O Despertar de Um Anjo: Pesadelo escrita por Mara S, Kelly S Cabrera


Capítulo 12
Sparda




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Os três demoraram um pouco mais do que a ida para chegarem à Devil May Cry, a força de Dante ainda não havia voltado totalmente, então tiveram que fazer pausas.

            Mal Trish fechou a porta Dante perguntou.

            - O que foi aquilo lá em baixo?

            - Acho melhor você se sentar. É longo. – Lara disse sentando-se.

            Trish olhou com um olhar de dúvida para Dante e sentou-se ao lado do meio demônio.

            Primeiramente Lara colocou Trish a par da situação. Depois respirou profundamente, pois explicaria a parte mais complexa do processo.

            - A espada de Sparda ao tocar as espadas dos filhos criou uma áurea ao meu redor e por poucos segundos eu pude vê-lo – Lara olhou para o vazio lembrando-se da visão do guerreiro. – Ele disse que o choque entre espadas, representava um laço entre seus filhos e ele. Um laço que nunca imaginou que ocorreria. Mas desse choque resultou que a alma, eu não sei bem se posso usar isso para um demônio aprisionado, saiu de dentro da espada. Era como se todo esse tempo ela estava lá, presente na espada e somente naquele instante ela conseguisse se liberar. A alma me disse coisas sobre você Dante e seu irmão e me ajudou a derrotar o demônio. Nem eu mesmo sei bem como isso pôde ter acontecido. Foi ele que me disse o que fazer com Vergil. Naquele momento não era eu, Lara, que estava matando Vergil, era Sparda ferindo seu filho. Eu senti sua dor ao fazer aquilo, mas foi necessário. É por isso que acredito que Vergil não agirá por um bom tempo, ele está em estado de choque, porque ele sentiu que era seu pai. – Lara suspirou profundamente – Talvez você não acredite em mim, mas uma das coisas que ele disse para mim foi que ele não queria causar o ódio que você tem. Mas que ele te entende – Sparda disse inúmeras coisas para Lara, mas ela preferiu não dizê-las para ninguém. Talvez nem Dante nem Trish acreditariam nela. – A última coisa que ele disse foi que o ato de você ter dado a espada dele para alguém que lembrava sua mãe só provava que seu lado humano era maior que o demoníaco e que ele admirava você por isso. Ele sempre esteve presente Dante, mesmo depois de desaparecido. Foi ele também que me disse que aquela fonte deveria ser destruída para podermos sair D’O Abismo.

            - Então ele... Ele esteve aí o tempo todo? - Dante não escondeu sua surpresa - Eu nem sei o que dizer - Olhou pra Trish assustado e viu que ela estava tanto quanto ele. - Isso é impossível!

            - Eu não posso fazer você acreditar e antes que você o culpe por não ter se manifestado depois que a espada foi forjada, ele não podia fazer isso. Sua prisão o impede de qualquer contato com esse mundo e isso que aconteceu só foi possível porque houve o choque entre as três espadas Dante.

            -Aposto que até o Vergil ficaria nessa situação que eu estou, Lara. Não duvido de suas palavras, eu só estou... Confuso.

            - Eu imagino que esteja. Foi o único jeito que ele encontrou para... Poderia ter sido com Trish ou até mesmo com Vergil, uma vez que as três espadas se tocassem isso aconteceria. – ela parou e ficou fitando o chão demoradamente, aquilo tinha sido surreal para Lara também.

-Pelo menos agora sabemos o que aconteceu com Sparda. - Trish disse ainda confusa. - Ele disse onde estão os portais que podem levar pro seu mundo Lara?

            - Oh sim! – Lara ficou aliviada por terem mudado de assunto. – Na verdade ele me disse que os portais que Agla estava procurando são os remanescentes, que na verdade são seis portais e não os cinco como Ishyros havia nos dito. Agla estava usando O Abismo porque acreditava que lá estava o último portal que funcionaria como uma ponte para o meu mundo e para o Inferno, como o portal que me fez vir para cá da primeira vez. Aquele portal está intacto, no meu mundo, e existiria um segundo, nesse mundo, mas o que Agla não sabia que ele não estava N’O Abismo, e sim, próximo a ele. É uma floresta perto. Sparda disse que está em baixo da floresta, mas ele disse que Dante saberia encontrá-lo.  Os outros três são simples portais. Um deles seria o da Escócia, o outro o da Igreja e o último intacto do templo abandonado que você lutou com Vergil, Dante. Eu nunca imaginei... – Lara sussurrou.

