Quando Paul e Terence finalmente entraram emocionados em casa, felizes e contentes, John deu um suspiro e em seguida pensou consigo mesmo, se aquela família não estava muito estranha. Logo no dia que chegou não perguntaram nada para ele. Talvez aquilo fosse normal, os que eram filhos mais tempo, tinham mais atenção. Mas sempre que John chegava, por ser o caçula, Melody o colocava no colo e acariciando a sua cabeça como se fosse um gatinho, ela contava as aventuras dele. Mesmo assim, ela não quis voltar o olhar para ele.

Ótimo, era só o que lhe bastava, ser ignorado até pela família Zafre.

Alguns dias depois, não mais do que uma semana e dois dias depois que John chegou de Hogwarts, finalmente os Zafre vieram falar com ele. Ele estaria achando estranho, se não fosse o aniversário dele, Primeiro de Julho. Ganhou tantos presentes que nem se deu conta que estava ele entrando em uma armadilha...

Os dias mais quentes do verão pareciam nunca acabar. Era mais uma tarde ensolarada e cheia de insetos mortos pelo calor, e ela havia se acabado. Os Zafre que viviam em harmonia com os trouxas de um tempo para o outro pareciam que se falavam menos.  John estava caminhando com os pés descalços, uma calça fina do seu pijama listrado e verde sem a parte de cima. Ele e os irmãos tiveram uma tarde agradável com os “quase” novos cunhados de Melody. Que era Ugo e Igor, junto com suas namoradas, Anne e Ana. E obviamente o “quase” namorado Tiago Nills.

John já os conhecia de Hogwarts, os Trigêmeos Nills aprontavam mais do que hoje aprontam os gêmeos Weasley, eles são apenas dois, os Nills são três. Eram da mesma casa do garoto e quando ele entrou em Hogwarts por diversas vezes eles o ajudavam. Á aprontar, á bagunçar, á zuar, falar muito, conversar, estava sempre em harmonia e bagunça.

Naquela mesma noite, o único que não conseguiu dormir ás duas e meia da madrugada era John, caminhava de um lado para o outro, incansavelmente. De repente, além da surpresa de John, Ísis ergueu a voz dizendo.

-Já chegou o final do ano letivo!

-Eu sei... – Falou Joseph com o som que parecia estar se sentando no sofá. – Ah, tarde agradável com os Nills não?

-Joseph... – Chamou Ísis.

-Aan... – Sua falta de interesse era fantástica.

A conversa vinha abaixo do quarto de John, que era separado do quarto dos demais. O piso de madeira passava qualquer som, e com uma noite quente daquela não seria uma má ideia John colocar o peito no chão e colocar a orelha no piso para ouvir a conversa dos Zafre, que parecia muito tentadora.

-E você não vai me ajudar? – Perguntava Ísis meio que preocupada.

-Eu? Ajudar-te? Desde o começo a ideia foi sua! – Falava ele tentando manter a calma.

-A ideia não foi minha... – Forçava Ísis. – Só me mandaram!

-Quem mandou?

-CDM! – Disse.

-CDM? – Ele respirou fundo. – Pelas demandas de quem?

-JOSEPH, POR FAVOR, NÃO ME PRESSIONA!

-Está berrando! – Falou. – Vai acordar todo mundo, eles vão ficar assustados. Vão querer saber o que tá acontecendo. E você vai mentir. Você mesmo falou que não suporta mentiras...

-Como assim? Eu estou vivendo em uma mentira... – Dizia. – Tenho medo de o plano dar errado... De...

-Do plano?

-Joseph, por favor... Somos marido e mulher e você até parece que não está mais... – Ele se enroscou em Joseph o abraçando dizendo. – Tão na minha, quando á...

-Naquela época, - Joseph se afastava de Ísis aos poucos. – Você era mais fofa, era mais simpática, tinha um belo rosto... – Ele sorriu acariciando o de Ísis. – Não que mudou... Mas, as ambições mudaram... Antes suas ambições eram apenas para você! Hoje é para outras pessoas.

-Você daria a vida pelos seus filhos?

-Sim!

-Então...

