Minecraft. O Ninho De Creepers escrita por Hermes JR


Capítulo 37
O Que Realmente Acontecera


Notas iniciais do capítulo

"O ódio e a dor tomaram conta como nunca de seu corpo e de sua alma, estava na hora de agir."



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O tempo passou. Steve não sabia ao certo o quanto, mas sabia que o bastante. Como ele estava em um local completamente isolado da luz do Sol, era impossível ter qualquer noção. Isso incluía também não saber se estava de dia ou de noite. Enquanto ele estava preso, sua vida se resumia a cochilos constantes, refeições e pensamentos distantes.

Era uma vida até que legal, ele considerava. Depois de passar tanto tempo com medo de alguma coisa acontecer a ele, com medo de ser atacado, ficar em um local seguro, com comida garantida era uma maravilha. Tudo bem que suas condições eram as mais precárias possíveis, mas isso não o impedia de desfrutar do ambiente. Depois de dormir em cavernas, aquilo não era muito pior.

Steve se perguntava constantemente os motivos por estar ali, e o que mais lhe vinha a cabeça era o fato de que Dave podia estar se vingando dele, apesar de que os dois não se conheciam não havia sequer uma semana direito, entretanto, Steve já percebera que ele era cruel o bastante para fazer isso. Além dessa explicação, não havia mais nenhuma lógica. O rei não podia prendê-los sem algum motivo aparente, até porque ele nem estava sabendo da chegada deles a Téfires.

Outro pensamento que depois de um tempo também rondava constantemente Steve era sobre a missão deles. Afinal, eles saíram de Colina Nevada para atacar o Ninho de Creepers, o que Steve sabia que seria, em parte, inútil, pois não existia somente um local onde os Creepers nasciam, ou eram criados, ele não tinha certeza, somente sabia que, se realmente existia um Ninho, não haveria somente um, pois não justificaria o fato dessas criaturas estarem por todos os lugares. Steve pensava se o exército realmente fora atrás dele, se eles partiram sem os dois, e ele já não via mais problema nisso, afinal, percebera que a maior besteira que fizera na vida fora ir atrás desse maldito ninho. Mas ele pensava também se a missão fora abortada, e se o exército voltara para Colina Nevada, abandonando-o ali, juntamente com Bruce. Havia momentos que ele chegava a pensar que Bruce fora resgatado e ele não, e agora Bruce voltava para casa enquanto ele apodrecia ali. Mas no final das contas ele sabia que eram só devaneios, Bruce não seria capaz de fazer isso, apesar de nem se conhecerem direito, sabia que ele justo o bastante para ir atrás dele. Desconfiava também de Nicko não ter ido procurá-lo, porém, ele o conhecera no caminho até Téfires, e ele ainda servia a Dave, o que o tornava meio que um inimigo...

Os pensamentos confusos dele somente serviam para enlouquecê-lo. Steve começava a desconfiar das únicas pessoas que realmente o ajudaram nesses últimos tempos, estava errado. O melhor a fazer era esperar, ou então, era a única alternativa possível.

* * *

Bruce percebera que já estava a bastante tempo naquela prisão, algo que o incomodava bastante. Tinha certeza de que iria passar somente uma noite ali, no máximo, e logo depois Steve apareceria na porta, salvando o dia, como já era esperado. Mas o tempo se passou, lentamente, e a única pessoa que surgia na porta era o musculoso guarda que vinha deixar a comida.

Pelo menos Bruce tinha uma companheira, Adália. Tudo bem que não era das mais normais, mas Bruce vira como era agoniante ficar naquela sala, e de acordo com ela, Adália já estava lá havia já muito tempo, justificava ela agir estranhamente, qualquer um enlouqueceria.

O tempo se resumia a conversas vagas próximo às fogueiras improvisadas de Adália, que ela fazia com pedras e gravetos que lá havia, apesar de Bruce não saber de como havia tamanha quantidade. Ele constantemente evitava tocar no motivo pelo qual Adália fora parar lá, e quando acidentalmente algo sobre o mesmo era pronunciado, a conversa era logo cessada e ambos entravam num silêncio infernal, pois Bruce se sentia o cara mais inútil do mundo ao ver Adália chorando ao seu lado e não saber o que dizer.

