Dandelion escrita por MissMe


Capítulo 3
A verdade


Notas iniciais do capítulo

Hora da verdade (eu realmente estou animada), espero que gostem!



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Ele se apoia na pia, vejo seus joelhos tremerem e lágrimas brotarem em seus olhos. Eu me levanto e vou até ele. Ele está frágil e, vendo a dificuldade dele de falar, eu dou o primeiro passo.

–Eu estou grávida. Verdadeiro ou falso?

Seus olhos encontram os meus e seu rosto não expressa nada. Nem medo, nem decepção. Nem alegria, nem tristeza. Ele toma ar e seus lábios começam a montar a palavra que soa apenas como um sussurro.

–Verdadeiro. Você está grávida. - ele diz. Meu coração dá um solavanco bruto e tenho a sensação de que parou de bater. Solto um gemido de medo e sinto que minhas pernas começarão a ceder, mas Peeta me envolve com os braços e sustenta meu peso. Meus olhos vagam pelo lavabo e sinto mais uma tontura. Isso me dá raiva, já que prometi a mim mesma ser biológicamente incapaz de gerar outro ser humano. Mas Peeta... Ele preza por esse ser. Ele quer montar uma família e quer que eu seja a mulher da mesma.

–Não. - digo incrédula. Peeta tira o rosto do meu ombro e seus olhos marejados me fitam curiosos, mas ele continua sustentando meu peso. -Sinto muito Peeta, mas eu não posso ser mãe agora.

–Como assim? Katniss, é uma nova fase, vamos começar uma família! - seu tom de voz começa a mudar para desespero. -Por mim! Por favor Katniss, não me negue uma nova família! - ele diz deixando escorrer milhares de lágrimas de seus olhos. Aqueles olhos me derrotam, sem mesmo cogitar em mudar a opinião.

–Com uma condição. - digo, rendida.

–Qualquer coisa Katniss.

–Nunca me deixe sozinha. Nunca!

–Eu nunca faria isso! Eu te prometi, não lembra?

Então eu me lembro.

Estávamos na padaria e Peeta estava muito agitado naquele dia. Eu fechei o caixa e mandei ele parar de bater a massa. Peguei meu casaco e saímos da padaria. Para tranquilizá-lo, eu o levei até a campina na hora do pôr-do-sol. Eu me deitei em seu peito e fiquei observando o fim do dia se arrastar, tornando aquele momento inebriante mais que memorável.

–Katniss. - Peeta se senta e eu me levanto do seu peito. -Você também gostaria de congelar esse momento?

–Claro. E eu viveria nele para sempre. - repito as palavras que ele me disse no dia anterior ao Massacre Quaternário.

–E... Você aceita estar comigo para sempre? - ele retira uma caixa preta do bolso e revela uma aliança de ouro com vários fios entrelaçados. Não resisto a tentação de chorar, e deixo as pequenas gotículas de água rolarem pelo meu rosto.

–Peeta... - digo surpresa. -Eu... Eu nem sei o que dizer!

–Diga que aceita. - ele pede, quase implorando. -Se disser, eu te prometo Katniss, que eu nunca deixarei faltar nada para nós. Prometo que vou te proteger dos piores males de todo o mundo. Te prometo que nunca vai ficar sozinha. Prometo que vou te dar uma nova família e que essa família será mais feliz do que qualquer outra. E então, Katniss Everdeen, a garota em chamas, o tordo de panem, o amor da minha vida, você aceita se casar comigo?

–Eu aceito Peeta! Eu aceito! - digo tomando-lhe em um beijo terno e apaixonado. Nossos lábios alternando entre o contato mútuo e os sorrisos que nos escapavam. Ele me abraça forte e se permite chorar de alegria assim como eu. Aquela foi, com toda certeza, a minha melhor ida a campina.

-Sim, eu me lembro. - digo olhando para a aliança dourada em meu dedo anelar.

–E você também sabe do que é capaz. Esse filho vai ser a coisa mais fácil que você já teve que passar.

–Sei, e é por isso que eu vou ter esse filho. Por nós dois.

Quando pronuncio essas palavras, seu sorriso se alarga até as orelhas, assim como o meu. Ele novamente me toma em um abraço forte. Mesmo concordando com cada palavra que ele disse, eu ainda estou morrendo de medo. Medo de não ser uma boa mãe, medo de causar algum mal ao meu filho e principalmente, medo do parto.

Quando me solto de seu abraço vou até Johanna e conto para ela, mas antes dela me abraçar, eu a impeço.

–Eu tenho apenas uma pergunta para vocês dois. - digo. Vejo a cara de culpa dos dois e então Johanna se pronuncia.

