Dama Negra escrita por Laryssa Costa


Capítulo 11
Capítulo 11 – Ataques


Notas iniciais do capítulo

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA , DAMA NEGRA APARECEU NO THE UNIVERSE OF FICS *------*. Nem preciso dizer que eu surtei geral né? Pode parecer pouca coisa pra quem vê de fora, mas gente, eu dei a louca aqui em casa! Obrigada a quem recomendou e eu digo sempre e sempre direi: Tenho as MELHORES leitoras, comentadoras e até fantasminhas do mundo!! Espero que gostem do capítulo, e espero também que ele recompense a minha demora, causada por uns probleminhas de saúde que eu tive nesse tempo que fiquei sem postar.

Ah! E antes que eu esqueça: consequenciadaspalavras.tumblr.com ; Finalmente vocês poderão brigar comigo, reclamar, fazer o que quiser! É um blog sim, muito mais interativo, feito pra gente tá? Tem Trilha Sonora (DN já está presente), Atualizações, bla bla bla. ENFIM, Boa Leitura :*



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Aro Volturi narrando.

E então, aqui estava eu depois de anos do mesmo jeito. Sempre tentei achar uma brecha para poder fazer com o que eu sempre queria se tornasse algo real: A Coroa. E agora que tenho a faca e o queijo na mão, este moleque imprestável está querendo dar uma de homem para cima de mim. Vivi muito mais do que ele, aprendi muito mais do que ele e sinceramente? De todos estes anos aturando Carlisle e seu filho mimadinho, eu deveria estar responsável por tudo. Enquanto ele brincava com as criadas e pagava as prostitutas. Ele estava na minha mão, e agora quer uma de Principe Salvador?

– Tudo o que tinha de acontecer para me enfurecer, já aconteceu. E agora pouco me importa o bem estar daquele garoto, vou fazer o que é melhor para mim agora e o resto é simplesmente consequência. Ele precisa mesmo tomar uns sustos. – Falei para mim mesmo enquanto pegava um dos cavalos do estábulo real e arrumava minha capa para poder montar.

A lua já estava presente, e nada mais agradável para abrigar segredos do que a noite. Cavalguei o mais rápido possível para a cidade, pois ao que parecia, o quanto mais rápido chegasse, melhor seria para encontrar meus informantes sóbrios.

Deixei o cavalo no estábulo simples da Taverna e entrei sem muitas cerimônias. Todos me conheciam muito bem, mas a maioria estava bêbado o suficiente para começar a não se importar com minha presença. E mesmo se estivessem sóbrios o suficiente, não seriam burros o bastante para contar a alguem que me vira por aqui. Então, finalmente, avistei o grupo de homens que eu estava esperando.

– Todos vocês, me sigam. – Falei e fui até o homem que entregava as bebidas. - Arrume um lugar onde posso conversar reservadamente com esses homens. Agora. – Joguei uma moeda de ouro para ele, que no mesmo instante apontou para um porta ao seu lado e entrei acompanhado por os outros.

– Porque não traz umas cervejas para cá, afinal, também tem que comemorar! As coisas estão indo muito bem! – Um deles falou, já alterado. Esse provavelmente, já estava fora do meu plano.

– Quero vocês sóbrios para um serviço extra mais tarde. Por hora, estão com o dinheiro?

– Sim, ainda não gastamos nada, senhor. – Ele então bateu em uma bolsa que estava com ele e afirmou – Vinte sacos de moedas cheias.

– Então vamos, vocês são cinco, pegue cinco saco de moedas e me dê o resto. Que ainda tenho muito o que fazer com esse dinheiro. E vocês também, afinal. Como disse antes, tenho um trabalho extra para vocês.

– Pode falar.

– Reúna no mínimo, trinta homens. Vocês irão a alguns povoados pedir mais impostos e os que não tiverem, terão que dar seus grãos, ultima colheita, animais... Tirem tudo o que conseguirem de valor da mão destes camponeses! Amanha de manhã, quero o povo devastado!

– Sim senhor.

– Vou depois ver como ficou o trabalho de vocês. Mas antes, tenho que ir atrás de Tânia Denali. – Um deles sorriram um para o outro – Nem pensem nisto – Falei para eles que pararam os sorriso na mesma hora – Aquela vadia é cara de mais para qualquer um de vocês.

E foi deixando eles para traz que lá estava eu em um dos lugares mais caros e requintados, depois do castelo real, para visitar Tânia Denali. Quando cheguei ao seu quarto, um homem estava saindo e me olhou com espanto, com medo de ser pego em um lugar como aquele, com uma prostituta. Deveria ser casado com alguma mulher rica, no mínimo.

Ela como de esperado, não estava com uma roupa muito descente. Ainda estava voltando a se vestir. Seus vários vestidos encomendados estavam esticados na cama, enquanto ela abria todas as caixas de suas joias para escolher qual usá-las. Tânia era uma bela mulher, e desfrutava do que seu corpo proporcionava. Mas era apenas isto.

– Aro. – Ela falou com surpresa, mas mesmo assim veio ao meu encontro, me beijando rapidamente. – O que aconteceu para lembra-se de mim assim tão rapidamente?

Joguei cinco sacos de moedas em cima de seu decorado criado mudo. Ela rapidamente ficou radiante. Coloquei mais três para ela perceber que eu não estava de brincadeira e ela sorriu ainda mais.

– Percebo que ficou feliz com minha visita.

– Claro, querido. Mais do que esperado. – Ela riu e pegou as moedas e rapidamente as guardou. – Tenho boas notícias, cinco reis já estão a meu mando. Um coitado, tenho pena. Sua mulher é tão feia que não sei como ele consegue acordar todos os dias ao lado de um cavalo que nem aqueles! – Ela riu enquanto colocava seu próprio espartilho – E como ela que tem um berço mais nobre do que o dele, depende muito da aceitação dela para tudo. Ameacei falar se algo acontecesse.

– Nem todos precisaram de dinheiro?

– Claro que não. Sou muito boa no que faço. – Sexo – E enquanto a isto, eles não tem nada a reclamar. Só quando começam as chantagens, é claro. Sobre questão de dinheiro, posso dar poucos a alguns. Até ameaço-os de envenenamento se fugirem das minhas mãos.

– Bom mesmo que tudo isto esteja dando certo, porque as coisas irão se apertar para cima de Edward nestes dias. – Falei enquanto entregava um vestido para ela, e ela se vestia rapidamente – E as portas finalmente irão se abrir para a nossa.

– Está dizendo que aquelas roupas magníficas e aquele palácio de inverno e o castelo finalmente serão meus? – Seus olhos brilharam sob uma promessa que a fez rir.