- Esses dois portais são capazes de me levar de volta e depois que eu for, deverão ser destruídos. Assim os seis remanescentes serão exterminados para sempre. Os portais existentes no meu mundo não terão utilidade uma vez que os portais aqui forem destruídos, eles funcionam como pontes. Sem um o outro não vive.

-Você não quer descansar? - perguntou preocupado - Sabe não é sempre que uma humana usa o poder do velho.

- Bom, eu não me sinto cansada...

- Lara, acho melhor você ficar. Tanto você quanto Dante precisam descansar um pouco.

Lara tinha se lembrado que daqui a poucas horas ocorreria outra despedida, pra isso ela não estava pronta.

- Tudo bem. – ela disse finalmente.

- Ótimo! – Trish levantou-se – Lara, preciso resolver umas coisinhas, não vão sem mim! Não vai demorar nada. – piscou e saiu pela porta.

- Vão pensar que morri – Lara falou olhando para o teto. Havia parado para pensar, pela primeira vez, que Zip e Winston deveriam estar preocupados com seu desaparecimento. Apesar de ter falado aonde ia, ela sabia que cedo ou tarde eles começariam a pensar o pior.

- Pensei que você não tinha ninguém - Dante falou arqueando uma sobrancelha e sorrindo por saber que Lara não era tão durona assim.

- Bom, meu mordomo e meu assistente, daqui a pouco, irão pensar que morri, apesar de me conhecerem muito bem. Apesar de viajar tanto às vezes é tão bom estar em casa.

- Você tem um mordomo?

- Sua família está conosco há muito tempo. É uma tradição. – Lara disse sem prestar muita atenção no interesse de Dante.

- Você não parece que é uma daquelas que precisa de mordomos.

            - É difícil cuidar de uma casa com mais de 70 cômodos sozinha. Além do mais, Winston é mais que um mordomo. – Lara disse com naturalidade.

            - Obrigado – disse entre os dentes.

- Pelo o quê? – disse sem entender.

- Nada – disse enfezado. – Logo, logo, você vai voltar para sua casa de setenta cômodos.

- Oh, eu entendi – disse rindo. – Dante, você é engraçado.

- Bom eu me comportei como prometido - Desconversou - Onde está meio pagamento?

Lara olha para Dante e ri. – Você, de fato, é engraçado. Volta a olhar para o teto distraidamente.

- Lara, você prometeu.

Lara voltou a olhar Dante, que já estava ao seu lado, pensando se aquilo deveria ocorrer.

- Já tinha me esquecido.

            Dante a beija e Lara não o impede. Ela fecha seus olhos com força para segurar as lágrimas que teimavam em sair de seus olhos.

            - Promessa cumprida. – Lara diz afastando Dante.

            - Acho que você se esqueceu, mas foi você que começou com tudo isso. – disse nervoso.

            - Eu? Dante não tente tirar sua parcela de culpa!

            - Se você quisesse poderia ter corrido, Larinha.

            - Eu não estou brincando com seus sentimentos pra você ficar nervoso. Eu só estou sendo sincera. Não tem como isso durar, você sabe disso. Vai ser melhor para nós dois no futuro você vai me agradecer.

            - Nós vamos ou não vamos atrás desses malditos portais? Ou você pretende ficar aqui?

            - Realmente, é impossível manter uma conversa civilizada com você – disse indo na direção do corredor para o andar superior.

            -Pretende ficar aqui? -Perguntou quando viu para onde Lara estava indo.

            - Eu vou pegar as minhas coisas ou você vai querer guardar uma lembrança? – perguntou nervosa já desaparecendo de vista.

            -Não, obrigado!

 

            Dante já estava esperando Lara em sua moto quando avistou Trish vindo em sua direção.

            - Onde está Lara?

            - Lá em cima. – falou mal-humorado

            - Não vai me dizer que vocês brigaram de novo? – riu

            - Ela é terrível.

            Lara encontrou Dante já na porta e quando ela se aproximou viu que ele estava conversando com Trish.

- Falando do diabo – Trish fala baixo.

