Dama Negra escrita por Laryssa Costa


Capítulo 10
Capítulo 10 – Ameaças Desconhecidas


Notas iniciais do capítulo

Agradecimentos a Sabrina Hoffmann, pela recomendação maravilhosa e a todos que deixaram comentários no capítulo passado, e gente, vocês não tem noção do quanto eu pulo aqui quando recebo críticas (boas ou ruins) de vocês. Eu tenho as melhores leitoras do mundo *-*. Boa Leitura!



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– Finalmente quando eu quis falar com você, apareceu! Sabe a quantos dias quero que tenhamos uma conversa particular? – Tânia falou, enquanto trancava a porta de seu quarto para conversarem melhor e ninguém pode-los escutar do lado de fora. – As coisas não estão indo do jeito que planejei, isso está escapando pelas minhas mãos e me deixando louca.

– A culpa é completamente sua. – Aro falou com calma, enquanto olhava o quarto e se sentava em uma cadeira próxima. – Eu lhe dei a faca e o queijo, e você não soube cortar. Parece que eu não deveria ter confiado tanto em você, uma mulher que não sabe o que faz, não é uma mulher inteligente.

– Mas os seus planos estavam indo de vento em poupa Aro! Estávamos conseguindo tudo o que queríamos. Eu estava conseguindo tudo que eu queria. – Ela falou com uma cara de desespero, parecendo uma menina mimada sem saber o que fazer com seus pertencer que acabara de perder. – Estava conseguindo fazer que Edward desistisse de Isabella antes, mas agora ele apenas é neutro ou a protege de algum jeito. Não me procura a dias, e eu estou com medo de estar se deitando com aquela mulherzinha.

– Ele não está dormindo com ela, disso eu saberia. Além do mais, passa mais tempo dentro do escritório de seu pai e dentro de carruagens para visitar alguns aliados do que dentro de sua própria casa, nem tempo para prostitutas no meio do caminho ele tem. Fico praticamente vinte e quatro horas com o garoto, eu saberia.

– Pode demorar um pouco Aro, mas eu vou fazer ele desistir daquela menina. – Ela falou, enquanto se colocava em sua frente, com todos os seus cachos loiros caindo pelos seus ombros, com aqueles olhos suplicantes. – Vamos fazer ele tirar todos os laços dele com a Áustria, eu juro que tentarei. Nenhum exército irá sobrar para ele ter a quem correr, e eu sou amante de vários outros príncipes, posso manipulá-los. Mando-os desistir de Edward, que ele é uma causa perdida para todos nós.

– O plano sempre foi esse querida. – Ele falou passando as mãos pelo rosto de Tânia. – A menina fora, os aliados fora, Edward perdido e eu tomando o poder para mim. E claro, você como a boa garota que foi, ficaria do meu lado no trono. Talvez como amante também, já que os meus planos tiveram de ser modificados em ultima hora.

Tânia o olhou espantada e se afastou dele com indignação. “Como assim não serei Rainha?” Ela pensava com raiva. Todas aquelas roupas, todas aquelas joias, aquela coroa, todos os bailes... Ela que deveria ter isso, ela e somente ela!

– Os meus planos foram modificados de ultima hora, por conta de sua incompetência. Não sei, talvez não esteja mais tão bem na arte de seduzir como antes. Agora, as coisas terão que ser mais do que rápidas. Se tudo realmente ocorrer do jeito que está indo, teremos que sumir com Edward. Isabella é uma mulher inteligente, forte e atraente Tânia, muito atraente. Quando ele perceber isso, lhe deixará de lado sem nem pensar nas opções.

– Como ousa falar na minha frente que sou melhor do que aquela virgenzinha sem sal que mal sabe o que faz da vida? Você sabe que eu sou muito melhor que ela, sempre fui!

– E você sabe, Tânia, que sem minha ajuda, você nunca seria nada. – Aro falou em um tom duro e Tânia se calou imediatamente. – Sei de tudo o que eu falo, e se eu falo que aquela mulher tem um poder maior do que você, pare e me escute. Quando tomar o poder para mim, vou querê-la do meu lado. Ela tem um instinto forte, é segura de si quando sabe o que realmente quer e o que realmente vai fazer. Eu tive que lhe ensinar a ser quem é por anos. E olhe só como está agora.

Tânia olhou para qualquer canto do quarto em que Aro não estivesse. Não precisava e nem gostava de relembrar o que tinha acontecido anos atrás para ele sempre esfregar em sua cara que sem ele, ela provavelmente seria uma mulher sem títulos, já que seus pais estavam a beira da falência. Mesmo com o sobrenome que carregava, Sr. Denali estava passando por dificuldades financeiras, e teriam que sair de sua vida confortável na cidade para uma vida no campo, obrigatoriamente tendo que começar um trabalho braçal, e sua filha não poderia mais se gabar de seu dote e sua beleza para os cavalheiros da alta sociedade. Tânia sempre teve tudo o que queria, dinheiro, roupas, joias e se viu perdida. O único que poderia lhe ajudar era Aro, Aro, amigo de seu pai com quem sempre teve relações intimas por ele poder lhe dar dinheiro quando ela precisava. Aro lhe deu o seu preço, Tânia aceitou. Mas sua família ao descobrir, mesmo não negando que era filha deles, não a tratavam como tal. Tânia virou uma desconhecida por eles, e ela, ficou feliz por não precisar sustentar mais ninguém do que a ela mesma, sempre tendo tudo o que queria. Até as coisas se complicarem agora.

– Suponho que se falhar, não poderá voltar a lugar algum, já que seus pais não a aceitariam de volta. Não existe filha pródiga nesta situação, querida. – Aro falou zombando, enquanto levantava da cadeira, pronto para ir embora. – E não fique com essa cara, sei que não se arrepende. Uma coisa que gosto muito de você, além de seu delicioso corpo, é que você tem uma coisa parecida comigo: Ganância. Quanto mais, sempre melhor. Tenho uma reunião para ir, qualquer coisa, lhe aviso.

