Minecraft. O Ninho De Creepers escrita por Hermes JR


Capítulo 30
Mais Afundo


Notas iniciais do capítulo

"As escadas a sua frente pareciam, em todos os sentidos, os próprios portões do inferno."



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Bruce não sabia se sentia medo ou ódio, havia muita coisa ocorrendo ao mesmo tempo. Primeiro pelo fato de estarem sendo presos sem sequer saberem o motivo, depois ainda eles ainda tem que suportar aquele maldito guarda que acha que só por que é bem treinado pode sair por aí humilhando os outros. Bruce tinha certeza de que ele não sobreviveria a uma noite do que ele e Steve passaram. Além de todas as outras coisas ocorrendo ao mesmo tempo, pois não sabiam ao certo aonde estavam indo, e o pior era saber também que estavam em uma terra sem leis para eles, já que não estavam em casa. Dave estava ileso no castelo, no conforto que com certeza o rei devia estar oferecendo a ele. Era muita informação para processar.

A angústia de Bruce aumentou quando o guarda que o conduzia começou a levá-lo para o lado oposto da onde Steve e o outro guarda batalhavam.

–Ei! O que pensa que está fazendo? Seu panaca! -Bruce sabia que não estava em condição de revidar, mas já que Steve também tentara, quem era ele para não se arriscar também?

O guarda não fez a mínima questão de cessar a caminhada ou retrucar o provocamento de Bruce, apenas disse:

–Amigo, eu vou ser bem honesto com você, nós dois sabemos que você e seu amiguinho não possuem saída, então o melhor que você pode fazer é ficar na sua e não procurar encrenca. -Ele parou um tempo e por um instante Bruce achou que ele tinha encerrado, mas logo ele prosseguiu: - E espero que seu companheiro tenha sorte, caso contrário, ele será picado em pedaços.

Bruce forçou uma risada.

–Não se preocupe, seu amigo não é pário para ele. -Bruce tentara parecer confiante, mas a frase soara mais forçada do que ele esperava.

–Veremos.

Os dois prosseguiram pelo corredor mal iluminado das masmorras. Era difícil andar, rachados no chão rochoso eram constantes e dos mais variados tamanhos, além de alguma espécie de musgo que parecia crescer ali, bastante escorregadia.

Eles passaram por diversas porta caídas e celas que não deviam ser visitadas há muitos anos. Aranhas se arrastavam nos cantos mais obscuros daquele local. Teias agora eram constantes, e conforme eles avançavam, Bruce pôde sentir em sua pele uma irritação muito forte, e ele mal podia se mexer por conta das algemas.

Em certo ponto, já não havia mais tochas para iluminar o caminho. O guarda retirou uma da parede que, por mais que pequena, já era o suficiente para iluminar o túnel.

O corredor então chegou ao fim, mas diferentemente do que Bruce pensava, este não acabava em uma cela maior ou em uma parede, e sim em uma escada que descia mais e continuava a trajetória daquele tenebroso túnel.

Bruce gelou.

– O que você acha que está fazendo?! -Indagou, parando bruscamente.

–Você achou que nós o deixaríamos ficar na mesma cela que seu pequeno amigo? Claro que não! Quanto mais longe melhor, agora deixe de bobagem e vamos logo.

Bruce se sentiu um minúsculo inseto quando o guarda o pressionou para continuar. Como não tinha forças para resistir, prosseguiu a caminhada, entretanto, em passos curtos e arrastados.

As escadas a sua frente pareciam, em todos os sentidos, os próprios portões do inferno. Caso eles não estivessem com a tocha, não conseguiriam enxergar um palmo a sua frente. Teias de aranhas eram mais constantes que os próprios degraus, tudo estava coberto por aquele manto branco e pegajoso, além das falhas e rachaduras que se encontravam naquela construção já desgastada com o tempo.

Bruce não fazia a mínima ideia do quão fundo ela seria, e isso o deixava mais nervoso. Já no início da descida, os problemas tiveram seu início, a tocha que estava sendo usada para iluminação fez seu trabalho, e um pouco mais, iluminando também o teto do local, revelando uma centena de morcegos que lá estavam adormecidos. A luz os assustou, obviamente, o que gerou um movimento tão inesperado que até o guarda ficou perplexo. Uma onda de morcegos se desprendeu do teto, como um raio, e se lançaram na direção da tocha, de Bruce e do guarda. Apesar do tamanho, o susto e o desespero foram o suficiente para vencer os dois, que completamente sem reação diante do ato dos morcegos, recuaram sem pensar. Bruce foi lançado ao chão, o que não ocorreu de forma diferente com o guarda. Ambos caíram e rolaram escada abaixo. Bruce saiu quicando como uma bola de borracha pelos degraus, seus ossos foram feitos em pedaços, sua cabeça colidira com o chão algumas vezes, o suficiente para abrir um buraco nela.

Quando a escada chegou ao fim, Bruce não sabia o que fazer. Permaneceu ali imóvel durante algum tempo, o guarda não reagiu, provavelmente desmaiara na queda. Mas o que ele sentia não o dava condições de se levantar, seus músculos latejavam por causa das diversas pancadas que tomara na queda, sua visão estava turva, e apesar de ele estar no escuro, tinha certeza de que se houvesse luz, mesmo assim não conseguiria ver nada. E o corte em sua cabeça, que jorrava sangue incessavelmente, era sua pior ferida.

Bruce ficou ali, no chão gélido das masmorras, sem uma reação. Tempo se passou, ele não sabia ao certo, mas pouco não fora, podia garantir, e então o guarda despertou e começou a se erguer. Ele não se ferira tanto quanto Bruce por conta da armadura, todavia, ela não fora o suficiente para deixá-lo ileso de ferimentos. Até ele se recompor, alguns minutos já se passaram, e a dor latejante de Bruce diminuíra um pouco.

-Vamos logo... -Disse o guarda com a voz falhando.

Bruce foi erguido por ele com uma força descomunal, e foi forçado a continuar andando, mesmo com todos aqueles ferimentos.

Ambos seguiram no escuro mesmo, depois do que ocorrera, luz representava um problema. Ninguém dissera nada durante o resto do trajeto, e logo Bruce pôde identificar ao longe uma luz que saía de uma cela.

-Lá está sua moradia. -Disse o guarda com a voz estranhamente baixa.

Bruce não gostara nada do que vira, primeiro pelo fato de que era a última cela de toda a masmorra, e segundo por ter iluminação lá dentro, isso não podia significar boa coisa.

   O guarda destrancou a porta velha e podre e tirou as algemas de Bruce, jogando-o lá dentro. Bruce cambaleou, tentando evitar mais uma queda, inutilmente, caindo logo após. Até ele se dar conta da onde estava, percebeu uma fogueira improvisada no meio da cela. Olhou em volta a procura de alguém que possa ter feito aquilo, mas o fogo era tão baixo e a cela tão extensa que ele não fez muita questão de procurar com atenção, sua única vontade era a de se aquecer. Se aproximou do fogo e começou a desfrutar de seu calor. Ficou ali durante um tempo, até ouvir o barulho de alguma coisa de partindo. Virou-se assustado. Nada. Ou pelo menos o que ele pensou, até ver uma garota jovem completamente magra e suja surgir das sombras que se alojavam-se naquele cômodo.

   -Olá.


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