Elena corria aflita por entre os altos pinheiros que a cercavam.

Ela podia ouvir o pulsar do próprio coração. Sua respiração agora era ofegante e seus passos eram retardados por um singelo tremor que atingia seu corpo. Ela desviava de cada árvore que se localizava a sua frente e com a alma, rezava para que Bonnie estivesse bem.

O lugar era escuro. Devido a iluminação da lua, tudo parecia estar azulado. Os morcegos, borboletas e corvos passavam ao lado de Elena a todo instante e sem medo, ela desviava de todos eles.

O suor começava a escorrer pelo canto esquerdo de seu rosto apesar da fria ventania que vinha em direção a ele enquanto ela corria. O gramado sob seus pés estava escorregadio, o que facilitou certos deslizes em determinados instantes, porém nenhuma das dificuldades a fez fraquejar ou desistir. Elena estava decidida a dar a vida pela amiga se tais circunstâncias fossem necessárias.

O canto de um corvo atravessou agressivamente o ouvido de Elena.

Seus pés fraquejaram naquele instante, quando ela tropeçou em algo.

Elena caiu meio de lado. Seus longos cabelos negros cobriram seu rosto e uma afiada pedra cortou o canto esquerdo da testa de Elena assim que ela atingiu o chão.

Com um pouco de dor, ela se ergueu lentamente. Tremendo e com a visão ligeiramente embaçada, Elena elevou as mãos até o rosto e pôde sentir o sangue quente escorrendo por seus delicados dedos. Lágrimas brotaram de seus olhos e mesmo com as mãos sujas de sangue, ela as usou para cessar as lágrimas.

Apesar do corte parecer profundo e o sangue não cessar, esse era o menor dos problemas. A vida da Bonnie estava em risco e ela tinha que salvá - la.

Observando o ambiente ao seu redor, Elena pôde ver uma larga sacola de plástico preta que refletia timidamente a luz do luar. A sacola estava bem a sua frente e certamente havia sido nela que ela havia tropeçado.

Um uivo de um lobo soou em algum lugar da mata.

Sem pensar duas vezes, Elena se aproximou mais da sacola e se agachou bem na frente dela.

O mal cheiro que exalava da sacola era insuportável. Elena teve de conter a respiração quando por fim tentou abri – la.

Seus dedos deslizaram lentamente pelo nó que se rompeu com facilidade. O coração de Elena agora pulsava de forma mais intensa e seu corpo tremia freneticamente. Uma gota do sangue que escorria da testa de Elena caiu na sacola. A gota se tronou cilíndrica e escorreu até atingir o gramado opaco.

Quando por fim abriu a sacola, Elena conteve um grito que eclodiu em sua garganta.

- Meu Deus... – bufou ela – Isso não pode ser verdade...

As lágrimas agora brotavam de seus olhos com mais intensidade e se misturavam ao sangue quando escorriam por seu rosto.

Elena agora soluçava. Ela não conseguia acreditar no que acabara de ver.

Timidamente e com medo, ela voltou a olhar o conteúdo da sacola.

Era ele. Era Tyler. Morto.

Elena ajoelhou – se no chão bem em frente ao cadáver que já estava entrando em estado de decomposição. Ela elevou as mãos aos olhos e ficou lá, sozinha, chorando em meio a calamidade que a cercava.

Porque haviam feito aquilo ao Tyler?

Se ele estava ali, morto, onde estava Caroline?

De repente, em meio ao som do vento batendo nas folhas dos pinheiros, um grito de desespero ecoou pela floresta.

Elena se levantou lentamente. Ela não sabia o que fazer.

Mas nada do que ela planejasse seria necessário.

Quando finalmente ficou de pé, Elena foi atingida por um largo bastão de madeira e caiu, desacordada.