Dama Negra escrita por Laryssa Costa


Capítulo 9
Capítulo 9 - Obrigações em primeiro lugar, vida em segundo. + BONUS DE NATAL


Notas iniciais do capítulo

Meu Cartão de Natal para vocês, por favor, leiam.
Obrigada por ficarem ao meu lado enquanto eu escrevo esta fanfiction. Escrever para mim é um alívio e ter vocês aqui, comentando e recomendando é um presente que eu nunca vou poder expressar o quanto eu sou agradecida. Por todos vocês e o carinho de todas vocês. O Natal está chegando e digo, passem com quem vocês gostam. Natal serve para isso, para reunir as pessoas. O Ano Novo também está chegando, então me façam um favor: Não deixem seus sonhos para trás com esse ano. 2014 está chegando para fazer alguma coisa boa com a gente, certo? E o que vocês quiserem me pedir, podem pedir, que esse vai ser meu presente de natal para vocês!! PS: Ano que vem, finalmente vou criar vergonha na cara e criar um tumblr/blog descente para postar minhas fanfictions tá? Lembrem-se que eu sempre estarei aqui para vocês, beijos de Lary.



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Edward narrando.

Assim que eu ia pondo minhas mãos na maçaneta da porta, a carruagem começou a andar, mas isso não iria me impedir, não mesmo. Mas então Aro, que estava sentado ao meu lado, pegou minha mão e obrigatoriamente tive que olhá-lo, ele fez um sinal negativo e então me soltou calmamente, como se eu fosse uma criança que sabia obedecer. Fiquei contrariado por isso, mas eu precisava que alguém realmente fizesse isso. Talvez, somente talvez, eu pudesse estar saindo do controle.

Olhei para trás o tanto que consegui, e a vi andando apoiada em algumas damas suas, para poder entrar direito na carruagem. A noite provavelmente tinha sido tão boa que ela estava esgotada. Mas vamos pensar pelo lado bom, era um baile de máscaras. Se a inconsequente estivesse feito alguma coisa, o que provavelmente fez, ninguém saberia. Um peso a menos para ele.

Mesmo eu saindo primeiro, a sua carruagem estava bem mais rápida que a minha, provavelmente a pedido dela, e ultrapassou a minha rapidamente. Pelo menos quando chegássemos em casa, ela estaria lá e iríamos poder ter uma boa conversa sobre isso. Não acredito que ela fora burra o suficiente para causar qualquer tipo de coisa que me envergonha, afinal, estou no comando. Qualquer deslize dela, qualquer um, e ela está fora. “Precisamos dela, Edward” – Veio as palavras de meu pai em minha cabeça. Eu não preciso dela, meu pai e tudo isso que cerca ele precisam dela.

Quando chegamos, apressadamente fui para o meu quarto poder falar poucas e boas para ela, minha raiva era tanta que fiquei perdido primeiramente, por não a encontrar em meu quarto. Lembrei que ela estaria no seu, claro. Expulsei-a daqui, como não estava me lembrando disso?

Como seu quarto não é muito longe do meu, chego rápido e abro a porta sem pedir licença, já me preparando para o começo de uma briga. Mas então me surpreendo com ela ajoelhada no chão, debruçando-se sobre a cama, chorando tão desesperadamente que seus soluços eram audíveis. Ela se quer fez o trabalho de olhar para quem estava entrando, estava tão concentrada em seu próprio desespero que se tivesse um telespectador ou mais, ela estava pouco ligando. E então pela primeira vez, me senti acuado. Ela se quer disse uma palavra, mas era a primeira vez que a via chorar. Mesmo depois de tudo que estava acontecendo, essa era a primeira vez. E do mesmo modo como minha mãe fazia isto poucas vezes, mas sempre quando fazia eu me sentia do mesmo modo que sinto agora, eu estava começando a recuar novamente, mas sabia que até quando fechasse a porta, seria impossível esquecer aquilo.

Parei um pouco antes de fechar a porta, com uma ideia maluca na cabeça. Talvez, somente talvez, deu deveria perguntar o que tinha acontecido. Só ia acontecer duas coisas, ou ela ia falar, ou ela ia continuar a chorar. Enquanto ia me aproximando aos poucos, senti cheiro de álcool. E dessa vez, não vinha de mim, e sim.... de Isabella.

– Não acredito que você bebeu Isabela! – Segurei-a pelos ombros e a virei para mim. Sem muito sucesso, mas ainda deu para ela virar o rosto para mim. Parecia não estar me escutando, as lágrimas caiam como se não tivesse amanhã, como se simplesmente não conseguisse pará-las. Instantaneamente afrouxei as minhas mãos em seus ombros e tentei me acalmar o máximo possível. Ver mulheres chorando me deixava desconfortável. Me sentei na cama, perto onde sua cabeça estava apoiada. – O que aconteceu?

Isabella levantou minimamente a cabeça e seus soluços estavam menos audíveis. Mas as lágrimas corriam com a mesma intensidade, mas em vez de ver desespero em seus olhos, não conseguia mais ver coisa alguma. Era como se fosse uma mistura de medo, angustia, desilusão. A bebida com certeza piorou a situação dela, pois sempre fora tão concentrada. Ela continuou me olhando, como se estivesse esperando ou pensando em algo.

– Você quer alguma coisa? Posso pedir pra alguma criada fazer alguma coisa pra você. Pelo menos, para melhorar esse seu estado.

Não sei se eu falei alguma coisa errada ou não, mas seu choro desesperado voltou mais uma vez. Me levantei um pouco desesperado, e tentei a fazer levantar também, para ajuda lá a se deitar para dormir. Era melhor assim, ela cair logo no sono e quando eu saísse do quarto fosse atrás de alguma criada sua. Mas Isabella agarrou meus braços com uma força nada típica dela. A olhei, e ela estava me olhando com olhos apagados, mas mesmo assim, seus olhos.

– Por favor, por favor, por favor, eu te imploro. Deite comigo. – Ela completou a frase chorando e se agarrando a mim mais do que antes, e seu choro foi abafado pelo meu traje, senti suas lágrimas em minha roupa, não sabia o que fazer, não sabia o que falar. – Por favor Edward, me possua.

A afastei de meu corpo mas ela não levantou seus olhos para mim, continuou com a cabeça abaixada como em forma de rendição, ou como se estivesse se humilhando para alguém, e mesmo não olhando para mim, eu sabia que aquelas palavras estavam saindo como veneno para ela. Eu não a queria tanto assim, ela não chegava nem a isso. Porque estava tão desesperada por isso, mesmo bêbada?

Um herdeiro.

Um herdeiro para ela poder fixar-se no reino. Era simplesmente por isso. Afinal de contas, para que ela iria fazer toda essa cena se não fosse por isso? Mas não vou culpa-la. Afinal de contas, ela se casou comigo por isso não foi? Meus pais precisavam, o povo precisava, os pais dela precisavam. Todos precisavam, menos nós dois. E aqui está ela, acorrentada a desgraça por conta disto. Deve ter ouvido alguma coisa na festa, sim, com certeza ouviu. E para ficar deste jeito deve ter sido algo bem grave.

– Não posso, você está bêbada. – Falei simplesmente e então a tirei de perto de mim, e ela chorou mais ainda, dando as costas para mim. – Venha, vou lhe ajudar a se deitar.

Isabella não disse mais nada. Alguma coisa me dizia que para ela, os seus limites já estavam esgotados. Ela tinha se humilhado e se rebaixado em minha frente. Não tinha mais o que fazer ou o que falar. E isso estava me deixando sem chão. Sim, por ela.

A virei de costas para mim e comecei a desatar os laços do vestidos, e ela virou para trás assustada e até com um pouco de raiva pelo que pude perceber pelo seu olhar. Mas ainda estava confusa e meio desnorteada por conta da bebida.

– Apenas vou ajudar você para dormir, fique calma. – Falei e continuei a tirar suas peças de roupas, que além de serem muitas, e a deixei apenas de roupa de baixo. Saí do quarto olhando para ela, tentando ter certeza de que estava bem, mas ela se quer virou o rosto para me olhar.

