O Despertar de Um Anjo: Pesadelo escrita por Mara S, Kelly S Cabrera


Capítulo 11
O Abismo




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Dante chegou a uma região descampada. Havia anos que não voltava àquele lugar e para falar a verdade, não estava ansioso em voltar. Ao longe pôde ver alguns pilares, a maioria estava intacta, outros tinham desabado no chão. Ao aproximar-se notou as tochas nesses pilares, com luzes bruxuleantes azuis. Sentiu-se mal. Como se o local sugasse toda sua energia. No meio dos pilares estava O Abismo. Um buraco negro, impossível de se ver o fundo.  Respirou profundamente e pulou, pois não havia tempo a perder.

               Caiu suavemente em um local escuro, frio e úmido. Era quase impossível notar qualquer coisa em seu redor. Sabia que estava em um corredor amplo com diversas pilastras.

               - Vergil e Agla estão aqui. – sussurrou um pouco preocupado, pois apesar de sentir a presença dos dois não conseguia identificar da onde vinha essa fonte.

               Após minutos de caminhada encontrou um salão e ao longe o que parecia serem jaulas. Decidiu usar seu lado demoníaco para explorar o local em busca de seu irmão e do demônio milenar, mas parou antes de tentar se transformar, algo havia chamado sua atenção.

               - Vergil... – Dante disse ao ver a sombra de seu irmão apoiada em sua espada. Sua perna direita sangrava. – O que está... – continuou um pouco impressionado. Era difícil imaginar o irmão ferido e cansado, entretanto lá estava ele, tentando lutar para permanecer em pé.

               Entendeu o porquê de o irmão estar assim: uma figura animalesca estava apoiada em uma das jaulas.

               - Dante! Você veio. Agora minha alegria está completa. Onde está o traidor Ishyros? Você já o matou. Agradeço por ter me poupado desse trabalho.

               Antes de qualquer reação de Dante, o demônio desapareceu de sua vista e com violência atravessou uma foice pontiaguda no peito do caçador de demônios.

 

                 Lara andava nervosa pela sala. Procurando alguma solução para aquilo tudo, ela sabia que mais cedo ou mais tarde Dante precisaria de sua ajuda. O pior que no momento não podia fazer nada.

               A porta da loja foi aberta de forma violenta, fazendo Lara pular assustada.

               - Ah, você – disse sem esconder o descontentamento.

            - Onde está Dante? - Antes mesmo de Lara poder respondeu assustou-se com os próprios pensamentos. - Não me diga que ele foi atrás da Agla sozinho! - perguntou preocupada.

            - Sim. Ele me impediu de ir. Pensei que fosse ele agora. E agora você veio aqui e também vai me impedir de ir. Mas eu não posso ficar parada! – disse encarando Trish. – Eu vou com você. Eu disse que não iria para Dante, mas ele me pediu algo impossível, eu não posso fazer. Além de sentir que ele precisa de mim.

            - Eu não acredito nisso - Sussurrou - Ele perdeu completamente a noção das coisas. E sim você vai, não vou te impedir. Ele nem deveria ter entrado lá sozinho!

            - Você já sabe onde ele foi? – Lara perguntou levantando uma das sobrancelhas.

            - No único lugar que Agla estaria! N’O Abismo.

            - Certo. Vamos então.

 

            Ambas chegaram ao determinado lugar em poucos minutos, já que Lara havia concordado em usar as habilidades de Trish.

            - Aqui estamos – Trish segurou o braço de Lara com força. – Eu preciso te dizer algo. Esse local é amaldiçoado. Quando soube que Agla estava aqui, não pude negar que senti muito medo, não só por mim, como também por Dante. Eu não posso entrar.

            - Como assim não?

            - Magia demoníaca. Eu fui expulsa do mundo demoníaco quando decidi trair Mundus. Se entrar serei morta pela magia existente. É o meu castigo. Nunca mais adentrar em campos demoníacos – disse tristemente. - Esse lugar suga a energia de demônios e semi-demônios Lara. Os enfraquece. Eu realmente não sei o que Agla faria aqui. Já que para ela seria negativo também, mesmo sendo poderosa.

