Dama Negra escrita por Laryssa Costa


Capítulo 12
Capítulo 12 – Simples mudanças, futuras conquistas.


Notas iniciais do capítulo

Leiam as notas finais, ok? Trilha Sonora de DN, parte 1 disponível no blog!
Boa Leitura ;)



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Isabella narrando.

Edward parecia… Vulnerável. “Você estava certa”, essas palavras martelavam em minha cabeça e o som de sua voz ecoavam em meus pensamentos. Ele aceitou que eu estava certa, ele aceitou que pelo menos uma vez na vida, estava errado. Isso me pegou mais desprevenida do que eu achei que deveria ficar, talvez, porque nunca ninguém tinha falado que eu tinha razão sobre alguma coisa, tirando Emm. Depois de seu momento de raiva com Aro, fiquei com o pé atrás de entrar no assunto que eu tanto gostaria e perguntar se ele sabia de todos aqueles requerimentos na sala dele, mas não era uma boa hora. Nunca parecia uma boa hora, e isto estava me deixando nervosa. Espero, que quando eu conseguir dizer algo, ele entenda.

Cheguei na sala um pouco perdida em pensamentos quando percebo Emm parado em uma das grandes janelas de vidro, olhando para fora. Para a escuridão que em poucas horas irá desaparecer, se quer tenho ideia de que horas possam ser. Lembrei-me então, de que Edward falou que ele queria falar comigo. Vou para seu lado na janela, e assim que ele me percebe, sorri para mim. Seus homens estão na entrada do castelo, alguns de vigia aproveitando para arrumar tudo para a longa viajem, outros provavelmente estão dormindo. Por um momento, me pergunto como seria viver sabendo que a qualquer hora pode ser sua última, assim como esses homens, assim como meu irmão.

— Obrigada por ter vindo, por ter ficado. - Olho para ele com um sorriso cúmplice que sempre dávamos quando as coisas ficavam difíceis e ele ficava ao meu lado. - Eu não sei exatamente como posso resolver isso, mas sem você, eu sei que eu estaria pior.

— Você envelheceu uns sete anos falando isso pra mim, sabia? - Ele olha para mim por alguns segundos, provavelmente pensando se deve me contar algo ou não, como sempre faz. - Ele é um imbecil sabe Bells, mas ele está com medo. Eu nunca vou proteger ele do que ele faz, mas eu em algum ponto desta noite, realmente fiquei com pena deste rapaz. Ele parece ser uma pessoa boa, só que foi criado de um jeito meio… errado. E nós dois sabemos muito bem como é isto.

— Ele toma mais decisões erradas do que uma pessoa normalmente tomaria. Não posso tentar ajudar uma pessoa que não admite que precisa ser ajudada.

— Quem não toma decisões erradas? Ele é um imbecil porque não aprende com os erros dele, mas acontece que ele nunca aprendeu porque nunca teve a chance de saber antes que estava errado. E é por isso, que agora que está tomando na cara por tudo o que ele não aprendeu, ele está desesperado. Faça esse pobre garoto aprender isto.

— Emm, ele é mais velho do que você. - Falo com um sorriso.

— Não parece. Nós dois tivemos que envelhecer bem mais rápido que o necessário, já ele não precisou fazer isso de maneira alguma. E agora os velhos dele os deixaram na mão, e ele está se virando de um jeito errado. Os nossos sempre nos deixaram na mão, por isso não estamos que nem ele e isso nunca foi um problema porque nós além de aprendermos a não precisar mais deles, tínhamos um ao outro, lembra-se?

— Emmett, ele não me escuta. O que você quer que eu faça? Ele está tão perdido dentro de sí mesmo que tem emoções diferentes a cada hora.

— Pois mande ele parar de ser mulherzinha. - Ele ri e eu o olho repreendendo, mas rio também. Ele continua, agora com feições mais sérias - Escute Bells, eu vou ter que voltar para a Áustria agora resolver questões do exército, mas é melhor você fazer algo a respeito. Ele precisa confiar em alguém, e esse alguém precisa ser você. Porque se ele confiar na pessoa errada, não só ele, mas vocês dois, vão acabar assassinados. Porque eu tenho certeza de que o que aconteceu hoje, só foi o começo de algum aviso.

Assim que que ele fala a palavra assassinados, meu corpo treme involuntariamente. Eu sabia que algum dia iria morrer, mas isto não estava nos meus planos pelo menos antes dos quarenta anos. Olhei para os olhos azuis de Emmett e eles estavam transbordando preocupação, e no mesmo momento recorri ao seu abraço.

— Não morra. - Eu falo assim que nos afastamos. Ele tem de descansar para partir, e mesmo sem precisar de me dizer nada, provavelmente terá que entrar em alguns confrontos em nome de nosso lar. Bom, meu ex lar. Grã-Bretanha é meu lar agora.

— Espero o mesmo de você, irmãzinha. Faça tudo com sabedoria, você sempre pensou antes de agir, mesmo com nosso avô sempre lhe chamando de Isabella, A Corajosa. - Ele sorri e se vira subindo pelas escadas, para dormir um pouco. Eu deveria fazer o mesmo… deveria.

Em vez disso, encosto-me na janela e continuo olhando para os soldados concentrados de meu irmão. Lembro-me de outras palavras de Edward “Eu não fui preparado para isso”, Emmett estava certo, ele estava desesperado. O medo, nos leva ao desespero. O desespero, nos leva a coisas as vezes estúpidas e quando chegamos ao fundo do posso, absurdas. E ele também está certo em não culpá-lo, mas eu sei quem culpar. Os seus pais. Esme e Carlisle Cullen, eles que se amavam, mas que se presavam mais do que presavam seu filho. Sei que no passado, em algum lugar, talvez até aqui mesmo, alguma família real teve que fugir para não ser morta, mas não deixaram seus filhos para trás. Se realmente os amassem, não iriam os deixar.

Não quero criar um conflito familiar - mesmo que eles não estejam mais aqui para poder começar uma discussão com Edward - mas a culpa é deles. A culpa é deles e Edward no fundo, sabe disto. Mas não quer culpar seus pais que sempre passaram a mão em sua cabeça para todas as idiotices que ele fazia. Carlisle também governou muito cedo, provavelmente não sabia o que fazer, mas seu reino estava estabilizado. Tudo era próspero, tudo estava indo de vento em polpa, porque ele iria se preocupar? Seu pai estava com ele, provavelmente o conselheiro do seu pai estava com ele, e logo após Aro Volturi, seu melhor amigo, estava com ele. Esme tinha uma vida confortável, nunca se viu confrontada pelo medo de sua própria morte na mão de desconhecidos, mas agora… O medo transforma as pessoas. Amigos viram inimigos, e inimigos as vezes, amigos.