– Venha e confira. Agora mesmo meus homens estão tocando o terror em povoadosinhos do Principe Edward Cullen, o herdeiro. Aproveitemos e você passa uma noite em minha casa... – Falei sem ao menos olha-la, mas tenho certeza que nada mais poderia fazer do que aceitar. Afinal, eu fiz Tânia Denali.

– Carruagem? – Ela perguntou simplesmente.

– Para você, se quiser, sim. Vou a cavalo, seria melhor se você também fosse, porque afinal, necessito ver como os homens estão fazendo o trabalho que mandei fazer. Se for de carruagem, vai demorar tanto para irmos, quanto para chegarmos.

Ela olhou para seu vestido e sua imagem espetacular no seu luxuoso espelho, e então olhou para mim. Fez uma cara de “ainda preferiria ir de carruagem” e pegou sua capa vinho camurça e me direcionou para a porta. Como sabia que de um jeito ou de outro, ela iria a cavalo comigo, preparei uma égua branca para ela e o meu cavalo negro ainda estava esperando no mesmo lugar que eu deixei. Estava na hora de correr e ver como o fogo comia rapidamente todo o suor e a desgraça daquelas pessoas moribundas.

Edward narrando.

Aro tinha se despedido de nós a tarde e eu o lembrei que se para ele semana que vem, ele já estivesse disposto o suficiente nós poderíamos voltamos ao trabalho. Ele me assegurou que estava cuidando de tudo e que com a pouca frequência de recolhimento de impostos, os ladrões não iriam nos atormentar e que a população não iria se rebelar. Pelo menos essa semana.

Isabella que não ficou nada desconfortável com o fato de que Aro iria ficar fora uma semana, que não iria cuidar das minhas coisas por uma semana, ficou a manhã inteira depois da reunião e parte da tarde com Emmett e Jacob. Fazendo sabe-se lá, o que. Apenas a vi desaparecer em direção ao estábulo assim que eu consegui uns minutos para andar pelo castelo antes de me despedir dos reis presentes.

Que não gostaram muito do fato de Isabella não está no meu lugar, pois como uma das mulheres que estava com seu marido: “São obrigações dela, que absurdo.”. Mas inventei uma mentira não muito boa como “Ela está indisposta” e então seguiram sem mais comentários. Uma hora falaria com ela sobre isto também, quando a encontrasse. O caso nem é exatamente este no momento. Estou querendo não encontrar muito ela, mas sei que uma hora ou outra vou ter que entrar em seu quarto para cumprir o que prometi a sua mãe.

Passei mais uma vez as mãos pelos cabelos. Já fazia algum tempo que eu não encontrava Tânia, então, não vou dizer que eu não estava exatamente sem vontade. Estou colocando em minha cabeça que não a quero, nem a desejo muito, mas são necessidades de um homem. Principalmente como eu. E mesmo com aquele escandaloso choro misturado com bebida há pouco tempo atrás, acho que ela também entenderá que isso é o melhor que podemos fazer. Afinal de contas, nos casamos para isso. Política. Negócios.

Já estava bem tarde e mesmo me ocupando de várias coisas, sabia que não poderia adiar mais ou acabaria a encontrando dormindo. Se ela já não estivesse. Uma hora já deveria estar em seu quarto. Vestida em sua camisola longa com rendas e seu cabelo castanho solto que chegaria até sua cintura...

Passei mais uma vez as mãos nos cabelos. Agora me levantando realmente da ponta da cama, onde eu travava minha luta interna no qual eu me dividia em: Fazer o que eu tenho de fazer e ir embora, fazer o que eu tenho de fazer e depois continuar. No outro dia não precisaria falar nada afinal. Homens da realeza não precisavam disto.

Não tinha colocado a minha roupa para dormir ainda e não estava muito interessado nisto no momento. Então o que fiz foi andar até sua porta e bater suavemente esperando que talvez um silencio me acompanhasse como sua resposta e me daria a desculpa de: “Ela está dormindo, não preciso ver seu corpo novamente. Só que desta vez tocá-lo e então fazer o que eu quero fazer já faz algum tempo...”. Mas para a minha total desgraça ou total felicidade a sua voz relaxada disse apenas um:

– Pode entrar, ainda estou acordada. – Sua voz já estava me dando arrepios, somente em pensar no que vinha depois. Mas que diabos! Eu estava parecendo um virgem! E olha que eu já tinha deixado esta fase a muito tempo.

Entrei logo em seguida e ela estava de costas para mim. Estava sentada em sua cama vestida com a camisola que eu fantasiei... pensei, pensei que estivesse. Estava com seus longos e belos cabelos soltos e o estava-os penteando, suavemente, como se a acalmasse. Deveria estar com um pouco de frio também, afinal estava um dia frio, pois estava com um robe levemente aberto.

– Sabe – Ela falou em uma voz divertida e estava se virando para me olhar – Acho que hoje de amanhã finalmente encontrei algo que eu realmente gostei de... – e então me viu. Me olhou por longos sete segundos, tentando ver realmente se era eu e perguntou com uma voz totalmente desconfiada: - O que está fazendo aqui?

– Quem achou que fosse? – Falei tentando ser divertido, mas isso só piorou a expressão de desconfiança em seu rosto.

– Alice. – Ela falou por um breve momento. – O que está fazendo aqui? – repetiu.

Enfim, o que merda que eu estava fazendo mesmo na porra daquele lugar? – Pensei comigo mesmo por uns instantes – Mas que coisa Edward, você é o Rei, você é o marido e você vai ter o que você quer. Alias, você vai fazer o que tem de fazer. Isso.

– Achei que... Poderíamos conversar sobre algumas coisas. – Me aproximei lentamente, não conseguindo desviar por muito tempo meus olhos do seu decote generoso que aquela camisola me passava e assim que ela notou para onde meus olhos iam, puxou rapidamente o robe contra ela, tentando esconder em vão seu corpo. Pois isto só fazia ficar mais visível e tentei inutilmente olha-la.

– Do que acha que podemos conversar, Edward? Não acho que tenhamos um assunto que interesse nós dois. – E a cada passo que eu me aproximava dela, e ela percebia que eu não pararia, foi inutilmente andando para trás, dando rapidamente de encontro com a cama, onde ela teve de parar.

– Tem nosso casamento. – Olhei para seus lábios. Talvez não fosse tão ruim assim. Sei que ninguém vence Tânia, mas posso ver o que dá isso.

– Isso é muito mais do meu interesse do que do seu. – Ela falou olhando para os lados, encurralada, como que eu queria que ela estivesse.

– Tem nosso herdeiro. – Falei simplesmente olhando para ela, e dando meu melhor sorriso. Três emoções passaram pelo seu rosto em frações de segundo: primeiro, medo. Segundo, desconfiança. E terceiro... bem, esse era o que eu mais esperava e menos queria: raiva.

