Rápida como o ato de respirar, a tarde chegou.

Caroline não devorava ninguém naquele fim de manhã, mas não por falta de tempo. A preocupação com Tyler era tanta, que supria qualquer outra necessidade de seu corpo.

O único desejo dela naquele momento era ter o Tyler ao seu lado.

Sentir o abraço dele, ou pelo menos ver o seu sorriso.

Com a mão direita no volante, ela usara a esquerda para enxugar as lágrimas que brotavam de seus olhos. Caroline dirigia naquele momento na zona campestre, depois de virar Mystic Falls ao avesso em busca do amado. Ao olhar para o lado, tanto o esquerdo quanto o direito, ela via apenas terrenos com uma grama verde que refletia a luz do sol e montanhas distantes que desenhavam um enorme “V” ao se cruzarem.

Naquele instante, tudo que ela ouvia era o barulho do carro ao percorrer o asfalto e uma música dos Beatles que tocava no rádio.  Usando a mão direita, Caroline ajustou o espelho retrovisor e viu algo que certamente não deveria ter visto.

Freando o carro imediatamente, ainda atenta ao retrovisor, ela viu um homem alto e loiro que usava um casaco preto, aproximando - se cada vez mais com uma barra de ferro de aparentemente 20 quilos na mão esquerda. Era Nathaniel, e bem, ele estava planejando matá- la.

Desligando o rádio, ela desceu do carro e com força, fechou a porta. Seu olhar era firme e perigoso. Ela sabia que ele não era humano e certamente, não facilitaria as coisas para ele.

• • •

No outro lado da cidade, Bonnie estava deitada em sua cama.

Ela estava pensativa e seus olhos, além do cansaço, expressavam medo, angústia e arrependimento.

Bonnie não dormia há cinco dias, isso em consequência da culpa pelo que ela havia feito naquela noite. Ela sabia que perderia toda a amizade que havia levado anos para construir assim que tudo fosse revelado e aquilo a crucificava e a matava lentamente.

Ela virou – se de lado e alvejando a janela aberta, observou o céu azul claro. Ele estava tão lindo. Três gaivotas passaram por ele e ela pôde ouvir o canto das aves. Foi nesse instante que uma sensação estranha chegou em seu coração.

- Caroline... – bufou ela apavorada ao se levantar bruscamente.

Bonnie saiu correndo de seu quarto, passou pelo corredor, logo em seguida pela cozinha e abriu a porta do porão. Ela desceu as escadas rapidamente e chegando no local desejado, pegou o grimório que estava numa bancada logo a sua frente. Ainda aflita, ela revirou todas as páginas do grimório até encontrar o feitiço que desejava. O suor escorria pelo canto esquerdo de seu rosto quando ela finalmente encontrou o que queria.

Afastando os objetos jogados no chão para o canto do porão, um tabuleiro foi revelado.  Ele possuía um formato quadricular com um enorme pentagrama no localizado no centro.

Correndo contra o tempo e seguindo as instruções do grimório, ela pegou seis velas e colocou cada uma numa ponta do pentagrama. Sentou – se no ponto central dele e colocou o grimório bem a sua frente. Bonnie mirou a vela que estava a sua frente e ela acendeu imediatamente. Seguindo a primeira, todas as outras cinco velas acenderam.

Ela fechou os olhos.

Adonay, Dalmay, Lauday, disse ela e as chamas da vela expandiram – se imediatamente.

O suor agora escorria pelos dois cantos do rosto.

Tetragrammaton, Anereton, Agla, Jod, Hoi, prosseguiu ela e as chamas da vela atingiram um metro de altura.

De repente, as folhas de papel que se localizavam na estante, passaram a circular em alta velocidade ao redor de Bonnie. A ventania no porão era tremenda, as chamas se expandiam para o lado e às vezes se chocavam com o papel, os queimando.

O cabelo de Bonnie se movia seguindo a direção do vento e sangue começava a escorrer de seu nariz.

Meio segundo depois, ela abriu os olhos.

Caroline e Nathaniel pareciam estar bem a sua frente. Aquele feitiço mostrava a Bonnie a localização exata daqueles que ela tinha em mente de forma ilusória. Além deles, Bonnie podia ver o carro de Caroline, o gramado, as montanhas e o céu. Era como se ela estivesse lá.

Assim que ela respirou fundo, a ventania parou, as chamas se apagaram e as folhas de papel se amontoaram no chão.

Limpando o sangue que escorria de seu nariz, ela levantou – se apressadamente e subiu as escadas correndo até chegar na sala, onde pegou as chaves do carro que estavam em cima do sofá branco.

Bonnie correu até o carro que estava estacionado bem na frente de sua casa ao lado de uma árvore de folhas verdes e largas. Ao entrar nele, ela o ligou e apertou o acelerador.

Ela sabia onde eles estavam e sabia também o que Nathaniel planejava fazer a Caroline.