-Mas você não está dando a vida pelos seus filhos e sim oferecendo.

-O que? – Se perguntou. – O que? Oferecendo? No que...

-Para salvar Melody e Terence que são nossos filhos legítimos você tem que sacrificar alguém, não é?

-Sim! – Disse abaixando a voz. – Mas ele não pode morrer.

-Não era para ele morrer? – Perguntou Joseph. – Á uns anos atrás?

-Era...

-Porque querem tanto matar o menino? – Perguntou Joseph.

-Filho de Copas... – Ela começou dizendo. – Damas de Copas, elas são as piores bruxas já criadas, porque acha que todas foram mortas?

Joseph a encarou e em seguida perguntou.

-Por que deviam? – Sugeriu.

-Não! – Ela sorriu. – Quem dera se fosse isso. – Ela deu a volta e se sentou em outro sofá á frente dela.

-Então o que foi?

-Elas têm um dom incrível. Dom que Dumbledore reconheceu...

-Dom?

-Eram inteligentes, astutas, arrumaram feitiços que não existem feitiços contra! Arrumaram um antídoto para amenizar a transformação de Lobisomens e...

-Não quero saber o que elas fizeram e sim o que elas têm de mais...

-A primeira geração é da Inteligência, sabedoria e dons sem igual. A segunda geração é dos poderes ocultos!

-Tem a terceira geração? – Perguntou em tom irônico.

-Sim! – Falou Ísis seria e tomando a palavra. – A Geração que pode se comunicar e ressuscitar os mortos, mais estamos na segunda geração! – Tentou ser mais contida. – Por isso acabar com a Segunda, para que não aja a Terceira e...

-Existe a quarta? – Perguntou rindo.

-VAI ME AJUDAR?

-O que você quer que eu faça? – Perguntou nervoso.

-Amanhã se divirta com ele... Saia com ele, com todos... Todos mesmo... – Dizia ela meio nervosa. – Se divirtam e vão dormir ás dez em ponto... Espero que venham o resgatar... – Falou ela estralando os dedos.

-Meu coração até acelerou agora Ísis...

-E o meu? Está acelerado desde o dia dois de Julho.

-O que teve dia dois de Julho?

-Foi o dia em que a Terceira dama de Copas morreu!

-E o que tem?

-O que resulta no que estamos vivendo hoje! – Disse Ísis dando um selinho na boca de Joseph e desejando boa noite.  – Até amanhã!

-Aih Zafre assim você me sufoca! – Dizia ele desligando o abajur.

O coração de John pulsou, bateu cada vez mais rápido.

Ele tinha sido meio mal esse ano todo, se sentindo o último, mas tava na hora dele ser um herói. Não salvou Cedrico? Mais ia salvar Paul! O filho de Kathellen, que era por coincidência uma “Dama de Copas”.

-PAUL, PAUL! – Berrou John invadindo o quarto de Paul desesperado.

-Aan? – Ele se levantou assustado. – Aan? John o que aconteceu? Está bem? Tá com medo? – Perguntou Paul se levantado da cama com tudo.

-Eu vim te proteger! – Falou John se ajoelhando no pé da cama de Paul.

-Me proteger? – Perguntou Paul sem entender.

-Vão querer matar você!

-Me matar? – Perguntou Paul assustado. – Como assim me matar?

-Ah, eu não vou deixar eles te matarem...

-Como assim? Você sonhou?

-Não sonhei! – A sua afobação o atrapalhava. – Eu te juro que não sonhei! Vão te matar!

Paul sorriu tranquilamente.

-Não tem problema, assim eu vou para junto de meus pais! Kathellen e Régulos Black! – John mal podia acreditar no que ouvia. Seria real?

-Mas Paul...

-Então o que pretende fazer?

-Ficar com você...

-Ótimo! – Ele sorriu. – Pega o seu travesseiro e o seu cobertor se quiser dormir no meu colchão antigo...

-Pode ser.

Apesar de a noite ter sido conturbada de medos e algumas coisas á mais foi até tranquila, pois a varinha de John estava ali na sua mão preparado para salvar o amigo, irmão talvez primo de qualquer mal.