Subiu na cama e puxou as cobertas, como se ela fosse sua salvação. Fechei a porta, e um pensamento me passou na cabeça “mas qual seria o real problema de dormir com ela? Amo outra, isso é somente um casamento. Ela precisa disto, o meu povo precisa disto... Não é?”.

Isabella narrando.

Acordei com uma repentina claridade que se espalhou pelo quarto, vindo juntamente com uma dor de cabeça desconfortável. Demorei um pouco para conseguir abrir os olhos, mas finalmente consegui olhar para a pessoa que estava me acordando. As cortinas estavam abertas, e o dia parecia estar agradável.

– Senhora, tem que levantar. As suas damas de companhia logo vão lhe vestir e tem seus afazeres do dia. – Uma de minhas criadas, que infelizmente não lembrava o nome agora, falava enquanto arrumava algumas coisas para o meu banho. – Venha, vou ajudá-la a banhar-se.

– Não é necessário. Peçam para aguardar apenas meia hora e podem ir para o quarto de Edward para me vestirem, estarei lá. – A criada me olhou um pouco nervosa, sabia que suas ordens não eram essas, mas como era eu que estava lhe falando, ela se curvou respeitosamente e fechou a porta.

Minha mente estava meio que envolta a uma névoa, e não conseguia pensar com clareza o que tinha acontecido na noite anterior. Tentei forçar um pouco minha mente, enquanto me levantava devagar para poder desatar os laços do meu vestido, passei a mão por minha cintura, esperando achar alguma coisa desatar ou tirar, mas olhei para baixo surpresa quando senti apenas minhas roupas de baixo. Algumas criada deveria ter tirado, provavelmente.

Deixei-as cair no chão e entrei lentamente na banheira. A água estava na temperatura que eu gostava, e felizmente ela me despertou um pouco. Meus olhos correram para minha roupa de baixo novamente, e fiquei tentando me lembrar pelo menos do final da noite...

– Por favor, por favor, por favor, eu te imploro. Deite comigo. – Meu desespero falava por mim, assim como o resto do meu corpo, derramando lágrimas mais que involuntárias e eu o agarrava mais ainda, esperando que ele fosse o fim do meu precipício. – Por favor Edward, me possua. Ele afastou-se de mim como se eu fosse uma pessoa indesejada rastejando por atenção e demorou um pouco para em responder. As palavras já tinham saído, a única coisa que eu sentia agora, talvez as palavras tinham me açoitado agora, era humilhação. Ele nem precisava mais completar, mas para minha total desgraça, isso aconteceu.

– Não posso, você está bêbada. – Não levantei minha cabeça. Eu tinha acabado de entender o que tinha acabado de se passar. Lá estava eu, fraca, fraca... Essas eram as únicas palavras que minha consciência falava para mim. Comecei a me arrastar para a cama, tentar despejar nela, e no sono, um sossego que eu sabia que nunca iam vir, um desespero que nunca ia passar, uma humilhação que nunca passaria, felicidade que nunca iria acontecer. – Venha, vou lhe ajudar a se deitar.

Me agitei um pouco dentro da banheira e então automaticamente as minhas mãos vieram parar no meu cabelo, e meu desespero começaram a tomar conta do meu corpo. Lágrimas que eu se quer percebi que tinham se formado, começaram a cair descontroladamente pelo meu rosto. Não. Não era desespero. Era humilhação. Eu tinha chegado ao meu limite. Mais uma rodada disto e seria o fim de Isabella Swan.Cullen.

# # #

Eu tinha pedido para ele deitar-se comigo. Será que sou tão asquerosa assim que se quer desperto nos homens a vontade de ser tocada? Não posso ter um herdeiro. Não posso fazer as coisas ao meu jeito. Não posso fazer nada! Certo mamãe, você não me treinou para um possível plano B, parabéns. Finalmente você fez alguma coisa errada que finalmente vou poder esfregar na cara de todo mundo, e acabar enxotada de um lugar que deveria ter me pertencido.

– Isabella? – Ângela estava de frente para mim, o que provavelmente me chamando pela terceira ou quarta vez. – Você está bem?

Olhei para a metade das roupas que as meninas já tinham colocado em mim e eu se quer percebi. Estava tão ficada em meus próprios problemas que esqueci totalmente de quem estava perto de mim, ou onde eu estava. Até percebi que uma das quatorze estava lendo para mim o que seria a minha programação do dia. Estava com cara de poucos amigos por eu não estar a ouvindo.

– Desculpem, eu estava pensando. Então, o que temos para hoje? – Tentei fazer a minha melhor cara de animada real que podia. Acho que deu certo, porque todas continuaram o que estavam fazendo.

– Agora pela manhã temos um passeio pelo jardim acompanhado de comprimentos para com os nobres que residem aqui no castelo. A senhora tinha um café da manhã com o Príncipe, mas infelizmente ele está resolvendo questões que devemos ficar de fora e não poderá comparecer ao compromisso. Temos que ir a igreja, prestar nossos votos, e então andará a cavalo em presença da aristocracia. Tem o seu chá da tarde, e finalmente poderá descansar para poder se arrumar para o jantar a noite, que o príncipe irá participar.

Continuei a olhar para ela e quase que saia de minha boca a pergunta se aquilo era obrigado. Ela fechou a pequena agenda e as outras começaram a me calçarem sapatos, colocarem o meu café da manha em uma mesinha perto da minha cama para poder apressar o processo, enquanto tentavam me fazer usar um vestido amarelo ridículo. Eu não sou obrigada a vestir aquilo mais, sou?

Então quando finalmente saí do quarto com um vestido rosa combinando com meu chapéu e quatorze meninas me seguindo, tinha percebido que eu tinha esquecido a primeira tarefa que uma das meninas tinham lido para mim. Chamei a menina rapidamente e pedi a minha agenda para ela. E assim se passou o meu dia:

Passeio pelo Jardim: Ninguém conversava nada ali. O Jardim estava lindo, mas o que mais me chamava atenção não eram as flores, muito menos uma fonte que eu não lembrava ter visto muitas vezes, e sim quatro dos amigos de Edward que cavalgavam para o canto mais afastado do castelo, onde os campos largos de propriedade de Esme estavam. Que vontade de fazer a mesma coisa.

Cumprimentos: “Essa fila nunca vai terminar?” perguntei pra Alice que estava do meu lado e ela riu um pouco, logo tentando voltar a postura normal. Vamos apressar um pouquinho as coisas. Comecei a andar um pouco mais rápido sorrindo e dizendo “Bom Dia, Olá, tudo bem?” para todo mundo que eu não conhecia. O homem que estava do meu lado falando quem eram as pessoas, estava com passos apressados atrás de mim, tentando o mais rápido possível tentando me fazer lembrar das pessoas. As quatorze meninas atrás de mim, estavam tentando acompanhar meus passos do mesmo modo do homem.

Igreja: Uma senhora de meia idade estava sentada um pouco afastada de mim e eu estava mais interessada em vê-la dormindo do que em qualquer outra coisa ao meu redor. Ela dormia, levava um susto e acordava. E eu ria. E era repreendida pelas pessoas que estavam sentadas perto de mim. Repousei meu queixo sobre minhas mãos cobertas por luvas de renda, e suspirei. Pelo menos a senhora estava se divertindo mais que eu.

Andar a cavalo na presença da aristocracia. O que era isso? Eu era a atriz principal de um teatro? Mas é claro que sim – eu mesma respondi com sarcasmo – você foi feita para isso, ser olhada. - Sabe Princesa, sempre adorei bastante minhas viagens para lugares arejados, é sempre tão revigorante. – A Princesa de... De onde era esta mulher mesmo? Portugal. Sim, Portugal. – O que acha de suas viagens?

– A maioria das viagens que faço são relacionadas apenas a negócios de meu marido. – Falei enquanto os criados do castelo colocavam as selas nos cavalos para podermos montar. Montar de lado, o que eu sempre odiei.