Ela colocou as duas mãos na cintura como se não estivesse acreditando no que eu tinha acabado de falar.

– O que? Quer dizer que depois de toda aquela humilhação que eu, hipócrita, fiz para você e precisei até estar bêbada para poder falar uma idiotice daquelas, você quer vir aqui e me ter como se nada estivesse acontecido? Ah, vai procurar uma das suas putas e me deixe em paz! – Ela então tentou se afastar de mim, passando por mim para abrir a porta, mas não a deixei chegar muito longe.

Agarrei seu braço antes mesmo de sair da minha frente e a apertei contra meu corpo. Não para machucá-las, mas para ela não conseguir sair. Senti o perfume de seu cabelo me preenchendo automaticamente e notei também como sua pele era macia. Nunca a tinha tocado tão perto antes de me intrometer hoje de manhã com sua mãe.

Com a outra mão ainda livre, passei devagar as mãos por sua cintura encima do pano fino que era sua camisola e a apertei suavemente mas logo após com uma rápida obcessão.

– Eu sei que você quer também. – Sussurrei com minha boca contra seu cabelo, e Isabella manteve-se parada, mal sentia sua respiração em meus ombros. Não movimentou seus braços em hora alguma e automaticamente me vi beijando o início da curva de seu pescoço que se cabelo deixava exposto. Ela deu um suspiro espantado e colocou suas mãos em meu ombro, quase sem tocá-lo. Insegura.

Fui subindo lentamente meus beijos pela curvatura de seu pescoço e cada vez mais ela deixava seu pescoço mais acessível para mim, curvando um pouco a cabeça para trás, um pouco até inconsciente. Ainda não tinha muita resposta ou movimento delas, mas bem, virgens devem ser assim.

Afrouxei o aperto de minha mão em seu braço e a coloquei em sua nuca, por debaixo daqueles volumosos e longos cabelos, que tentava qualquer homem com ideias nada inocentes. Estava perto de chegar em sua orelha quando comecei a afasta-la para trás, até novamente estarmos a um empurrão para a cama, quando ela fez uma pressão, em começo, de leve no meu braço. Sorri finalmente, feliz com sua resposta. Mas para a minha total confusão, que me fez olhar atentamente para ela, percebi que já estava me pressionando com mais força em meu braço, estava me empurrando.

– Me larga! – Ela falou depois que eu abri meus braços rapidamente a deixando por conta própria. – Seu estúpido! Quer dizer que só porque você quer uma coisa, você terá? Pois saiba que já me humilhei de mais para poder ser uma cachorra obediente para você, está entendendo?

A olhei com raiva por ter me chamado de estúpido e voltei rapidamente para perto dela, agarrando um de seus pulsos e deixando o outro livre.

– Você é minha mulher, tem obrigações comigo! – Falei alto, e seu olhar passou de raiva para ódio em uma fração de segundos.

Isabella tentou me empurrar, mas eu a segurava firmemente no pulso. Não sei exatamente quando foi que percebi que ela fez aquilo, mas no final, meu rosto estava ardendo e ela se afastava como se eu tivesse uma doença contagiosa. Um tapa, um forte tapa e com certeza estaria os cincos dedos daquela criatura minúscula na minha face.

– SAIA DESSE QUARTO, AGORA! – Seus olhos estavam úmidos o suficiente para que eu soubesse que a qualquer momento iria chorar, mas enquanto eu a estava olhando ela não deixou nenhuma escapar por eles. – Se quer tanto se deitar com alguém, porque não vai atrás de minhas damas que já tem acesso rápido a você? Ou algumas criadas com quem você se deita a cada noite ou não sei, Tânia Denali. Acha que eu não sei de nenhuma delas? Posso não ter sido criada em meio a obscenidades, mas acredite, não sou cega, surda ou burra, está entendendo?

Coloquei a mão em meu rosto ainda surpreso com o ataque de fúria que Isabella teve e a olhei como se não a conhecesse realmente. Mas o que tinha dado naquela mulher?

– Só íamos nos divertir um pouco sabe. – Falei sorrindo um pouco, irônico, mas com veneno injetado nos olhos de tanta raiva da rejeição que eu estava sentindo.

Rejeitar Edward Cullen? Nunca. Nunca ninguém tinha feito isto e ela, sua esposa, a quem principalmente não deveria precisar passar por este tipo de constrangimento, está o rejeitando.

– Eu não quero nada disto com você. – Uma lágrima solitária escapou pelo olho de Isabella e mesmo com raiva ainda tive vontade de pedir desculpas, mesmo não sabendo exatamente o que eu fiz. – Por favor, saia do meu...

– Majestade? – Uma voz grave soou do outro lado da porta, e eu olhei Isabella sugestivamente, que fez uma cara de ultrajada na mesma hora. Mas mesmo assim olhou a porta preocupada. Será que ela estava esperando alguém e este homem chegou? Não, não. Já fiz uma burrada grande com aquela desconfiança infeliz com seu irmão e meu cunhado Emmett Swan, não vou fazer a mesma merda agora.

– Sim? – Ela falou com uma voz fraca, mas provavelmente dava para escutar do outro lado da porta.

– Desculpe-me acordá-la desta maneira, senhora. Mas gostaríamos muito se a senhora nos ajudasse a achar seu marido, Príncipe Edward. É urgente. Aqui é um dos guardas reais, senhora.

A olhei rapidamente e seu olhar de fúria já tinha passado, agora era de estrema preocupação. Seu robe em algum momento, tinha caído encima da cama e eu o peguei e joguei para ela, que se cobriu no mesmo instante. Abri a porta rapidamente em seguida, deixando o guarda um pouco surpreso, mas depois voltou a sua postura normal. Olhou para mim e olhou então para Isabella, como se perguntasse se tal assunto poderia ser tratado em frente a ela e eu não o impedi. Senti ela em minhas costas, querendo também saber o que ele tinha a dizer.

– Incendiaram alguns povoados pobres, meu Príncipe. As famílias estão desoladas, tudo está sendo consumido pelo fogo, a população está injuriada.

– Como assim incendiaram a população? Guardas não estavam destinados a fazerem escoltas noturnas pelas redondezas? – Isabella falou primeiro, com indignação.

– Desculpe Princesa, mas acontece que estes povoados são os mais afastados que temos. As tropas não conseguiram chegar até o local antes do ataque, e a população está achando que foi a mando do governante, o senhor meu Príncipe. – Voltou então a falar comigo e fiquei sem exatamente saber o que falar e nem o que fazer.

