Minecraft. O Ninho De Creepers escrita por Hermes JR


Capítulo 8
Celeiro Em Chamas


Notas iniciais do capítulo

"Não havia ninguém lá embaixo, ou pelo menos foi o que eles haviam pensado."



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Steve queria, e conseguiu, voltou a sonhar com a época em que conheceu e viveu com John e Peter. E tudo passou como um filme em sua mente, desde quando ele encontrou Peter pela primeira vez até o momento em que as plantações foram atacadas.

Reviveu aquele momento angustiante em que descobriu do que se tratava o ataque. John o convidou para sair novamente, para ver do que se tratava. O pequeno Steve não conseguia dizer nada, sua voz estava presa na garganta e por mais que ele esforçasse, sua voz não saía.

–Vamos rápido Steve! -Chamou John, apressado.

Finalmente, Steve conseguiu dizer umas poucas palavras com a voz rouca:

–E-eles vão e-explodir e m-matar v-vocês! Eles mataram meus pais! -Na última frase, Steve quase não conseguiu falá-la.

Peter e John se entreolharam nervosos observando Steve que chorava loucamente. John disse:

–Então fique aqui dentro, cuidaremos do problema.

–NÃO! Vocês vão morrer também! -Gritou Steve entre soluços.

O medo de perder eles dominou seu corpo. Apesar de nem conhecê-los direito, Steve percebeu que eles poderiam cuidar dele e ele poderia viver ali com eles, mesmo com o terror que o assustava, tentaria voltar a ter uma vida normal.

John começou a ficar nervoso, não sabia que bichos estavam lá fora, mas a expressão de Steve mostrava que coisa boa não era.

–Não se preocupe. Tomaremos bastante cuidado... -John ia continuar falando mas foi interrompido por uma explosão que veio do lado de fora.

–Senhor, é... mehor nos apressarmos. -Peter disse olhando pela janela.

–VOCÊS VÃO MORRER! -Gritou Steve completamente vermelho e com lágrimas saindo como se caissem de uma cachoeira.

–Nós vamos tomar muito cuidado, não se preocupe. -Foram as únicas palavras que John conseguiu dizer naquela situação. -Agora vamos, Peter.

Peter e John saíram da sala deixando Steve sozinho, chorando e totalmente desolado. E se eles morressem? Steve voltaria a ficar sozinho e sem saber o que fazer. Era apenas um garotinho, não tinha condições de viver sozinho na floresta. Ele queria explorar o mundo e descobrir coisas novas, mas como se tinha medo de sair de uma sala?

Uma explosão vinda do lado de fora chamou a atenção dele. Ainda com lágrimas no rosto, Steve andou até a janela e olhou para a fazenda. Muitos daqueles bichos verdes estavam indo em direção a plantação, aonde Peter e John estavam. Eles não iam dar conta daquele tanto de monstros. Steve precisava ajudá-los. Mas como? O desespero tomou conta de seu corpo, sabia que precisava ajudá-los, porém, não sabia como, e tinha medo, muito medo. Mas ele sabia que se não os ajudasse, morreriam assim como o seus pais, e viriam atrás dele. Determinado, ele saiu da sala e desceu as escadas até a sala e de lá, pegou uma faca que estava em cima da mesa. Vagarosamente, ele abriu a porta e saiu. De repente um bicho explodiu bem em frente a porta o arremassando para trás. A entrada da casa estava completamente destruída. Lágrimas escorriam pelo seu rosto, mas não eram lágrimas de dor, e sim de medo. Steve se levantou e saiu da casa, do lado de fora viu o exército de monstros que passava por ali. Alguns notaram a sua presença e se dirigiram em sua direção, eram uns quatro. Steve ficou paralisado, não conseguia se mexer. Quando os monstros estavam bem perto, ele acordou e começou a correr.

–Socorro! Peter! John! -Steve gritava desesperadamente enquanto contornava a casa.

