme a visse... Céus, eu não sabia o que fazer.

Quando virei a esquina em direção ao auditório, entretanto, percebi que era tarde demais. Nos corredores, aqui e ali, podia ouvir os apitos e alertas dos celulares, e podia escutar os cochichos maldosos que todo mundo, que com certeza morria de inveja de Emme, soltava para censurá-la por não ser uma boneca de porcelana. Dorcas vinha na minha direção correndo, e Marlene e Lily a seguiam, cada uma com o celular em mãos tentando encontrar Emmeline.

“Onde ela está?” Perguntei, e Lily apertou o celular apreensiva.

“Não sei, estamos tentando de tudo! Depois do ensaio ela evaporou!”

“Essa SF vai se ver comigo se Emme sofrer por isso, entendeu?” Marlene estava mais brava do que eu me lembrava de tê-la visto. “Quem ela pensa que é pra roubar essa foto e tratar desse jeito? Garota cretina, eu vou acabar com ela!”

“Viu Sirius no teatro?” Perguntei, e Lene negou com a cabeça.

“Não fui chamada pra audição ainda, mas eu já mandei duas mensagens pra ele. Sirius vai entrar na rede dela e aí vamos ver quem consegue pegar fotos de quem! Vamos descobrir de uma vez quem é essa garota covarde que se esconde atrás desse site brega!”

“Rem, você deve saber onde ela iria pra se esconder.” Dorcas insistiu, e tive de parabeniza-la por dentro, porque ela realmente estava preocupada e furiosa o suficiente pra deixar de lado os ciúmes que tinha da minha relação com Emmeline. Comecei a pensar em todos os lugares nos quais nos encontramos, e uma ideia me fez começar a marchar em direção à sala do grupo de história.

“Lupin, nossa reunião é amanhã- “Charlie desceu de seu trono de papelão, e o ultrapassei sem dó nenhuma, ignorando os chamados dele para saber o que tinha acontecido. Chuck tinha aula de violoncelo à tarde, então havia uma janela de uma hora na qual ele não estava na sala. Justamente a hora passada.

Passei pelos restos da nossa linha do tempo viva do semestre passado – e fiquei impressionado da minha maquete de Roma ainda estar intacta – e cheguei ao closet. A porta estava entreaberta.

Abri o mais gentilmente que a minha ansiedade permitiu, e foi com alívio que vi Emme ali, abraçando os próprios joelhos e chorando enquanto tentava retocar a maquiagem com um espelhinho de mão. Ajoelhei ao lado dela e ouvi os passos dos meus amigos que me acompanhavam parar, nos dando espaço para conversar.

“Ei.” Fiz um carinho no joelho dela, e Emme baixou o espelho. Ela ainda tinha os mesmos cabelos sedosos e escovados com capricho, e o mesmo rosto elegante e delicado que a faziam parecer uma barbie, mas seus olhos estavam inchados e vermelhos, escorrendo uma gosma preta que acho que costumava ser um delineador.

“Tenho uns lencinhos aqui, mas eles não tiram maquiagem, desculpa.” Brinquei, e ela deu uma risada fraca. “Nós vamos pegar essa garota, não se preocupe.”

“Q-quem é ela? Como conseguiu a foto?” Emme secou mais algumas lágrimas que desceram, e balancei a cabeça, frustrado por não poder ajuda-la mais.

“A gente vai descobrir.” Prometi.

Narrado por: Peter Pettigrew

Primeira Impressão: Dessa vez a SF pegou pesado

Ouvindo: O climão de fora do armário onde Remus se enfiou

Tem poucas coisas mais desconfortáveis do que levar uma portada de armário na cara, especialmente quando dentro tem uma boa fofoca. Não que eu esteja tão por dentro assim da vida dos outros, claro, mas tem certas informações que, não sei, interessam um pouquinho. Rem simplesmente se enfiou naquele closet, e tive de ficar do lado de fora num anticlímax completo com a nossa horda enfurecida de amigos que na verdade não podia fazer nada.

Olhei no relógio, meio desconfortável, e Marlene começou a bater o pé no chão. “Será que podemos pelo menos perguntar se tá tudo bem?” Ela resmungou, e concordei em silêncio com a cabeça. Lily, que também tinha se metido na nossa revolta coletiva, a impediu de chegar perto do armário, e desisti totalmente de ter alguma notícia boa até algum tempo.

Meu celular vibrou rapidinho, e puxei o bendito para me salvar de ficar encarando as garotas com cara de paisagem um pouco. James queria saber o que estava acontecendo, e mentalmente agradeci por ele estar numa dieta sem blog da SF temporariamente, porque se tivesse visto a nova dela provavelmente estaria me ligando para gritar. Respondi que diria depois, num ambiente controlado, mas falei que Emme estava meio chateada e fomos ajudar.