– Mas não mandamos nenhum tipo de ordem para atacarem povoados! Os homens que fizeram isto estavam com fardamento dos guardas? – Isabella que tinha respondido por mim, me olhou com desconfiança – Você não mandou, mandou?

– Claro que não! – Respondi em defensiva. Meu Deus, o que eu faria agora, com dívidas e com povoados para construir novamente se não há nada a fazer?! E sem dinheiro o suficiente para eles?! – Estão contendo o fogo?

– Senhor, os próprios moradores estão tentando isto. Não temos homens o suficiente para guardas daqui, guardas de lá e para guardas que irão para ajudar com o fogo, senhor. Somos poucos, o senhor sabe da dificuldade de arrumarmos novos homens.

– Sei, claro. Bom, prepare a carruagem. Nós já estaremos indo até o local, acalmar o animo da população e tentar ajudar o máximo que pudermos.

– Cavalos. Carruagem demorará demais. – Isabella falou já se afastando de mim e pegando um de seus vestidos no baú – Levem ela atrás, ou não, não sei. Queremos apenas cavalos para podermos chegarmos mais rápido.

A porta estava entreaberta e eu ainda estava no meio da porta, Isabella notou isso e por isso mesmo foi logo tirando seu robe e colocando o vestido ali mesmo, enquanto o guarda ainda falava algumas coisas a respeito sobre o acontecido para mim e eu começava a me arrepender de ter dado um tempo para Aro. Afinal de contas, se ele estivesse aqui no castelo, ele poderia dar um jeito nisto tudo.

– Obrigada. Esperem-nos em baixo, já estamos descendo. – Falei logo que suas informações acabaram e ele fez uma reverencia formal, se retirando logo em seguida. Fechei a porta em seguir, só que em vez de sair do quarto, fiquei dentro dele. Olhei para Isabella preocupado. – Você realmente acha que devemos ir?

– Edward, pelos céus! É seu povo. – Ela falava enquanto tentava em vão fechar os botões do vestido, que eu fechei em seguida, percebendo que ela não estava se incomodando muito com isto, pois estava muito aérea pensando nas pessoas sem casas. – Porque acha que não devemos ir?

– Eles estão furiosos Isabella. Desolados, tristes, com medo, mas furiosos. Mulher, atearam fogo na casa deles! E acham que foi a meu comando, eles não irão querer nos escutar se...

– É por isso que você está indo para lá Edward, dizer para o povo que não foi você que fez tudo isto. Se não for, aí então é que eles vão realmente pensar que tens culpa no cartório. Vamos logo, vamos. – Ela falou já tentando fazer seu cabelo ficar o mais apresentável possível fora dos muros do castelo.

– Não quero que você vá. – Falei já pensando nas consequências. Ela parou de andar para a porta e se virou repentinamente para mim. Seu cabelo já estava em uma trança apresentável. – Se houver qualquer tipo de discórdia entre mim e o povo, não a quero no meio do fogo cruzado.

Isabella me olhou por um momento e nada falou. Sim, eu estava preocupada com ela. Mas eu estaria preocupado com qualquer mulher, mesmo se não fosse Isabella.

– Eu vou com você. – Ela falou em baixo e calmo tom – Posso amenizar os ânimos caso aconteça algo. Não se preocupe. Eu... Eu estarei com você nisso, está bem?

Olhei para ela e finalmente parei para realmente olhá-la depois de fechar a porta. Estava bela. Não bem arrumada. Somente bela. Sua trança que pendia para um lado, e seu vestido, digamos simples, vermelho a deixavam natural. Sem todos aqueles enfeites, eu quase pensei que podíamos ser um simples casal casado. Mas isto foi por segundos. Porque em seguida, ouvimos a agitação dos criados que passavam pelos corredores, e Isabella foi logo para a porta, sair e acalmá-los. Onde era que meus pais tinham me metido?

Isabella narrando.

– Senhora, por favor. – Uma das criadas chorava em meus braços enquanto algumas mantinham uma certa distancia com medo do que eu poderia fazer, ou simplesmente porque não queriam falar nada. Todas as minhas damas já estavam no salão principal, aturdidas e preocupadas. – A maioria de nós temos família nestes pequenos povoados. Por favor, não deixe que nada aconteça com meus pobres filhos, senhora. Majestade...

– Não se preocupe – Eu falei não tendo muita certeza do que eu poderia fazer para que nada acontecesse com alguém que eu se quer conhecia – Eu farei tudo o que estiver ao meu alcance para poder resolver tudo isto, está bem?

Ela apenas me abraçou mais e alguns criados olharam para ela, reprovando-a. Eu, ao contrário apenas a apertei mais em meus braços. Esta mulher precisava de consolo e no momento, era o que eu poderia dar.

– Então, mandem seus homens em grupos de sete. Não precisam ser vinte para poder dar conta de cada povoado, isto é algum tipo de piada. Bons homens, são bons homens! – Emmett falava para um dos guardas, enquanto o mesmo falava a mesma coisa para os outros, que aturdidos, saíram para avisar aos outros que se dispersavam. A verdade, era que tudo aquilo estava uma bagunça. Tudo realmente estava uma bagunça. – Mandem mais homens como reforços para controlarem o povo, e adentrarem as florestas para ver se acham esses bando de infelizes. Se eu mesmo os achá-los, matarei um a um.

Meu irmão era um bom, alias, maravilhoso líder. Edward apenas o ouvia e observava enquanto pegava algumas armas, que eu desconfiei que ele não sabia como usá-las. Além do meu irmão, nenhum dos outros reis ou príncipes ficaram até o entardecer. Nossa mãe deixou algumas tropas para irem com Emmett e ele os estava direcionando, e planejando tudo o que tinha de fazer. Gostava do seu tom firme. Gostaria de algum dia, poder guiar tantas pessoas com tanta facilidade como ele. Jacob teve que partir antes do entardecer, pois Billy falou que ainda tinham negócios a resolver.

Emmett foi a frente, perguntando a Edward, se teria algum problema de enquanto ele fosse atrás dos guardas para poder montar um novo planejamento e mandá-los o quanto antes, enquanto Edward iria resolver o problema da solução com mais guardas.

– Por favor Bella, faça alguma coisa. – Rosalie falava para mim aos quase prantos e eu me segurei para não abraçá-la também. Ela estava colocando uma capa em mim e disse baixo para ninguém escutar – Acho que atacaram Crooland, estou apavorada se alguém descobriu alguma coisa. Estou com medo, estou com muito medo.

Virei para ela tentando acalmar os meus nervos junto com os dela.

– Vai ficar tudo bem. A família de todos aqui vão ficar bem, certo? Não se preocupe. – Falei esperando que ela pelo menos se acalmasse. Não ajudou muito, mas ela logo se retirou.