“Mas que tipo de selvagem é você, Isabella? Mulheres, principalmente reais, nunca e em nenhuma hipótese devem sentar-se a um cavalo do modo de um homem. Isto é totalmente inapropriado. Não queira imitar Emmett, quantas vezes tenho que lhe por de castigo para me obedecer?” Até hoje, lembrava dos dois dias que eu tinha ficado trancada no quarto em que e tinha mais medo do castelo porque mamãe ficou chateada.

– Ai que tédio. Ainda bem que nós mulheres não precisamos nos preocupar com isso, imagine! Uma mulher envolvida com política. – Ela riu como se fosse um total absurdo – Isso não foi feita para nós. E pouco me importa o que esteja acontecendo desde que isto não afete a mim, entende?

Hipócrita.

– Sim, entendo perfeitamente.

Uma hipócrita, chamando outra de hipócrita. Mas o que é que tu tá fazendo neste meio de gente Isabella?

– Desde pequena minha mãe dava esmola aos plebeus e falava para mim que era questão de ser amada pelo povo. Já meu pai falou que eles tem o que eles merecem. Hoje em dia, não me importo muito com isso. Estou casada, o meu marido que tem que resolver esses problemas. Lutas, política.,. Coisa de homem entende? A parte boa fica com nós, mulheres. Diversão todo o tempo, não é maravilhoso?

– Sim, é maravilhoso. – Falo automaticamente enquanto olho para a sela, tentando lembrar o modo que me ensinaram a montar de lado por conta da saia. O espartilho estava mais apertado do que de costume, então eu sabia que ia ser um grande problema tudo aquilo.

Olho para o redor e várias pessoas estão sentadas em cadeiras no jardim, a nobreza está em peso observando nossos passos. Algumas cochicham uma para as outras, que dão risinhos discretos. Outras não escondem seu olhar venenoso e pelo simples olhar já percebe-se que querem que eu caia do cavalo – o que não vai ser difícil, já que sei andar direito somente pelo modo tradicional – para rirem pelas minhas costas.

Proteção só era usada por homens, já que nossas cavalgadas não eram lá emocionantes. Com ajuda de um dos criados perto de mim, subi no cavalo relutante e olhei para as pessoas ao meu redor mais uma vez. Todos, simplesmente todos olhavam e a Princesa de Portugal já tinha começado a andar a cavalo sem mim. O espartilho estava incomodando de tão apertado, a posição de lado estava me fazendo escorregar para o outro lado e não sabia se me concentrava nisto ou no cavalo. Era a primeira vez que fazia aquilo enfrente de tanta gente, e sabiam que eu não estava me saindo bem.

Mesmo não ouvindo eu já poderia imaginar os burburinhos e cochichos das pessoas que estavam na casa, “para uma mulher que não dá filhos, ela pelo menos poderia saber de alguma coisa”, “para uma mulher real, deveria ter postura. Olhe só do modo como está andando no cavalo, não deve ter recebido educação o suficiente para isso”, “como esta menina quer honrar a Áustria desse jeito?”.

Não tinha outro destino, tinha? Óbvio que eu caí daquele cavalo. Nunca colocaria a culpa nele, e sim em mim. Apenas uma mulher tinha nascido no berço real da Áustria, e em vez de dar um nome respeitoso a seu cargo, estou degradando-o. Várias pessoas riram, e os que foram me ajudar, contavam-se cinco ao máximo. Enquanto me levantavam a Princesa de Portugal parou o cavalo para perceber o que se acontecia, sua cara foi de surpresa e desagrado. Alguns não escondiam sua felicidade por eu ter passado aquela vergonha, outros entortavam mais a boca para mostrar sua hostilidade comigo e tentando achar o rosto de alguém que não estivesse lá para me julgar, acabei me deparando com Tânia Denali, sentada na ultima fila.

De uma hora para outra a minha vergonha, se transformou em raiva e depois em ódio. Em primeiro lugar: O que era que esta mulherzinha estava fazendo na MINHA casa? Segundo lugar: Quem é que tinha convidado ela para cá? Terceiro lugar: Porque em vez de me julgar, não julgavam essa mulherzinha baixa? ; Olhei para Alice que estava me ajudando a levantar e ela me soltou imediatamente, provavelmente já enxergando minhas emoções nos meus olhos. Mas em vez de ir para cima dela, corri para meu quarto dentro do castelo. Não tinha mais lágrimas para chorar, não tinha o porque de gritar. Ontem foi o meu máximo com Edward, isso não iria acontecer comigo novamente. Não ia.

– Para onde é que ela pensa que vai? Os nobres estão aqui! – Ouvi Victória falar para Alice que não disse nada, apenas ficou me observando correr.

Fechei a porta do meu quarto e fiquei andando de um lado para outro dentro dele sem saber o que fazer. Voltar e pedir desculpas? Voltar e dizer que estou doente? Voltar e mandar todos irem embora? Ou simplesmente não voltar?

Minha mão apertava algo sólido e quando percebi estava com o capacete de proteção do Edward nas mãos. Provavelmente peguei meio que involuntariamente da mão de algum criado... Joguei em cima da cama e tentando ainda pensar em uma solução que uma mulher real deveria tomar e comecei a tentar folgar um pouco mais o meu espartilho que nesse momento estava me deixando totalmente sem fôlego.

Olhei pela janela e todos ainda estavam lá, e a Princesa de Portugal estava fazendo uma ceninha dramática para alguém perto dela que eu não tinha a mínima ideia de quem era. Vi um de seus seguranças reais montados a cavalo um pouco longe dela, mas de olho. Olhei para as suas botas. Olhei para as minhas botas. Olhei para as suas calças de montaria. Olhei para as minhas calças de baixo. Olhei para seus capacetes de proteção. Olhei para o capacete de proteção em cima da minha cama.

Eu já era mal falada mesmo, qual o problema agora falarem de mim pelo menos com razão?

Edward narrando.

– Nenhuma de vocês vai realmente atrás dela? – Falei para as damas de companhia de Isabella que se olharam entre si, esperando alguma falar alguma coisa.

Mesmo com o caos que estava acontecendo nas minhas reuniões não consegui ficar por muito tempo. Precisava saber como estava Isabella. E quando chego aqui, a vejo caindo do cavalo e mesmo antes de correr para ajudá-la, Aro me impede dizendo que os criados já estão fazendo.

Agora com esses sangue sugas rindo pelas suas costas, e ela correndo como uma menina indefesa para dentro de casa, consegui ir até as meninas que a acompanhavam para me darem satisfações. Assim que me viram, muitos nobres ficaram calados, mas alguns risinhos discretos ainda ecoavam pelo local.

– Não acho que ela queira uma de nós, senhor. Ela precisa de um tempo, vamos dar um tempo para princesa.

– Príncipe Edward! – Uma mulher vem até mim e eu olho para Aro e ele sussurra “filha do rei de Portugal” – Que coisa mais horrível que aconteceu com a Princesa. Não tinha conhecimento de que ela não sabia cavalgar... Mas claro que não é culpa dela, deve ser culpa desses criados. Ah, os criados de hoje em dia são muito irresponsáveis.

Beijei sua mão curvando-me, mas não escutei uma palavra se quer depois de “Que coisa mais horrível que aconteceu com a Princesa”, pois um barulho de cavalo vindo à nossa direção me deixou receoso, esperando a mensagem de algum dos nobres e aristocratas da reunião. Me virei esperando por mais coisas ruins do que boas.

Mas aquilo me deixou sem palavras.

Meu Deus. – Alguém, provavelmente uma das damas de Isabella que estavam atrás de mim falou como se fosse uma secreta súplica para que aquilo não estivesse acontecendo.

Internamente eu esperava que aquilo fosse uma ilusão ou algo do tipo, mas ao mesmo tempo só conseguia pensar: “Mas o que essa louca tem na cabeça?”, e sorri um pouco quando o cavalo passou por nós.

Isabella estava de calças. Sim. De calças. Elas eram um pouco apertadas e uma bota cinza chegava até seu joelho. Estava cavalgando como um homem e não como uma dama da realeza costumava e era aconselhada a fazer. Estava com meu chapéu de cavalaria que raramente usava e seus cabelos estavam soltos por debaixo dele, deixando eles que já estavam na altura de sua cintura voarem enquanto ela corria campo abaixo com o cavalo.

