Dandelion escrita por MissMe


Capítulo 13
A companhia


Notas iniciais do capítulo

Oi! Bem, hoje é meu aniversário, mas o presente é pra vocês! Esse capítulo é com certeza é o maior capítulo que eu já escrevi e... Eu vou postar outro capítulo hoje para a alegria geral! Bom, leiam logo! Comentem e leiam o outro capítulo



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 Já deitada na cama junto com Peeta, eu não consigo parar de pensar em Panem. Como eu pude deixá-la? Deixá-la não... Abandoná-la às custas de um homem obsessivo e uma mulher gananciosa?

Lembro-me de Peeta me falar a algumas horas atrás: “A culpa não é sua Katniss. Gale está insano, está obcecado. Ele e Cartenia são os verdadeiros culpados. Não precisa ficar dessa maneira, pois você está se salvando. O que você fez até hoje não foi algo digno de culpa, foi algo digno de admiração. Você é uma heroína! Nunca se esqueça disso!" 

   “Uma heroína? Eu? Katniss Everdeen?”- penso. Eu realmente me sinto totalmente o contrário. Por minha causa, milhares de pessoas morreram em toda Panem, e pelo visto mais pessoas morrerão pois tenho que me lembrar que Cartenia estará no comando também. Em minha mente, nenhum dos meus atos foi digno de admiração. Eu sou uma assassina. Ponto e basta.

   Ainda mergulhada em devaneios, penso na criança inocente que cresce dentro de mim. Pobrezinha, como eu cuidarei dela? “ Coitada mesmo é dessa criança que está crescendo dentro de você!”- Johanna gritou para mim ontem à tarde. Ela esfregou as palavras em meu rosto, me forçou a perceber a verdade. Eu não tenho condições de manter essa criança viva e instável. Eu não sou instável!

   Todos os meus pensamentos auto-flagelativos me tiram o sono. Levanto com cuidado e retiro o braço de Peeta que estava me abraçando. Me sento na luxuosa poltrona e o observo. Ele mantinha um rosto pacífico, relaxado e cansado. Eu dou muito trabalho à ele, mas ele ainda me ama. Eu sinceramente não o compreendo. 

   Sua respiração suave era quase imperceptível, tanto que o único vestígio de que ele está vivo é o pequeno movimento de sua blusa que se levantava e se abaixava acompanhando os movimentos involuntários dele. Seus cabelos dourados estavam bagunçados de maneira estranhamente uniforme.

   Ainda admirada, eu vou até a mesinha de cabeceira (devidamente organizada) e retiro com  cuidado a prancheta de desenhos que ele levava junto consigo para todo o canto. Ele havia adicionado novos traços à um desenho ainda não muito claro, mas com alguns rostos definidos como Annie, minha mãe e... Prim? Aquela garotinha loira no canto do desenho, um pouco translúcida devido aos efeitos do desenho era Prim? Deixo o desenho de lado e acho uma folha em branco. Tento imaginá-lo desenhando e tento transpor a lembrança para o papel. Fracasso total e absoluto.

   Me levanto e vou até o frigobar. Apanho um suco de maçã, um pedaço de bolo e um outro doce feito à partir de morangos e leite condensado. Eu não percebi o quanto estava faminta! Meu filho implorava por mais comida e eu o alimentava. Logo eu implorava à mim mesma por mais comida e me alimentava mais ainda. Depois de um tempo eu estava... Saciada, mas ainda estava sem sono.

   Penso em acordar Peeta, mas logo desisto dessa ideia. Decido me deitar ao lado dele e esperar o sono chegar. Se não chegar, eu o espero. Novamente ergo o braço dele que estava posicionado onde a cama possuía um vazio antes ocupado por mim. Infelizmente ele acorda de súbito, mas ao ver que estou ao seu lado, ele sorri e se deita novamente.

-Onde você estava? - ele me pergunta.

-Fui ao banheiro. - minto. “Por favor Peeta, acredite e não me faça perguntas agora!”

-Tudo bem? - “Ufa!”.

-Tudo. 

-Você não foi ao banheiro, não foi? - “Droga!”

-Não. - digo abaixando a cabeça e me deitando em seu peitoral largo. - Como você sabe?

-Diferente de você Katniss, eu sei fingir que estou dormindo.

-Devo admitir que você é um ótimo ator. Desde quando está acordado?

-Desde que você se levantou.

-Certo... - me aconchego mais nele e fico escutando seu coração bater.

-Não consegue dormir?