            - O que isso significa para Dante?

            - Que ele deve estar mais humano. Assim como Vergil. Mas não mortais.

            Lara já estava prestes a pular do abismo quando foi impedida por Trish.

            - Lara, acho que isso pode te ajudar – Trish tirou Sparda das costas e deu a Lara – Com isso você vai ter mais poder. A grande espada do demônio que lutou pelos homens.

Lara olhou com receio a espada e a pegou.

            - Ela é poderosa. Carregada de poderes e creio que com você ela terá outro efeito.

            - Efeito?

            - E uma espada que possui força, força que passa àquele que a carrega. Eu, sem essa espada, sou apenas mais um demônio – ela sorriu.

            - Obrigado.

            Lara desapareceu na imensidão negra.

 

            Agla havia derrotado Dante e Vergil rapidamente. Tanto Yamoto quando Rebellion estavam nas costas do demônio.

            - Vocês sabiam que esse lugar tira a energia demoníaca de quem entra? O tolo de seu irmão – apontou para Vergil – pensou que conseguiria me derrotar. Mesmo estando aqui, eu continuo forte!

            Ao dizer isso seu peito inchou e fagulhas negras caíram.

            - Dante e Vergil. Meus escravos agora. Meros escravos. Você sabe que poderia fazer um show aqui. Um show de horrores! A platéia: uma legião de demônios, todos sedentos por sangue. Sangue de Sparda. Quando fomos aprisionados realmente foi triste, mas essa cena é tão linda! – Com um soco o demônio jogou Vergil para um canto da sala. – Por séculos buscamos encontrar os portais perdidos e aqui estamos. Meu objetivo quase completo e ganhei como presente vocês. Quem sabe assim poderei acalmar o grande Mundus! – sorriu.

            O demônio pegou o corpo dos dois irmãos e jogou com violência dentro de uma das jaulas do local.

            - Daqui um tempo vocês irão se recuperar, quem sabe a próxima imagem que terão será de Mundus? – assim que os trancou Agla suspirou fingindo desapontamento – Tanto talento desperdiçado. Vocês seriam ótimos soldados se não fossem tão cegos.

 

            A arqueóloga havia caído em um chão úmido de pedra. Assim que se recompôs correu na única direção possível até um grande salão. Parou em uma distância segura o suficiente para notar o grande demônio que enfrentaria, deveria ser três vezes mais alto que um humano comum.

            O demônio havia notado a sua presença e virou-se para ela. Jogou a foice que carregava longe e pegou ambas as espadas dos irmãos.

            De longe Lara percebeu que o que estava trás do demônio eram jaulas e pôde também notar dois corpos jogados em uma delas.

            - Mas isso só pode ser uma piada – gargalhou. – Vocês estão vendo? – disse para Dante e Vergil. – Uma humana tentando lutar comigo.

            Dante levantou fracamente a cabeça e notou ao longe uma figura feminina.

            - Não... – gemeu.

            - Você veio com suas armas mortais sendo que acabei de destruir os filhos de Sparda. Acredito que você não tenha noção do perigo.

            - Reconhece isso? - Lara retirou a espada de suas costas e torceu para que o plano de Trish resultasse em algo.

            - Sparda? – o demônio gritou. Vergil tentou se levantar para acreditar que aquilo era verdade. Lara estava usando a espada de seu pai?

            - Sabia que você não se esqueceria tão rápido dessa.

            - Como essa espada caiu nas mãos de uma humana? Você sabe que se o poder for mal utilizado você vai pagar por sua alma por esse ultraje? Usar armas demoníacas é perigoso para mortais.

            - Você pode ter conseguido pegar a Yamoto e a Rebellion. Mas essa espada, eu te garanto, vai ser mais difícil de reivindicar.

