Dandelion escrita por MissMe


Capítulo 9
O surto


Notas iniciais do capítulo

Oi! Desclpem a demora mais a volta as aulas depois do feriado é complicada e eu me ferrei muito por ficar escrevendo até as três da manhã... Enfim, boa leitura e aproveitem para deixar nos comentários uma coisa que me deixou intrigada: ficou meio óbvio que a chuva ia aterrorizar a Johanna? Enfim, leiam e depois respondam!



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-De jeito nenhum eu vou sair desta cabine! - Johanna gritou enfurecida. Nós todos tentávamos acalmá-la mas bastava uma trovoada e ela já voltava a gritar mais e mais vezes. Pela escotilha que ficava na parede era impossível observar o Distrito logo abaixo de nós, pois o temporal tornava tudo uma simples mancha acinzentada.

   Johanna sentou no chão, abraçando os joelhos e choramingando. Me aproximei dela e tentei demonstrar confiança. Peeta ficou atrás de mim e até tentou impedir, mas sinalizei com a mão para que mantesse distancia enquanto eu resolvia. Eu me abaixo perto dela focada em persuadí-la.

-Johanna. - digo calmamente e ela sobe a cabeça para me olhar. -Fique calma e confie em nós! Somos seus amigos e só queremos o seu bem! Olha, nós vamos sair de galocha, correr pela chuva e...

-Correr pela chuva! Você vai tentar me por naquela banheira gigante que é o aeroporto sua vadia! - Johanna diz mais uma vez ameaçadora e levanta a mão. Antes mesmo de Peeta calcular seus movimentos, Johanna desce a mão e acerta fortemente o meu rosto.

   Ela se prepara para me dar mais golpes mas Peeta me arrasta para trás e empurra Johanna contra a parede. Ela bate com o corpo e volta a se agachar no canto do quarto, chorando. Peeta me levanta e tira-me do quarto com pressa. Paramos quando entramos na cabine ao lado, que era nossa. Analisei a área na frente do espelho e pude ver a mão perfeitamente marcada em meu rosto com um tom natural de vermelho.

-Você está bem? - ele me pergunta. Inevitavelmente sinto uma lágrima descer o meu rosto suavemente, passando pela marca avermelhada em meu rosto. -Porque está chorando?

-Foi só um susto. Eu não queria chorar na frente de ninguém. - digo com a garganta quase fechada.

-Não fique assim! Johanna vai para o aeroporto nem que tenhamos de arrastá-la! - ele me abraça fortemente deposita um beijo em minha testa. Assim que ele se solta do abraço, eu beijo seus lábios ternamente (e demoradamente). Nosso beijo é interrompido por uma enfermeira (inconveniente) que chega em nossa cabine aflita. -Algum problema senhorita...

-Queremos uma solução para o problema da Srta. Mason - a enfermeira responde corada. De trás dela saem Annie, minha mãe e Haymitch.

-Eu tenho uma ideia que com certeza vai irritá-la, mas acho que vai dar certo - digo.

-Então? - Peeta diz.

-Vamos sedá-la com um paralisante, que a deixe inconciente por alguns minutos até chegarmos ao aeroporto. Depois que ela acordar, nós sofremos as consequências...

-Acho que funciona. - a enfermeira diz. -Temos um sedativo que dura dez minutos. Acham que servirá?

-Sim. - respondemos todos.

-Ótimo, vou providenciar imediatamente. - ela se retira.

   Ficamos todos quietos e então Annie se senta em minha cama e acalma o pequeno Felix que chorava inquieto em seus braços. Provavelmente está assustado com os gritos de Johanna.

-Ela te machucou? - minha mãe pergunta.

-Não, está tudo bem. - digo, mas ela começa a analisar meu rosto, ignorando-me totalmente. A enfermeira volta rapidamente.

-Eu sei que é meio inconveniente, mas... achamos que nós iríamos assustá-la e seu comportamento não colaboraria para aplicar o sedativo. Então... alguém poderia entrar lá, acalmá-la e depois aplicar o sedativo?

   Entreolhamo-nos por um momento e parece que chegamos a uma mesma conclusão.

-Eu vou! - todos dizemos em uníssono. Logo nossos olhares compreensivos se tornam interrogativos.

-Eu vou! - digo. -Eu acho melhor eu tentar me reconciliar com ela e depois aplicar o sedativo.

-Não Katniss, eu vou! - Peeta diz. -Eu vou conversar com ela e qualquer coisa eu peço ajuda.