Edward teve uma infância feliz, com pais felizes. Edward teve uma infância confortável, porque seus pais estavam confortáveis. Diferente de mim, que não tive uma infância feliz, e muito menos confortável. Emmett foi sempre preparado para guerra, sempre punido quando fazia algo que minha mãe não aprovava e comigo não era diferente. Não tinha muitas amigas, algumas poucas filhas de criadas que me davam uns pequenos “oi” discretos e me ajudavam quando eu queria brincar, mas apenas queria. Na maioria das vezes eu era pega, e sempre era punida. Sempre era negada pela minha própria mãe, enquanto eu via as criadas e suas filhas tendo momentos juntos, poucos, mas momentos. Renné nunca esteve preparada para ser mãe, apenas esteve preparada para ter filhos. Porque isso era uma necessidade para seu reinado, e ela sempre esteve disposta a dar tudo o que tinha por isso. E ela deu. Sua vida, seus princípios, sua família.

Meu avô lhe deu seu reinado quando ela tinha dezessete anos! Uma mulher, muito nova, assumindo um trono. Tinha tudo para ser um desastre, mas por algum motivo, não foi. Meus tios e minhas tias ficaram bastante raivosas, foi o que ele me disse, mas ele apenas comentou que foi a escolha certa a fazer. Porque ela fazia escolhas mais inteligentes do que seus irmãos, e sua razão sempre ia primeiro do que qualquer outro sentimento do que ela tinha. Minha mãe se casou por aliança política, e sua sorte, é que meu Charles a admirava e amava. Mas meu avô sempre me disse que nunca deixou que ele desse uma palavra que não fosse a dela primeiro, e ele sempre falava isto rindo. Meu avô era uma boa pessoa, quando tínhamos o direito de visitá-lo em seu quarto ou ele pedia para ver Emmett e a mim, sempre nos tratava com afeição.

E agora aqui estou eu, em uma situação arriscada para meu pescoço. Fui a única filha que ela teve, e isto piorou consideravelmente a pressão para cima de mim. Mas do que adiantou tudo isto então, se caso não resolvam uma solução para isto, estarei morta quando o próximo inverno começar?

— Princesa? - Uma voz desconhecida soou atrás de mim e virei-me um pouco assustada pela interrupção, ela percebeu e fez uma reverencia envergonhada. Era uma criada - Desculpe interrompê-la, senhora, mas está precisando de algo? Está tarde, todos estão dormindo, caso precise estarei disposta a seguir suas ordens, eu estava indo deixar um lanche para os soldados do Príncipe Emmett, da Áustria.

— Oh, não. - Dou um breve sorriso para ela - Estava apenas pensando em algumas coisas, não precisa se preocupar, eu já estava indo deitar-me. Não se esforce muito, certo? Assim que terminar com os soldados vá se deitar também.

— Obrigada senhora. - Ela sorriu e foi em direção a porta de saída. Não demorou muito para eu começar a andar também, agora que pude ter noção do meu cansaço, bocejei e fui subindo as escadas devagar até o meu quarto.

Meu quarto. Onde a poucas horas atrás Edward entrou pedindo direitos de marido que tive o maior orgulho de recusar. Ele me envergonhou não me querendo antes, mas sinceramente… era realmente isto que eu queria? Não querer ele? Infelizmente eu não sabia. Mas quando sentia seus dedos longos e sua mão macia sobre meu corpo, ondas involuntárias de tremor me faziam estremecer. Eu não devia estar pensando nisto. Não a esta hora, e não com esses pensamentos confusos e conflitantes passando por nossas mentes.

O sono não foi tranquilo, e quando uma das criadas que estavam autorizadas a entrar no meu quarto acordou-me para um banho, a impressão era que eu tinha passado a noite inteira acordada, além da cama estar toda bagunçada. Provavelmente eu não teria um bom sono por um bom tempo, "assassinados" ainda corria em minha mente.

— Pode me informar onde está o Príncipe Edward? - Perguntei assim que Ângela passou pela porta de meu quarto para ajudar a terminar o meu vestido, que hoje aliás, era um rosa quase cor de pele, com laços e como sempre com um espartilho bem apertado. Que por um momento estranhei, fazia algum tempo que eu tinha preferência por não vestir estas roupas, eu iria sair e não sabia?

— O Príncipe está com o conselheiro real Aro Volturi em sua sala de negócios, Princesa. Ele chegou a pouco tempo e estão lá desde então, mandaram-nos não interromper. - Ela falava enquanto colocava uma de minhas luvas - Mas pelo que algumas das meninas estão dizendo - ela continuou em voz baixa - Estão querendo reunir o conselho burguês.

— Mas... mas nós nunca fizemos um conselho burguês antes. - Falei confusa. Olhei para ela que estava apreensiva, com certeza com medo de que falasse algo que não devia e alguém escutasse.

— Meu pai era membro do conselho burguês antes de morrer por causas naturais, e reuniões assim raramente acontecem, mas as coisas estão ficando um pouco sérias demais, principalmente depois do que aconteceu ontem. Eles não vão dar dinheiro e trabalho sem nada em troca. E com todos os furtos, a situação está um pouco complicada e eles precisam tirar isso a limpo com o Rei, mas como ele não está aqui, isso sobrará para o Príncipe Edward.

Ela continuou a colocar minhas luvas normalmente e não fiz nenhum comentário sobre o assunto, fiquei grata por ela também não ter perguntado minha opinião sobre isto. Todo mundo parece saber mais que eu. Vivi por tanto tempo na escuridão e na ignorância que mesmo agora, podendo enxergar, pareço cega. Um grande exemplo disto, seria os papeis que eu pude pôr as mãos ontem. Pensava que a chamada de homens, jovens e adultos, para o exército da Grã Bretanha, eram irrelevantes. Mas pude perceber que era reais, e obrigatórios.

Grã Bretanha pega várias partes de outros reinos que nós comandamos, porque ele estaria recrutando obrigatoriamente apenas os dos povoados pertencentes a família real Cullen? Era até como se ele pretendesse criar um grupo de soldados apenas para si.

Levantei minha cabeça rapidamente com o susto deste pensamento e algo machucou minha cabeça - provavelmente algum penteado que estavam fazendo - e fitei a porta do meu quarto pensando nas possibilidades. Ele não iria querer isto, iria? Se quisesse, para quê exatamente?

Assim que a criada e Ângela terminaram comigo corri o mais rápido que pude para a sala ao lado do escritório de Edward, se tinha uma coisa que eu precisava e necessitava fazer, era ouvir o que eles estavam falando.

— Você me deixou na mão por conta da porra de uma prostituta! - Edward falou alterado, e Aro ficou calado por um momento. - Atearam fogo em vários povoados e você não estava disponível a me ajudar porque estava com uma mulher. Que tipo de conselheiro real você é?

