Dandelion escrita por MissMe


Capítulo 5
A desculpa


Notas iniciais do capítulo

Ufa eu finalmente consegui adaptar o capítulo. Ficou bem diferente do rascunho mas eu consegui deixá-lo melhor. Aproveitem a leitura!



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 -Corre! O que você está fazendo aqui, corre! - Vejo Peeta dizer enquanto as alucinações de teleguiadas tomam conta da minha mente. Sua imagem some de minha vista e então vejo Prim assustada se dirigindo ao edifício da justiça, indo para a morte certa.

-Prim! - eu a chamo e ela apenas vira a cabeça para mim. -Eu me ofereço! - grito, e então todos se voltam para mim incrédulos. - Eu me ofereço como tributo!

   Vejo Beetee caído no chão, segurando sua faca e inconsciente. Lembro-me do que Haymitch disse sobre o inimigo então amarro o fio em minha flecha, espero o momento certo e disparo na brecha do campo de força fazendo com que estilhaços brilhantes explodam em toda a extensão da arena.

   Em outra cena, vejo somente o fogo consumindo minha pobre irmãzinha. 

   As imagens dos últimos meses continuam passando pela minha cabeça, tremulando e dando lugar as outras, o que indica que eu estou sonhando. 

   Aos poucos vou acordando e começando a distinguir as sensações. Há algo gelado em meu pescoço e eu pressuponho que seja gelo. Meus ossos rangem com a tentativa de movimento, o que indica que estou imóvel por muito tempo. Uma luz surge em meus olhos e vejo que quem “segura” essa luz é minha mãe. Sigo a luz com os olhos e vejo um sorriso aliviado surgir em seus lábios.

-Ela está acordada Peeta, já está melhor! - ela o chama e ele vem para mais perto de mim, mantendo uma distância segura. Por mais feliz que ele estivesse, a culpa em seus olhos era evidente.

   Estou no meu quarto, deitada em minha cama. Ao lado direito vejo a maleta inseparável de minha mãe com estetoscópio, medidores de pressão, termômetros e etc. A minha esquerda só há Peeta. Seus pulsos estão enfaixados. Uma mão segurando um copo de água e a outra guardava um objeto que ele mantinha preso em sua mão fechada.

   Aos poucos, eu vou sentando. Segundo a minha mãe, meu filho não sofreu nenhum tipo de dano, mas eu ainda estou com hematomas no pescoço e é bom que eu fique calada por algum tempo. Olho para o relógio e são 16h. Segundo meus cálculos, eu fiquei apagada por mais ou menos duas horas.

-Vou arrumar uma roupa de cama e vou dormir no meu antigo quarto hoje, tudo bem? - minha mãe pergunta. Eu sinalizo um “sim” com a cabeça. Quando ela sai, o clima em meu quarto começa a ficar pesado entre nós dois. Sei que ele se sente culpado pelo que fez, mas na verdade, ele não tem culpa alguma.

-Peeta. - eu o chamo usando o máximo de força para tirar uma palavra de minha garganta. -Não foi culpa sua. Não precisa ficar assim.

   Ele sobe o rosto para nossos olhos se encontrarem e vejo que a cada palavra que digo, seus olhos marejam mais. Ele se levanta do chão (onde estava sentado) e me abraça apertado, deixando lágrimas caírem em meus ombros. Me separo de seu abraço e indico para que ele se deite comigo, e ele se deita.

-Me desculpa. - ele sussurra, pois provavelmente ele não consegue dizer uma só palavra.

-Você não tem culpa. Se eu tivesse insistido em ir à capital antes de... - ele me interrompe.

-Você também não tem culpa, eu sei que a Capital foi a verdadeira culpada. Só não suporto ver que eu pus em risco as vidas que eu mais prezo. - ele me beija rapidamente.

-Está tudo bem conosco.

-Não. Eu quebrei uma parte da minha promessa, então se quiser... - ele abre a mão que permanecia fechada e revela a minha aliança. É difícil imaginar que essa mesma aliança me “salvou” a pouco mais de duas horas, mas esse pensamento me domina mesmo assim. Eu tomo-a em minhas mãos e a encaixo em meu dedo anelar.

-Nem pense nisso Sr. Mellark. Você quebraria a maior parte da sua promessa se me deixasse. - dou um beijo em sua testa e me sento na cama. Lembro-me de algo que Madge uma vez me falou que se encaixa em minha situação. -Homens, ruim com eles e pior sem eles! - ela dizia com seu tom divertido antes de sairmos da escola.

-Bem, eu acho melhor nós aproveitarmos nossos últimos dias em Panem. - ele diz.

-Vamos esquecer isso, tudo bem?

-Mais ou menos. Eu ainda me sinto culpado, não importa o que você fale.

-Vamos fazer um bolo? - pergunto na tentativa de fugir do assunto e obtendo sucesso. O que mais animaria ele?! 

   Passamos o resto da tarde fazendo uma receita de bolo de chocolate. Enquanto ele confeitava o bolo, eu preparava um jantar para nós três, Johanna e Annie. Ainda bem que Peeta não teve tempo de levar a caixa de objetos da cozinha para o aerodeslizador, pois estaríamos perdidos sem eles. 

