Dandelion escrita por MissMe


Capítulo 7
A fome


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem por não postar ontem! Eu estou toda enrolada e não vou perturbar vocês com meus problemas pessoais. Aproveitem o capítulo!



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-Estamos salvos. Não temos mais com o que nos preocupar. - Haymitch diz bem-humorado.

-Infelizmente, temos sim. - Johanna diz se levantando da cadeira e se pondo em nossa frente. -Como informaremos ao habitantes da ilha Victoria que nós estamos vivos e à caminho?

-Na verdade senhorita Mason. - o copiloto do aerodeslizador entra em nossa saleta apressado e abatido. -Temos mais um problema. Não tivemos tempo de trazer a comida a bordo e portanto estamos nos direcionando para o Distrito 4 em função de abastecimento.

   Todos na sala deixaram os sorrisos de lado e imediatamente seus rostos ficaram pálidos. Sinto a fome antecipar-se e me atacar aos poucos, provavelmente porque estou nervosa com a ideia de passar fome. Peeta segura minha mão com força tentando me dar apoio.

-Porque não puseram a comida primeiro? - Johanna pergunta,

-Porque ela estragaria. A comida tinha que durar quatro dias, então tudo tinha de estar fresco. - minha mãe responde no lugar do copiloto.

-Exatamente. Respondendo a sua pergunta anterior, Srta. Mason,  enviamos uma mensagem codificada aos habitantes informando que estamos bem e estamos a caminho. - o copiloto responde e se retira.

   Passamos o resto do dia definhando nas poltronas e assistindo TV. Por sorte, Effie tinha três maçãs verdes e várias balas coloridas na bolsa. Estávamos comendo aos poucos mas Beetee e Haymitch estavam com dificuldades especiais (de homens velhos) e foram para os quartos deitar e dormir. As meninas e Peeta ficaram na sala tentando resistir aos sintomas da hipoglicemia se alimentando basicamente de pedaços de casca de maçã. Eu mal acabei de comer um pedaço e meu corpo implorava por outro, mas todas as pessoas na sala conseguiram manter o corpo em ordem com os pedaços que comiam regularmente de duas em duas horas. Antes de chegar a próxima hora, eu já estava me rendendo e não conseguia sustentar a mim e a uma criança em formação.

   Enquanto eles conversavam e comiam balas, eu tentava discretamente recostar-me no sofá de modo confortável. Em pouco tempo acabei dormindo. Sem sonhos. Sem pesadelos.

   Quando acordo, já é noite e todos na sala parecem dormir, e então vejo Peeta deitado no sofá com a cabeça em minha perna. Ele parece pálido. Eu o cutuco fracamente para saber se ele está bem e recebo um suspiro em resposta.

-Peeta? - sussurro em seu ouvido. -Você está bem?

   Ele não mexe um músculo. Ponho o ouvido em seu peito e sinto sua respiração lenta e batimentos fracos. Acaricio seus cabelos e beijo seus lábios em busca de um sinal de consciência. Nada. Entro em desespero e então corto um grande pedaço da mesma maçã que demoramos o dia inteiro para não acabar de comer. Tento introduzí-la em sua boca mas ele não reage. Eu sinto meu corpo começar a tremer involuntariamente e percebo que minha barriga parece estar oca de tanta fome que sinto. Fraca demais, eu deixo o pedaço da maçã na mesinha de centro e me forço a continuar respirando.

-Fique calma. - minha mãe diz com a voz fraca. -Ele está com baixa de açúcar no sangue, não morto.

-Como eu faço para ele acordar? - digo tentando esconder a sensação incomoda que percorre meu corpo.

-Espere até amanhã, uma enfermeira vai trazer soro.

-Ele ficará bem?

-Sim.

   Não consigo resistir quando um frio me atinge como uma onda tornando meu corpo fraco e gélido. Me largo no sofá para tentar fazê-la passar mas não adiantava. Por algum motivo, eu chorei de dor porque eu não aguentava mover um dedo sequer.

-Mãe. - gemo trêmula de dor.

-Fica calma filha, o que você está sentindo? - ela se levanta de sua poltrona e vem até o meu sofá.

-Dor!