— Não gostaria de dizer isto, Edward, mas você também não é muito diferente de mim neste aspecto. - Ele falou com uma calma fria, estremeci lembrando dos papeis em sua mesa. - Você também deixava suas prioridades por uma prostituta, e até hoje deixa. Mas, diferentemente de você, eu estava afastado e podia fazer o que bem entendesse.

— Você está tentando jogar isso para cima de mim agora? - Edward falou com raiva, mas não mais gritando, uma raiva contida. - Se eu chamo você, você aparece, simples. É um trabalho, assim como os demais, e estamos passando por dificuldades. Mas se acha que não tem competência o suficiente para pelo menos ser presente, pois eu preferiria que estivesse ficado onde estava.

— Você está descontrolado Edward, isto não é bom. Eu acho...

— Eu não estou descontrolado. - Edward o interrompeu de primeira - Mas irei ficar com você se não assumir uma posição que meu pai lhe deu. Por hora, por essa sua incompetência, eu acho melhor você continuar afastado mesmo. Quer saber? Suas férias serão deixadas, você continuará longe deste castelo. Era isso o que você queria, não? Então irá ter.

— Eu não falei isto. - Aro falou rapidamente e pude ouvir até um pouco de apelo desesperado em sua voz - Sou seu padrinho, por favor, vamos agir como homens.

— Estou agindo como homem. Você me decepcionou me deixando sozinho quando eu mais precisava, agora, estou dando a você um tempo para pensar em seus atos. Agora, pode ir fazer o que faria alguma hora dessa se não estivesse aqui. Estarei ocupado.

Isso foi uma deixa para eu sair da sala em que eu estava me escondendo e de Aro ir embora. Eu também deveria ir embora e procurar alguma coisa para fazer, mas eu precisava falar com Edward. Necessitava saber como ele estava. Saí da sala rapidamente e fiquei em pé esperando Aro sair, o que não demorou muito. Ele estava vermelho, e eu apostava meus cavalos que era de raiva, tentei não sorrir por isso. Edward estava parado, encostado na mesa central e os dois pararam quando me viram.

— Aro, que surpresa ver-lhe aqui. - Falei tentando parecer casualmente, mas não consegui tirar o tom irônico de minha voz. Ele não percebeu. Estava tão cego de raiva que continuou me olhando tentando manter a calma, mas Edward sorriu silenciosamente de onde estava.

— Princesa Isabella. - Aro fez uma reverencia rápida e esboçou um sorriso mais que forçado que para mim, mais pareceu uma careta de dor. - Com sua licença senhora, tenho assuntos a tratar.

— Fique à vontade conselheiro. - Falei dando espaço para ele sair, Edward por fim me olhou e sem pedir ou hesitar adentrei sua sala. Ficamos nos olhando por um tempo que ouso dizer, constrangedor, que por fim quebrei - Posso falar com você um instante?

— Claro que sim. - Ele falou sorrindo e apontou para um dos sofás que tinha em sua sala. — Aconteceu alguma coisa?

— Não, não aconteceu nada. - Ainda. Me segurei para não falar. - Vim saber como você está. Com tudo que está acontecendo, bom, achei que precisaria conversar.

Ele olhou para mim primeiramente confuso, e logo depois desconfiado. Por fim, passou as mãos nos cabelos embaraçando-os e olhou para mim.

— Você ouviu esta conversa, não ouviu? A que eu tive com Aro.

— Não. Bom, sim. Mas não é disto que eu estou falando, quero saber se você está bem.

Edward me mexeu um pouco desconfortável e demorou um bom tempo até me dar uma resposta concreta. Ele estava resistindo, notava-se. A barreira entre nós ainda era bastante grande e não acho que algum dia seria possível quebrá-la.

— Seu irmão veio falar comigo hoje mais cedo, antes de partir. - Ele falou e duvidei um pouco do novo assunto, ele estava desviando da pergunta? - Você dormiu tarde e acordou cedo, devia ter ficado um pouco mais na cama, eu iria entender. - Ele falou e então deu uma pausa. Olhei para ele com um olhar acusatório e por fim ele completou - Seu irmão é bem maduro para a idade dele, agora eu entendo porque sua mãe o colocou para comandar o exército da Áustria.

— Ela faria isto de qualquer jeito, Emmett apenas teve que se adequar a situação. Renné não confiaria qualquer pessoa que não seja legítima de nossa família para comandar algo tão importante para ela. Apenas assim ela pode ver as coisas mais de perto. Ter o controle, como sempre.

— Ele me disse para ter cuidado. - Edward olhou para algum ponto da sala sem me fitar com um semblante cansado - Não que eu não saiba disso, mas uma pessoa me dizendo isto por fora, com a autoridade que ele falou, sobrecarregou o peso que eu tinha nos meus ombros. Pessoas estão morrendo, por minha causa. Não exatamente por minha causa, mas pelo meu dinheiro.

— Você tomou uma decisão certa ao deixar Aro Volturi longe de tudo isso. - Falei com um pouco de cuidado e ele voltou a olhar para mim. Olhei para ele mas não consegui sustentar o olhar por muito tempo, talvez… talvez estivesse na hora de falar para ele do que eu descobri. - Eu acho que você tomar as decisões sozinho, por hora, seria melhor. Nós não podemos confiar em pessoas, qualquer que sejam, principalmente as que tenham muito…

— Seu irmão falou para eu ter cuidado em quem eu confio. - Ele falou antes de eu terminar a frase. Me calei não querendo interromper, e uma voz dentro de mim me dizia sim que eu queria ser interrompida. — Ele é meu padrinho, mas me deixou na mão, e eu não gostei disto. Sei que é ridículo o que eu fiz só porque ele estava aproveitando mas eu estou em… uma situação complicada. Não consigo virar para o lado e saber se a pessoa que eu estou olhando é confiável. Não depois de ontem.

Edward narrando

Mas eu estou em desespero”, era o que eu queria dizer. Mas eu não ia demonstrar a minha fraqueza enfrente a Isabella. Não depois de dizer a ela que estava certa, não depois de ser um imbecil sendo que ela na maioria das vezes tem a resposta certa para as minhas questões. Não consegui sequer pregar o olho a noite, e não sei como ainda estou conseguindo ficar em pé agora, aqui.

Assim que expulsei aquela mulher ruiva que não lembro o nome, fiquei andando sem rumo pelo quarto, em círculos. Eu precisava conversar com alguém, e o Aro não estava aqui para isso, o que era ridículo, porque ele ganhava para isso. Para me escutar e resolver os meus problemas. Se quer troquei de roupa, e do mesmo jeito que eu entrei no quarto, eu saí, algumas horas depois, rumo a sala de meu pai, onde estavam todos os papeis que me eram solicitados. O sol já estava surgindo, e alguns criados estavam fazendo seus afazeres. Não demorou muito para alguém bater na porta, imaginei ser Aro e já fui com um semblante estressado e chateado abrir a porta.