   Depois que elas chegam, nos reunimos na mesa de jantar e comemos o cozido de carneiro que todos amavam.

-Então, quando partiremos? - Peeta pergunta.

-Vocês três vão daqui há três dias. Nós vamos depois. - responde Johanna. Mas nós não havíamos combinado de irmos todos juntos?

-Não Johanna! - Annie corrige-a inocentemente. -Nós vamos com eles... Ai! - ela grita. -Porque você pisou no meu pé?!

   Johanna esconde o rosto nas mão e sussurra algo como um “fique quieta!” que por acaso sai mais audível do que o esperado.

-O que está acontecendo Johanna? - eu pergunto.

   Ela pensa por alguns segundos e fuzila Annie com os olhos. Ela se ajeita na cadeira frustrada com a situação em que se encontra. Preparo-me para o pior mas Peeta segura a minha mão embaixo da mesa, me dando confiança.

-Não acha que seria perigoso andarmos no mesmo aerodeslizador que vocês? Afinal, você é o alvo deles Katniss. - Johanna responde. Suas palavras me paralisam. Isso era sério? Ela temia ficar no mesmo aerodeslizador que eu? Que amizade seria essa?

-Se é assim Johanna, porque vocês não ficam em Panem e me exilam na ilha Vitoria? - pergunto agressiva.

-E te deixar sã e salva lá? Enquanto nós vivemos sobre o império dos dois? Nem pensar!

-Você está sugerindo me deixar aqui em Panem, com Gale e Snow para poder viver sua vidinha solitária em paz? Que tipo de amiga é você?

   Ambas estavam de pé, como dois cães de briga preparados para avançar um contra o outro e lutarem até a morte, o que lembra outra situação...

-Não faríamos isso Katniss! - Annie diz tentando puxar Johanna de volta para a cadeira, mas seu braço é violentamente retirado de perto de Johanna.

-Eu não estou sugerindo nada, só que se não fosse você garota, eu tenho certeza de que não precisaria fugir do país! - suas palavras me atingem como facas: precisas, mortais e o pior, verdadeiras. Sei que cada palavra por ela dita é verdade. Sei que eu poderia simplesmente ter engolido as amoras e ter deixado Peeta vencer. Poderia não ter explodido uma arena. Poderia não lutar contra o governo de Snow. Poderia não me oferecer como a mais inofensiva arma de puro ódio da Capital, enviada para entretê-los e depois os massacrando. Mas eu fiz tudo isso sabendo que estava desafiando pessoas mais poderosas do que eu, e o pior de tudo é que subestimei as pessoas erradas.

   Sem saber o que dizer, eu subo correndo as escadas e choro. A coisa mais fútil a se fazer nessas horas. Eu não tinha como me defender de suas acusações. Ouço uma discussão no andar de baixo então ouço um estouro. Este é tão grande que faz a minha casa toda retumbar e ser possuída por um clarão.

   Bombas incendiárias.

   Eu as conheço muito bem, pois trabalhei muito nelas com Gale durante a revolução e percebo que o fogo se alastra muito rápido. Imediatamente penso em descer para saber se alguém foi ferido, e se seria possível sair da casa, mas antes mesmo de descer, meu caminho foi interceptado por parte da escada ter simplesmente sumido. Peeta está na outra metade me olhando assustado

-Pule! - ele gritou, mas suas palavras soaram apenas como um sussurro em meus ouvidos. O único problema é que o trecho da escada que foi perdido era enorme, e esse salto é realmente perigoso. Mesmo assim, eu dei um grande salto na mesma hora que a parte superior da escada cedeu. Um pequeno tropeço e tudo estaria perdido, mas meu salto foi preciso e depois amortecido pelos braços de Peeta.

   Antes que pudéssemos voltar a correr para fora de casa, eu simplesmente comecei a tropeçar em meus próprios pés. O desespero e a fumaça colaboravam cada vez mais com a tontura que me preenchia. Todos os objetos duplicavam e meu corpo constantemente pedia por  uma pausa. Annie e Johanna já estavam do lado de fora da casa junto com o berço móvel de Felix. Minha mãe corria com a maleta em mãos nos incentivando a correr mais rápido para fora de casa.

-Me deixa. - digo para ele. -Eu não aguento correr, vocês vão morrer junto comigo se ficarem!

-Não diga isso Katniss, você consegue! Vamos! - ele me puxa com um impulso, mas eu não tive a capacidade de mover as pernas à tempo então caí de joelhos, observando apenas o chão. Peeta me levanta e me carrega. Mal consigo olhar para frente, mais vejo três aerodeslizadores se aproximando. Logo eles viram quatro, cinco,...

   Decido fechar os olhos na tentativa desesperada de puxar ar para os pulmões e focalizar a minha visão. Só abro os olhos novamente quando me garanto que não estou mais em um ambiente incendiado.



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Notas finais do capítulo

Então? Ficou bom? Eu tenho que avisar que a partir de agora eu vou postar com menos intensidade, porque eu tenho que ler 3 livros paradidáticos da escola e vou escrever o rascunho de uns dois capítulos eu acho. Mas prometo que eu não vou parar de postar com pelo menos dois dias de diferença entre um capítulo e outro. Quero saber como está minha história até agora, esperando os comentários!