Charlie, o cara bizarro que controla o grupo de história, ainda nos olhava confuso, o que significa muita coisa considerando que ele estava usando uma capa de feltro velho e uma coroa do Burger King rabiscada com o nome dele.

A porta do closet se abriu lentamente, e Remus saiu trazendo Emmeline pela mão. Ela tava bem amassada de chorar, mas ele parecia confiante por algum motivo. Marlene e Lily correram para ajudá-la, e ela ficou sussurrando com as duas por um tempo. Dorcas chegou junto delas pouco depois, me deixando sozinho com Rem.

“Espero que não tenha feito nenhuma promessa maluca e impossível pra ela.” Comentei discretamente, sabendo que Remus era bem do tipo que prometeria, sei lá, entregar a SF pra M16 ou algo assim. Ele franziu a testa, como se eu tivesse feito uma consideração sem motivo ou algo assim. Francamente.

“Claro que não, eu nunca faço promessas impossíveis.”

Tive de me controlar para não rir na cara dele. Sério? Cheguei mais perto de Remus e estiquei o pescoço para ficar mais perto da orelha dele.

“Já achou o admirador secreto dela? Você prometeu. No começo do ano.”

“Pare de besteira, estou no processo de encontrar.”

Viu o que eu quis dizer? Ele está nesse “processo” há meses. MESES.

“James perguntou o que estávamos fazendo.” Mudei de assunto antes que arrancasse o rosto de indignação.

“Ele deve ter visto Lily saindo com raiva do ensaio, hoje tinha treino.” Ele trocou o peso de um pé pro outro, e eu podia dizer que ele não estava prestando atenção em mim.

“Bom, eu não disse nada.”

“Porque?”

“Pode prestar atenção em mim, por favor?” Balancei a mão na frente do rosto dele. “James perguntou. James! Não combinamos de não falar na SF na frente dele?”

“Combinamos?”

Rolei os olhos. Charlie começou a ficar inquieto, provavelmente porque ele nunca teve tanta gente dentro daquela sala, e Remus decidiu nos levar pra fora.

O corredor estava vario, claro, e as meninas ainda estavam juntas falando mal de quem quer que fosse essa SF. Eu, que tinha uma ligação marcada com Zoe, olhei pro relógio pelo menos umas duas vezes. Não sabia se na etiqueta dizia alguma coisa sobre o horário mais educado de sair no caso de um escândalo pessoal sobre celulite em uma amiga dos seus amigos. Então fiquei esperando, e Remus me cutucou pra mostrar quem vinha na nossa direção.

Era o garoto novo, o meio esquisito que tinha um narigão e o cabelo brilhoso. Ele parou há uma distância segura do nosso grupo, e ficou ali parado, só olhando as meninas. Eu e Remus nos entreolhamos, sem saber direito o que fazer. O garoto parecia um fantasma parado ali!

“Hm, boa tarde.” Rem finalmente chamou a atenção dele, e as garotas pararam de cochichar entre si para olhar a cena. O garoto seboso assentiu sem dizer nada, e Lily abriu um sorriso.

“Severus!” Ela deu um beijo na bochecha dele (é sério) e o trouxe pra perto do grupo pelo pulso, como uma criancinha grande e desajeitada (e sebosa). “Meninas, Rem, Pete, esse é Severus, aluno novo.”

Que diabo de nome é esse? A palma da minha mão começou a coçar, implorando para eu pegar o celular e conferir quem era aquele cara e de onde ele tinha saído. Remus, que é o estereótipo de good guy, estendeu a mão cordialmente.

“Remus, prazer.”

Os olhos de Severus escanearam a mão dele, e depois o rosto dele, e depois a camiseta que ele usava. Ele não cumprimentou. Comecei a ficar meio irritado com a arrogância desse cara. Lily ficou com um sorriso simpático congelado, e logo desviou a atenção de todos para Emmeline de novo. Meu alarme soou, e eu precisava ir embora, então acenei para todo mundo.

“Tchau coletivo, gente. Tchau, Severus.” Por mais que eu me esforçasse, o nome dele sempre engasgava.

Narrado por: James Potter

Meta Atual: Parar de pensar em física e focar nesse treino

Ouvindo: “NÃO DRIBLA, CHUTA!”

“NÃO DRIBLA, CHUTA!” O Treinador andava do lado do campo com todas as veias da testa saltadas, gesticulando que nem um professor de libras e gritando tanto que quase sugeri que ele descansasse a garganta um pouco.

Nate passou correndo por mim, e passou a bola para Mckinnon, que chutou direto na rede. Twister, que estava no gol, não conseguiu pegar, e Mintch tirou a camisa para girar em cima da cabeça para comemorar. Rolei os olhos e peguei a bola, fazendo sinal para Lee manter os olhos em mim.