— Imaginei que estaria aqui. - Era Emmett Swan. — Logo estarei indo embora, mas eu não poderia ir sem falar com você antes.

— Como sabia que eu estaria aqui? - Falei desconfiado, e até um pouco surpreso. Me bater eu sei que ele não faria, afinal, sou seu cunhado e de qualquer maneira eu não tinha feito nada pra ele... Que eu me lembrasse.

— Você está com grandes problemas, meu caro. - Ele falou com um certo tom de ironia na voz — Se você estivesse dormindo esse horário, eu iria dizer que você é muito burro para não se preocupar com a própria vida. Agora, podemos conversar?

Dei espaço para ele entrar e fiquei apreensivo. Não que eu esperasse que ele me matasse ou algo do tipo, mas não vou dizer que nós temos uma convivência, digamos “amigável”. Ele não gosta de mim, mas eu também não gostaria, depois de fazer aquela teoria infantil de amante. Eu devia fazer essa teoria para mim mesmo, não para ele.

— Eu sei que está com medo. Eu sei que você sabe que se der um passo em falso você vai morrer. Eu sei que você não tem ideia do que fazer, com quem falar e pra onde ir. E é exatamente por isso que eu estou aqui, não pra te ajudar, mas para dar um rumo para você não acabar com a pior morte possível.

— Eu não estou com medo, estou apenas passando por uma situação difícil. - Falei tentando passar a maior confiança possível, mas ele apenas riu um pouco e olhou para os papeis sobre a mesa e depois novamente para mim.

— Edward, ter medo não é alguma coisa que nós temos que nos envergonhar. Eu sei que você tem, e não tem problema algum você admitir isso para mim, olhe para mim, estou na linha de frente das batalhas mais vezes do que eu gostaria. Vejo homens morrendo todas as semanas, muitos homens. Que tem esposas, que tem filhos, e que dão uma importância real para isso. Não vim aqui falar com você porque me preocupo com sua segurança ou algo do tipo. É porque tenho medo pela minha irmã. Você está encrencado e sua cabeça pode rolar a qualquer hora sem honra nenhuma pelo chão, e infelizmente, a minha irmã está presa a você. Se você morrer, ela conseguir viver vai ser um milagre.

— Nós dois somos Príncipes, eu e ela. E sua mãe sabe dos perigos que Isabella corre aqui comigo.

— Nossa mãe não se importa muito com isso. Rei Carlisle deu para Renné o que ela queria e em troca, ela lhe deu Isabella. Nós não tivemos muita escolha, e acredite que mesmo que nossa mãe soubesse que sua única filha estivesse prestes a ser assassinada a qualquer momento, ela ainda a daria em troca de alianças políticas. Tudo não passa apenas de trocas comerciais. Acha que eu gostaria de estar matando homens? Você acha isso uma coisa agradável?

— Eu nunca precisei entrar em uma batalha que fosse, então não posso falar nada com certeza para você. - Eu falei um pouco envergonhado por isso, mas fiquei pensando em Isabella e sua mãe.

— Não confie nas pessoas erradas. Para ser bem mais específico: não confie nas pessoas em geral. Elas irão lhe apunhalar pelas costas na primeira alternativa que tiver. Minha irmã é uma ótima pessoa, e se você parasse algum momento para ver isso, provavelmente concordaria comigo. Você precisará mais ainda dos seus amigos, dos que já fizeram alguma coisa pra provar tal coisa.

— Hm, obrigada. - Estendi a mão para ele em agradecimento, mas Emmett não a apertou, apenas ficou me encarando por alguns segundos e fez um sinal leve de “adeus” com a cabeça e se virou para ir embora, mas parou na porta.

— Cuidado nas pessoas em quem confia. E se quando tudo isto terminar, se terminar, minha irmã estiver morta, eu não deixarei você ficar vivo por muito tempo.

Cruzei os braços esperando ele voltar e falar mais alguma coisa, mas ao invés disto, apenas continuou o caminho da saída. Sorri para mim mesmo. Se não estivéssemos começado do jeito que começamos, e se eu não fosse um marido tão ruim assim para a irmã dele, provavelmente teríamos um bom convívio. Posso até dizer que poderíamos ter sido amigos.

— Tenha uma boa viajem, cunhado. - Falei em uma voz baixa e então me virei novamente para os papeis espalhados sobre a mesa. O que eu faria com eles?

— Não quero ser chata, mas na maioria das vezes, ele está certo. - Isabella falou com um sorriso. — Este de ter "cuidado em confiar em pessoas erradas", quero dizer. E como eu disse, eu acho que você fez a coisa certa com Aro. Está na hora de assumir o controle.

Eu não quero assumir o controle. Mas existe alguma outra alternativa? Poderia deixar estes problemas para cima de alguém, claro, mas em quem eu poderia confiar tudo isso? Isabella fala isso porque ela não sabe. Mas nossa convivência está pacífica por hoje, não quero ter que começar uma discussão.

Sempre quando eu me sinto perdido, apenas uma pessoa me faz ficar bem: Tânia. Até lembro como a conheci. Era uma festa em um dos palácios de minha mãe e ela foi convidada por alguém dos nossos, o que foi bem estranho na verdade, pois ninguém podia fazer isto sem conhecimento prévio da minha mãe, que obviamente ficou extremamente chateada. "Temos uma meretriz em nossa festa, que vergonha". E ela estava linda. Seus cabelos estavam presos deixando todo seu pescoço a mostra, o que contrastava muito bem com seu vestido de alças caídas e seu decote profundo. Por um milagre ela foi falar comigo aquela noite, me senti o homem mais sortudo do mundo.

Ela foi a minha primeira mulher.

Talvez seja até por isso que sou tão apegado a ela. E mesmo me dando o prazer de todas as maneiras possíveis, ela me deixou livre, dizendo que assim seria melhor para nós dois até quando eu estivesse firmado. E isto significava uma esposa, que no caso, como nós dois queríamos, seria ela. Mas não foi ela, e sim Isabella.

Isabella Swan. Não, Isabella Cullen. A mulher que primeiramente eu odiava por achar que minha vida se transformaria em um inferno, logo após a mulher que me odiou por eu transformar a vida dela em um inferno, e por fim, a mulher que estava acorrentada ao meu lado para morrer comigo caso tudo falhasse. Nesse pouco período de tempo, mesmo com a raiva e todas as emoções confusas... Criei um tipo de respeito por ela.