-Não. 

  

   Ele me afastou um pouco e se sentou. Depois pois um travesseiro em sua perna e me puxou para deitar a cabeça nele. Ele a acariciava meus cabelos, afastando-os de meu rosto enquanto conversava comigo.

-De vez em quando eu penso que te dou muito trabalho. - digo.

-Nunca Katniss! Eu te amo e faria muito mais por você! Eu te fiz uma promessa, lembra?

-Lembro...

-Pois então, não importa o que eu tenha de fazer para você permanecer segura. Eu daria a minha vida por você Katniss.

-Eu sei. eu também Peeta... - eu sinto que ele se aproxima e deposita um beijo em meu rosto. -Pare de falar isso, tudo bem? Eu não te deixaria morrer por minha causa! - digo com os olhos já encharcados.

-E se você morresse, quem eu teria? Você levaria nosso filho junto esqueceu?

-É sério Peeta, pare! Por favor! - digo entre lágrimas. Eu me sento e viro meu rosto em sua direção.

-O que foi Katniss?

-Eu não gosto de pensar nisso. Não quero pensar em você morto! - eu enterro meu rosto em seu ombro e me agarro à seu corpo como se minha vida dependesse disso. E, na verdade, dependia.

   Ele retribui o meu abraço um pouco chocado. Sei o que ele deve estar pensando: “Hormônios de grávida...”

   “Argh! Que ódio dessa... Maldita substância química!” - penso. Lágrimas ainda escorrem por meu rosto enquanto ele acaricia minhas costas. Imagens se passam pela minha cabeça:

   Na primeira Arena, quando estávamos juntos em busca de comida e nos separamos por algum tempo. Ele colhia e eu caçava. Escuto um canhão. Peeta. Canto o nosso código mas não recebo nada em resposta. Sinto o desespero tomar conta de mim e corro em direção ao nosso último ponto de encontro, mas só vejo seu casaco e um punhado de amoras venenosas em cima dele. 

   Na Segunda Arena, quando ele se chocou contra o campo de força e caiu no chão inerte. Morto. Sentia-me despedaçando à cada segundo enquanto buscava algum sinal de vida nele. Nada me indicava um mero sinal vital.

   Durante a rebelião, quando eu imaginava o que a Capital estaria fazendo com ele. Rezava para que ele estivesse vivo e implorava para nos encontrarmos novamente.

-Me desculpe. Eu prometo que não falo mais nisso. - ele diz puxando o meu rosto de volta para sua frente. Ele não via a Katniss por qual se apaixonou aos 5 anos e que lutava pela sobrevivência da família. Ele via a Katniss que o amava, mas sentia-se frágil demais e queria (secretamente) sua ajuda.

   Meus olho inchados e vermelhos deviam estar ridículos agora. Peeta me puxou pela mão até o banheiro e me sentou no tampo do vaso sanitário. Ele andou até a pia e molhou a toalha branca no canto do cômodo. Ele voltou para mim e esfregou com cuidado o meu rosto, usando a toalha como lápis e meu rosto, o rascunho. Ele era muito delicado em seus movimentos. Quando terminou de lavar o meu rosto inchado, ele cutucou a ponta de meu nariz e sorriu. Seu sorriso me cativou e, para finalizar seu trabalho, ele deu um beijo em cada um de meus olhos.

   Voltamos para a cama e nos deitamos mais uma vez. Dessa vez, eu estava deitada em cima dele, com a cabeça em seu peito. Deixo-me levar pelo cansaço e acabo dormindo. Não demoro muito para ser novamente aterrorizada por pesadelos.

   Eu estou no Distrito 2. Um homem tem uma arma apontada para mim. Vejo os olhares apreensivos de Paylor e Gale. Eu discursava sobre a união entre o Distrito onde estávamos e a rebelião, Ao final do discurso, ouço o tiro e me preparo para sentir o impacto da bala contra o meu corpo, mas só sinto-me ser coberta por um corpo. O corpo de Peeta. Ele se lançou em minha frente e recebeu o tiro em meu lugar. Eu era a única a socorrê-lo. Eu gritava por ajuda, mas só recebia olhares de pena de todos os presentes no local. Eu chacoalhava, abraçava e chorava sobre seu corpo inerte. Quando apoio o ouvido em seu peito, só ouço o silêncio. Solto um grito de dor, mas era a dor mais forte que eu já senti em toda minha vida, como se parte de mim fosse arrancada por garras cruéis.