Isabella narrando

“Bells, acabei de chegar de campo de batalha. Consegui trazer praticamente o mesmo numero de homens que levei, claro, tivermos perdas. Mas são batalhas e enquanto elas existirem, homens serão mortos, infelizmente. Mas tirando isso, o Natal aqui em casa foi um pouco dramático. Não pude fazer nada, já que você não estava aqui. Soube pela mamãe a situação por qual você está passando, provavelmente deve saber que a nós fomos chamados para mais uma reunião em sua casa, desta vez, foi chamado eu, nosso pai e claro, nossa Mãe. Chegamos em poucos dias, e assim que chegar, ficarei com você. Com amor, Emm.”

Coloquei a carta de lado e fui subindo lentamente as escadas. Por conta do tempo, a carta demorou mais do que o necessário para chegar em minhas mãos e consequentemente, quando Emmett disse “chegamos em poucos dias”, os poucos dias provavelmente, seriam hoje.

Não fazia muitos dias após o Natal, e tirando o dia em si, o clima continuou do mesmo modo que estava antes: Tenso. Não fiz mais as minhas obrigações ridículas, por conta que minhas damas de companhia estivessem viajando. Os criados trabalhavam em silêncio, e a castelo estava impregnado de desânimo. Parecia que uma nuvem negra pairava sobre ele. Edward não ficava um minuto em casa, e quando ficava se trancava no escritório com Aro até altas horas da noite. Nunca mais tive noticias de Tânia. Nunca mais tive noticia de coisa alguma. Era como se tudo estivesse passando em câmera lenta, e como se nossa vidas estivessem por um fio esperando silenciosamente para o momento final.

Parei na perto da porta do escritório de Carlisle quando percebi que estava aberta. Vi com nitidez Edward com vários papeis jogados descuidadosamente na mesa, com as mãos na cabeça e uma cara de desespero contida. Um criado passou por mim, e entrou na sala, chamando a atenção de Edward.

– Onde está Aro? – Edward pergunta com a voz cansada.

– Sr. Aro saiu esta manhã, bem cedo, senhor. – A criada falou baixo enquanto limpava a estante.

– Falou para onde ia?

– Não, senhor.

– Por favor, quando ver ele, avise a ele que o necessito com urgência. Preciso que ele veja todas essas solicitações que me mandaram e que não tenho a mínima noção do que seja. E fale também que fomos mais uma vez roubados. E que dessa vez, não sobrou uma moeda se quer para trazer...

– Falarei com urgência, senhor. – A criada curvou-se respeitosamente e saiu da sala, olhando uma vez para mim, mas seguindo seu caminho sem uma palavra. Aproximei-me um pouco dele, que levantou a cabeça rapidamente para olhar quem estava chegando. Voltou aos papéis com a mesma preocupação de antes, sem se incomodar de falar comigo ou alguma coisa parecida. Reconheci alguns por minha mãe sempre tê-los em sua sala e passar horas e horas trancada dentro dela resolvendo questões da monarquia, a quais ela chamava de "mais importantes do que qualquer outro assunto, principalmente envolvendo família".

– Precisa de ajuda? – Edward olhou para mim atordoado. Claro, não que eu soubesse resolver aquilo. Afinal, eu não sabia nem o que fazer com tudo isso em minha frente, mas quem sabe, poderia fazer alguma coisa. Ele sorriu um pouco, que em alguns segundos, percebi que era um sorriso irônico meio desesperado.

– Gostaria muito, princesa. Mas infelizmente, você não pode resolver os problemas assim, de uma hora para outra.

– Acho que um “Não, mas obrigado”, seria o suficiente para mim, Príncipe Edward. – Respondi calmamente, até com uma ironia na voz. Tudo bem que ele estava em maus lençóis, literalmente, mas isso não significa que precisava querer todos os problemas para ele mesmo. As coisas seriam bem melhores se ele tentasse encontrar mais aliados que inimigos.

# # #

– A saúde dela está bem frágil. O marido dela chamou um médico bem renomado para poder cuidar dela, mas ele falou que o que ela mais precisa no momento, é repouso. Já que está grávida, o pouco é muito para ela. Ela disse que queria que você a visitasse assim que pudesse. – Jacob falava comigo amigavelmente enquanto Edward ainda falava com um ou dois aristocratas que participariam da reunião particular.

Como sempre, eu estava na recepção de todos. Um objeto de decoração para todos apreciarem e falarem. Pelo menos uma vez eu gostaria de fazer alguma coisa que não fosse sorrir e acenar. Pelo menos uma vez eu gostaria de fazer uma coisa que eu provasse a mim mesma e aos outros que eu sou. Mas olhe só onde estamos.

– Gostaria muito de visitá-la, mas você sabe que as coisas aqui estão um pouco tensas.

– Eu sei. – Jacob me encarou com um semblante preocupado – É horrível o que esteja acontecendo com a economia deste lugar. O pior ainda é que com os impostos altos colocados por seu marido, e os roubos que estão sendo feito por parte, provavelmente, de quem está ao nosso “lado”, não sobram verbas para depositar em um exército forte. Tenho quase certeza que é por isso que estamos aqui. Ele quer apoio dos monarcas.

– Um exército forte?

– Vocês não tem soldados, Isabella. O Castelo não é tão protegido quanto os outros, Inglaterra e França, principalmente. Na Rússia tem o triplo de homens, muito bem armados e posicionados para qualquer tipo de intruso que ouse entrar. Com o dinheiro roubado, como conseguiriam isso? Precisam de armas de guerra. Precisam de flechas, espadas, cavalos. Precisam de homens qualificados e de confiança para começarem a fazer novas e mais hábeis armas. O que piora a situação, é que vocês estão no topo do topo, e se desmoronarem, vocês serão mortos.