            Lara desviou-se do salto mortal do demônio que apenas conseguiu atingir a parede. Agla a atacou com ambas as espadas, mas Lara pôs Sparda entre as espadas e a morte. Um grande ruído ecoou pelo salão, como se o choque entre as três espadas houvesse acordado um mal adormecido.  Uma força invisível empurrou Lara e Agla para direções contrárias. Lara bateu com força na jaula que aprisionava os irmãos, não conseguiu levantar-se imediatamente e por alguns instantes ficou imóvel.

            - Lara? Lara? – Dante já estava com força suficiente para tentar alcançar com as mãos o ombro de Lara, sacudiu, tentando checar que ela estava viva.

            Agla também estava tonta, mas com esforço tentava se por em pé. Aos poucos Lara recuperou seus sentidos, apesar de sentir-se pesada. Suas mãos tremiam descontroladamente e quando tentou se levantar caiu, pois parecia que um peso invisível a impedia de levantar-se.

            - É a espada... – Vergil gemeu de dentro da prisão. Enquanto Dante desesperado tentava sair.

            - Lara você está me escutando? Quer fazer o favor de me passar essa espada, você vai morrer. Não se esqueça que você não é um de nós. Você não é um demônio, muito menos Sparda.

            - Você não sabe quem eu sou. – Lara disse para Dante. Por um instante, ele acreditou ver um brilho diferente nos olhos da arqueóloga. Com um pouco mais de força Lara conseguiu levantar-se. Suas mãos deixaram de tremer.

            Agla já estava em pé e gritou para Lara:

            - Você não desiste, não é mesmo? Não percebeu que essa espada é forte demais para uma humana? Não notou que o choque entre essas espadas quase te matou. É muito para você, moçinha.

            Lara pegou a espada no chão e continuou no mesmo local, como se esperando para que Agla fizesse o primeiro ataque.

            Por alguns instantes Agla vacilou, pensando ter notado algo diferente na mulher à sua frente. Mas preferiu acreditar que aquela era apenas uma humana abusada demais. Ainda segurando as espadas de Dante e Vergil ela correu em direção à Lara. Com extrema agilidade Lara virou-se para o lado e tirou Yamoto das mãos do demônio.

            - Essa espada não pertence a você! – ela sussurrou e ao ver o olhar do demônio de ódio jogou a espada de Vergil longe.

            - Rápida! - Agla fez um movimento com a espada que restava. – Mas não rápida... – antes mesmo que pudesse completar a frase Lara segurou Rebellion pela lâmina, fazendo com que gotas de sangue caíssem no chão.

            Dante e Vergil não conseguiam esconder o espanto ao presenciar tamanha reviravolta.

Puxou a espada para longe de Agla com tamanha força que a fez perder o equilíbrio. Também jogou Rebellion para longe e fez Sparda ultrapassar o corpo do demônio que se encostou à grade da jaula.

            - Você nunca terá o que deseja... Todos os portais serão destruídos como sempre quis.

Lara retirou a espada do corpo de Agla. O demônio continuou encostado na grade respirando profundamente.

            - Sparda? – gemeu desesperado.

- Dessa vez você morre – com um golpe cortou o demônio em dois.

            O corpo de Agla despedaçado tombou e Lara colocou delicadamente a espada do grande Sparda em suas costas.

            - Obrigado – sussurrou.

            Lara olhou para a jaula e virou-se para onde estava uma das espadas. A espada Yamoto.

            - O que ela pensa que está fazendo? – Dante reclamou.

            Lara pegou a espada de Vergil do chão e observou a longa lâmina. Dante de dentro da jaula encarou o irmão que mesmo enfraquecido estava com um olhar mortal.

            Usando a própria espada do irmão Lara abriu a jaula e antes que Vergil pudesse fazer qualquer coisa ela fez Yamoto atravessar o corpo do semi-demônio que com um grito ajoelhou-se e em poucos segundos caiu desfalecido.

            - Não tente pegar aquilo que não lhe pertence Vergil. – Lara disse seriamente.

            - Lara? É você? – Dante perguntou preocupado.