Assim que ela desapareceu entre as arvores, foi simplesmente automático. Os burburinhos começaram. Muitos olhavam para mim, outros nem faziam esse esforço, simplesmente falavam da mulher que acabara de sair em um cavalo. Pude ouvir até um “selvagem” entre um deles. A princesa que estava ao meu lado, simplesmente não conseguia falar nada.

– Agradeço sua visita. Gostaria de nos acompanhar esta noite para o jantar? – Falei casualmente para a princesa que estava ao meu lado e ela simplesmente me olhou como se eu estivesse fazendo uma pergunta realmente séria.

– Príncipe Edward... Felizmente eu já iria embora hoje para visitar minha prima em um dos países. – Ela olhou para onde Isabella tinha desaparecido e voltou para mim – Quem sabe um dia eu ainda volto para fazer uma breve passagem. Espero que possa comparecer ao meu casamento que está marcado para o mês que vem. Leve...hm, se quiser, leve sua esposa

– Adoraríamos participar de sua alegria.

– Mas, por favor, mande-a colocar saia desta vez. Não quero que meus convidados presenteiem isso em meu casamento, que é totalmente casto.

– Com todo prazer, Princesa.

Ela fez uma breve reverencia e eu retribuí com educação e ela virou-se certamente indo embora. Olhei para as damas de companhia de minha esp... de Isabella e elas olhavam para mim com um olhar perdido. “O que fazemos agora?” Estava estampado na cara delas. Olhei para Aro que olhava ainda por onde Isabella desaparecera e sorria um pouco. Todos nós estávamos sem saber o que fazer, enquanto os convidados esperavam receber algo como “isso foi uma apresentação, agora, podem bater palmas como Maria Antonieta ensinou e ir embora.”.

– Bom, pelo que vimos aqui o chá provavelmente está cancelado. Obrigada pela companhia de cada um aqui, e sua visita será sim recompensada. Tenham um bom fim de tarde a todos. – Olhei para os rostos que estavam sentados e em pé e acabei achando Tânia, que sorriu alegremente e eu me segurei um pouco ao retribuir para não deixar o lado de Isabella mais sujo. Mas... o que era isso? Desde quando eu protegia aquela garota?

“Desde quando você a viu chorando ontem, Edward.” Uma voz interior me disse e eu tentei ignorar, em vão. Tânia continuou a me olhar esperando algum movimento da minha parte, mas ao invés disto, tirei meu casaco e entreguei a Aro.

– Espere-a voltar, e agasalhe-a. Este final de tarde nestes campos de mamãe é bem frio e ela provavelmente não está com tanta roupa para se sentir aquecida. – Virei para as doze, treze, quatorze mulheres que estavam com ela (para que tanta mulher?) e falei – Esperem ela chegar também, todas vocês. Vou subir e descansar um pouco espero vocês no jantar.

Assim que eu comecei a andar para o castelo as cadeiras começaram a fazer barulho na grama, anunciando a saídas das pessoas. As criadas que estavam ao lado da porta esperando para arrumar o jardim tinham algumas, um sorriso divertido no rosto. Principalmente uma, que cuidava de Isabella mais do que as outras quando ela chegou aqui. Seu sorriso era de... Orgulho.

Vi alguns passos atrás de mim e parei para responder a pessoa, mas fui surpreendido por um abraço nada discreto. Não precisei olhar para o seu rosto quando senti seu perfume, era Tânia.

– Amor, estive com tanta saudade. – Ela falou e tive absoluta certeza de que várias pessoas puderam ouvir. – Faz tempo que não vem me visitar, o que aconteceu?

– Várias reuniões de estado, sinto muito querida. Mais que tal conversarmos depois? Preciso descansar agora.

– Ora Edward, para quê isto? Sua mãe, a rainha não está mais na propriedade. Não necessitamos mais de ficar nos escondendo assim. Deixe-me ficar. Pelo menos para um jantar... Vamos meu bem.

– Mas Isabella está aqui, e...

– Você é o rei, querido. Você. Isabella ainda não lhe deu nenhum herdeiro e nem lhe dará, do jeito que estão. Ela não tem denominação de rainha enquanto não tiver um filho seu. Quem tem poder é você Edward, não ela. Não acredito que vai me negar você quando finalmente posso tê-lo assim.

– Meu amor agora eu sou praticamente um rei, não posso causar escândalos.

– Você é o rei de todos. Faz o que quiser e na hora que quiser. E eu não admito que me trate desse jeito por aquela Austríaca, ela é estrangeira Edward! Estrangeira!

– Tudo bem meu amor, pode ficar. Mas é verdade que preciso descansar. Vou deitar um pouco e você pode visitar o que quiser no castelo, só não o quarto de Isabella. Apenas ela tem a chave do quarto e provavelmente agora está com as criadas. Peça para alguma lhe levar para o quarto de hóspedes, eles são muito confortáveis.

– Tudo bem querido, pode ir descansar. Vou arrumar tudo para o jantar, já que sua princesa não faz isso, não é? – Ela riu e entrou no castelo animada, chamando uma das criadas com ela, que a olhou com reprovação e nojo. Não que ela se importasse, claro.

Fiquei um pouco mais na porta observando as pessoas irem embora, ainda aos cochichos que pareciam que iam durar três, seis meses. Mas estava realmente surpreso pelo que tinha acontecido, e principalmente por não estar nenhum pouco incomodado. Ela fez o que ela quis, não foi? Custaram-lhe várias más noticias claro, mas ela fez o que ela quis. Muito diferente do que aconteceria meses atrás.

Sabia que tudo que aquela mulher fazia por conta própria, me deixaria assim. Surpreso. Perguntaria, em algum momento da noite que estivesse livre, como ela estava.

Isabella narrando.

O ar puro e o vento aconchegante que sopravam meus cabelos me deixavam mais feliz do que eu estava acostumada a estar. Me sentia estranha, nua naquela roupa um pouco apertada e muito reveladora. Era a primeira vez em minha vida que vesti tanta pouca roupa enfrente a muitas pessoas. Mas o que mais me surpreendia é que não estava com nenhum arrependimento... ou vergonha. Nada disso chegava a minha cabeça. O simples fato de fazer uma coisa por mim mesma já me deixava feliz.

Estava sentada no chão, com meu cavalo deitado perto de mim e o tempo começava a mudar drasticamente. As nuvens começavam a tomar cores desiguais, avisando que estava perto do anoitecer. O vento estava ficando cada vez menos acolhedor e mais intenso. Acabei, infelizmente, decidindo ter de voltar. Minhas roupas eram poucas, e o frio já estava me fazendo tremer. Assim como eu, meu cavalo começava a sentir a temperatura também mudar.

Quando cheguei ao castelo, Aro Volturi me esperava enfrente ao castelo juntamente com algumas de minhas damas de companhia, que as que ainda esperavam, tinham um semblante de alivio no rosto por me verem voltar. Assim que desci do cavalo, um grande casaco quente foi colocado em minhas costas.

– Hora de um banho bem quente, não acha? – Alice falou, enquanto me levava para dentro do castelo, e era acompanhada por todas as outras. – Podem deixar, eu fico com ela. Vocês podem irem se arrumando para o jantar.

E assim fui para o quarto, acompanhada de Alice e Aro. Alice entrou em meu quarto e Aro ficou parado na porta, enquanto eu tirava o casaco e entregava-o a ele.

– Foi muito corajosa para o que fez hoje, Princesa Isabella. Ou simplesmente não pensou nas consequências. – Ele pegou o casaco de minhas mãos e me olhou um pouco de cima a baixo e vice e versa.

– Todos os nossos atos resulta em alguma consequência, conselheiro. Só não cabe a nós saber se é boa ou ruim.

– Admiro sua determinação e impetuosidade. Além de ser belíssima, me admira que Edward ainda não tenha caído em seus encantos.

– Minha relação com Edward não interessa aos terceiros. Somente a mim e a ele.

– Tenha cuidado garota, palavras podem te levar ao fundo do posso. Escutar mais, falar menos.