Olhei para ele esperando algum tipo de “tudo bem, eu estou sendo um pouco intenso, não é tudo isso que vai acontecer.”, esperei com uma verdadeira esperança. Mas, enquanto esperava isso, estava tentando recapitular cada palavra que Jacob falou para mim. Não consegui entender muitas coisas, nunca estudei política. Se estuda isso? Enfim, eu não entendia muita coisa tirando a parte de “vocês serão mortos.”.

– Isso é ruim. – Ele comentou olhando para mim, percebendo a minha falta de informação. – Tudo bem que mulheres não se envolvem neste tipo de assunto, mas estamos em tempo de guerra. Tudo o que souber para lhe salvar a vida, vai ser uma dádiva. Você precisa ser treinada.

– Não existem professores para esse tipo de coisa, Jacob. – Sorri um pouco, quase uma careta, tentando não demonstrar a fraqueza que eu estava sentindo. Não fisicamente. Mas sim, psicologicamente. “Eu não estava preparada”. Fui preparada a minha vida inteira para ser uma raiva. Mas ninguém me alertou nada contra isso.

– A Áustria tem poderem incontroláveis, tudo por conta de sua mãe. Ela é uma grande mulher, Isabella. Uma grande líder. Ela tem a maioria dos países como aliados, este lugar conseguiu vários amigos por você. Com o seu casamento, tudo triplicou aqui. Ela pensou nisto, agora você tem que controlar. Se ela conseguiu tudo isso, você como filha, porque não consegue.

– Ela não foi uma boa mãe sabe? O máximo que me fez foi me mandar uma professora de etiqueta a minha vida inteira. Musica e leitura, apenas.

– Não estou falando dela como mãe. A maioria das pessoas que governam dão sua vida para apenas uma coisa. Ela deu para o país dela, foi isso. Você tem seus princípios, você tem suas necessidades. Este lugar é seu. Nunca que Edward vai poder tirar você da coroa querida. Se ele tirar você, o pouco controle que ele ainda tem, vai se esvaziar das mãos dele.

Olhei para um lugar qualquer tentando absorver mais uma vez o que Jacob tinha me dito. Ao voltar para falar alguma coisa, ele estava olhando para um ponto fixo atrás de mim. Me virei para ver o que estava vindo, e quase sorri sabendo que extravagância sempre tinha sido um forte de minha querida mãe.

Seis homens em cavalos fortes vinham a frente da carruagem como escolta, com o fardamento de guerra específico que minha mãe mesmo fez questão de obrigar o exercito a vestir por pátria e nacionalidade, a carruagem vermelha com detalhes brancos e revestimentos dourados, com a bandeira sendo uma marca da família Imperial Austríaca, feita a mais de trezentos anos por um dos fundadores. Logo atrás vinham o mesmo número de homens em seus cavalos, fazendo com que todos os presentes ali parassem para poder saber de onde todo aquele barulho de cascos estava vindo. Enfim, minha família tinha chegado.

Meu pai é o primeiro a descer, fazendo assim que Edward vá automaticamente falar com ele. Os homens descem de seus cavalos e formam um tipo de guarda em volta da carruagem, ajudando minha mãe a sair, como uma verdadeira rainha. “Você pode estar em sua ultimas palavras, mas dignidade sempre. Você é da realeza.” Era o que sempre me dizia.

Passou por mim sem dizer uma só palavra, apenas um olhar discreto, mas nenhum sorriso e foi diretamente falar com Edward, que estava entretido demais falando sobre todos os problemas com meu pai, que se esqueceu dos outros que também estavam chegando. Voltei a olhar para a carruagem, com um fio de esperança de ver Emmett. Quando um homem loiro com o seu fardamento de líder militar, e meu coração quase parou. Emmett realmente tinha vindo. Segurei meu impulso de correr e talvez até chorar com tudo que estava acontecendo, mas consegui me conter. Assim como ele também, que deu um sorriso de “estamos em público, nada de parecer uma louca”.

Mandou com um aceno para que os soldados manuseassem a carruagem para outro local, para que outros pudessem estacionar. Mais algumas pessoas vieram falar comigo e não pude fazer nada se não cumprimentar e cruzar os dedos para que eles fossem logo falar com Edward para eu poder falar com meu irmão. Mas parece que enquanto mais nós queremos, mais eles ficam. Emmett foi para perto de onde Edward estava conversando com nossos pais e ficou calado apenas observando a conversa, concentrado. Edward olhou para ele com cara de poucos amigos, previ uma provável discussão na mesma hora. Antes mesmo de pensar em alguma coisa, Edward chamou Emmett e os dois estavam andando para um lugar afastado dos outros, eu segui escondida.

– Então você é o amantezinho da minha esposa, não? – Edward fala com ironia olhando para ele como se soubesse de toda verdade.

– Amantezinho? – Emmett falou e riu zombeteiro e divertido ao mesmo tempo. – Mesmo eu achando que ela mereça um, não acho que sou o melhor para ocupar este cargo.

– Você acha que eu não sei que você vem visitá-la?

– Claro que eu venho. Já que você não faz sua parte, eu venho fazer a minha. Sempre fiz, cunhado. – Emmett levanta a sobrancelha para ele e espera calmamente sua resposta. Edward estava um pouco alterado.

– Claro, e sua parte por acaso é comer minha... – Edward começou falando alto mas então foi parando enquanto tentava pensar nas palavras de Emm. – Cunhado?