Certa vez, quando o mesmo ocorreu, entre um soluço e outro, ela conseguiu pronunciar:

–A culpa não é sua, não se sinta mal...

–Como assim? -Bruce sabia que a pergunta soara ridícula, mas o que dizer?

–Ora, sempre que falamos disso eu... -Adália forçou a si mesma para se conter, e depois de um breve silêncio ela retornou. -Acho que você deve saber o que ocorreu, Bruce.

–Adália... -Bruce tinha de escolher bem suas palavras. -Eu já sei como é para você falar sobre isso... Não precisa ficar se lamentando assim...

–Não, você tem que saber. Já te conheço a tempo o suficiente para saber que é de confiança. -Ela fez uma longa pausa esperando um pronunciamento de Bruce. -E é justo que saiba, pois eu já sei demais sobre você também.

Novamente, Bruce pensava no que dizer.

–Bom, a escolha é toda sua. -Disse enfim. -Mas saiba que não estou te obrigando a nada, e se não quiser falar é só... Bom, não dizer nada.

Adália o encarou melancolicamente, e começou sua história:

–Bom... Como eu já havia lhe dito antes, eu havia saído com meu pai para comprar trigo, e nós morávamos bem distante do resto de Téfires. -Adália não chorou nem fez nada, mas cessou o conto e encarou o fogo seriamente antes de retornar. -Até aí acho que você já deve saber... Chegamos em casa e havia sangue... Estava por todo o lado... Minha... Mãe...

A voz dela começou a falhar mais e Bruce percebeu que ela estava mal novamente.

–Não precisa continuar Adália.

–Meu pai soltou tudo o que carregava e correu para ajudar minha mãe. -Continuou ela, ignorando o pedido de Bruce. -Alguma coisa, ou alguém, tinha cortado a garganta dela. Eu já sabia que ela estava morta quando a vi, mas meu pai insistia em salvá-la. Ele gritava o nome dela sem parar... As mãos dele estavam todas...

Adália começou a chorar em silêncio, lágrimas e mais lágrimas escorriam de seu rosto incansavelmente, mas ele se contia, pois sabia que já passara vergonha demais na frente de Bruce.

–Ele revirava o corpo dela e tentava estancar o sangramento, apesar de que... Havia tanto sangue que provavelmente não havia mais nenhuma gota para escorrer. Meu pai começou a gritar comigo de repente, ele não sabia o que dizia. -Adália fez outra pausa dramática. Bruce estava ficando inquieto, sabia que estava sendo difícil para ela se abrir assim, entretanto, fora decisão dela falar. -Primeiro começou a gritar que ela estava morta... Foi horrível, ele levou as mãos ao rosto... Aquelas mãos completamente cheias de sangue... Depois ele começou a gritar com a minha mãe para ela acordar e enfim se virou para mim e pediu para mim ir atrás de ajuda.

–Você sabe o que havia feito aquilo? -Perguntou Bruce, tentando sair de seu silêncio desconfortável.

–No início pensei ter sido alguma criatura, como um zumbi talvez... Mas os monstros não cortam a garganta das pessoas, eles fazem pior... Ou talvez não... Além de que não há como monstros entrarem em Téfires.

–Eu sinto muito pela perda da sua mãe...

–Eu corri de casa como uma louca. -Continuou ela, ignorando novamente o que Bruce dissera. -Corri como nunca na vida. A distância da minha casa para as outras era imensa, pareceram anos até o outro lado. Entrei na casa de alguém aos berros e um homem pulou em cima de mim e me bateu com uma tábua de madeira... -Adália esfregou seu braço como se ainda sentisse dor. -Depois deu eu conseguir contê-lo, ou ele me conter, expliquei o que estava acontecendo...

–E ele te ajudou?