– Passei muito tempo da minha vida escutando. Acho justo que agora é a minha vez de falar.

Ouça, agradeço que esteja tomando o controle do reino e talvez até de Edward, porque sozinho uma hora dessas estaríamos na guilhotina, mas você está com ele. É o conselheiro dele. Não preciso seguir suas ordens...

– Mas precisa seguir as ordens de seu marido. E se eu falo alguma coisa para ele, ele dirá para você fazer. E como não é determinado o seu posto de rainha aqui enquanto não tiver um filho, você está na ponta do precipício por muito tempo. E acredite que já tem uma mulher esperando para você cair e entrar em seu lugar.

– Essa mulher de que fala nunca será digna de se quer pisar neste castelo.

– Tenho as minhas sérias dúvidas. Comece a acreditar no que os seus olhos veem, querida. E amanhã, irá ter um conselho aqui no castelo. Se conseguir ficar quieta, poderemos até lhe deixar no castelo. Palavras de Edward.

Vocês se merecem. – Eu quase digo. Mas simplesmente fiquei olhando em seus olhos e tentando descobrir que tipo de homem era ele. Talvez Edward e ele sejam do mesmo jeito, mas talvez... Eu ainda me recordo de sua voz de algum lugar. Seus olhos não me lembram ninguém, muito menos suas feições, mas sua voz...

– Tens até o jantar para arrumar-se, bela Isabella. E tente não fazer confusão com o que verá. – E então deu as costas e saiu sem dizer mais nenhuma palavra. Confusão? Porque eu faria confusão?

Entrei no quarto e fechei a porta com força. Comecei a tirar minhas roupas, percebendo pela primeira vez que eu estava sem dificuldade com os espartilhos ou qualquer coisa parecida. Não demorou muito para eu estar descansando na água quente, enquanto Alice colocava a roupa que eu iria vestir em cima da cama. Meu alívio por usar roupas consideravelmente folgadas, ou simplesmente não apertadas, se foi. Meu vestido azul marinho que vinham com várias fitas de cetim em forma de laços em meu espartilho podia parecer totalmente delicado por fora, mas em meu corpo parecia que queria quebrar algum osso para minha cintura afinar ou simplesmente desejando que ela sumisse. Luvas de veludo da mesma cor do vestido assim como uma fita no meu cabelo o prendendo-o discretamente.

– Estou em casa, tem certeza que é necessário usar isto? Parece ser mais apertado do que os meus outros Alice!

– Desculpe Prin... Bella. Mas todos os seus vestidos novos são deste modelo, não tem como você não usar espartilho dentro de casa. Imagina se uma visita surgisse? Já foi muita coisa o que você fez hoje.

Revirei os olhos e esperei ela terminar de ajeitar meus cabelos para descermos. E foi ali, na sala de jantar, enquanto todas as minhas damas, todos os criados dos castelo e alguns nobres dos que moravam lá estavam assistindo-nos comer, que percebi a entrada de uma terceira pessoa na sala, afastando a cadeira para sentar conosco. Eu por um lado, ficaria até feliz. Alias, uma pessoa nova para se conversar, já que entre eu e meu “marido” não saia nada, muito menos um “boa noite”. Mas quando reconheci os cachos loiros dourados e o vestido nada discreto, quase que imediatamente me levantei da mesa. Mas então lembrei de Aro: “E tente não fazer confusão com o que verá.”.

Desde hoje de manhã tinha decidido não dar mais importância para o que Edward queria ou não. Se me quisesse como sua esposa, ou não quisesse, o problema seria seu. A falta de respeito por ter colocado a meretriz dentro de um lugar como esse, era absurda. Mas Edward nunca ligou para isso. Menininho mimado.

– Boa Noite, Edward querido. Boa Noite, Isabella. – Ela falou com um sorrisinho descarado no rosto.

– Pessoas não próximas a mim não me chamam pelo nome, Senhorita Denali. – Comentei casualmente percebendo de relance que Edward parou de mexer o garfo na comida por uns instantes.

– Boa Noite Tânia. – Ele falou e sua voz grave se apossou por todo o aposento.

Todos nos assistiam a espera de qualquer coisa que fosse para começar uma guerra em plena sala de jantar. Provavelmente esperavam eu ir para cima de Tânia, sendo impedida por Edward. Mas não sou a estrela de nenhum espetáculo, não preciso me rebaixar a nada.

– Seu vestido está espetacular, Princesa Isabella. – Ela falou mais uma vez enquanto era servida, enfatizando a palavra princesa.

– Obrigada. – Falei simplesmente e chamei uma das criadas para trocar meu prato. Uma gelatina amarela com uma cereja em cima foi colocada em minha frente. Voltei meu olhar a nossa visita esperando ela falar mais alguma coisa.

– Maravilhoso o seu espetáculo com o cavalo hoje à tarde. É uma pena que saiba cavalgar tão bem como homem, mas passa vergonha como quando é como uma mulher. Como foram seus professores de hipismo?

– Obrigada. – Parei um pouco decidindo se eu iria ou não responder as suas perguntas, decidi que sim. – Meus professores foram excelentes.

– Talvez deva ser alguma deficiência sua. Sabia que poucas mulheres casam-se se não tiver aprendido todos os requisitos de uma mulher moderna? Teve muita sorte.

– Tânia, que tal não comentar isso na mesa de jantar, o que acha? – Finalmente Edward se pronunciou, até me causando espanto, não negarei. Do jeito que ele lambia o chão por onde essa mulher passava, era provável que concordasse com tudo o que falava.

– Desculpe querido, apenas estava expressando as minhas opiniões com Princesa Isabella. Me diga, Isabella, o que faz como princesa? Já que não tem filhos para cuidar?

– Tânia, por favor, estamos em um jantar. – Edward falou como uma intervenção, mas não como um aviso de proteção a mim. Não estava me protegendo, só não queria uma discussão por parte de sua querida Tânia.

Se ela estava querendo tocar em algum ponto fraco meu, conseguiu. Mas em hipótese nenhuma iria abaixar a minha cabeça enfrente a essa mulher insignificante para mim. Eu sou Isabella Swan, da Dinastia Swan, Princesa da Áustria. E essa mulher é quem? Tânia Denali... a meretriz que meu marido covarde come.

Enquanto eu me preparava para dar uma resposta que coubesse aos dois, uma das minhas damas parou em minha frente.

– Princesa Isabella – Ela se curvou e estendeu uma bandeja para mim, que continha uma carta dentro – Uma carta acabou de chegar para a senhorita. Veio com o Brasão de sua família, provavelmente deve ser de sua mãe.

– Obrigada querida. – Sorri para ela, que se curvou novamente sorrindo e voltou para seu lugar ao lado de Alice. E sem cerimônia alguma, abri a carta já fechando a cara quando percebi a letra de mamãe, Renné Swan.

“Querida Isabella, soube que Rei Carlisle e a querida Rainha Esme saíram do país para as Américas, é realmente verdade? Se for, tenha cuidado. Você está pisando em uma área muito perigosa. Mas também quero pedir um favor, não volte para cá. Se quiser tropas, eu as mando, afinal de contas, seu casamento foi a favor da política. Mas não volte para a Áustria, se não, muitos países aliados a nós poderão não gostar de tal decisão. Seu irmão está na linha de frente das tropas Austríacas, falou-me que me mandaria noticias por você. Espero que esteja bem, Rainha Renné Swan.”

“Seu irmão está na linha de frente das tropas Austríacas”, lê isso para mim foi uma tortura. Meu espartilho parecia finalmente querer me matar com aquele aperto e toda a comida que eu comi parecia realmente querer voltar por onde tinha entrado. Respirei uma, duas, três vezes. E li novamente “Não volte para a Áustria”. Certo, agora estou proibida de voltar para a minha própria casa. Maravilhoso.

– Alguma coisa errada, Isabella?

– Peço a desculpas de todos aqui na mesa, e também licença, mas vou para meu quarto. Aro, por favor, quando jantar terminar pode encaminhar a senhorita Denali para fora do castelo. Tenho certeza que ela tem muitos afazeres ainda a terminar.