– Você fica tão obcecado por uma puta, que mal percebe as coisas ao seu redor. Muita falta de educação sua, filhinho mimado da mamãe, de não ir cumprimentar a família de sua noiva. E muita desgraça sua, ficar mais concentrado em uma mulher do que no seu próprio povo. Se quer se fuder, se foda sozinho, imbecil. Mas deixe minha irmã fora disso. – Emmett falou chegando cada vez mais perto de Edward e sua pose ameaçadora, me deixou até um pouco receosa de que ele fosse bater nele, mas se isso acontecesse, era óbvio que eu ia deixar.

Emmett se afastou e caminhou afastando-se de Edward como um verdadeiro líder, e Edward, recuado como estava, ficou parado, pensando em qualquer coisa que eu não estava pouco me importando com o que seja. Fui atrás de Emmett, que estava agora conversando amigavelmente com Jacob. Me juntei a eles enfrente ao castelo, para assim poder também falar com os últimos governantes que estavam prestes a chegar.

Depois de algum tempo, todos tinham chegado. Menos Aro. Percebi Edward quase se descabelando sem saber o que fazer, enquanto ficava todo momento vindo até a entrada do castelo para ter alguma sombra de Aro que fosse. Ele sabia que não daria mais para esperar. Afinal, ele estava no comando. Como o Emmett disse, ele era um “pau mandado” de Aro, mas tecnicamente, Aro Volturi não tinha poder nenhum aqui. Ou seja, ele teria que comandar a reunião sozinho.

Mas para o alívio de Edward, no ultimo estante, ele chegou.

– Onde estava? – Ele perguntou enquanto andavam apressadamente até a sala de reuniões, enquanto os guardas se separavam para ficar de vigia e eu, Jacob e Emmett estávamos andando atrás dele, no intuito de entrar na sala de reuniões também.

– Desculpe a demora, estava resolvendo assuntos da coroa. Com tudo que está acontecendo, preciso de soluções Edward. E não vou encontrá-los sentado aqui com você.

– Tudo bem, eu entendo. Fico feliz que tenha chegado a tempo. Não tenho a mínima ideia do que eu tenho pra falar.

– Eu imaginava. – Aro sorri um pouco e abre a porta onde vários governantes estão sentados. Minha mãe é a única mulher com poder dentro daquela sala, e está sentada em um lugar de destaque. Como seu disse, extravagância sempre foi seu forte.

Sentei em uma das ultimas cadeiras com os meninos a cada lado meu. Comentaram que iam me explicar a reunião já que eu não sabia de muita coisa do que a maioria estavam para decidir e opinar ali. Edward sentou onde Carlisle costumava sentar e Aro ao seu lado, e eu tinha quase toda certeza de que Edward mais nada faria do que ficar ali brincando de governar um Império.

Aro começou a falar sobre o furto de dinheiro de impostos. No mesmo momento surgiu várias reclamações e xingamentos pela sala, estavam pedindo ordem, mas ninguém realmente atendia. Olhei para minha mãe, que estava calada até agora, apenas absorvendo a informação. Levantou da cadeira e todos pararam de falar para escutá-la.

– Não irei lhe acobertar enquanto minha filha não tiver o trono da Grã-Bretanha fixo e estabelecido. Nada foi realmente decretado, e ela poderá ser apenas uma coisa ou outra: Princesa, o que ela sempre foi, ou Rainha. O casamento entre vocês dois foi um acordo político para alianças e não para empréstimos! Meu exercito não lutará por você, pois eles lutam apenas por minha filha, e minha filha, não é realmente daqui de fato.

– Majestade, isto é apenas uma questão de tempo... – Aro tenta acalmar minha mãe, mas é impedido pela mesma, a deixando mais irritada do que já estava.

– Já esperei muito tempo para que isso acontecesse! – Ela falou alto olhando para Edward. – Fiz uma aliança com Carlisle, que na minha opinião é um grande covarde por sair em épocas difíceis, sabendo que as coisas iriam ficar grandiosamente feias para o lado dele. Não vou arriscar meus homens por um garoto que não sabe separar paixonites de política!

A sala no mesmo instante se encheu de comentários. Pelo visto, estavam do lado de minha mãe. Mais uma vez, a cegueira por Tânia Denali, estava fazendo que Edward cavasse mais sua cova.

– Quero opinião da Princesa Isabella. – Um dos reis levanta e fala – Se sua mãe tem uma opinião tão forte e sábia, você também deve ter. – Ele completou olhando para mim. Todos se viraram para me olhar, esperando minhas palavras. Mas como sempre...

– Minha filha não foi criada para política. – Minha mãe se intromete. – E infelizmente os dois são jovens e imaturos demais para tomarem decisões concretas. Porém, não confio em um conselheiro para reger tantas terras e tanto poder. – Ela completa olhando pra Aro Volturi.

– Majestade, sou conselheiro do Rei a muitos anos e eu... – Aro fala, mas, mais uma vez é impedido por minha mãe.

– Ou darás um jeito nisto, ou tudo que tens escorregará por tuas mãos, garoto. – Minha mãe fala olhando para Edward, que a olha de modo suplicante. Como uma criança não querendo mais receber sermões. Emmett então discretamente, pede calma para nossa mãe, que se senta novamente na cadeira e permanece calada, assim como nosso pai, que até agora, não falou um “a” se quer.

– Continuando... – Aro chama atenção de todos, que se calam e observam. – Com a fraqueza de não temos os países unidos, os inimigos atacarão ou atentarão contra a vida do Príncipe e da Princesa. Estamos falando de um possível caos, se isto acontecer. O nosso exército precisa de mais homens, precisamos comprar mais armamentos. Já que a maior fábrica seria a Rússia, mas infelizmente não conseguimos ainda abastecimentos para isso, por conta do dinheiro. Estamos fazendo o possível para detectarmos os ladrões, os traidores. E por enquanto o melhor é convocar homens, treiná-los e aumentarmos os impostos dos camponeses.