            - Claro que sou eu. Quem você achou que fosse? Noesis? – disse sorrindo. – Vamos embora desse lugar – já na porta da jaula Lara perguntou. –Você acha que consegue andar?

            -Acho que sim - Disse sem ter muita certeza - O que está acontecendo com você? Você está ficando muito estranha.

            - Você não acreditaria se te contasse. – disse enigmaticamente.

            - Vindo de você eu não duvido de mais nada.

            - Depois – Lara voltou-se para Dante e segurou seu braço o ajudando ao sair da prisão. – Você está mal.

            - E você está diferente. Obrigado pela ajuda. – Dante encarou o corpo do irmão mais uma vez antes de sair.

            - Ele vai ficar bem. É só o tempo necessário para nós sairmos daqui. – Lara encarou Dante e continuou - Eu sabia que você precisaria de minha ajuda. Não posso confiar o destino do meu mundo nas mãos de um meio demônio irresponsável.

            -Esse meio demônio irresponsável salvou sua pele já se esqueceu? Mas tenho que admitir que por essa eu não esperava. Você com Sparda! Foi idéia da Trish, óbvio.

            - Sim. Por um momento eu imaginei que não daria certo. Mas agora não é a hora certa para falarmos disso. – Lara desconversou.

            Quando já estavam longe do salão Dante disse:

            - Espere. Você não acredita que seja melhor procurarmos alguma informação sobre os portais. Talvez esteja aqui, ou talvez haja informações importantes nesse calabouço.

            - Não vamos precisar disso. Eu já sei de tudo que precisamos. O portal não está aqui, mas eu sei onde ele e os outros estão.

            - Como você sabe de uma coisa dessas? – Dante parou assustado.

            - Tudo em seu tempo Dante. Vamos? Eu preciso tirar o selo que retira a energia demoníaca dos que entram aqui.

            - Lara você está muito misteriosa. Como você sabe que isso vai resolver?

            - Sparda me disse. – Lara falou quase num murmúrio saindo de perto de Dante e entrando em uma pequena porta.

            - Como? – Dante perguntou surpreso.

- Seu pai me disse. – falando isso desapareceu pela porta.

            -Larinha, você está fazendo confusão, ele morreu há anos! – disse tentando acompanhá-la, ainda mancando.

- Dante, não me desconcentre. Eu já te disse que eu vou responder todas suas perguntas. Mas agora preciso de concentração.

            - Isso não é possível – sussurrou inconformado.

            Lara retirou novamente Sparda das costas e com um forte golpe quebrou uma das paredes de pedra, pedaços da parede voaram pela sala e de dentro do buraco recém-aberto Lara retirou uma pequena estátua de águia. O tempo havia feito com que ela perdesse o brilho que outrora teve. Com delicadeza Lara depositou a estátua no chão e com um golpe certeiro no meio da cabeça da águia a partiu em dois.

            Todo o local tremeu e Dante quase caiu senão fosse Lara o segurar pelo braço.

            - Você vai voltar ao normal.

            Em poucos segundos o local parou de tremer.

            - Como se sente?

            -Melhor. Vamos logo antes que Vergil também se sinta melhor e cause problemas pra você!

            Dante escuta Lara dizer para a espada Sparda - Eu não tenho tanta certeza disso.

 

            Juntos eles voltam para o longo buraco e com um impulso Dante consegue voltar à superfície carregando Lara.

            - Até que você se recuperou rápido.

            - Eu ainda estou fraco. Mas fiz o meu melhor.

            Trish corre para alcançá-los.

            - Vocês estão bem! A Sparda resolveu o problema Lara?

            - Você estava certa Trish. A espada realmente é poderosa.

            - É exatamente por isso que vamos agora para minha loja, ou você acha que me esqueci do que você faz lá embaixo? Eu preciso de uma boa explicação!

            - E você vai ter.

            Trish olhou para ambos sem entender bem o que estavam falando.

            - Vamos logo sair daqui. Tem um meio demônio com ódio lá dentro.

            - Ele não vai tentar fazer alguma coisa por um bom tempo. – Lara sorriu.

 


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