–Você ouviu tudo não ouviu?

–Cada palavra. E quero saber agora o quê está... - sinto uma nova tontura e então sento no sofá envolvendo a cabeça com as mãos para suportá-la.

–Katniss, está tudo bem? - Peeta pergunta e vem até mim, se sentando ao meu lado e me abraçando.

–Tudo, eu só estou um pouco tonta. - digo erguendo a cabeça. -Bem, como eu disse, quero saber o que está acontecendo.

Johanna se senta ao meu lado e Peeta me acomoda melhor em seu abraço.

–Cartenia Snow e Gale se aliaram aos Distritos 1 e 2 e querem voltar ao comando de Panem. Segundo os nossos informantes, eles pretendem dividir igualmente o poder: Ela cuida de todos os distritos ímpares, e ele todos os distritos pares.

–Divisão bem precisa. - comento.

–Não me interrompa! Enfim, achamos que eles estão montando um tipo de império pior do que o império de Snow. Nós com certeza não queremos estar em Panem quando isso acontecer.

–Se não estivermos em Panem, onde estaremos?

–Na ilha Vitoria. - olho para ela confusa. -É uma ilha do outro lado do globo igualmente rica em recursos. Lá estamos construindo uma cidade enorme com o apoio financeiro de todos os Distritos menos o 1 e 2. Isso já está acontecendo secretamente desde o final da septuagésima quarta edição dos Jogos Vorazes. Nós vamos levar pra lá os vitoriosos, parentes e contribuintes como o seu simpático porteiro.

–E quando nós vamos?

–Assim que acabarmos de empacotar as nossas coisas. O aerodeslizador pousa nesta vila daqui a um mês. Enquanto isso, Annie, Beetee, Haymitch, Trinket, provavelmente a sua mãe e eu vamos trazer as nossas coisas pra cá e depois nos instalamos no mesmo aerodeslizador que vocês dois.

–Entendi. - digo. Mas algo ainda perturba a minha mente, mas não tenho coragem de dizer. Os dois parecem sentir algo me incomodando e acertam em cheio o motivo.

–Você sabe porque Gale está vindo, não sabe? - Peeta diz. Permaneço em silêncio. -Ele provavelmente vai te querer como imperatriz e vai tentar me tirar do caminho. Ele provavelmente não planejava sair da rebelião solteiro. - seu tom de voz me magoa.

–Imaginei isso. Mas você ainda tem uma promessa para cumprir até o dia em que eu parar de respirar.

–Eu sei que tenho, e não pretendo deixar um invejoso atrapalhar isso. - ele diz e me beija rapidamente.

–Argh! Vocês são muito grudentos! - Johanna reclama. -Mellark, eu vou lá pra sua casa esperar meu caminhão de mudança. Fiquem à vontade.

Quando Johanna sai pela porta eu solto uma risada fraca acompanhada por Peeta. Ele me abraça mais forte e me traz para cima dele, me sentando em seu colo como uma criança. Enquanto estamos sentados assim, ele acaricia meus cabelos e eu sinto o sono chegando. Acho que não estou muito acostumada a acordar às seis da manhã - penso. Para driblar o sono, tento conversar com Peeta.

–Peeta, eu estou com medo. - digo tentando me manter firme mas a frase sai mais como um chorinho. Ele beija a minha testa carinhosamente e me aninha mais contra seu corpo.

–Eu entendo, mas enquanto eu estiver aqui, não vou deixar nada acontecer com vocês.

–Eu sei, mas ainda sim você não tem como me poupar dessas “coisas de grávida”.

–Coisas de grávida? - ele dá uma risadinha.

–Você sabe! Os enjôos, as dores, o parto. Eu tenho medo disso tudo.

–Então, vamos fazer o seguinte: toda vez que você sentir que alguma dessas coisas de grávida estiver chegando, você me chama e aperta a minha mão até ficar vermelha! - ele diz de modo confortante e paternal. Quando eu começo a me acomodar mais contra seu corpo, ele me pega no colo e me põe de volta no quarto

–Eu poderia fazer isso sozinha. - digo já deitada e coberta na cama.

–Eu tenho que cumprir a minha promessa com perfeição. - ele beija minha testa com carinho e se deita ao meu lado acariciando meu rosto. Sinto uma onda de relaxamento me percorrer e acabo dormindo. Neste momento, nem mesmo a gravidez me assombra. Só consigo pensar nele, o meu garoto do pão.



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Notas finais do capítulo

E então? O que achou? Eu estou me esforçando muito para detalhar bem as cenas e espero que o meu resultado seja... satisfatório. Estou aguardando os comentários para saber se a fic está precisando de melhoras!