Todos nós olhamos para Edward, esperando uma decisão final.

– Confio em Aro para esse tipo de assunto, se é isso que acha que vai melhorar as coisas, que assim seja. Vamos dar uma pausa.

Enquanto alguns se levantaram, outros conversavam entre si e percebi a cara de poucos amigos de Emmett e de Jacob.

– O que realmente isso significa? – Perguntei enquanto Emmett ainda reclamava baixo consigo mesmo, e ouvi uns xingamentos ao Edward também.

– Significa – Jacob começou – que a população da Grã Bretanha sofre com cada imposto pago. Eles já ganham pouco, e vão ter que dar praticamente tudo o que tem. Como vão comer? Como vão comprar coisas para seus filhos?

– Pode haver revoltas Bells. Grandes revoltas. – Emmett continuou – Tudo bem que revolta de camponeses nunca foram muito além do que as dos burgueses, mas se isso tiver um aumento impossível, os burgueses vão se enfurecer. Vão se reunir as escuras para fazer uma invasão, se não estiverem já se reunindo.

Um dia de grandes esclarecimentos, poderia dizer. Nos levantamos e fomos caminhar um pouco pelo castelo, falando brevemente de das batalhas que meu irmão estava sendo obrigado a ir. Um assunto não muito agradável, mas ele disse que eu precisava saber que existe um lado em que as pessoas lutam para conseguirem seus ideais. E a luta que ele estava fazendo, em vez de pacífica, tinha de ser brutal. Brincou comigo dizendo que eu precisava saber como empunhar uma espada. Afinal, já brinquei algumas vezes escondida com Emmett quando crianças, mas nunca cheguei realmente a aprender. E foi exatamente enquanto discutíamos isto, que nossa querida mamãe chegou.

– Isabella. – Ela falou, olhando primeiro para meu irmão e Jacob e depois para mim. Demos um leve e rápido cumprimento e então esperei o provável descontentamento que ela iria jogar para cima de mim.

– Olá mamãe. É muito bom tê-la em minha casa. – Falei tentando medir ao máximo minhas palavras.

– A casa ainda não é sua, não é Isabella? – Ela falou já com olhar desafiador. – Tive que colocar minha humilhação em público por conta de que não engravidastes ainda. Anos e anos de aprendizagem para não conseguir um posto digno de Rainha? O que está acontecendo com você? A única filha que tive e ainda veio desse jeito?

– Mamãe, não é hora de vocês conversarem sobre assuntos pessoais... – Emmett tentou intervir, mas quem disse que nossa mãe pararia?

– Estou lhe dizendo, não irá voltar para casa caso seu marido queira te devolver. Morrerá em um convento, está entendendo? Ou pior, lhe mando exilada para qualquer lugar que estejam mandando agora. Estou em uma situação frágil. Não posso mostrar fraqueza mas tudo isso pode ir por água abaixo por sua culpa, sua!

– Até eu estar com minhas malas dentro de uma carruagem qualquer, esta casa é minha. Este lugar é meu. E eu peço que a senhora como uma pessoa que não está em sua terra de origem comece a medir as palavras comigo. Não é sua casa e não estou mais a suas custas.

– Está virando agora as costas para sua mãe? É isso?

– Você já virou as costas para mim a muito tempo atrás. Não preciso mais de nada seu, meu marido precisa.

– Olhe aqui Isabella...

– Então, acho que já podemos voltar a reunião, não acham? – Edward entrou em meio a conversa me deixando por um segundo envergonhada por pensar que ele estava escutando a conversa que eu estava tendo com minha mãe. Ela me achar a desgraça da família é uma coisa, mas dizer isso em público é outra coisa.

Ele se posicionou atrás de mim, colocando a mão em minha cintura e sorrindo para minha mãe, o que por um momento me causa até surpresa, me fazendo esquecer de estar com raiva e em meio a uma discussão. Olhei pra ele querendo perguntar “mais o que você está fazendo?”, mas ele não me olhou, apenas encarou minha mãe, que olhou para nós dois sem nada falar.

– Todos aqui estão em grandes apuros se dependerem de vocês. – Ela falou olhando então para mim. – Ser fraca sempre foi o seu forte Isabella. Me envergonha em meio a tantas pessoas, como pode? – Ela olha então para Edward – Não me importo que ela esteja sofrendo por você, mas uma vez na vida, se comporte como homem e assuma suas responsabilidades.

Ela então virou e saiu andando para a sala de reuniões, onde os outros monarcas estavam se dirigindo. Não quis olhar para Edward, a vergonha era tamanha para poder ver a humilhação que minha mãe tinha feito em frente a ele. Mas eu já deveria esperar por isso. Ela quer sempre o melhor, mesmo que esteja perfeito. Não se contenta com o instável e não admite que está errada. Senti os olhos de Edward em meu rosto, mas fiquei quieta, parada, ainda olhando fixamente o lugar onde mamãe tinha estado. Sua mão ainda estava em minha cintura.

– Você está bem? – Ele perguntou enquanto esperava alguma reação minha. Demorei para responder, então senti sua outra mão em meu rosto, que me fez esquivar automaticamente. – Isabella...

– Você tem uma reunião, não é? – Olhei para ele de relance e andei rapidamente para longe de Edward. Agora além de rejeição da parte dele, temos o que mais? Pena? Não quero ser digna de pena de ninguém.

Não ouvi passos atrás de mim, então fiquei mais relaxada para diminuir meus passos. Até que eu esbarrei em Jacob sem querer.

– Estava te procurando. A reunião vai recomeçar, vamos? – Ele me deu a mão e esperou que eu aceitasse.