O primeiro jogo do campeonato estava se aproximando, e eu estava tão ansioso quanto nos dias antes da Comic Con. O Treinador nos pressionava tanto que achei que tinha perdido uns centímetros de altura (hehehe, desculpa).

O resultado disso foi que, quando o apito final soou, eu estava encharcado de suor, com um corte do supercílio, e dois pés inchados que me fizeram mancar até o vestiário. Os caras do time foram todos juntos claro, e embora Nate e Mintch ainda não falassem comigo, pelo menos não me hostilizavam.

“Cara, não aguento mais essa mina!” Twister enfiou o celular dentro do armário com raiva, e tirei a camisa tentando não parecer que estava ouvindo. Lee gargalhou.

“Você já disse com todas as letras que acabou? Porque se ela tá insistindo, é porque você deu chance, hein!”

“Eu disse, pô! Eu disse, ‘Summer, cabo.’”

“Minha irmã sempre diz pra usar as palavras.” Mintch entrou no chuveiro. “As vezes voce não usou as palavras, cara.”

“É, irmão, diz pra ela ‘sai fora’.”

Twister bufou e digitou alguma coisa furiosamente nas teclas pequenas do aparelho dele, e fiquei com um pouco de dó da moça. Eu já vira Summer uma vez, na festa de Carter no verão, e ela era realmente meio chatinha.

Tomei meu banho em silêncio e sai do vestiário distraído, então não percebi quando bati de frente com alguém bem mais baixo que eu, e nós dois caímos no chão. Quando consegui recuperar meus óculos, vi que era justamente Summer quem estava tentando espreitar o vestiário. Ela ainda tinha os mesmos cabelos curtos e vestidinhos de boneca, mas segurava uma mochila com estampa de flores e um caderninho.

“Oh, desculpa!” Ela tirou o pó da barra do vestido, e eu a ajudei a levantar.

“Sem problemas, você se machucou? Nem te vi, desculpa também.”

“Não, eu estou bem.” Ela sorriu, e fiquei com mais dó ainda dela. Twister era um boçal por tratar uma moça tão delicada desse jeito. “James, certo?”

“Isso, James. Você é Summer.”

“Isso, Summer.” Ela me imitou, e nós dois rimos.

“Nick está aí dentro ainda?” Ela esticou o pescoço para o vestiário, e assenti.

“Está, mas acho melhor não falar com ele. Twister está bem bravo com você.”

“Ele não sabe o que quer.” Ela fez um biquinho com os lábios pintados de rosa. “Nick precisa de mim.”

“Dê a ele o tempo pra descobrir isso, que tal?”

Ela sorriu docemente. “E você está indo pra onde?”

“Teatro, vou me encontrar com um amigo.” Comecei a caminhar, e ela foi me seguindo. Duas manchas rosadas fortes coloriram suas bochechas.

“Sirius, não é?”

“É, ele mesmo.”

Ficamos em silêncio até chegarmos ao corredor, e Summer parou abruptamente. Parei também, para não ser mal educado, e ela pôs uma mecha atrás da orelha.

“Sinto muito por você e Lily.” Ela fez um biquinho, como se estivesse com pena de mim. Dei de ombros, e tentei sorrir.

“Vai ficar tudo bem, as coisas são assim mesmo.”

“Eu garanto que ela não vai encontrar ninguém melhor do que você.” Ela sorriu, e sorri de volta para não ficar estranho. Recomecei a andar, e ela parou comigo de novo, só que na porta do teatro.

“Bem, James, tenho que ir. Pode ficar com o meu telefone? Queria que me apresentasse a Sirius, com toda essa história de musical eu andei de olho nele. Talvez Nick perceba que não temos mais volta, né.”

“Ah, claro!” Sorri mais animado, e ela me deu um beijo na bochecha antes de ir embora.

Narrado por: Sirius Black

Filme do Momento: Grease

Ouvindo: O anúncio do musical – finalmente!

“Rufem os tambores!” Davis batucou nas próprias pernas com os dedos imitando baquetas, e desejei que não fizesse isso. Estava me deixando ansioso. Com uma desculpinha muito da mal feita, ele enrolou até agora para nos contar o mistério do musical escolhido para a nossa apresentação anual, e nessa altura eu já estava morto de vontade de saber o que ele tinha inventado na cabeça doida dele.

Edgar se aproximou com um papel cartão vermelho forte, e abriu dramaticamente diante dos olhos dele. Troquei um olhar apreensivo com Agatha, que estava quase arrancando os cabelos castanho encaracolados, e voltamos a olhar pros dois patetas.

“E o musical para a primavera de 2011, a ser realizado pela Trupe de Teatro de Stovington High é...”

“Fala logo, Davis!”