–Claro. Ele e toda a família dele. Todos eles saíram da casa as pressas, armados com machados e correram diretamente para minha casa. Foi aí que a coisa ficou feia... Quando chegamos lá meu pai também estava...

Adália não disse mais nada, e Bruce soube na hora o que ele queria dizer. Ela começou a chorar, como já era de costume, e se apoiou em Bruce, procurando conforto.

–Eu lamento tudo isso Adália... -Disse ele, consolando-a. -Se serve de apoio, eu também perdi meus pais...

–Não como eu...

Depois de pensar um pouco, Bruce percebera que o que ela contara não os levaram a lugar nenhum, pois ele continuava sem saber o porque dela estar lá, mas se recusou a perguntar, ela já estava muito mal.

–Todos os homens lá correram para socorrer meus pais... -Continuou ela, como se tivesse lido a mente dele. -E tentaram, inutilmente, acordá-los. E foi aí que tudo saiu errado. Enquanto eu estava caída nas poças de sangue lá na cozinha... Eu não podia acreditar... Não podia ser real... E então a esposa do homem, que havia entrado na minha casa a procura de alguém, veio gritando: "Assassina! Assassina!". Ela trazia na mão um livro negro, era um livro de magia... De bruxaria...

–Estava te acusando de... -Então tudo se encaixara para Bruce, ou mais ou menos.

–Sim, achavam que eu era uma bruxa... -Ela começou a chorar mais do que nunca. -Todos começaram a me olhar como um monstro e... Eu estava sendo massacrada por pessoas que eu nem conhecia enquanto estava caída sobre os corpos de meus pais!!!

Bruce gelara completamente. Essa fora a história mais macabra que ele já ouvira, e não era nem um conto fictício.

–Mas... O livro era seu?

–De maneira alguma! É claro que não! E além do mais, o que eu ganharia matando meus pais?! -Disse ela completamente vermelha. -Os homens me agarraram e me levaram para o castelo...

–E seus pais? -Perguntou Bruce, tremendo pela história.

–Meus pais não eram nada para eles naquele momento. -Disse ela, com mais ódio na voz possível. -Me levaram para a sala do rei e disseram a ele a história deles, jogaram na mesa o suposto meu livro e falaram sobre o que eu supostamente havia feito... Que era tudo parte de um ritual de sacrifício e que eu devia ser morta numa fogueira...

Agora Bruce entendia o porque de Adália chorar tanto. Ela perdera os pais no mesmo dia, e o detalhe era que ambos haviam sido brutalmente assassinados. E depois ela ainda era acusada de matá-los e de ser uma bruxa, que coisa mais maligna.

-O rei acreditou neles, pois somente havia provas que me incriminavam, além do sangue em mim, o livro no meu quarto, o fato de morarmos longe... Tudo estava contar mim...

-E de quem era o livro?

-Não era meu!!!

Bruce se assustou com a resposta bruta, mas entendia a posição dela.

-No fim das contas eu fui julgada como uma bruxa maligna e sem coração e jogada nesse inferno aqui...

Adália enxugou as lágrimas que caíam de seus rosto e saiu do apoio de Bruce.

-Pense o que quiser, eu não matei eles... Nenhum ser humano é capaz de fazer isso...

-Eu acredito em você Adália, pode confiar em mim, eu estou com você nessa.

   Bruce sabia que ela não era uma bruxa, porque caso ela fosse, sair daquela sala não seria um problema, além de que também poderia ter atacado aquela família num piscar de olhos.

   O tempo passou mais ainda e Bruce começou a perceber realmente a dor da garota. Ela perdera os pais e estava presa por isso, ela sofria sozinha, no escuro, sem ninguém para dá-la apoio, ou palavra de conforto, era uma completa desgraça o que ocorrera em sua vida.

   Bruce percebera que também fora preso injustamente, afinal, como ela, não fizera nada! O ódio e a dor tomaram conta como nunca de seu corpo e de sua alma, estava na hora de agir.

   -Adália, nós vamos sair daqui!


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