-Ah querem parar vocês dois! - Annie diz. -Peeta, segure o Felix com cuidado! Eu já volto. - Annie diz com muita raiva em sua voz. Ela beija a testa de Felix, arranca a seringa das mão da enfermeira e vai até o quarto ao lado. Só foi possível escutar o diálogo com os ouvidos na parede. Foi tudo muito rápido, mas foi possível distinguir todas as palavras.

-Annie, o que você quer? Eu já disse que...

-Anda logo Johanna! Para com isso! Levanta!

-O quê...

-LEVANTA!

-Mas pra quê... Ai! O que é isso na sua mão... - escutamos um estrondo, e parece que Johanna caiu no chão.

   Annie volta para o quarto com a seringa vazia e pega Felix novamente no colo.

-Nossa Annie! Eu não lembro de você ser tão agressiva... - digo.

-Eu fui aos Jogos Vorazes! Não saímos de lá por sermos bondosos... Rápido, peguem logo ela antes que acorde!

   Os enfermeiros rapidamente a carregam no colo. Annie põe Felix em um berço bem moderno que pode virar um carrinho e um berço móvel. Eu e Peeta calçamos galochas e ele pega nossas malas. O portão se abre e todos que estavam dentro do aerodeslizador correm para o aeroporto tentando evitar as rajadas de vento que maltratavam nossos corpos. 

   Já no aeroporto, entramos em um local já desativado chamado angar 15. Como não podemos ser vistos, nossos operários compraram a comida e trouxeram para nossos quartos.

   Eu dividia o quarto com Peeta, Annie e (infelizmente) Johanna. As quatro camas eram bem próximas, com a distância de apenas uma mesinha de cabeceira. A mesa ficava próxima à porta, e na outra parede havia uma janela imensa com vista para o mar revolto. 

   O enfermeiro de Johanna a depositou cuidadosamente na cama e pediu para avisarmos quando ela acordasse. Nós nos sentamos na mesa e praticamente atacamos a comida. Uns cinco minutos depois, Johanna acordou. Quando olhou ao redor e se focalizou em nós três sentados na mesa, soube que ela surtaria. Ela se levantou cambaleante e puxou os cabelos de Annie.

-Porque vocês fizeram isso comigo?! - ela gritou no ouvido de Annie, que se debatia e soltava pequenos gritos. Peeta correu até ela mas Johanna soltou seus cabelos.

-Você precisava comer Johanna! Mais cedo ou mais tarde eles iam te tirar daquela cabine! - digo impaciente.

-Mas logo vocês tinham que me tirar de lá? Você sabe o motivo de eu querer me trancar na cabine? De eu não querer sair na chuva? Vocês não me entendem! - ela gritava. -E eu ainda achei que éramos amigas... Você é uma manipuladora Everdeen!

   Vendo que suas palavras não faziam o menor sentido, eu percebo que assim como Peeta tem flashbacks, Johanna tem “surtos pós-traumáticos”. Eu tenho que acalmá-la antes que ela perca o controle.

-Johanna, eu acho que você não está em seu juízo perfeito, já teve muitas emoções por hoje... - digo em minha própria defesa antes de ser interrompida por Johanna.

-Você não entende que nada disso é de sua conta! Me deixassem em paz e não sofreriam com as consequências. - ela disse se aproximando de mim, sem me intimidar porque somos praticamente do mesmo tamanho. -Vocês querem tomar conta da minha vida, não é? Não tem mais a irmãzinha para cuidar da vida, e agora quer cuidar da minha! Coitada mesmo é dessa criança que está crescendo dentro de você!

   Engulo toda a minha raiva porque sei (ou imagino) que tudo o que está em sua mente agora foi implantado pela Capital.

-Johanna, eu sei que você não quer nada disso, mas se você se acalmar vai perceber que tudo o que nós fizemos foi te ajudar!

   Antes de receber uma resposta Johanna avança em mim com um soco, mas eu me abaixo e desvio para a esquerda. Ela se volta mais uma vez para mim, desorientada e dessa vez agarra o meu pescoço me prendendo em seus olhos insanos. Antes que eu cogitasse em ficar vermelha, Peeta (que até pouco tempo estava ajudando Annie com o choro de Felix) a empurra com força e ela cai no chão apoiada nos cotovelos. Só conseguia tossir, pois nenhuma palavra ousava sair de minha garganta ainda não recuperada.

-Fique longe dela! - ele gritou se aproximando perigosamente, mas permanecendo em minha frente. Ela se levantou com facilidade, mesmo usando botas de salto alto.

-Você sabe o que aconteceu comigo, Conquistador...

-Do que você me chamou? - ele perguntou.