“Calma! O nosso musical desde ano será... SWEENEY TODD!”

De cima do palco, Fabian e Gideon apareceram com sangue falso em toda a roupa, e a voz de Johnny Depp começou a ecoar por todo canto, em um coro estridente junto de Helena Bonham – Carter. Senti uma bola de gelo descer pelo meu esôfago, e meu estômago encolheu. Ia ser tão legal!

“Vamos começar as audições na semana que vem, então quem conhecer alguém interessado em vagas no nosso grupo, além da chance estrear o musical, avisem sobre as inscrições que estarão afixadas nas paredes até a data que já mencionei. De resto, se preparem! Cabeças vão rolar!”

Edgar tentou puxar um coro de palmas, mas como todos o ignoramos, desistiu, e ficou só discutindo com Davis um minuto antes de vir me incomodar. Digo, falar comigo. Eu confundi os dois, desculpa.

“Pronto, agora já sabe no que trabalhar. Queremos algo minimalista, nem muitos floreios, mas digno da Inglaterra vitoriana. Consegue?”

O tom dele me deixou muito bravo. Edgar Bones tem o dom de me fazer querer torcer o pescoço de um hobbit, é impressionante. Tentei retribuir o olhar arrogante que ele me lançava.

“Claro que consigo. Não teria vindo pedir a minha ajuda se não confiasse nisso?”

Com prazer indescritível, vi o sorriso dele murchar um pouco. “Evidente que não. Traga os cartazes para a próxima reunião, dividimos os custos. Adeus.”

“Tchau. Eddie!” Acenei, e rolei os olhos para Agatha.

“Você acredita nesse cara?”

“Ele é um saco, não vou sentir falta dele quando sair daqui, sinceramente.”

Sorri meio triste ao lembrar que esse era o último ano de Agatha. Peguei a mochila, e quando puxei o celular de dentro, vi que Marlene tinha me mandado cinco mensagens e me ligado o dobro de vezes.

Sirius, assim que puder liga pra mim.

Sirius, emergência.

Sirius, pelamor!

Sirius, me ateeeeendeeeee

Sirius, é a Lene, POR FAVOR, pega o telefone!

“Lene?” Chamei o número dela, e no primeiro toque, me atendeu. “Hm, foi mal, meu telefone tava no canto...”

“Não tem problema.” Ela me interrompeu, e fiquei surpreso com o tom agressivo dela. Era até meio sexy, se for parar pra pensar. “Sirius, você precisa descobrir quem é a vaca da SF. PRECISA, entendeu? Precisa.”

“Calma, o que ela fez agora?” Acenei para Agatha e os outros, e comecei a sair do auditório.

“Emmeline. Depois você vê. Use o armamento pesado, se possível entre até na ficha criminal de toda a lista de pessoas nesse Reino Unido que tem essas iniciais, é sério!”

“Ok, ok, mas sabe que já venho tentando fazer isso, né.”

“Sirius, você é o melhor hacker que eu conheço. Eu sei que consegue.”

“Onde você tá?” Abri a porta do teatro com as costas, e dei de cara com James, que já olhava no relógio.

“Com Emme, depois passo na sua casa, ok?”

“Tá bom, beleza.”

“Beijo, pensa no que eu te disse.”

“To pensando, calma!” Insisti, e desliguei. James jogou a mochila nas costas e se aproximou, olhando intrigado pro meu telefone.

“Aconteceu alguma coisa?”

“Nah,” menti, lembrando que era melhor não mencionar SF pra ele, “Marlene me pedindo um favor, só isso. E ai, como foi o treio?”

“Ah, bem. O Treinador está uma bomba, teve uma hora que ele gritou tanto que quis correr e me esconder no laboratório de física de novo, mas me controlei. Ah! E encontrei alguém que quer te conhecer, hein. Um alguém feminino.”

“Putz, cara, você sabe que estou na calmaria agora, né.”

“Sirius, quem está com a marca do pé na bunda ainda sou eu, hein. Você precisa parar de correr atrás de Lene um pouco, quem sabe alguém novo não ajuda, hun.”

“Tá... Quem é essa nova?”

Peguei as chaves do carro do meu pai e entramos no estacionamento. Quando o bip! alto do destravamento soou, abri a porta e entramos. James colocou o cinto.

“Summer. Ela era namorada do Twister, mas acabou e está interessada em você. E melhor: Twister está cansado dela, então não rola ciúmes nem nada.”

Entrei na rua.

“Mas porque ele tá tão cansado dela?”

“Ah, sei lá, sabe como são esses caras, Sirius. Mas sério, ela é bonita, simpática, educada e tal. É alguém legal pra você.”

“Tá bom, traz ela aí um dia e eu falo com ela.”

“Você não vai se arrepender, de verdade!”


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