Será que Tânia continuaria do meu lado, assim como ela, caso a situação estivesse pior do que agora? Claro que sim. Bom, eu acho que sim. Talvez... Talvez, sim.

— Não sei o que fazer. – Falei simplesmente, olhando para qualquer lugar que não fosse para ela. Queria esconder a minha vergonha, porque só nasci com um só propósito e mesmo assim não sei o fazer corretamente. Ouvi o sorriso abafado de Isabella, e então virei meu rosto para ela.

— E quem de nós sabe? – Ela falou sorrindo e então veio para perto de mim e ficou observando os papeis encima da mesa. – Nunca fui muito ligada a política, mina mãe nunca deixou. Mas tive a sorte de aprender algumas coisas com Emm e outras aqui mesmo, no castelo. A biblioteca daqui é incrível, sabia? Me ensinou muita coisa. – Ela parou por um momento, e senti sua mão em meu ombro, afagando-me. — Nós podemos dar um jeito nisto.

— Mas por onde nós começamos?

— Eu, vou ler esses papeis aqui. Você, café. – Eu olhei pra ela sem entender e ela continuou — Está com uma aparência horrível. Olheiras, e até vejo fome também. Não vai conseguir nada desse jeito, por isso, vá tomar café. E logo depois, vamos ver a situação da cidade e mais tarde, ajudar as pessoas dos povoados afetados pelos incêndios de ontem.

— Porque iriamos ver a situação da cidade?

— Você precisa resolver a questão do dinheiro com o cobrador de impostos, sabe, sobre os povoados. Edward, não podemos cobrar nada deles enquanto estão tentando se reconstruir. Isso seria a mesma coisa que querer mata-los de fome! – Ela então começou a puxar a cadeira em que eu estava sentado e automaticamente levantei — Além do mais, precisa mandar os guardas investigarem o que aconteceu. Os culpados deverão ser achados e condenados.

— E você vai fazer tudo isto comigo? – Perguntei com um pouco de incredulidade. Tânia nunca saiu publicamente comigo na cidade; Não que isso fosse minha objeção, de não ser visto com ela, ao contrário, eu sempre fazia questão de mostra-la comigo, mas ela preferia não ser vista acompanhada comigo a não ser dentro das festas em que nós dois participávamos. Fora, apenas na sua “casa”.

No entanto, Isabella apenas negou e ficou levemente corada. Saí da minha mesa, enquanto ela se aproximava mais para verificar os papeis que ela disse que iria ler. E foi o que ela começou a fazer, enquanto eu ficava parado esperando uma explicação. Não tinha exatamente vontade de saber, mas bem, era meu dever como marido. Não? Saber onde a sua mulher estava indo.

— Apenas vamos na mesma carruagem, para não cansar muito os outros cavalos e não fazer os criados arrumarem tudo o que demoraria muito. Vou descer com algumas de minhas damas antes e depois poderá fazer o seu caminho. – Ela então me olhou por uns segundos e sorriu. — Não vai precisar se preocupar de eu lhe interromper.

— Mas... – Tentei pensar em algo o que falar. Mas não achei nada coerente que eu gostaria de dizer ou pedir e então disse oque primeiro me veio em mente: — Mas para onde você vai?

— Algumas coisas a comprar, só isto. – Ela falou já absorta novamente nos papeis em sua frente. — Sobre o que estes papeis exatamente fala?

— Dívidas que os meus pais deixaram, povoados existente e os impostos de cada um deles, aliados. – Falei rapidamente — Comprar o que? – Completei desconfiado.

— Coisas Edward, não sei, vestidos. Comprar. ­– Ela falou um pouco irritada, mas minimamente. — Você precisa de alguma coisa? Se quiser eu aproveito e compro também.

— Não, não. Está tudo bem. – Falei um pouco envergonhado, um pouco confuso e principalmente, com pressa de sair do local.

Ela voltou a leitura dos papeis e eu me apressei em sair da sala. Desci as escadas sonoramente para ir a sala de jantar, onde pelo o que eu vi de relance pela escada, já estava com mesa posta. Com tudo que estava acontecendo: Fuga dos meus pais, incêndios de ontem; estava ficando bem mais confortável minhas refeições, porque agora as pessoas não ficavam mais acompanhando-os. Tinham mais coisas a fazer e a resolver. Até os criados agora tinham mais trabalho na cozinha e nos quartos.

Descendo encontrei a uma das damas de Isabella, que estava em minha cama na noite anterior. Mesmo com a sua expulsão de meu quarto, ela não se desviou ou fechou a cara ao passar por mim enquanto subia as escadas. Muito pelo contrário. Ela abriu um grande sorriso e me olhou de uma forma nada conveniente para o horário e para uma dama da corte Bretanha responsável e digna. Não que eu não gostasse, mas isto, no exato momento, não me causou efeito nenhum.

Fiz meu desjejum silenciosamente, supondo que Isabella já o tinha feito antes de chegar a sala. Não demorando muito, fui para meu quarto tomar um banho e trocar de roupa, chamando a mesma criada de Isabella para esquentar a água. Pelo que parece, demorei um pouco. Pois enquanto estava terminando de me arrumar, Isabella bateu em minha porta e sem esperar um convite formal de “entre” já foi no entanto, abrindo a porta.

— Desculpe. – Ela falou ao me ver terminando de calçar minhas botas. — Eu ia perguntar se já estava pronto, mas bem...

— Não se preocupe. – Falei com um sorriso, já levantando-me da cama — Estou pronto. Vamos?

Ela acenou rapidamente a virou as costas, andando rapidamente pelo corredor. Estava de vestido trocado, o rosa que era demasiadamente infantil para Isabella agora estava substituído por um azul marinho, que para minha surpresa, estava muito bem apertado com seu espartilho, especialmente no busto. Não que eu ficasse olhando, claro. Quer dizer, não o tempo todo. Seu cabelo estava preso e um chapéu da mesma cor do vestido estava bem preso no topo de sua cabeça. Estava muito bonita, eu não poderia negar.

— Então... Conseguiu alguma coisa com sua leitura?

— Infelizmente não. – Ela falou enquanto colocava suas luvas negras de veludo — Quer dizer, foi bem construtivo e tudo mais, não sabia de muita coisa que estava alí, mas bem... Nada que realmente possa ajudar. – Ela por fim parou e olhou para trás, com uma expressão pensativa.

— Sabe, - Ela continuou — Eu acho que deveríamos dar uma olhada na sala particular do conselheiro Aro Volturi.

— Porque? – Falei, olhando para ela mas sem deixar de caminhar. E então ela automaticamente me seguiu, e como esperado a carruagem já estava posta na entrada apenas esperando por nós dois.