   Ela me ajeita no sofá e empurra a cabeça de Peeta para o lado. Eu me sentia trêmula, mas meu corpo estava fraco demais para encontrar qualquer tipo de solução parao problema. Eu queria fechar os olhos e sumir, só. 

   Peeta acordou com o empurrão que minha mãe deu em sua cabeça. Ele não se moveu, mas depois de dois minutos com os olhos fracamente abertos ele agarra o pedaço de maçã que estava na mesa de centro em sua frente. Minha mãe segurou a minha mão  com confiança e correu até a bolsa de Effie para cortar um pedaço de maçã.

-Você não comeu muito hoje, não é? - ela pergunta séria, com um tom mais profissional.

-Só dois pedaços de maçã, depois eu caí no sono.

-Consegue mastigar?

-Eu não sei. - digo entredentes fechando os olhos.

-Não ouse dormir agora! Você vai ficar acordada e engolir esse pedaço de maçã nem que eu tenha que te obrigar! - ela põe o pedaço em frente a minha boca e eu o mastigo. Quando engulo, sinto a dor aliviar um pouco e como outros pedaços até me sentir saciada.

-O que eu tenho? 

-Hipoglicemia e queda de proteína. Com você e com o bebê.

-Mas ele está bem? - pergunto assustada.

-Está agora. Você poderia ter abortado Katniss. Não faça isso novamente, ouviu?

-Não tem como, não tem comida o suficiente para alimentar a todos!

-Venha comigo. - ela me levanta e me apoia com o próprio corpo. Lentamente chegamos ao meu quarto e ela  me põe deitada na cama. Uma enfermeira nos acompanhou e introduziu soro em minhas veias para que eu mantesse as taxas de açúcar e proteína em níveis ideais. Passei a noite em minha cama sendo observada cautelosamente por minha mãe. Ela analisava os desenhos de Peeta, especialmente os registros. Eu caía no sono diversas vezes, mas minha mãe me mantinha acordada. Até me deu um livro para ler. -Você já viu isto? - ela me entregou um dos registros.

   Pavoroso. Era a palavra ideal para cada um dos quadrinhos rabiscados e rasgados que minha mãe pacientemente uniu para que eu analisasse. Todos eram meus, novamente, mas de uma perspectiva diferente, como se eu fosse um... bestante. Uma hora, meus olhos eram expostos em expressões ofídicas. Em outros eu tinha uma faca em mãos, ou um arco, ou uma espada, ou uma lança,... Mas todas me mostravam golpeando-o com esses objetos.

-São telessequestro, não são?

-Sim, elas são mas como você sabe, ele tentou eliminá-las.

-Eu sei. Onde tem uma lixeira?

-Katniss, não as jogue fora.

-Por que?

-Porque se um dia ele procurar e não as encontrar, ele vai saber que você as jogou fora. Você sabe como ele vai reagir,

-Tem razão. É melhor colocá-las no lugar.

   Depois de uma noite calma e tediosa, o dia nasceu e voltamos para a sala onde adormecemos. Estavam todos no soro e dormindo. Corro até Peeta e com apenas um toque em seu braço ele acordou.

-Bom dia Katniss! - ele me dá um beijo no rosto e me puxa para seu lado. -O que aconteceu?

-Ela passou mal. - minha mãe responde cansada, mas amigável. -Passamos a noite no quarto para ela se recuperar.

-Vocês estão bem?

-Estamos agora. - respondo.

   Como não havia o que fazer, ficamos conversando. Assistir TV já estava entediante. 

-Maternidade é horrível não é? - Johanna pergunta se deslocando da conversa. Eu a fito confusa e indignada.

-Não! - eu e Annie respondemos em uníssono. Eu olho para Annie e percebo que ela já está com um argumento pronto na ponta da língua.

-Você nunca entenderia Johanna. - Annie diz.

-Porque não? 

-Você não tem um... Perfil de mãe. Não acho que teria condições de cuidar de uma criança. - suas palavras a ofendem, efeito que não esperávamos. Johanna se levanta da poltrona e sai da saleta.

O que houve com ela? - penso. Essa pergunta continua ecoando em minha mente quando finalmente decido ir atrás dela.


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Notas finais do capítulo

Então? Como ficou? Eu vou tentar postar mais um capítulo hoje e espero os comentários!