Atrás dela, havia uma porta no chão que provavelmente dava para o porão da casa. Ele abriu a porta e entrou correndo no porão. O ambiente estava escuro e ele aproveitou-se dessa situação. Se escondeu atrás de caixas de madeira e ali ficou sozinho por um tempo, minutos, horas, ele não sabia. Os monstros não o encontraram, e quando ele achou que já era seguro sair, saiu do porão. Toda a fazenda estava destruída, algumas partes da casa estavam rachadas e faltando pedaços e a plantação estava completamente acabada.

–Oi, tem alguém aqui? -Gritou Steve.

A sua resposta foi o urro do vento. A sensação de ter perdido pessoas novamente fez com o medo percorresse todo o seu corpo, estava sozinho de novo.

–Steve? Cadê você? -Steve conseguiu ouvir a voz de John vinda de algum lugar.

Steve se alegrou em ouvir a voz dele.

–Estou aqui perto da casa. -Steve gritou em resposta

Alguns segundos depois, Peter e John apareceram completamente feridos e com feios machucados, porém, corriam bem.

–Pensamos que você estivesse morto. -Disse Peter suspirando aliviado.

–E-eu pensei o contrário. -Respondeu Steve.

Os três riram um pouco e se olharam, Steve percebeu que ali começaria algo muito importatante. E ele estava certo, os três concertaram os estragos da fazenda com o passar do tempo, e sempre se divertiam muito. Peter mostrou para Steve um baú em que guardava suas ferramentas que ele fazia. Havia espadas, martelos, uma picareta, um machado e uma faquinha.

–Que demais! -Exclamou Steve ao se deparar com o baú que ficava no porão.

–É, isso é trabalho de muito e muito tempo. -Disse Peter se orgulhando do próprio trabalho.

Peter era como um irmão que Steve nunca teve. Ele era apenas quatro anos mais velho que ele, e se davam muito bem juntos. Aprontavam diversas trapalhadas juntos, e pregavam muitas peças em John.

–Isso é muito legal, realmente muito legal. -Afirmou Steve.

Steve e Peter dormiam no mesmo quarto, um cômodo pequeno que ficava no celeiro. Era apenas um quarto provisório enquanto a casa não estava pronta, mas eles estavam gostando mais daquele quarto pois podiam aprontar o quanto quisessem sem John reclamar. No celeiro ainda não havia animais, então Peter e Steve aproveitavam todo o espaço possível. Eles enterraram uma espada mal feita no chão do celeiro, e muitas outras coisas, essa era uma de suas diversões Se cavassem o chão, encontrariam tantas coisas que poderiam nem lembrar que enterraram aquilo. De acordo com Peter era para as futuras civilizações verem como eles viviam. Porém, quando eles enterraram a escova de John, Steve pensou se aquilo seria realmente útil no futuro, pois uma escova não era uma verdadeira relíquea que se preze, mas não comentou nada. Fora isso, eles já aprontaram diversas coisas juntos, até botar fogo no tapete de John eles fizeram, acidentalmente era a explicação.

Quando a casa ficou pronta, Steve e Peter dormiram uns dia nos quartos da casa, mas logo se mudaram novamente para o celeiro, onde se sentiam mais livres, o que eles não sabiam era que isso foi uma péssima ideia. Certa noite, enquanto Peter e Steve observavam o céu, Steve comentou:

–Peter, você nunca me disse como veio morar com John.

–Olha Steve, -Disse Peter-, eu sei tanto do meu passado quanto você. Quer dizer, desde que eu me lembro, eu vivo com John, eu fui abandonado na porta da casa dele quando ainda era bebê, em uma noite, de acordo com John. Não havia nenhum bilhete, não havia nenhuma pessoa, nada. John decidiu cuidar de mim, e eu passei a minha vida toda trabalhando aqui na fazenda dele.

–Mas você não sabe por que te abandonaram aqui? -Perguntou Steve.