-Por acaso isso te traz alguma lembrança? - ela pergunta maliciosa. Eu já entendi suas intenções: ela quer provocar um flashback nele. Quer “dar o troco”. Quer me deixar frágil. Depois de um tempo consigo recuperar a voz.

-Pare agora Johanna! - digo já sentindo um conflito surgir no rosto de Peeta.

-Katniss, Katniss... Ele estava do meu lado na Capital. Ele sabe o que eu sofri e mesmo assim me pôs em risco novamente! Vamos brincar com a reciprocidade agora!

   Eu achei que perderia o controle da situação. Eu podia jurar que sentia todas as memórias ruins se passando pelos olhos de Peeta. Minha única sorte é que Annie estava sã, porque eu não conseguiria dar conta de três jovens traumatizados surtando diante dos meus olhos. Eu me sentia em uma bomba relógio.

-Peeta, não deixe ela te persuadir! - Annie diz. -Eu estava lá também e sei o que aconteceu. Foi tudo uma mentira! Katniss te ama e nunca faria nenhum mal à você!

   Confiante diante de Peeta, eu seguro sua mão e tento fazer com que ele se acalme. Faço ele se sentar na cama e pego um desenho na mala. O desenho que ele fez no aerodeslizador, quando eu disse que nunca o tinha visto desenhando. Funciona! Ele fica mais calmo na hora, mas Johanna permanece atordoada próxima da porta. Quando a vejo sair, vou atrás deixando Annie com Peeta.

-Eu sabia que você viria atrás de mim! - ela diz, mas continua andando apressadamente pelo corredor empoeirado. -Já que estamos brincando de “trauma”, Katniss, que tal você experimentar também? - ela pergunta maldosamente e me agarra pelo braço.

-Johanna, pare você está fora de controle!

-E a culpa é sua! Eu mandei vocês me deixarem em paz! Agora quero testar a sua resistência também, mas com você a brincadeira será bem pior! - ela diz quase me arrastando. Chegamos a uma porta de ferro oxidado, com uma tranca giratória mediana. Depois que ela gira posso ver claramente do que ela estava falando: um arsenal de bombas.

-Tudo bem Johanna, mas isso não me intimida. - digo tentando parecer forte, e obtendo sucesso.

-E quem disse que acabou... - ela sai da sala e me tranca dentro dela. Antes de tentar impedir eu ouço um grito vindo de trás dela. “Pare Johanna, agora!” - pude distinguir a voz de Peeta. Ouço um grito, um tremor na porta e uma queda. Logo depois ele abre a porta e me abraça. Johanna está caída no chão, como se estivesse dormindo mas está chorando silenciosamente.

-O que aconteceu com ela? - digo ainda pasma com a rapidez dos acontecimentos recentes: Johanna acorda, agride Annie, me agride, provoca Peeta, me provoca, foge, eu a sigo, ela me arrasta até  um arsenal, me tranca, sou libertada e agora eu a vejo estirada no chão ainda viva e consciente. Me ajoelho até perto dela com cuidado e checo sua pulsação. Acelerada. Retiro o cabelo de seu rosto e reparo em seus olhos antes castanhos agora vermelhos. Reparo também em sua temperatura. A julgar pelo toque, acho que 40 graus. -Isso também acontece com você?

-O quê? - ele pergunta confuso.

-Os batimentos sobem com a temperatura e os olhos ficam vermelhos?

-Só os batimentos e a temperatura. Meus olhos, ao que dizem, ficam escuros. Mas não vermelhos.

-Deve variar de acordo com a pessoa, mas a mudança nos olhos acontece, certo?

-Certo. - ficamos em silêncio até que eu tenho uma ideia brilhante.

-Isso é um avanço. - digo misteriosa

-Para que?

-Para uma pesquisa que estou desenvolvendo há... - olho no relógio em seu pulso -três minutos atrás.

-Sobre?

-Os traumas que vocês sofreram na Capital e uma possível cura para isso.

   Um sorriso se alarga em seu rosto enquanto eu me sinto orgulhosa de minha própria ideia. Agora eu estou determinada a conseguir uma cura para os surtos de estresse pós-traumático causados pela capital.


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Notas finais do capítulo

Oi, gostaram? EU sei que estou sendo muito cruel com a Johanna mas agora eu estou determinada a colaborar com ela para que ela seja feliz! Tenho que avisar que vai ser mais difícil esse mês porque eu vou viajar, tenho uma penca de aniversários (inclusive o meu!), e muitos trabalhos de nota chegando. E também, eu tenho que terminar os rascunhos! Se eu não tiver os rascunhos, eu não tenho onde me basear e vocês já sabem... Comentem por favor meus leitores queridos! E mais uma vez, amo muito suas reviews!