– Está tudo pronto. – Edward voltou para perto de mim e perguntou mais uma vez – Quer mesmo ir?

– Claro que quero. Você não vai para lá sozinho. E não vou deixar aquelas famílias desamparadas esperando que um milagre brote de qualquer lugar que seja para poderem solucionar os seus problemas. – Falei enquanto andava com rapidez para montar o cavalo que nos estava esperando. Enquanto isto, Edward arrumava um pouco a coroa agora que colocou na cabeça e me entregou a minha, percebendo que eu tinha esquecido de colocá-la enquanto ainda estava me arrumando.

A guarda que nos acompanhava não era agora tão numerosa assim, os que sobraram deveriam ficar no castelo caso houve-se ataque. Avisaram-nos que tínhamos que cavalgar o mais rápido possível por mais questão de segurança do que por pressa de chegar a região devastada pelo fogo.

No começo o ritmo foi o mais confortável possível, depois de alguns minutos, já em meio a uma floresta densa e nada confiável, as arvores viraram vultos e nossas capas que nos protegiam do frio, agora voavam e se debatiam a cada galope e a cada direção que o vento decidia dar. Alguns guardas a nossa frente, outros um pouco atrás e Edward, sempre ao meu lado.

E mesmo com o frio, com a adrenalina e com um pouco de incomodo quando alguns galhos arranhavam-me a pele, eu ainda podia lembrar e sentir o calor que suas mãos fizeram em mim a poucas horas atrás. Seria certo se sentir assim? Quente?

Algumas vezes (na maioria das vezes, sim, eu fiquei olhando) ele olhava rapidamente para o lado, não sei, talvez, para ver se eu estava ali e bem. Sorria educadamente quando percebia que tinha sido pego e voltava a olhar para frente, tentando se concentrar nos guardas que nos guiavam. Eu pelo menos, não tinha a mínima ideia para onde estava indo.

Mas tudo isto ficou de lado quando, no meio do breu da floresta, conseguimos ver um enorme clarão entre várias arvores e fumaça densa se infiltrando pelo ar. Percebi então, que tínhamos chegado. E finalmente, me bateu um pouco de medo. Medo por aquelas pessoas. Medo pelas pessoas que fizeram aquilo. Medo por minha família. Medo pela minha vida, que infelizmente, estava entrelaçada com o solo e as raízes deste lugar.

– Incendiaram as plantações de trigo. Além de casa, estão sem comida também. Sem jeito de pagarem os absurdos impostos e desesperados. – Emmett falou assim que desci do cavalo. Ele disse que tinha chegado já a algum tempo e os homens que estavam com ele estavam tentando tomar as certas providencias para acalmar o fogo e os camponeses. – Estão atrás do rei. E como ele não está aqui, seu marido terá de servir.

– Mas o que eu vou falar para estas pessoas? – Edward perguntou ao longe, ouvindo a nossa conversa. Emmett e alguns guardas que estavam com ele o olharam com descrença.

– Você é o Príncipe. Não me interessa se seu pai estragou você. Faça alguma coisa. Se fosse no meu país, acredite, eu faria. Mas estas pessoas não são minhas. Esta terra não é minha. Vire-se. – Emmett falou, enquanto me puxava rapidamente e me dava um leve beijo na testa – Tenha cuidado – ele falou apenas para mim – Estas pessoas estão realmente revoltadas.

– Vamos, Senhor. – Um dos guardas falou para Edward que olhou para os lados, esperando que alguém fosse por ele. Poderia fazer uma aposta que neste exato minuto ele estaria pensando “Onde está Aro esta hora?”.

Enquanto Edward ficava preso no mesmo lugar pensando na escapatória que teria, ou talvez pensando ate nas opções que poderia ter, dei uma olhava ao redor. Muitos idosos, muitas mulheres, várias crianças... Poucos homens. Os senhores e as mulheres pegavam a quantidade de água que conseguia e tentava salvar agora o que podia. Muita fumaça. Guardas conseguindo conter o fogo. Algumas mulheres chorando, a maioria das crianças assustadas e assim como as mulheres, apenas algumas chorando também. Suas roupas eram apenas um agasalho necessário, não tinham condições de seguirem tendências, como eu ou outras princesas que eu conhecia.

Voltei meu olhar para Edward enquanto ele ia acompanhado de alguns guardas falar com alguns homens que pareciam estar a sua espera. Cheguei um pouco perto de Emmett e finalmente consegui perguntar:

– Quem são aqueles?

– Todos os povoados tem algum tipo de representante. Seu marido está falando com os representantes deste pequeno e esquecido povoado. Poucos animais, plantação pobre, e agora com essa queima de grãos, miserável. O que vai ser destas pessoas?

– E se quiserem nos matar? – Falei olhando para ele com medo, que apenas sorriu e me disse em tom calmo.

– Não vão fazer isso, Isabella. Apenas estas pessoas não tem força o suficiente para fazerem muita coisa. Claro, os moradores daqui estão em mais números do que nós, mas tirando isso, o máximo que podem fazer é se revoltarem. Mas não chegará muito longe.

E então, pela primeira vez que saí do castelo, me veio a cabeça a voz de Rosalie com o nome “revolucionários”.

Olhei novamente para onde Edward estava, e com a maior calma possível, tentei caminhar para o local sem muito alarde. Assim que parei ao lado de Edward os homens pararam e ficaram me observando, provavelmente percebendo que eu sou a Princesa. Princesa que eles nunca tinham visto. Mas deveria saber o que falam e os apelidos que me colocavam. “Esta deve ser a rainha-virgem” ficaram a pensar.

– Você tem a minha palavra, que nada disto foi a meu mando. Os homens que fizeram isto serão pegos e condenados a morte! Isto é uma promessa. – Edward falou, e um dos homens se pôs a frente, a minha frente.

– Princesa. – E fez uma reverencia formal, enquanto os outros homens o acompanhavam.

– Senhores. – Falei passando minha mão no ombro de um, enquanto ele levanta-se e me olhava atentamente. – Acreditem no que meu marido fala. Nada disto foi a mando da coroa. Estão tentando difamar um reinado que ainda nem começou. Faremos o possível para ajudar você e este mês, estarão isentos de impostos. Tem a minha palavra.

Edward olhou pra mim como se perguntasse “Como assim isentos de impostos Isabella? Estamos sem dinheiro até para pagar o que temos e você faz isso?!?” Até podia ouvir a voz dele na minha cabeça soando indignado. Mas, por favor né? Essas pessoas tem mais problemas do que nós.

– A Princesa talvez esteja querendo falar que, caso necessitem de algo, nós poderemos providenciar. Nada mais. – Edward falou tentando me corrigir, mas eu sorri contrariando-o.