Tânia me olhou com uma cara de “você está me expulsando dessa casa?” e depois olhou para Edward com cara de “ela está me expulsando, faça alguma coisa”. Mas antes de Edward se pronunciar, Aro se postou ao seu lado e Edward apenas continuou olhando para mim, esperando eu falar o que estava acontecendo.

– Edward, faça a gentileza de acompanhar sua visita. Você lhe deve mais atenção do que a mim, não acha? Tenha uma boa noite. Meninas. – Chamei minhas damas, que de prontidão começaram a subir comigo ao quarto de Edward. Somente as de confiança sabiam que eu não dormia mais lá, quer dizer, nunca dormi um dia se quer lá.

– Não vai responder a carta? – Rose me perguntou enquanto terminava de tirar o meu espartilho, e finalmente conseguia começar a respirar direito.

– Não preciso.

Falei simplesmente e esperei as meninas saírem, todas, para finalmente ir ao meu quarto. Eu estava apenas de camisolão pegando as minhas roupas quando Edward entra no quarto, um pouco surpreso a me ver, mas logo suaviza a expressão.

– Passei o dia querendo poder falar com você. – Ele falou enquanto afrouxava um pouco as vestes.

– Aconteceu alguma coisa? – Me virei para ele, segurando minhas roupas com força entre os braços.

– Não... Na verdade não. Queria apenas saber como é que você está. É que ontem... bom, ontem a noite você...

– Não se preocupe com isso. E desculpe se lhe incomodei de algum modo, não foi minha intenção. – Falei educadamente, assim como fui criada. “Segure-se o máximo possível” repetia para mim mesma internamente.

– Certo... E enquanto a, bem, a Tânia, foi uma surpresa para mim também, é que hoje a tarde ela simplesmente...

– Por favor, não precisa me explicar nada. O reino é seu, o castelo é seu, tudo é seu. Nada cabe a mim, não se preocupe comigo ou com que eu talvez possa pensar. Apenas resolva seus problemas, eu sei que tem muitos. Agora, se me der licença, vou lhe fazer melhor fora de seu quarto. Com licença, Príncipe. – Fiz uma reverencia formal e saí de seu quarto para o meu.

– Hm... Tudo bem. Amanhã aqui ficará um pouco movimentado, várias pessoas vão vir para poder resolver algumas coisas pendentes da reunião hoje comigo. Se quiser, posso lhe avisar o horário que chegaram.

– Ah, sim. Isto eu gostaria muito. Eu... Poderei fazer parte da reunião?

– Aro disse que não seria uma boa ideia ter... hm, mulheres na reunião. Ele acha que não é sensato, me perdoe. Mas se quiser que eu lhe informe alguma coisa...

– Não, tudo bem. Eu já esperava esta resposta por sua parte – Sorri irônica e voltei a caminhar em direção a porta – Boa Noite, Edward.

– Isabella... Sobre ontem, você realmente está bem?

– Já falei Edward, não se preocupe comigo. Deixou claro o que não queria ontem comigo e eu não serei uma pedra no seu sapato real, tá bom? Boa Noite.

Fechei a porta sem olhar para trás. Eu sabia o que veria se eu o olhasse: pena. E eu não quero que ninguém sinta pena de mim, se queriam me julgar por uma coisa que eu não sou ou que eu não fiz, pouco me importava. Mas pena já era de mais para tudo que eu tive essa semana.

Mesmo com a bebida, agora lembro porque precisei tanto beber para ficar histérica daquele jeito ontem a noite. A festa praticamente inteira falavam de mim. Da Princesa Virgem, Da Princesa que era... Incapaz de ter filhos. Alguns falavam que antes das moças se casarem, deviam saber se eram “saudáveis” para poder dar uma alegria para seu marido. Principalmente se essa moça viesse de uma família de completo e puro sangue azul.

Foi por ouvir tudo isso que me embebedei. Foi por ouvir tudo isso que não dei muita importância com quem eu dancei ou deixei de dançar. Foi por ouvir isso que eu paguei aquela humilhação enfrente a Edward. E se arrependimento matasse, provavelmente eu já estaria morta uma hora dessas. E eu não vou mentir dizendo que não era uma coisa que eu não queria.

# # #

– Temos este preto com branco. – Ângela falou me mostrando o vestido que eu nem sabia que tinha, enquanto uma das criadas esperava eu me levantar da banheira para me enxugar.

– Mas eu não acho que tenho um chapéu que combine com ele.

– Ah, Rosalie está trazendo três caixas de chapéus novos para você.

– Mas eu não encomendei nenhum chapéu.

– Não, o Príncipe Edward disse que era para vir lhe entregar esta manhã. Falou que é de uma forma um presente singelo.

O que? Edward me dando presentes? Era só o que me faltava. Levantei-me da banheira esperando a criada com a toalha, já pronta para reclamar de algum modo por esse surto de pena que ele estava tendo de mim quando a porta se abre suavemente logo após duas batidas discretas na mesma. Edward coloca a cabeça para dentro do quarto, enquanto a criada quase que no mesmo estante coloca a toalha sobre meu corpo, mas mesmo assim, era óbvio que ele me viu completamente nua.

– Tem algum problema em entrar neste quarto quando eu não estou tomando banho? – Apertei a toalha ao meu redor, mostrando desconforto. Alias, eu estava desconfortável.

Ele ficou parado com a mão na maçaneta, me olhando como um tolo, enquanto eu saia da banheira e me virava de costas para poder ruborizar de vergonha o tanto que eu pudesse.

– É que, eu vim avisar que... bom, todos já chegaram. A reunião começará em pouco tempo, achei que gostaria de descer e dar a boa vinda a todos.

– Estou descendo, obrigada.

Enquanto ele ia fechando a porta, Rose entrou por entre ela e fez uma reverencia formal, fechando a porta logo em seguida.

– Certo, agora vamos, temos que lhe arrumar.

E assim voltou a tortura de todos os dias. Meias, ligas, espartilhos apertados, laços, penteados elaborados e um enorme chapéu. Ah, e não vamos nos esquecer das luvas. Sempre.

Enquanto as minhas damas desciam as escadas comigo, algumas mulheres, provavelmente acompanhando seus maridos, estavam sentadas algumas sozinhas, outras conversando. Os homens estavam também em algum canto conversando entre si e outros com suas respectivas esposas. Assim que me viram fizeram uma reverencia educada, na qual eu refiz educadamente também.

– Princesa Isabella. – Um homem de estatura baixa, mas de traços fortes, segurou e beijou minha mão. – Edward está ocupado? Gostaria de saber em que espaço do castelo poderíamos terminar nossa reunião de ontem.

– Infelizmente não sei informar. Mas eu sei que Edward já está descendo para poder recepcionar vocês, cavalheiros.

Não demorou muito tempo, e Aro chegou ao topo da escada, pedindo que todos os homens da sala o acompanhassem. As mulheres que ficaram comigo me olhavam como quem diz “eu sei o que você fez ontem”, em relação ao cavalo, mas isso pouco me importava. Agora estavam falando de mim por uma coisa que eu fiz, não era? Que se explodam.

Algumas foram aos jardins, outras sentaram e conversavam superficialmente uma com as outras. Chás foram servidos, enquanto outras sentavam no piano para treinar qualquer musica que fosse. Faziam tudo, menos vir falar comigo. Não que eu sentisse falta, estava rodeada de quatorze meninas! Pedi ligeiramente que me esperassem enquanto eu iria ao meu quarto pegar um objeto. E sim, era mentira. Eu daria tudo para saber o que estava acontecendo nesta reunião. E novamente, sim. Eu iria escutar escondida esta reunião.

Subi as escadas mais discretamente possível, e enquanto andava pelos vários corredores do castelo tentei escutar alguns sussurros ou até gritos de homens. Mas foi quando eu estava prestes a desistir que ouvi várias vozes graves mantendo o som da conversa o mais tranquilo possível, mas dava para ouvir alguns se exasperando de vez enquanto. Eles estavam na sala ao lado da biblioteca, o que facilitou muito a minha intromissão. Entrei na biblioteca e coloquei o meu ouvido na parede que ficava rente a sala onde estava tendo a reunião.