–Eu não sei de nada. Talvez meus pais não me quisessem mesmo. -Respondeu Peter magoado.

–Não seria os monstros? -Perguntou Peter.

–Não. O ataque de monstros começou a alguns anos, não se lembra? -Repondeu Peter.

Foi quando a mente de Steve raciocinou, os monstros surgiram a dois anos, na noite da morte de seus pais, e desde então seus ataques se tornaram mais constantes. Ninguém sabia de onde vieram e por que estavam atacando as pessoas. De acordo com Peter, era a natureza se vingando dos humanos pelos mau tratos. Porém, Steve não concordava com a ideia, não eram todas as pessoas que destruiam a natureza.

–Mas eu também perdi meus pais, então somos dois. -Disse Steve em consolo.

Peter deu um leve sorriso.

–Agradeço a consolação Steve, mas comigo é diferente, eu nunca cheguei a conhecê-los, a vê-los, você já.

–Você tem raiva deles? -Perguntou Steve.

Steve conhecia muito bem Peter, toda vez que alguém fazia algo errado ou o deixava triste, ele guardava um rancor muito grande da pessoa.

–Talvez. -Respondeu.

Steve o encarou, e enfim confessou:

–Sim, eu tenho. Quer dizer, se não me queriam, pelo menos podiam tentar explicar. Sabe, o ser humano ainda é um ser que tem muito a aprender, ele é o ser mais inteligente do planeta e comete tantas burradas. Todo mundo é imperfeito, mas podíamos tentar ser menos.

Peter sempre dizia aquilo. Ele também guardava um certo ódio da humanidade, exceto com Steve e John, pessoas que sempre o apoiavam.

–Mas nem todas as pessoas são assim, né? -Perguntou Steve.

–Eu acho que não Steve, eu acho que não. Agora me diga, você se sacrificaria por alguém? Você gosta de alguém qua não conseguiria perdê-lo?

Steve hesitou antes de responder, então disse:

–Sim. Você e John.

Peter sorriu, e falou baixo para ele:

–Eu também.

Eles ficaram em silêncio olhando para o céu. As estrelas estavam em abundância naquela noite. E a luz da Lua estava forte. Não havia ninguém lá embaixo, ou pelo menos foi o que eles haviam pensado. Algum tempo depois, Peter comentou:

–Está sentindo esse cheiro?

Steve farejou o ar e respondeu:

–Parece... Queimado, cheiro de queimado.

Foi quando os dois se tocaram do que podia estar acontecendo. Eles saltaram da cama e saíram do pequeno quarto e foram para o celeiro. Esqueletos com flechas com pontas em chamas tocavam fogo em todo o celeiro de madeira. Ao notarem a presença dos dois, os monstros fugiram.

–O que foi isso? O celeiro está pegando fogo! -Steve sentiu o coração acelerar dentro do peito.

Peter murmorou alguma coisa para si mesmo. Logo disse:

–Temos que sair daqui!

O quarto deles ficava no andar superior do celeiro, tinham que descer uma escada para chegar a saída. Mas os esqueletos haviam fechado a porta e a escada estava em chamas. Estavam presos.

–Vamos ser queimados! -Gritou Steve.

–Temos que pular!

Mas era muito para ser saltado, poderiam quebrar algum osso ou desmaiar.

O fogo continuava se espalhando pelo celeiro e cada vez a fumaça crescia ainda mais. De repente, uma das vigas que pendia no teto se se soltou e caiu no meio dos dois. Cada um saltou para um lado e a viga incendiou o andar superior.

–Peter! Você está bem? -Gritou Steve.

–Estou cadê vo... AAAHHH!!! -Peter não conseguiu terminar a fala.