– Disse exatamente o que eu quis dizer. – Olhei para um dos poucos homens que ainda tinha restado no povoado – Nós mesmos vamos ficar de olho no que está acontecendo. Guardas irão montar vigília sempre que necessário.

Edward abriu a boca para falar mais alguma coisa, mas, no mesmo momento Emmett se pôs ao nosso lado com um olhar de “quer falar com vocês”. Pedimos um minuto de licença para os homens e seguimos Emmett para um ponto onde ninguém poderia nos escutar.

– Não foi apenas este. – Ele falou simplesmente e Edward o olhou confuso. Ele repetiu – Não foi apenas este povoado que foi incendiado e roubado. Achamos mais uns três. Guardas que eu mandei disseram que estão desesperados, como estes. O fogo deste aqui está contido, estarei mandando os homens agora para os outros, mas está tarde. Provavelmente não teremos sorte nos outros.

– Isabella já tirou os impostos deste povoado, se tirarmos os dos outros estaremos entrando em estado de calamidade! E em hipótese alguma eu vou pedir dinheiro emprestado para os outros países.

– Estas pessoas não tem dinheiro nem para comer! – Eu falei olhando-o com raiva. – O que são vestidos a menos ou uma carne a menos na nossa mesa? Por favor!

– O inverno está chegando. – Emmett falou me apoiando. – Eles estão sem nada no estoque. Nada pra comer, nada pra vender... De onde quer tirar dinheiro dos impostos? Eles mal tem a vida para dar em troca. Não está vendo como estas pessoas estão vestidas?

– Vou chamar Aro para cuidar disso. – Edward falou como se fosse isso fosse um milagre na mão de todos – Ele resolve isso como sempre faz e então depois, quando os meus pais voltarem, eles tomam as rédeas disto tudo.

Emmett olhou para mim como sempre olhava quando falávamos de nossa mãe. “Quando os meus pais voltarem”, será que Edward não percebe? Já faz semanas, senão meses que eles foram e sequer enviaram noticias. Nenhuma carta, nada. Não duvido que amem Edward, mas... Aprendi de uma maneira nada agradável, que muitas vezes, governantes tem de deixar a família de lado, para cuidar do que está governando. Ou, no caso dos seus pais, governantes tem de deixar a família de lado, para sobreviverem. Não quero falar isto para ele. Não quero fazer suposições de “talvez aconteceu algo na viajem” ou “talvez eles não queiram te preocupar”. Gostaria de dizer, firme que, provavelmente, os pais deles não irão voltar. Estamos por conta própria.

– Minha mãe falou o que acha a respeito disto. Tudo isto aqui é seu, mas continuo concordando com ela. – Emmett falou enquanto eu olhava para Edward tentando adivinhar quando ele perceberia isto, de seus pais não voltarem. – Não daria tantas terras assim para um conselheiro cuidar.

– Mas ele é meu padrinho! – Edward falou com segurança. Gostava bastante dele. – Meus pais confiaram nele fortemente, irei confiar também. Além do mais, ele sempre resolve todos estes problemas que eu não preciso me meter.

– Problemas que você não precisa se meter? – Emmett olha para mim com “você está ouvindo isso?” e olha para ele com raiva – Isto aqui é seu cara, seu. Essas pessoas estão esperando que você vá até elas e dê segurança. Existem várias famílias que moram no meio destas florestas porque não tem se quer uma casa, e se tiverem terão que pagar impostos com um dinheiro que não tem. Minha mãe não liga porra nenhuma pra família dela, mas das outras, ela cuida!

– Vamos pra casa. – Edward falou para mim sem responder Emmett.

– Como assim “vamos pra casa”? Nós temos que falar com os outros moradores. – Falei sem entender enquanto ele puxou minha mão e começou a andar para a carruagem que tinha chegado a pouco depois de nós.

– Não temos não. Vou mandar alguém para ir atrás de Aro e ele vai cuidar de tudo isto.

Parei bruscamente no meio do caminho e todo aquele calor que eu senti enquanto estava ao seu lado no caminho para cá, sumiu. Sua mão estava apertado e puxando meu pulso para acompanhar ele, e a única coisa que eu pude sentir naquele momento foi nojo.

– Seu imbecil covarde! – Falei alto suficiente para os guardas que estava com meu irmão e o meu irmão ouvirem. Ele parou de fazer pressão para me puxar com ele mas em compensação aperto mais meu pulso. Estava doendo, doendo muito. Mas não diria isto para ele, que virou e estava me olhando com uma expressão de ódio contido.

– O que foi que você disse? – Ele apertou mais meu pulso e fechei meus olhos para esquecer a dor. Ele não queria ouvir a verdade por ele próprio? Pois jogaria isto na cara dele na frente de várias pessoas. – Entre nessa merda de carruagem agora ou você verá o que eu farei.

– O que você fará? Não pode dar um passo sem ninguém, por favor. – Falei em um tom de voz estável. Quer quiser que ouvisse, pouco me importava. – Está esperando dinheiro da minha família, tem que ter aprovação em coisas que você é grande o suficiente para fazer e nunca se quer lutou por uma coisa que é sua. Duvido que faça algo, afinal, você nunca fez.

– Como ousa falar assim comigo?

– Já que não quer escutar ninguém, então alguém tem que jogar isso na sua cara. Posso engravidar de qualquer homem que eu quiser, mas você não pode engravidar qualquer uma para ter o dinheiro que minha mãe prometeu dar. – Seu aperto em meu pulso estava insuportável – e me largue, não quero que chegue perto de mim.

Ele me largou como se meu corpo estivesse em chamas. E seus olhos estavam em completa obscuridão. Não conseguia ver nenhum tipo de sentimento ou emoção dentro deles. Talvez estivessem muitos para eu poder detectar, mas ao todo, ele simplesmente se virou e andou ate a carruagem e abriu a porta, ficando nela para me esperar entrar.

Olhei para Emmett que estava apenas alguns passos atrás de mim e fiz um sinal de “vai ficar tudo bem” e andei até a carruagem. Edward falou algumas coisas com um dos guardas que estava do lado de fora e consegui ouvir praticamente tudo. Pediu que Emmett fosse responsável para mandar os guardas para os outros povoados e mandou um dos guardas ir buscar Aro, para ele resolver isto também o quanto antes. Assim que entrou na carruagem e se sentou o mais afastado de mim possível, era notável o espaço enorme que estava entre nós dois, e digamos que o clima dentro estava mais frio do que do lado de fora. Ele olhou para o seu lado da janela sem nunca falar nada. E eu fiz o mesmo, olhando para a escuridão que engolia as árvores do lado de fora da carruagem.