– Hm, sinto muito Jake. Acho que vou ficar fora desta vez. Não entendo muito de tudo isso, então vou ajudar se ficar do lado de fora.

– Isabella, não fale isso. Você é... – Jacob começou, me olhando já com suspeitas.

– Você deve estar atrasado, não?

Ele ficou alguns segundos olhando para mim, tentando saber se insistia mais um pouco ou não. Provavelmente eu estava determinada a não ir, e ele viu e entendeu isto. Pegou de leve minha mão e deu uma breve despedida, virando-se logo em seguida e andando rapidamente para a sala de reuniões. Todos já tinham entrado.

Decidi então andar um pouco pela casa, para pensar um pouco sobre minha situação, quando me deparo com uma conversa abafada vindo da cozinha. Como hoje o castelo tinha muitas visitas, o banquete dado por nós deveria ser em dobro, ou seja, mais trabalho para as criadas e por isso, todas estavam amontoadas na cozinha, mas percebe-se que elas queriam ser discretas já que a altura da conversa estava baixa.

– Vocês apostam quanto que vão aumentar nossas contas? – Uma das criadas falou com indignação – Não vamos fingir que não conhecemos esses reis hipócritas.

– Shiu. – Uma das criadas que estava ao seu lado a repreendeu – Está querendo ir pra amas morra? Fale mais baixo mulher! Pelos céus.

– Vá me dizer que é mentira o que eu estou falando?! – A outra não respondeu e ela fez cara de satisfeita – Estou dizendo. Sempre quando estes aí se reúnem em tempos como este é pra aumentar nossos impostos. Deus sabe o quanto meu marido e eu temos que trabalhar para cuidar das nossas crianças. Não sou nem rica como eles para poder me sustentar!

– Você tem que estar agradecida por estar trabalhando aqui sabia? – Uma outra mulher que estava em um caldeirão perto falou para todas ouvirem. – A senhora daqui é bastante amável conosco, diferentemente do que eu ouvi de outros lugares. Podemos trazer nossos filhos algumas vezes e ganhamos o suficiente para nos sustentarmos.

– Isso não é o suficiente para mim. Não temos liberdade para nada. E o conselheiro do rei nos tange como animais. Que o Céus tenha pena de nós em algum tempo, estou dizendo e me escutem, ainda não estamos fome mas esta realidade está perto. Já foram a Crooland? Esta vila é a base de agricultura e agora tudo o que tem, está indo de impostos para o reino. É esquecida em todos os aspectos, mas não para pegarem dinheiro. E a cidade daqui também está perto disto.

– Talvez... – Uma mulher fala em tom baixo, e um pouco até preocupado – Talvez Newton e Hale estejam certos.

A cozinha inteira ficou em silencio, e algumas mulheres olharam para suas próprias mãos enquanto preparavam a comida, outras pararam e olharam para as outras.

– Estes tem um caminho certo para a guilhotina se Aro Volturi os descobrirem. – Finalmente uma delas falou e as outras concordaram silenciosamente.

– Continuo achando que eles estão certos. Todos nós temos direitos, não temos? A gente também é vivo. Tudo bem que o que eles fazem é perigoso, mas eu queria tanto que fosse verdade. A próxima reunião deles provavelmente vai ser hoje.

– Só fiquemos caladas com isto, tudo bem? Se alguém daqui de dentro desconfiar de que sabemos sobre Mike Newton e Jasper Hale, estaremos em grandes apuros. E ainda temos filhos para criar.

Algumas delas falaram mais alguma coisa, outras voltaram a seus afazeres. A conversa sobre outras coisas se formou casualmente e voltaram a conversar tranquilamente. Mas uma coisa ainda estava pensando em minha mente. Quem eram Mike Newton e Jasper Hale, afinal de contas? E qual era exatamente a situação fora do castelo? Talvez, somente talvez, eu deva sair destes portões para encarar uma realidade nunca vista.

Queria agora, poder ter entrado e assistido a reunião, pois pelo menos eu saberia quanto tempo duraria. Se eu pedisse muito, Emmett poderia ir comigo, ou Jacob. Provavelmente se eu saísse perguntando a todo mundo que eu encontrasse quem eram esses dois eu poderia descobrir alguma coisa, mas pensando bem, quem não conhece a Princesa? Quem não está querendo descontar sua frustração de impostos em um dos grandes membros da família real? Quem não está querendo amaldiçoar a estrangeira que mal pode dar um filho para o rei? Se eu fosse a cidade, com quem quer que fosse, principalmente a um lugar tão pobre, poderia ser rechaçada.

Saí de perto da cozinha e fui para algum lugar perto da sala, para elas não desconfiarem ou começarem suspeitas de que eu ouvi alguma coisa a respeito disto, quando ouço alguém me chamando ao longe, e me viro para certificar quem seria. Rosalie estava de volta, e continha um feliz sorriso no rosto. Pelo menos, ela se divertiu os dias que a dei de folga.

– Ora, que eu saiba era para você ficar com sua família mais uns dias, não? – Sorri e a abracei fortemente.

– Acho que já me acostumei a ficar com você. Estava lá, mas meus pensamentos estavam aqui, querendo saber como você estava. Soube que está tendo uma nova reunião e que sua família está aqui. Sua mãe está aqui.

– Está... Mas o que já deveria ter acontecido, aconteceu, então nem precisava ter toda esta preocupação. As outras meninas resolveram ficar em casa, está vendo? Só estamos nós duas aqui agora. – Ri e fomos até o quarto onde algumas damas dormiam para poder colocar as malas de Rose.

Estava me contando como estavam seus pais e seus irmãos. Tentou algumas vezes não chegar ao assunto de que seus irmãos estavam com boatos de que a corte estava querendo pegar homens jovens para poder começar a formar novos soldados, mas provavelmente seria somente mais um boato, pois estavam dizendo que o reino não tinha dinheiro o suficiente para poder manter tantos soldados e tantas lutas assim.