O chão começou a pegar fogo e a rachar. Pedaços de tábua começaram a cair e o lugar onde Peter estava desabou. O lugar onde Steve estava começou a pegar fogo e ele começou a saltar loucamente para não se queimar. Mas também, como Peter, o lugar onde ele estava não aguentou e desabou também. Steve conseguiu se apoiar com as mãos na beirada de madeira que ainda não desabara, uma pequena parte que o fogo ainda não alcançara, por enquanto. Na parte de baixo, o fogo se espalhava rapidamente, e Peter estava caído no chão ainda.

–Peter, socorro! -Gritou Steve balançando.

Peter continuou no chão. Steve temeu com a ideia de que ele tivesse desmaiado na queda, o que poderia ser verdade. As chamas cresciam pela parede e subiam para o teto rapidamente. O fogo alcançou o lugar onde Steve estava e queimou sua mão. Instantaneamente ele soltou e caiu. Bateu as costas no chão e soltou um grito. Peter se assustou e levantou, correu até onde Steve estava e foi falar com ele.

–Steve, vamos embora!

Steve tentou se levantar mas não conseguiu, Peter o ajudou e deixou que ele se apoiasse em seu ombro. Saíram caminhando até a grande porta de madeira que estava em chamas como todo o celeiro. Peter tentou abrilá-la, mas ela estava trancada, os monstros tiveram o cuidado de fechar os dois lá dentro para não fugirem.

–Como vamos sair? -Perguntou Steve.

–Não sei... -Peter não conseguiu termeinar a frase, a fumaça o visera tossir.

A fumaça agora estava bastante forte, e se eles não fugirem rapidamente de lá, morreriam queimado ou por tanto inalar fumaça.

–Temos que quebrar alguma parede para fugir. -Disse Peter.

Steve teve em mente a espada que eles fizeram.

–Vamos pegar a espada que enterramos! -Disse Steve.

Diferentemente dos outros objetos que enterraram, eles sabiam onde haviam guardado a espada, o local estava marcado.

Quando estavam indo buscá-la, parte do teto caiu entre eles, e cada um se jogou no chão para não ser atingido pelo enorme pedaço de madeira em chamas. A fumaça impedia que eles vissem alguma coisa.

–Peter! Peter! -Steve estava desesperado.

Eles não podiam chegar um ao outro pelo fato do caminho está obstruído pelo pedaço do teto que caiu. E novamente outro pedaço dasabou, do lado em que Peter estava. Um grito de medo veio de lá, Steve congelou de medo.

–V-você está bem?! Gritou Steve.

A resposta não veio. Steve se levantou lentamente. O fogo pegava um pouco seus pés, precisa fugir, não teria tempo de pegar a espada.

–Peter!

Novamente sem resposta. Precisava salvá-lo. Uma ideia lhe passou pela cabeça. Correndo até a parede, ele começou a chutá-la, e ela cessou rapidamente. Do lado de fora, aquela cena de terror invadiu sua mente. Todo o celeiro pegava fogo, de dentro dele saía muita fumaça e algumas partes dele já não estavam mais lá. Sem hesitar muito, ele correu até a casa de John, e levou um susto, ela também estava em chamas.

–Malditos montros! -Praguejou.

Foi quando lhe veio a mente que John ainda estava dentro da casa. Ele correru até ela e tentou abrir a porta, também trancada. De repente, uma flecha em chamas passou bem perto dele. Ao se virar, deu de cara com os esqueletos que tocaram fogo na fazenda. Estava cercado. Steve se assustou quando um deles disse:

–Vamos Steve! Anda logo!

Ele estranhou e o monstro voltou a falar:

–Rápido. Levanta.

Steve acordou de repente com Bruce o chamando e o sacudindo, dizendo:

–Acorda Steve, querem falar com você.

Ainda meio desestabilizado, Steve se levantou e perguntou:

–Quem quer falar comigo?

–Lá você vai ver, não me faça explicar de novo. -Respondeu Bruce saindo.

Steve se levantou e o seguiu, lembrando-se daquela terrível noite do incêndio, uma noite que nunca mais esqueceria.


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