Talvez eu estivesse forçado-o muito falando aquilo. Ok, estou agora mesmo já me sentindo culpada, mas está mais que obviu que ele não quer falar comigo.

Não sei quanto tempo se passou enquanto ele me ignorava frequentemente dentro da carruagem. Nunca me importei se ele falava comigo ou não, afinal, antigamente, quantas vezes ignorávamos um ao outro nessas situações? Mas agora, não sei. Está diferente. Assim que chegamos no castelo, ele saiu batendo a porta atrás de si como qualquer pessoa chateada fora do controle faz, e não sei o porque, tentei segui-lo. Talvez para dizer que fui rude ou intensa demais, mas não estava pensando muito na hora. Só que ele simplesmente entrou no escritório de seu pai e bateu a porta antes que eu pudesse entrar atrás dele. Ouvi logo depois o barulho da chave e ficou mais que claro que ele não queria ser perturbado. Por ninguém.

– Isabella! – Uma pessoa gritou meu nome no fim da escada e me deparei com Rosalie tomada por um semblante preocupado. – Está tudo bem agora?

– Hm, digamos que sim. – Falei olhando pra ela incerta. A verdade era que agora eu também não queria falar com ninguém. Fui totalmente imprestável para resolver qualquer coisa que fosse. – Fomos ver a situação de alguns, mas Edward acabou por decidir que tudo ficaria melhor se o Sr. Volturi tomasse conta de tudo por enquanto.

– Ah... – Ela falou com um tom de descontentamento – Bom, não acho que o conselheiro seja muito bom nestes casos, mas o que eu estou falando, certo? Que bom que está tudo certo. Mas... Mas e aquele outro assunto? Não teve nada relacionado aquilo não, certo?

– Não. Nada foi dito, é como se praticamente não existisse. Talvez esteja preocupada demais com uma coisa que está fora de se tornar algo preocupante Rose. Seus irmãos ficarão bem, é coisa passageira. E de qualquer modo, nunca falarei nada disto para Edward. – Falei me aproximando dela, para ser o mais discreta possível – Quanto menos preocupações para ele, melhor.

Mesmo que ele não esteja querendo tomar conta de nenhuma. – Queria completar, mas esta parte da frase ficou pra mim mesma.

– Tudo bem. Já está tarde, a maioria das meninas já estão dormindo, então... – Rose falou apontando para cima também.

– Claro, é melhor ir dormir. Não tenho a mínima ideia do que temos para amanhã, mas eu já estou prevendo que será um dia cheio. Vou na cozinha comer alguma coisa, depois também irei me deitar.

– Ah Princesa, se quiser posso pedir pra alguma criada...

– Não Rosalie, vá dormir. Sei me virar sozinha por hoje. – Falei em um tom divertido e ela sorriu, acenando a cabeça em compreensão e subiu as escadas para dormir.

Para falar a verdade no meio do caminho descobri uma coisa melhor para fazer do que ir para a cozinha. A sala que Aro usava como particular estava por coincidência no meio do corredor que dava acesso a outro corredor que ia para a cozinha. Mentira. Ficava bastante longe da cozinha, mas pouco me importava, eu tinha uma grande má impressão deste homem e eu iria descobrir o por que. E iria descobrir agora.

Como a maioria das salas, estava aberta. Como o castelo deve ser arrumado e limpado todos os dias, é um tipo de obrigação não trancar as portas. Empurrei a porta pesada e fez um barulho que quando queremos que seja silencioso, faz com que qualquer pessoa no corredor ouça. Provavelmente Aro viria para cá conversar com Edward, e como não tinha certeza de que horas ele chegaria, precisava ser rápida.

A sala não era muito grande como a de Carlisle, mas os livros grossos e empoeirados da estante faziam aquela sala impor respeito, e me senti ridícula e nervosa ao mesmo tempo ao fuçar todos aqueles papeis que estavam em cima de sua mesa. Mas nada que estava sobre a mesa me chamaram atenção. Em sua maior parte eram convites de festas para mim e Edward que na maioria das vezes Aro verificava. Tateei a mesa por baixo atrás de algo, e minha mão esbarrou em algumas gavetas e quando puxei elas, a força tinha sido em vão. Estavam trancadas e não tinha sinal de chave na mesa, ou em qualquer parte da sala.

Revirei os pequenos depósitos que guardavam papeis pequenos para ver se achava algo, mas novamente foi em vão. Fui para a estante e comecei a colocar minhas mãos entre os livros para ver se achava algo e finalmente minha mão tocou algo de metal e puxei aliviada quando olhei duas chaves juntas. A segunda que eu tinha pego finalmente abriu a gaveta e achei vários papeis colocados organizadamente dentro da gaveta. Peguei todos para folhear e fiquei um pouco confusa enquanto estava lendo.

“Pedido do Representante do Povoado número 206 para liberarem o abastecimento de água não infectada” E no final onde deveria ter a resposta e a assinatura do Rei, no caso Príncipe, que seria Edward, estava: “REJEITADO, Aro Volturi”.

“Pedido de Abertura de Fronteiras para a passagem de Militares em uma pequena parte de Terra do Reino aliado vizinho” E no final, novamente: “REJEITADO, Aro Volturi”.

E além destes, tinham “Pedidos de vacinação para a população doente”, “Pedido de Aliança com o País...”, “Pedido de Visitação do Rei para o Povoado...”, “Pedido de impostos diminuídos na atual época por conta de pragas”, “Pedido de Representantes do Povoado para Participarem de Reuniões com o Príncipe”, entre outros, todos rejeitados por Aro. Edward era um cretino miserável, mas não acredito que estou casada com um animal insensível que deixa crianças morrerem por falta de remédio que temos.

Do outro lado dos papeis, tinha mais um monte que agora peguei para ver se eram mais do que eu estava vendo. Mas estava enganada, finalmente vi o nome “APROVADO, Aro Volturi” no final da folha. Fui então ver os pedidos requeridos.

“Pedido de aumento de impostos para o aumento da cavalaria”, “Pedido de aumento de impostos para custear os gastos do castelo”, “Pedido de Chamada e Aceitação obrigatória para todos os homens, jovens e adultos, entrarem para a guarda militar do país”, “Pedido de Obrigação em caso de Multa grave caso Jovens não aceitem entrar para a guarda militar do País”, “Pedido de Execução de Ladrões por furto”, “Pedido de Execução de Traidores no povoado...”, “Pedido por cremação de Bruxas no Povoado...”.

Este último me fez ofegar e colocar rapidamente a mão na boca. Bruxas? Como poderiam acusar uma mulher de bruxaria se ela não fez nada que a provasse tal coisa? E cremar uma pessoa viva? Como ele poderia aceitar uma coisa dessas? Como Edward poderia aceitar uma coisa dessas?!?