- Perdi alguma coisa? – Lara pergunta desconfiada.

- Não - Trish respondeu - Está pronta?

- Claro. Pra qual portal?

- O que você já está familiarizada. – Dante disse seriamente.

- O da igreja?

- Sobe na moto. Nem adianta que vai ser eu que vou dirigir. Trish você sabe aonde é?

- Óbvio. – Trish desapareceu no céu.

 

            Lá estava a igreja, intacta, como antes. Em poucos minutos eles encontram o caminho para o portal.

            - Será que ele está funcionando normalmente? – Dante arriscou.

            - Acredito que sim. Seu pai disse que sim.

            - Os sacerdotes humanos devem ter cuidado bem do portal – Trish arriscou.

            - Pode ser. Os demônios não se preocupavam tanto com esse portal. Existiam outros com o mesmo propósito que este e de mais fácil acesso.

            - Lá está ele! – Lara disse sorrindo ao avistar a estrutura já conhecida.

            - Você vai ou não vai Lara? Não tenho todo tempo do mundo, preciso destruir mais alguns portais ou você vai ficar admirando o portal a sua frente?

- Dá um tempo Dante... – Lara falou enquanto caminhava até a parede, com as mesmas protuberâncias, que pareciam estar como se não tivessem sofrido tiros no passado.

Não havia se esquecido do que precisava fazer e repetindo a mesma ação, ou seja, atirando em uma seqüência exata em vários buracos na parede, abriu o portal.

Um grande arco surgiu no mesmo lugar que estava a parede de pura pedra. Trish que não sabia o que esperar afastou-se espantada, mas Dante não se mexeu.

            - É... Parece que vou voltar ao Egito novamente. Espero que não tenha nenhuma surpresa desagradável.

            - Lara... Por que você não fica? -Trish perguntou repentinamente - Seria muito bom ter uma companhia que preste por aqui - disse olhando pra Dante que mal se mexeu.

            - Eu não posso fazer isso. – Lara disse carinhosamente para Trish. Suspirou profundamente – Dessa vez é para sempre. Sem portais para voltar.

            Lara caminhou até Dante, que ainda não escondia sua cara fechada.

            - Dante, desculpe-me por tudo que fiz com você. Não foi minha intenção te machucar. Acho que não meço meus atos.

            Dante suspirou e encarou Lara por um tempo antes de responder.

            - Tudo bem Lara. Vamos esquecer isso. - Parou por uns instantes - Eu vou sentir falta desse seu jeito explosivo de ser – sussurrou.

            - Não vai adiantar falar que qualquer coisa é só chamar – Lara falou baixinho. Sem pensar duas vezes ela levantou-se nas pontas dos pés e beijou Dante pela última vez.

            - Adeus. – disse afastando-se e sorrindo para Trish. – Acho bom vocês destruírem os portais se não quiserem me ver por aqui outra vez.

            Lara desapareceu juntamente com o portal. A parede voltou ao normal.

            - Dante, por que você não entra nesse portal?

            - Não seja maluca Trish. Há certas coisas que devem permanecer em seu lugar e o meu lugar é aqui. – disse um pouco mais irritado que o costume.

            - Sinceramente, eu não te entendo.

- Nem queira.

            Trish sabia que ele ficaria assim por um bom tempo. Ela preferiu animá-lo do único jeito possível.

            - Então voltemos ao trabalho?

            - Você pode ir indo na frente?

            - Claro. Te vejo depois.

            O que Dante iria fazer era arriscado e cabia apenas a ele essa responsabilidade. Decidiu seguir seus instintos, e seus instintos diziam para ele deixar aquele portal intacto, como ele esteve por tanto tempo.

- Até qualquer dia. – disse afastando lentamente.

            Só esperava que esse dia chegasse.

 

            Lara caiu em um chão frio. Quando abriu os olhos percebeu que não estava no Egito como supunha, ela estava na Escócia, no templo druida.

            - Estranho... – levantou-se chocada. – Será que ele nos retorna para o último local que estivemos? É melhor não perder tempo pensando nisso. Acabou. – disse olhando para o portal atrás dela, já inutilizado, como o outro do Egito também ficaria.

            Saiu do templo e sorriu ao notar a beleza do entardecer.

            “No final, tudo ficaria bem.”

 


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