– Ainda acho muita falta de consideração Carlisle ter nos deixado desamparado desta maneira! Ele que sempre ditava as coisas, agora temos que ouvir ordens de uma criança. – Um homem, provavelmente o que estava exasperado, estava falando em uma voz de indignação.

– Edward não é uma criança. Desde pequeno foi educado a saber o que é bom para o castelo. Você não pode dizer nada! Nenhum de seus filhos estão aqui, estão? – Aro protegia Edward, que no momento não o ouvia falando nada.

– Meus filhos estão em batalhas, estão em cruzadas! Eles sim são homens firmes e fortes. Este garoto nunca pegou em uma espada se quer. Nunca vestiu uma armadura como a maioria de nós aqui. Como pode querer governar países desta maneira? Principalmente agora, em épocas tão perigosas.

– Inteligência é bem mais eficaz do que força. – Aro replicou.

– Inteligência sem força em época de guerra é idiotice! A não ser que ele pense que não vai ser morto por saber citar todos os filósofos que aprendeu desde quando nasceu. Vamos ser homens, vamos falar sério. Diga Edward, o que você quer que façamos? O que você quer que façamos com nossas tropas? E seu povo?

– Edward pensou nisto já, cavalheiros. Por favor, não vamos transformar essa reunião em uma guerra. Já basta o que estamos passando! Se não pensamos em conjunto e continuarmos com isso, acontecerá realmente uma grande tragédia.

– Temos que encontrar a pessoa que estava traindo Carlisle. Precisamos! Ele tem que pagar por tudo isso. Não recebemos dinheiro o suficiente para alimentar nossos homens para a guerra e os camponeses tem que pagar mais impostos e consequentemente ficarão revoltados. Não me importo com os trabalhos que eles fazem, mas se minha cabeça vai rolar, aí sim eu paro para pensar.

– Não quero aumentar os impostos de pessoas que ganham pouco ao mês. – Edward falou baixo e ouvi alguns risos pela sala.

– Não estamos pedindo para você pensar como um bom samaritano, estamos mandando você agir como um rei! E um rei pensa no que é bom para todos e não somente para apenas uma classe. Pense principalmente em nós. Que temos bom sangue e que podemos fazer mais e melhores coisas do que quem nada tem.

– Mal consegue controlar sua mulher, um homem que não consegue controlar uma mulher não consegue controlar nada! Eu sei filho, que mulher é a perdição para muitos homens, mas uma prostituta como amante e uma virgem como mulher não lhe dará muito certo. – Outro homem se colocou ao meio da conversa e todos na sala ficaram em silencio. No mesmo instante imaginei Edward se segurando na cadeira, ou até Aro o segurando para que não avançasse me cima do homem por falar de sua preciosa Tânia como puta.

– Achei que estávamos falando de política e não da vida pessoal de Edward. – Aro falou.

– O que estamos tentando chegar a falar aqui é que ele não tem idade e nem maturidade o suficiente para poder controlar coisa alguma! Carlisle é um puta de um irresponsável por deixar este garoto em todo o controle. Você não pode fazer nada com isso Aro. Estamos nessa discussão desde ontem e ainda não chegamos a um consenso. Tem noção disto? Tenho medo por minha família, tenho medo por meu país e tenho medo por meu dinheiro. Trate de resolver isto ou minha aliança mudará daqui a alguns meses. – Outro homem se colocou ao meio da briga e assim que terminou de falar ouvi a porta sendo batida com força. Pelo que pareceu ele saiu da sala enfurecido.

Então as vozes começaram a se fundir. Alguns começaram a falar mais alto do que os outros, alguns simplesmente reclamavam para quem quisesse ouvir ouvisse, quem não quisesse estava pouco se importando. Ouvir cadeiras rangendo no piso, provavelmente se levantando ou se sentando e enfim, percebi que era hora de parar de escutar todos e voltar para as meninas que estavam me esperando. Cheguei no salão onde todas estavam fazendo a mesma coisa de quando cheguei. Só que desta vez perceberam que eu tinha saído do salão e podiam falar a vontade mal de mim. O que não me admirou quando eu voltei e escutei uma mulher dizendo “Ela é uma selvagem, se fosse sua mãe, teria vergonha.”.

Suspirei alto e a mulher se virou para mim, mas de maneira alguma demonstrou arrependimento ou vergonha pelo que tinha acabado de dizer. Voltei meu olhar as minhas damas e fiquei falando um pouco com elas até todos descerem das escadas e se despedindo por pura educação. Dava para saber pela cara de cada um que aquilo tinha sido um desastre e como estavam furiosos e revoltados. Pelo que parecia, eu não era a única que estava à beira do precipício naquele lugar.

(ESPECIAL DE NATAL)

– Senhorita Isabella? – Ângela se postou em minha frente, e sorri em confirmação para ela continuar. – Bom, eu gostaria de pedir um grande favor a senhora. Bom, amanhã é natal e eu gostaria muito de passar um tempo com a minha família. É que meus irmãos voltam hoje para casa... e bem... faz muito tempo que não os vejo.

– Natal? – Olhei para ela tentando entender o que ela queria dizer. Já estamos no natal?

– Sim senhora, Natal. – Ela sorriu um pouco tentando entender a minha confusão – As criadas já estão arrumando a casa senhora. Olhe só os enfeites.

Comecei a olhar realmente ao redor. Os enfeites eram discretos o suficiente para quase não serem notados. Talvez, como Esme não estava aqui, deveriam estar em duvidas se enfeitavam ou não a casa, já que Natal é uma festa para se comemorar em família. E neste castelo, infelizmente, não sobrava mais vestígios de nenhuma família.

– Claro que pode. – Falei sorrindo para Ângela que retribuiu feliz. – E diga também a todas as meninas que as que quiserem passar seu Natal com sua família que estão dispensadas, tudo bem?

– Claro Princesa, muito obrigada! A senhorita é um anjo. – Ela sorriu e saiu praticamente correndo para o quarto onde as minhas damas se arrumavam para dar a notícia.

Comecei a subir um pouco as escadas reparando na decoração que as criadas ainda estavam terminando. Meus Natais na minha casa eram bem mais enfeitados e eu lembro que sempre adorei a decoração da casa nesta época do ano. Mas para mim, Natal era apenas isto.

Decorações espetaculares em casa. Nada de troca de presentes, ou celebração de família nem nada do tipo. Normalmente era no Natal que as tropas Austríacas voltavam das cruzadas e batalhas que ficavam por meses para vir ficar com suas famílias. Alguns voltavam outros não. Muitas vezes, os que ficavam na linha de frente eram os que mais morriam, meus irmãos, na maioria das vezes. E minha mãe nunca tinha uma lágrima se quer. Lembro como se fosse ontem a primeira vez que tive noção do que o natal representava em minha casa e na casa das outras pessoas.

Flashback ON

– Olha Bells, estão colocando uma arvore enorme na sala de visitas e bailes! Vem, vamos ver. –Uma criada estava terminando de colocar meu vestido, mas assim que o escutei saí correndo com ele escadas a baixo ouvindo de longe a repreensão de Mary por correr pela casa sem estar pronta.

Emmett se sentou nos degraus da escada para poder ver melhor, enquanto eu tentava olhar pelo espaço do apoio do corrimão.

– Hoje os soldados vão voltar da cruzada! Será que o nosso irmão volta desta vez? – Eu falei enquanto ainda espiava os criados enfeitando a árvore. Mamãe estava olhando-a de longe, enquanto conversava com seu conselheiro, provavelmente alguma coisa relacionada à política. Como sempre.

– Eu acho que ele não volta não, Bells. Todos os nossos irmãos vão e nunca nenhum voltou vivo. Você quase não conheceu nenhum. Sabe, eu tenho medo de ir para essas lutas. E se um dia eu não voltar?

– Eu não vou deixar você ir para essas guerras Emm. – Eu falei, sentando ao seu lado na escada e pegando na sua mão. – Além do mais, você é o melhor com espadas que eu conheço. Ninguém nunca vai conseguir te vencer!