— Não sei. Poderia ser interessante. – Ela falou simplesmente e eu concordei. Mas verificaria isto apenas quando eu chegasse, ou daqui a uns dias. Porque atualmente eu estava com mais problemas e pouco tempo para poder verificar as coisas de Aro. Parei em frente a carruagem e abri a porta, parando ao lado da mesma para ela entrar e estendendo a mão para ajudá-la.

Ela parou antes de entrar e olhou para mim surpresa. Seu olhar correu primeiramente para a porta, depois para minha mão e depois para mim. Olhei para ela confuso e logo entendi sua expressão. Eu nunca tinha feito nada para ela, muito menos um simples gesto gentil como abrir a porta de uma carruagem. E pelo que parece, foi simplesmente automático. Pois eu sempre fazia isto para minha mãe, Esme. E as vezes, quando ela aceitava sair comigo, Tânia. Mas evitava o quanto eu podia fazer algo bom para Isabella. E agora aqui estava eu.

Depois de alguns segundos me encarando, ela aceitou a minha ajuda e pegou minha mão, se esforçando a subir na carruagem, e com um pouco de curiosidade, perguntei-me onde estariam suas damas de companhia. Assim que eu entrei e fechei a porta, ela estava passando as mãos pelo vestido, tirando poeiras invisíveis. Estávamos de frente para o outro, e devo dizer que era um pouco... Intimo demais.

— Onde estão suas damas? – Perguntei casualmente, mas ela de alguma forma, percebeu minha curiosidade.

— Elas estavam ocupadas com algumas tarefas que eu precisei de última hora. Infelizmente, não tiveram como me acompanhar.

— Deseja então que eu lhe acompanhe? – Falei rapidamente, antes mesmo dela terminar a frase. Foi algo sem pensar, mas era o que realmente queria dizer, então não me deixei ficar constrangido. — Sabe, por conta da carruagem que vai ficar ao meu dispor, e caso você precise de algo...

— Não, obrigada. – Falou simplesmente, virando seu rosto e consequentemente sua atenção, para a paisagem pela janela. — Assim que terminar seus afazeres, pode por favor, passar para me buscar? Estarei na Biblioteca Imperial.

— Claro.

E assim encerrou-se nossa conversa. O castelo por ser um pouco longe da cidade, as vezes olhávamo-nos rapidamente e sorriamos um para o outro e viramos o rosto. Aquilo estava sendo totalmente vergonhoso. Comecei a fazer a mesma coisa, e entre os balanços que tínhamos de aguentar, fiquei observando as arvores passarem por nós.

— Você... – Isabella começou a falar e eu rapidamente virei, mas ela apenas continuou a me olhar, deixando a pergunta no ar.

— Sim? – Falei interessado.

— Você... Você vai ver ela? – Ela falou um pouco insegura e até podia dizer também que um pouco acuada. Fiz uma expressão confusa, principalmente porque no início não entendi muito bem o que ela queria dizer. Mas depois lembrei. Ela, seria Tânia.

O problema era: Eu dizia a verdade? No caso, a verdade seria sim. Eu iria ver Tânia. Fazia bastante tempo que não nos víamos e eu precisava pelo menos de algum tempo com ela, caos contrário ela ficaria realmente brava. Se eu mentisse, óbvio que a resposta seria não. Mas de algum modo, eu sabia que ela saberia que eu estou mentindo. E no momento, não quero mentir para ela. Mas qual a diferença disto? Ela por acaso vai querer encontrar com alguém também? É isso?

— Sim. – Falei em voz baixa, mas não desviei o olhar. Não iria dizer que estava com vergonha. Eu precisava dos meus prazeres momentâneos, sendo com Tânia ou não, ela devia saber muito bem disto. Principalmente depois de me negar ontem. Fui um imbecil, não nego, mas ela me negou de qualquer jeito. — Porque a pergunta?

— Nada. Curiosidade, somente. – Ela falou no mesmo tom que o meu e olhou para algum canto enfeitado da carruagem. — Como a conheceu?

— Em uma festa dada por minha mãe.

Bom, foi assim que a conheci. Na festa dada por minha mãe, que a mesma nunca descobriu como Tânia conseguiu entrar sem ser barrada pois por ela não tinha sido convidada. Mas como nós viramos o que somos hoje... Bem, já é uma história bem diferente.

“A conversa foi apenas o começo de um dos melhores acontecimentos da época. Logo após a festa, quanto conversávamos e por incrível que pareça, trocávamos alguns beijos – Tânia achou um lugar bem reservado para nós dois – ela explicou que foi um convite bem em cima da hora, pois tinha uma grande amiga na festa, que com sua influência dentro do palácio, conseguisse entrar.

Além disso, era filha de nobres. Infelizmente, agora, estavam passando por uma situação não muito agradável, mas isto não a envolvia mais, afinal de contas, cuidava de si mesma. Fiquei encantado com isso, pois afinal, uma mulher cuidava-se por conta própria. Lógico que não demorou muito para perceber que ela era uma meretriz muito bem recomendada por todos, mas isso simplesmente não importava. Nunca tinha tido uma mulher na vida, e eu estava com esperança de que uma meretriz fizesse algo para mudar isto. Senti grande atração por ela, e nunca uma mulher foi tão ousada comigo como ela foi, e com certeza isto foi o estopim para eu querê-la ver outra vez.

Fomos separados da festa por minha mãe. Soube que ela estava a minha procura para apresentar algumas mulheres, mas assim que percebi que elas não serviam para o que eu queria no momento, parei de lhes dar atenção e assim que a festa acabou, saí com uns amigos para terminar a comemoração em algum outro lugar. Com o mesmo grupo de amigos, um dia, saímos para festejar; um deles iria se casar, e “nada como um belo bordel para passar o seu último dia de solteiro” – em suas palavras. Mas não era qualquer bordel. Era um dos mais frequentados da cidade, e que claro, eu nunca tinha entrado. As mulheres mais belas e mais atrevidas eu encontrei naquela maravilhosa noite. As mulheres se apresentavam no palco, levantando suas saias e deixando suas roupas de baixo a mostra, e os espartilhos servindo como único assessório para deixar seus bustos mais chamativos e visíveis do que nunca.

Ruivas, loiras, morenas... Realmente me perguntava como eu nunca tinha ido para aquele lugar antes. Não que eu realmente tivesse duvidas, afinal, com meus dezesseis anos recém completados, minha família tinha uma rigorosa rotina para mim, e principalmente, não envolviam mulheres seminuas e fogosas nelas. Estava bebendo o quanto eu conseguia com meus amigos e estava mais do que nunca interessado nas mulheres do palco, que desciam e subiam suas saias sem parar, com a música animada do local. Finalmente fomos dançar, e simplesmente não precisávamos seguir regras de etiquetas ou algo parecido. Simplesmente pegávamos uma mulher e dançávamos como queríamos, sem se importar de parar no meio da dança e aproveitar a companhia no meio de todos.