Mais do que isto aqui dificilmente eu poderia achar nessa sala. Afinal de contas, ninguém seria burro o suficiente para esconder coisas mais reveladoras do que isto. Lembro que todos os arquivos decretando prisão ou execução de prisioneiros e espiões ficavam com ela, para que ninguém a não ser a mesma, pudesse achar.

Talvez eu devesse falar com Edward. Perguntar se ele sabia de todos estes papeis que tecnicamente, em nome dele, foram permitidos tudo isto.

Edward narrando.

Ela me humilhou.

Falou tudo aquilo na frente dos meus guardas e na frente do irmão dela. E o pior de tudo é saber que ela falou a verdade. É por isso que eu estou com mais raiva do que deveria estar. ELA FALOU A VERDADE!

Mas nada disso importa mais, não é? Afinal de contas, já chamei meu padrinho para tomar conta disto. Eu vou resolver isso com ele, nós dois vamos resolver isso. Como nós sempre fazemos.

– Senhor? – Três batidas no escritório de meu pai e uma voz grave de um dos meus guardas soou na porta. Já fazia um bom tempo que eu entrei naquela sala e não tinha a mínima vontade de sair. Mas se ele estava aqui, era porque Aro tinha chegado. Abri a porta para poder saber da noticia.

– Sim? Aro Volturi chegou?

– Então, Principe, é disto que eu vim comunicar ao senhor. Aro Volturi não poderá vir hoje, senhor. Nós mandamos guardas para a casa dele na cidade e ele disse que estava ocupado com uma mulher e que como era seu dia de folga viria apenas depois.

– Uma mulher? Ele não virá comparecer por causa de uma mulher? – Olhei para o guarda, que deu de ombros não sabendo explicar exatamente isto. – Tudo bem. – Falei por fim. – Qualquer coisa, venha me avisar novamente. Daqui a pouco irei para meus aposentos.

– Ah, mas senhor, o Príncipe Emmett chegou agora a pouco e pediu para lhe comunicar que tudo está sob controle. O fogo, a principio. É necessário que mande homens amanha novamente para poder controlar todos os estragos, já que como ele não tem poder sobre o país não pode fazer muita coisa sobre isto. Disse que não pode ajudar mais que isto e depois desta noite está de partida. E também está procurando a irmã, pediu para chamá-la.

Ah, claro. Como se minha digníssima e sincera esposa passasse muito tempo comigo.

Apenas concordei e fechei a porta, começando a pensar no que ela falou: “Não pode dar um passo sem ninguém, por favor.”, “Duvido que faça algo, afinal, você nunca fez.”. Porque, querendo ou não, tenho que admitir que quem fez uma obrigação que era minha, não fui eu afinal. E sim o irmão de Isabella. E a pessoa a quem eu confiei resolver isto, está no meio das coxas de uma mulher qualquer como... bem... como eu estaria?

Talvez eu devesse falar com Isabella. Sim, iria procurá-la.

Abri a porta do escritório e terminei de subir as escadas para o seu quarto. Nada. Voltei a andar pelos corredores do primeiro andar e nada dela ainda. Voltei para a sala e ia começar a andar pelos corredores quando vejo-a saindo do mesmo lugar. Nos olhamos por um momento e ela falou no mesmo momento que eu disse:

– Eu estava procurando você. – Eu disse.

– Estava querendo falar com você. – Ela falou no mesmo tom.

Nós dois nos olhamos mais uma vez, eu sorri um pouco sem graça e ela acompanhou com um apenas puxar de lábios.

– Olhe, antes de tudo, eu queria me desculpar por... – Ela começou mas eu levantei a mão a interrompendo antes de continuar.

– Você estava certa. – Falar isso foi pior do que eu imaginava, mas melhor do que eu esperava. – Foi por isso que eu fiquei bravo, com raiva, chateado. Porque eu sabia que você estava certa. Eu sempre tive horários, regras, tudo me controlando. E quando eu tenho que controlar tudo... Bom,eu não fui preparado pra isto. E meu deus, meu pai assumiu o trono com vinte e cinco anos, eu estou aqui com quase sete anos a menos do que isto!

– Minha mãe assumiu o trono com minha idade. – Ela falou como se fosse uma solução. – Meu avô passou o trono para ela e foi a primeira mulher, com uma idade mais do que inadequada para governar um Reino. Mas olha só o que minha família tem agora. Somos capazes quando queremos, Edward.

– Não sei o que fazer. Não tenho a mínima ideia do que fazer.

– Nós podemos dar um jeito. Mas antes de qualquer coisa, gostaria de perguntar uma coisa de Aro Volturi.

– Ah, por favor, não quero falar nele neste momento. – Eu falei passando as mãos pelo rosto em completa desolação – Ele simplesmente disse que não poderá vir porque está com uma mulher. Acredita? Tudo bem que eu dei umas folgas pra ele e tudo mais, só que estamos em estado de calamidade sabe? Ele poderia vir aqui. Poxa, ele é meu padrinho, ele deveria estar aqui.

Falei esperando que ela falasse algo a mais, só que nenhuma palavra foi dita.

– E antes que eu esqueça, Emmett disse que irá embora amanhã. Está atrás de você. Seria bom você ir falar com ele agora.

– Ah, claro. – Ela falou um pouco perdida como se estivesse querendo falar algo mas se não soubesse exatamente se deveria falar ou não. – Então... Boa Noite.

– Boa Noite. – Falei sorrindo um pouco e ela saiu da sala sem olhar uma vez para trás. E foi assim então que decidi ir para o meu quarto. Dormir, enquanto ainda tinha tempo.

Nas escadas ainda fui tirando as roupas que estavam pesando. Abri a porta do meu quarto e joguei de qualquer jeito elas em um canto perto do armário e joguei as botas por algum lugar do chão. Estava pronto pra deitar na cama e esquecer meus problemas quando vi Victoria apenas de meias na minha cama.

– Estava esperando por você. – Falou em uma voz sedutora, que para minha infelicidade, não fez efeito nenhum. Claro que eu queria. Afinal, quando se está tenso demais... Só que tinha algo nela que não me chamava. Em nada alias.

– Esperou em vão. Pegue suas roupas e saia do meu quarto, agora. – Falei grosso, já fazendo movimentos com as mãos para ela sair o mais rápido possível da minha cama e ela me olhou confusa. – Vamos, vá embora, vá. – Falei mais autoritário e mais alto para ela, que agora, confusa e um pouco nervosa, pegou suas roupas que estava no chão do quarto e saiu correndo rumo a porta, batendo-a sem seguida.

E foi assim que acabou a minha noite. Um inferno.


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