– Você está com medo por seus irmãos?

– Bom... Claro que sim, não é? Não temos um líder estratégico para podermos ter tantas expectativas de vitórias, não é? Se meus irmãos forem, tenho medo de ser mortos. Mas, para falar a verdade, tenho medo de serem mortos mesmo assim.

– Como assim, de serem mortos assim mesmo?

– Por favor Princesa, desconsidere isto. Eles são jovens e imaturos. Não sabem o que realmente é perigo e estão sempre atrás de boas desilusões.

– Do que está falando Rosalie?

– Meus irmãos estão contra vocês. Alias, estão contra o reino. As ordens de Edward são claras para com os camponeses, estão deixando todos a míngua. Meus pais estão felizes e satisfeitos por eu ficar aqui com você, porque afinal, você nos protege. Meus irmãos são ingratos, querem eles mesmo a liberdade deles, o que é realmente irracional. É que veem o que acontecem com os outros, e não conosco sabe?

– Ainda não entendi exatamente no porque seus irmãos seriam mortos, por... Não sei, Edward?

– Eles são a favor de algumas pessoas que são contra vocês...

– Quem são contra nós?

– São chamados por outro nome, que eu não sei, eu juro. Por favor, por favor, releve isto. Se no caso eles chegarem a serem presos, não os deixem ir pra guilhotina.

Peguei uma de sua mão e com a outra passei delicadamente por seu rosto. Ela estava prestes a chorar, mas isso não era preciso.

– Não se preocupe. Eu sempre irei lhe proteger, está entendendo? Você e sua família. Não se preocupe com isto, afinal, isto não deve ser muito grande não é? Só esperemos que essa brincadeira, ou lá o que seja, seja discreta. Se Aro souber da existência deles, irá matar um por um, pessoalmente. O que sabe tanto destas pessoas?

Finalmente vi a minha chance de dentro do castelo, poder ter uma informante sobre algo que era completamente desconhecido por mim.

– Bom, eles são a favor de que a Igreja e vocês não controlem mais o que eles produzam. Que a terra deles, sejam somente deles e que vocês não cobrem impostos assim tão caros. Estão querendo derrubar vocês do poder.

– Mas isto é impossível, querida. – Falei tendo até um pouco de pena deles.

– Bom, sim, mas um dos líderes deles é um grande estudioso. Eles são bem estratégicos Princesa, todos falam. E na maioria das vezes, quando não fazem suas reuniões aqui na própria cidade, em tabernas, fazem em uma pequena vila chamada Crooland. Lá vivem algumas famílias, mas a maioria é distante uma da outra, e eles ficam em algum lugar que os homens ficam para beber, é bem reservado. Só chama os que eles sabem que certamente não vão sair falando abertamente, ou os traindo, contando para os informante do Rei, que no caso é Edward e que no caso dirão para Aro.

– Será que estão querendo fazer uma invasão ao castelo?

– Não sei Princesa, apenas quem faz parte destas reuniões sabe o que realmente dizem lá. Meus irmãos não participam, mas alguns amigos deles falam boatos, mas sabe que boatos são apenas boatos não? A única coisa de que tenho certeza, é de que uma boa parte da população está os apoiando na cidade e no campo. Principalmente depois dos aumentos de impostos, e ainda mais agora, que eu tenho certeza que vão aumentar ainda mais. Os que tinham condições irão ficar razoáveis, os razoáveis irão ficar pobres, os pobres, que infelizmente é a maioria da população, irá ficar miserável, e os miseráveis estarão com certeza em grande desespero.

– Não vou deixar que isto aconteça. Isto não pode acontecer.

– Que a população fique a favor destes homens?

– Não. Que Edward aumente os impostos destas pessoas! Haverá uma hora que ninguém poderá pagar mais nada pois estarão na pura miséria. O futuro será um caos, será que eles só podem realmente pensar no presente?

– Não há nada o que fazer com isto Princesa. Quem governa é Edward.

– Ora, estamos ou não estamos em uma reunião que é praticamente um congresso, não estamos?

– Muitos destes Reis que estão sentados aí Princesa, recebem por fora para poderem ser do jeito que são. Uns querem prosperar, outros querem apenas estabilidade financeira. Não basta falar para dez se somente dois irão escutar.

– Não sabia que era filósofa. – Sorri um pouco para poder tirar a tensão que estava começando a me sobrecarregar.

– Meu avô trabalhava para o pai de Dona Rainha Renné, lembra-se? Ele teve muitas oportunidades de aprender grandes coisas, e passou para meu pai, que passou para mim e meus irmãos...

– Meu avô era um grande homem, não? – Ri e tentei não trazer lembranças dele, que eram dolorosas por conta de sua perda. Foi o mais perto que tive de real pai. – Foi um dos primeiros homens que quis ter uma filha no poder. Os chamavam de louco por querer confiar um estado a uma mulher.

– Mas olhe só o que aconteceu.

– Viramos uma grande potencia em exercito e ferramentas para combate. Uma bela cidade também. Adorava aquele palácio iluminado quando tinha grandiosos bailes.

– Sua mãe que fez. – Ela riu.

– Eu sei. Não nego que ela tem um bom gosto para grandiosidades.

– Tentará fazer alguma coisa, não tentará?

– Sim. Talvez Edward me escute, não? Só espero que ele não tome suas próprias conclusões, e só espero também que não sejam as conclusões erradas.