Aquilo estava sendo simplesmente, meu paraíso.

E foi no meio de umas das minhas danças que a vi sentada, olhando fixamente para mim. A mulher que estava fazendo uma considerável graça para mim, saiu aborrecida enquanto eu ia ao encontro de Tânia, sem nenhuma companhia aparente. Ela era a única mulher ali dentro que estava com suas roupas provocantes ainda intacta. E ela provavelmente percebeu isto, pois quando eu cheguei ela logo falou:

— Estou apenas de visita. Soube que você estava aqui, resolvi fazer uma visita agradável. – Ela falou com um sorriso sedutor. Nada de senhor, ou príncipe. Apenas você, que era tão reconfortante quanto somente Edward. — Não imaginava que gostava de lugares assim, pequeno Edward.

Essas palavras caíram sobre mim. Estava na cara que eu era imaturo em questões relacionadas a sexo, principalmente enquanto estava aos beijos com ela em uma varanda qualquer na festa da minha mãe. Mas estava resolvido a mostrar o contrário para ela. Afinal de contas, o que meus amigos iam pensar se me vissem sentados com uma mulher assim em um lugar desses e eu não fizesse nada. Foi deste jeito que me aproximei dela e comecei a beijar seu pescoço nu. Ela me empurrou antes de sorrir e se levantar.

— Não faça isto, apenas vai demonstrar que está desesperado querido. – Ela falou puxando a minha mão e me levando para algum lugar que para mim era desconhecido. — Sei que está um pouco alterado, não o culpo, sei que bebeu bastante. Que tal deixar os seus amigos por uns instantes e deixar que eu lhe mostre algumas coisas, hm?

A bebida já estava deixando o meu raciocínio um pouco lento, mas se dizer que eu não sabia o que estava fazendo, eu estava mentindo. Para falar a verdade, eu estava mais feliz do que sempre estive antes. Sem avisar nada, ou deixarem saber que eu saí para algum quarto próximo com Tânia, eu deixei meus amigos bebendo e aproveitando prostitutas, aproveitando a despedida de solteiro de meu amigo, sobrinho de meu padrinho Aro Volturi, Tyler Volturi.

Não tinha uma sequer experiência nisto. Peguei uma vez meu tio tendo relações com uma criada, mas não foi algo em que eu estava participando. E digamos que ele um pouco bruto com ela, eu estava desesperado por prazer, mas não teria muita coragem de fazer o que ele fez com ela. Sem esperar por algum aviso ela foi tirando as primeiras peças de roupas – na minha opinião, as principais – e ficou somente de meias e seu espartilho apertado. Seus seios praticamente pulavam para fora do espartilho e ela cada vez mais subia sua saia debaixo, fazendo que eu, um menino de dezesseis anos, imaturo e inexperiente, simplesmente subisse pelas paredes.

Foi nesta noite que conheci um prazer incomparável e posições que nunca consegui com qualquer outra mulher. Ela como primeira, simplesmente nunca pude esquece-la. O melhor de tudo é que ela nunca me cobrou nenhum tipo de compromisso ou exclusividade. Para falar a verdade, assim que percebi o interesse de algumas criadas comigo, falei para ela, e por incrível que pareça, me incentivou de ir em frente com todas elas. Visitava-a todas as noites, querendo mais e mais, e ela receptiva, nunca me negava.

O tempo passava e mesmo assim, continuávamos. Ela me ajudava em todos os meus problemas e sempre no final, me fazia esquecê-los com uma boa distração. Mas no momento, eu já tinha conhecimento de onde ela morava e sempre mandava entrega-la presentes e com isso, sua recepção para comigo quando eu chegava em sua casa, era sempre bem interessante. Percebi que a queria para mim inteiramente quando meu pai falou a respeito de casamento, mas para minha decepção e ódio de Tânia, Isabella Swan chegou da Áustria para mim.”

— Bom, vou descendo aqui. – Isabella falou me tirando do meu momento de nostalgia, onde estava perdido em minhas lembranças. Estávamos parados em frente a uma loja que pelo visto, parecia de vestidos. — Não se preocupe em demorar, tudo bem? Estarei esperando por você, como eu disse.

Ela estendeu a mão, um pouco incomodada e pude por segundos, que estava com medo de que eu simplesmente virasse o rosto e não lhe dissesse mais alguma palavra. Beijei-a a mão em um gesto simples, e satisfeita, ela desceu da carruagem com ajuda do cocheiro. Ao vê-la entrando na loja, dei permissão para continuar a viajem.

Pelo que eu vi, o problema estava apenas começando. Foi necessário discutir bastante tempo com o responsável por impostos, para ele fazer uma pausa nos povoados afetados. Enquanto mais eu tentava argumentar que eles não tinham condições para tal coisa, ele dizia que isto nunca impedira Aro para poder continuar cobrando. Mas assim que eu dei ênfase em quem tinha sangue real e estava no poder, e não um simples conselheiro real, ele achou uma ótima ideia aceitar tudo calado.

Outros problemas foram os guardas. Foi necessário visitar a base que tínhamos na cidade e percebi, por fim, que havia mais soldados do que eu achei que pudéssemos manter; o lugar, claro, estava precisando de algumas reformas. E não posso dizer que os uniformes eram tão pomposos quanto da Rainha Renné, da Áustria. Mas já era alguma coisa. Precisei falar com os comandantes, explicar-lhes a situação e pelo visto, simples duas horas de conversa não seria aproveitável. Com isso, mandei a carruagem ficar as ordens de Isabella, e assim que ela estivesse protegida no castelo poderia voltar e me buscar na casa de Tânia, a quem eu ainda necessitava fazer uma visita. E digamos, minha recepção não foi muito amigável.

— Cruzei com sua digníssima esposa hoje, Edward. – Ela falou em um tom não muito agradável. Pelo visto, a visita não foi em boa hora.

Isabella narrando.

Assim que entrei na loja, logo vi várias nobres e filhas de burgueses espalhadas pela loja. Algumas vendo os finos tecidos recém trazidos de algum país que não era o nosso, outras reclamando as alfinetadas que recebiam das costureiras que se esforçavam para não ocorrer tal coisa e outras simplesmente passeando entre os vestidos e conversando entre si. E é claro, que todas viraram para mim quando eu entrei.

Logo consegui escutar “Ora se não é a princesa estéril chegando” em sussurros que não foram tão baixos assim. Enquanto eu entrava, infelizmente desacompanhada, elas se curvavam por simples burocracia, se não, provavelmente estavam me jogando pedras ou além dos olhares de repulsa, me tratariam com repulsa.