– Você acha? – Ele perguntou com os olhos brilhando, e eu ri afirmando.

– Claro que sim. Não vê o seu professor falando que você está ficando melhor a cada dia? – Ele sorriu e afirmou com a cabeça animado. – Olhe! – Apontei para o homem alto e forte com roupas de batalha entrando pela sala – Ele deve saber alguma coisa do nosso irmão. Venha Emm, vamos ouvir escondidos!

Com as mãos dadas, corremos pelas escadas o mais discreto que conseguimos e ficamos escondido atrás de algumas decorações, tentando escutar o que o homem alto e forte estava dizendo. E então percebemos que deveríamos não ter escutado o que ele estava dizendo.

– Infelizmente ele não sobreviveu, sua majestade. Foi um ferimento bem grave, mas conseguimos vencer por causa dele. Sei que como mãe, seu coração deve estar partido.

– Amo os meus filhos soldado. Mas eles nasceram para servir seu país, e então morreu com dignidade. Admiro homens que morrem pelo seu país. Pode ir passar seu natal com sua família,é mais do que merecido.

– Obrigada sua majestade, Rainha Renné.

Emmett me olhou com cara de choro, e eu apenas passei levemente as mãos em suas costas.

– Não se preocupe, isso já aconteceu mais de duas vezes, nós vamos passar por isso juntos. Não se preocupe, vai dar tudo certo.

– Vamos sair daqui? Todos os anos alguns criadas vão para a casa delas passar o natal. Será o que fazem lá? Vamos, Vamos ver!

Emmett pegou a minha mão e saímos correndo castelo a fora, não nos importando muito se íamos ser pegos ou não. A maioria das pessoas do castelo estava comendo ou simplesmente tentando achar alguma coisa para fazer. E já estava um pouco tarde. Dei a ideia de ir a casa de Mary, minha ama a quem eu tinha uma ligação bem forte, como se fosse a minha própria mãe. Pegamos nossos casacos e nossas botas estavam formando pegadas na neve.

– Ali, Bem ali é a casa de Mary. Lembro que um dia ela me levou para lá. – Parei enfrente a porta e bati chamando Mary, que abriu a porta espantada.

– Santo Deus, menina Isabella. O que faz fora do castelo a essa hora da noite? É Natal, deveria ficar com sua família. Mas entrem, está frio aí fora, não quero que fiquem doentes.

– Mamãe não vai querer ficar conosco esta noite, provavelmente ela vai passar horas no escritório escrevendo cartas para as famílias de alguns soldados. Eles chegaram hoje, sabia? E meu irmão... Ele não voltou. Meu pai está fora, só volta daqui a uns dois, três dias.

– Os soldados voltaram? – Mary olhou com felicidade para mim. – Pelo menos vão passar o Natal com suas famílias, minha pequena. Então, já que não tem onde passar o natal, querem passar aqui? Mas depois, vou deixar vocês em casa, está certo?

– Sim! – Emmett falou feliz, tirando o casaco e colocando-o em uma cadeira próxima. – Isto são biscoitos?

– Claro. Podem comer a vontade! Meus filhos já estão descendo e meu marido já vai chegar do trabalho, podem me ajudar a arrumar a arvore de Natal.

Flashback OFF

Nunca vou esquecer da promessa que eu não consegui cumprir a Emmett, quando eu disse “Eu não vou deixar você ir para essas guerras”, e também não vou esquecer como fomos bem tratados em uma casa que não era nossa, e que ninguém de lá era obrigado a ser gentil e educado conosco. Era em uma família assim que eu gostaria de ter nascido. Não me preocupava em não ter muitas riquezas e nem títulos. Eu apenas gostaria de ter pessoas que me amassem ao meu redor.

Passei a tarde manhã e a tarde inteira no meu quarto. Com as minhas damas fora do castelo, por um lado eu ficava bem mais aliviada. Nada de passeios, obrigações ou algo do tipo. Eu poderia ficar no meu quarto, lendo. Poderia passear por onde eu quisesse sem ter ninguém atrás de mim. E foi exatamente o que eu fiz. Saí a tarde e fui voltar e sossegar no castelo somente a noite. E enquanto subia as escadas do castelo, percebi o escritório de Carlisle com as velas acesas. Entrei por curiosidade e parei um pouco na porta quando vi Edward sentado na cadeira de seu pai, olhando para o quadro de seus pais na parede.

– Está tudo bem? – Falei baixo, mas o silencio na sala era tão perturbador que ecoou em todo o cômodo.

– Sabe. – Ele falou não tirando os olhos do quadro a sua frente – No Natal nós sempre trocávamos presentes. Não importa o preço que era, nós sempre trocávamos. Comíamos, festejávamos. Somente nós. Eu, meu pai e minha mãe. E hoje, não vai ter ninguém que vai me dizer “Feliz Natal, filho” ou simplesmente “Feliz Natal”.

– Onde está Tânia?

– Ela está zangada comigo. Por causa do jantar ontem, aqui em casa. E também recebeu um convite para uma festa de noite de Natal em um palácio, estava muito feliz. Não posso ir. É longe, não voltaria a tempo da minha próxima reunião.

Certo. Vamos baixar a guarda só porque é Natal.

– Pelo menos eu não preciso pensar nisto. Meu Natal sempre foi assim. Nada de comemorações, nada de festa, nada de troca de presentes, nada de “Feliz Natal, filha”. – Ri um pouco e consegui chamar a sua atenção para mim.

– Em seu país não é comemorado o Natal?

– Claro que é. Mas minha mãe sempre fica mais ocupado com os outros do que com seus próprios filhos para saber que eles também necessitam de atenção. Todos os meus Natais foram especiais, mas somente porque tinha alguém ao meu lado para eu poder compartilhar. Se fosse por todas essas coisas sentimentais, provavelmente eu seria fria e sem sentimentos.

– Acho que podíamos pedir para as criadas fazerem uma Ceia de Natal para nós dois. – Ele falou um pouco animado, me lembrando de relance Emmett quando era pequeno e tinha alguma ideia que o deixava feliz.

– Elas saíram. Foram passar com as suas famílias. – Falei e o sorriso dele murchou instantaneamente – Mas... – Falei sorrindo – Nós podemos pegar alguma coisa na cozinha e irmos comermos lá fora. Ou pelo menos irmos para a varanda de um dos quartos. Conheço alguns quartos que tem a paisagem incrível.

– Pegamos comida na cozinha?

– Não vamos estar fazendo nada de errado, a comida é nossa mesmo! – Eu ri e saí descendo as escadas indo em direção a cozinha, e ficando mais contente enquanto Edward me seguia no mesmo ritmo que eu.

Pães, gelatinas, doces, tortas. Normalmente tudo isso seria para mim, já que Edward passava mais tempo fora do que dentro do castelo, mas pegamos tudo o que pudemos carregar e fomos para um dos quartos mais altos do castelo para poder apreciar a paisagem de uma das varandas. O tempo estava frio, mas nada que um cobertor fizesse.

– Sabe, obrigada. Esses dias estão sendo um inferno para mim.

– Não me agradeça, só estou assim porque é Natal. Todos os dias que estive aqui foram um inferno para mim.

– Me desculpe de Tânia. Eu juro que não tinha a intenção de bem, ela jantar conosco. Eu estava cansado e não gosto muito de dizer não a... Bem, foi uma surpresa ela ter pedido para ficar um pouco aqui no castelo.

– Não quero falar sobre isso. Não quero falar sobre nada. Esta é uma das poucas ocasiões que tenho paz, por favor, não me tire ela.

Edward apenas sorriu e continuou comendo algo que estava em sua mão. Voltou seu olhar a mesma coisa que eu: Ao nada. A paisagem era linda, mas nós dois estávamos presos em nossos próprios pensamentos.


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Notas finais do capítulo

Obs: Minha gente quase que eu desisto de postar esse capítulo kkkk, to mais perdida que cego em tiroteio nesse Nyah aqui!! Enfim, mereço comentários? Aproveitem que é Natal aqueles que nunca comentam para se apresentarem em ! :*