Edward narrando

Me afundo mais uma vez na cadeira, enquanto burburinhos e reclamações preenchem a sala e o clima fica totalmente desagradável e chato. Minha pode se “todo poderoso, Príncipe e futuro Rei da Grã Bretanha” já tinha ido embora a algum tempo, porque toda a dignidade que eu tinha, conseguiu esvaziar-se com minha querida e honrável sogra. Até Aro estava incomodado com ela também, todo mundo percebia-se isto. Era só a mulher levanta-se que todos paravam para ouvir o que ela estava falando, mas agora, para minha sorte e sorte de Aro, o que eu descobri ser irmão de Isabella e filho de Dona Rainha Renné, estava sentado ao seu lado, falando calmamente com ela, toda vez que seu semblante mudava caso não gostasse de algo dito.

– Se eu soubesse que essa reunião não daria em nada, teria ficado com a minha esposa e os meus filhos em casa. Afinal, o que decidimos nesta reunião? Que Príncipe Edward precisa tomar uma decisão? Isto todos nós já sabíamos e ele obrigatoriamente deveria saber!

– Retomo a dizer que o casamento não foi um empréstimo. Ou você dá logo um herdeiro pra a minha família também, ou não vai ter um pé de soldado para proteger isto aqui. Não sou mulher de voltar atrás, diferente de muitos homens que estão aqui e que deveriam estar também. – Ela falou enfatizando o “deveriam” e eu tive absoluta certeza que era menosprezando meu pai.

Tânia ficaria puta da vida comigo, mas era o que deveria ser feito. Casamento para fins políticos, seria sempre um casamento para fins políticos, certo? Oh, céus. Será que eu estou com medo de Tânia ou de querer esta mulher? Por favor, por favor, que não seja a segunda opção. Pois a minha vida seria mais infernal do que já está sendo.

– Terá minha promessa sobre isto, Rainha Renné. – Falei depois de horas escondido naquela enorme cadeira. Todos pararam para olhar para mim, me vez de Aro.

– Desculpe? – Renné desistiu de falar comigo a algumas horas, quando percebeu que quem tinha minha voz era Aro e o máximo que conseguiria de respostas concretas seriam dele.

– Tem minha palavra que sua filha estará esperando um herdeiro. – Falei e alguns fizeram cara de “finalmente”.

– Se não fosse ele, seria eu, digo logo. – Um dos Reis falou baixo e o outro riu, mas não deixei de escutar. Apertei minhas mãos involuntariamente nos braços da cadeira para não começar uma briga. Renné certamente ouviu, e sorriu involuntariamente.

– Acredite, pequeno Edward, que por um momento, pensei que teria que levar minha filha de volta a Áustria e casá-la com outro Príncipe que estivesse a altura de minha família. – Ela enfim se levantou e veio caminhando até mim, e tirou a luva me esticando-a levemente. Levantei de minha cadeira e beijei a palma de sua mão, então estava feito. – Para mim, esta reunião chegou ao fim. Me dê a certeza de que em duas semanas esteja realmente comprovado que minha filha esteja grávida ou eu mesma irei mandar meu filho liderar as tropas que acabara com você. – Ela apontou para o meu peito, com as mãos agora já enluvadas - Está entendendo?

– Sim, Rainha Renné.

– Ótimo. – Virou-se indo em direção a porta – Não gostaria de dormir aqui hoje, quero voltar para casa o mais breve possível, Charlie, mande o cocheiro e os guardas se prepararem e prepararem os cavalos, voltamos para Áustria hoje.

– Irei ficar, minha mãe. – Meu cunhado falou e olhou de relance pra mim. – Ficarei para tomar conta de tudo, por enquanto.

– Contanto que não atrase o exercito, não tenho nada a falar. Até mais, a todos. – Ela saiu, sem esperar ninguém e bateu a porta quando saiu.

– Agora entendo porque a chamam de A Rainha de Ferro. – Um dos homens falou e a maioria da sala sorriu, sem dizer mais nada.

Finalmente, aquele pesadelo estava terminado. Mas infelizmente, outro começaria a me atormentar daqui a algumas horas, quando as palavras que eu prometi, caíssem na minha consciência.

Vi Emmett juntamente com Jacob, provavelmente ir procurar a minha esposa... Isabella. Talvez eu devesse ir atrás dela também, conversar sobre o que sua mãe disse, e falar sobre o que eu disse também. Mas ora, não éramos casados? Podíamos fazer o que queríamos, alias, eu podia fazer o que quiser. Não é?

Claro que não.

Isabella agora está começando a se igualar a Tânia na teimosia, posso afirmar. Uma hora bem, outra mal, instáveis. E quando realmente fui sair da sala para poder perguntara alguma criada onde estava ela, Aro me barrou na porta com uma feição nada amigável.

– Podemos conversar Edward?

– Hmm, é urgente?

– Absolutamente.

– Então, claro que sim. Sobre o que seria?

– Não deveria ter tomado uma atitude antes de me consultar! Falou com Rainha Renné sem ao menos saber o que realmente poderia fazer. Já parou para pensar e se a filha dela for uma mulher difícil para engravidar? Como falará isto para ela se já lhe deu sua palavra?

– Nós não sabemos Aro, não temos como saber a não ser que o que tem que ser, seja feito.

– Totalmente desnecessário você tentar se provar na frente de tantos governantes, Edward! Nunca mais faça isto! Nunca mais tente passar por cima de qualquer ordem minha, está entendendo?

– Ora, sou o Príncipe, não sou? Porque não posso eu mesmo fazer as minhas regras e eu mesmo ditá-las? Afinal de contas, acho que está na hora de começar a tomar as rédeas da situação.

– Isto é desnecessário. – Ele falou um pouco menos alterado.

– Sabe do que você precisa? De férias, é disto que precisa padrinho. E estou lhe dando as suas agora. – Sorri e não parei para ver se ele estava feliz. Afinal, quem não estaria feliz de sair daquele caos? Eu amaria umas férias.


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