— Princesa Isabella. – A dona da loja logo estava curvada para mim, e retribuí com um aceno de cabeça discreto. Olhando ao redor da loja, vi Tânia Denali me olhando com uma curiosidade e em seu olhar, existia um pouco de raiva. — A que devo a honra de sua presença em minha loja, minha senhora?

Como prometido, precisava de vestido novos para minhas damas. Estava decidida a levar a melhor costureira para o castelo, o que seria muito melhor do que trazer todas para cá. Além de claro, ter que suportar tudo isto calada.

— Gostaria de falar com a senhora a respeito de vestidos novos, se não for incomodo. – Falei sorrindo, e olhando para ela fixamente. Infelizmente, assim como todos os donos dos estabelecimentos em que os nobres e burgueses frequentavam, principalmente para as compras, a fofoca reinava. Sobre como a Princesa de comportou, ou como a Princesa estava vestida, ou qualquer idiotice do tipo.

— Nunca será um incomodo para esta loja, me tem o tempo que quiser.

— Ótimo, gostaria bastante – comecei a falar em voz baixa, para que apenas a mulher me ouvisse — que você fosse a minha casa para preparar os vestidos. Sua loja é magnifica, mas eu e minhas damas necessitamos de privacidade. Nunca poderia trazer todas a esta loja sem causar um grande alvoroço entre minhas meninas, por isto, gostaria de sua presença em meu castelo. Mando-lhe uma carruagem para vir busca-la.

A expressão da mulher foi de puro agrado. Ela parecia extasiada.

— Oh, senhora! Nada seria mais me faria tão feliz. – Ela falou mais alto do que eu realmente esperaria ou queria. Pois as mulheres presentes estavam se esgueirando e esticando para poder escutar um simples “a” da conversa, o que particularmente me deixava bastante chateada.

— Princesa. – Uma garota entrou rapidamente em um espaço ao meu lado e curvou-se generosamente para mim. Graciosa, mas pelo visto, caçadora de oportunidades. — Sou a recente Duquesa de Montrose. Está magnifica hoje, como tem passado?

— Maravilhosamente bem, obrigada. – Não que eu soubesse onde exatamente era Montroose, mas fingi me importar.

— Meu marido, o duque de Montrose, me falou maravilha dos grandes bailes que a família real costuma dar. Gostaria de saber quando será a próxima vez que poderemos nos deliciar novamente com estes bailes.

Olhei ao redor e todas as mulheres estavam olhando para mim esperando uma resposta. Afinal de contas, se eu confirmasse um baile, automaticamente todas estariam convidadas. Até Tânia Denali, que agora me olhava pelo espelho em que seu novo vestido estava sendo feito, estava esperando minha resposta.

— Atualmente eu e Príncipe Edward estamos muito ocupados com nossa futura coroação para planejar um baile. – Eu falei sem realmente saber o que estava fazendo, mas tendo uma grande satisfação quando vi Tânia fazer cara de poucos amigos. — Mas, provavelmente, como nossa coroação não está tão longe assim, minha cara duquesa, prevejo um baile em breve.

Por hora, esta resposta bastou. A duquesa de Montroose ficou bastante satisfeita e então concluiu a conversa com uma reverencia educada e logo foi se juntar a algumas de suas amigas para ficar eufórica com as novidades. Mesmo me achando nova, provavelmente ela seria bem mais que eu.

Enquanto a dona da loja me perguntava os meus estilos preferidos para poder levar algumas amostras para o castelo, fiquei em respostas automáticas. Sim, não. Para falar a verdade, eu estava pensando em algo a algum tempo. Iria mandar entregar alguns mantimento para o castelo, e então mandaria para os povoados como uma ajuda antes deles conseguirem remontar suas casas e conseguir seguir sua vida. Não achei sensato falar isto a Edward, pelo menos não agora. Alice provavelmente me ajudaria com isto. Daria também, alguma ajuda financeira a família das minhas damas, bem, algumas das minhas damas. E nelas estavam incluídas, Ângela, Rosalie e Alice.

Talvez... Talvez devesse comprar algo para Edward também. Percebi que até na última comemoração não partilhamos nenhum presente sequer. E hoje ele estava tão espontâneo, não se esforçando em ser um babaca comigo. Foi um dia até que bom, ou estranho.

— Princesa Isabella. – Tânia Denali por fim estava a minha frente. Ouvi por um momento cochicharem “Que ousadia” e tenho certeza que ela ouviu também. Mas, ao invés de envergonhar-se, ela ergueu mais o nariz e sorriu para mim. Fez uma ligeira reverencia e continuou em voz um pouco mais baixa. — Bom, Princesa não confirmada, não é?! Afinal de contas, sabemos com quem seu marido dorme.

— Atualmente, não com você, querida. – Falei, me roendo de felicidade ao saber que nos últimos dias Edward estivesse ocupado demais para poder visitar a cama de Tânia Denali. Infelizmente, hoje ele iria visita-la mais tarde. Ia procurar sua companhia para... bem. Mas não mudei minha fisionomia, afinal, nunca iria me rebaixar a esta mulher.

— Bom. – Ela falou colocando rapidamente as luvas vermelhas, que estavam hoje combinando com seu vestido chamativo. — Não, ainda.

Ela deu a volta e saiu andando rapidamente em fúria, fazendo que as mulheres que estavam em seu caminho, se inclinarem rapidamente para o lado para não serem levadas juntas.


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Notas finais do capítulo

Olá meu povo *-*
"Meu Deus, achei que você tinha morrido u-u, como é que deixa a gente TANTO TEMPO sem uma postagem descente?! Você nem merece um rewien meu." - Calma gente, eu sei que extrapolei hahaha, mas culpo esse semestre por me deixar assim. Estou prestando vestibular, e as meninas que já fizeram ou estão com planos de fazer este ano, sabem como é o esquema. Você estuda, fica exausta e quando tem tempo, quer escrever? Não. Quer dormir! E foi exatamente assim que aconteceu comigo.

Por isso, peço a paciencia de vocês, minhas leitoras lindas ;) ; As novidades estão agora disponíveis lá no blog (http://consequenciadaspalavras.tumblr.com) e qualquer coisa, podem falar comigo lá que eu sempre vou responder. Outra coisa, algumas leitoras estão falando "Mas Lary, e o romance?!", o romance vai vir amadas, mas tudo tem seu tempo. Assim como os dos personagens tem o tempo deles também para poder resolver seus problemas interiores para depois realmente se entregarem a paixão. Ok? Okay.

Espero realmente que tenham gostado do capítulo, me diverti muito fazendo. AHHHHH, e tem TRILHA SONORA esperando por vocês lá no blog ;) Deem uma passadinha.