   Acordo, por sorte, em silêncio. Eu não gritava, mas tremia desenfreadamente nos braços dele. Ele me aperta em seu abraço, ainda acordado. Será que ele não dormiu? De qualquer jeito, acho que não vamos dormir hoje.

   Me solto um pouco de seu abraço e busco consolo em seus olhos. Ele parecia preocupado, mas ainda me transmitia conforto dizendo “Está tudo bem, eu estou aqui!”. Eu me sento na cama e fico olhando para a janela no outro lado do quarto. Eu já estava mais calma.

-Eu sempre tive medo de altura. - ele diz. -E sinceramente, não gosto de lembrar que estou em um aerodeslizador à nove mil metros do chão.

   Eu rio de seu comentário e percebo que ele está tentando me animar.

-Você está em um aerodeslizador à nove mil metros do chão. Mas está nele comigo. - volto a deitar com ele apoiando os antebraços em seu peito.

-Onde eu estou mesmo? - ele pergunta. Nós ficamos ali rindo e depois trocamos um beijo rápido. -Ainda quer dormir essa noite? Porque eu sinceramente não estou com o menor sono!

-Nem eu... Mas acho que tem algum jogo se cartas aqui. Eu vi no alto do armário. - eu me levanto e abro o armário. Tateio uma parte dele que está além de meu alcance mas não alcanço o que procuro. Peeta vem até mim e me levanta até uma altura razoável para pegar o jogo dentro de um saco de pano. -Não são cartas... São peças de xadrez!

   Peeta passa o braço no mesmo local onde eu apanhei o saco e tira um quadrado de madeira quadriculada.

-E o tabuleiro. Vamos jogar?

-Peeta, eu nem sabia jogar cartas! Quanto mais xadrez!

-Venha, eu te ensino!

   Nos sentamos na mesa e armamos o tabuleiro. A porta de vidro ao lado da mesa mostrava que algumas outras cabines também estavam acesas. Afinal de contas, enchemos um aerodeslizador de vitoriosos! Todos eles sofrem pela mesma causa!

   Eram três da manha quando começamos a jogar. Quando paramos, eram cinco. Passamos mais duas horas deitados na cama brincando com as peças do jogo.

-Oh meu deus! Me salvem! Me salvem! - disse Peeta com uma voz em infantil. Ele simulava a fala de uma peça, acho que o rei.

-Ei, se quiserem comer o rei, terão de se ver comigo! - digo simulando a voz da peça da rainha.

   Depois de um bom tempo fazendo criancices, resolvemos que é uma boa hora para trocar de roupa. Mas é claro, depois de um banho! Peeta abriu a porta do banheiro para mim e disse:

-Primeiro as damas.

-Obrigada! Eu pus as suas roupas no lado esquerdo do armário.

-Tudo bem, então... - ele coçou a nuca. Mau sinal. -Você quer que eu...

-Quando eu acabar eu te chamo.

-Ok.

   Só não me tranco no banheiro porque confio em Peeta. Sei que ele não estava pensando besteira, mas depois de ficar tanto tempo juntos hoje... Não sei bem o que dizer, acho que “esquisito” é a melhor definição.

   Termino o banho e me viro para... Onde está a toalha? Oh não, de novo não! Eu podia jurar que a toalha estava no lado esquerdo da porta. Agora eu lembrei! Peeta puxou a toalha que estava ali antes de fechar a porta!

-Peeta! - chamei-o. Eu estava sentada no box esperando-o chegar. Passei os braços em volta do corpo, escondendo boa parte dele. Eu esperava ver em ser rosto alguma malícia ou algo que indicasse que ele havia feito aquilo de propósito, como qualquer outro homem faria (segundo Johanna). Mas Peeta não é como qualquer outro homem. Ele é ingênuo. Não faria isso como uma brincadeira de mal gosto. Poucos segundos se passam até que ele abre a porta com cuidado.

-Aconteceu alguma coisa? - ele perguntou.

-A toalha. - digo entre risos.

-Ah, claro! - ele sai e volta um pouco depois, me entregando a toalha. -Aquela que tínhamos aqui estava molhada. Eu pedi para uma arrumadeira trazer outra toalha mas ela só voltou agora.

-Obrigada. Se incomoda de virar? 

-Não, não. Fique à vontade. - ele se virou e eu me levantei enrolando a toalha em volta do meu corpo.

-Pode tomar banho agora.

-Obrigada mas... Eu preciso da toalha. Não se preocupe, eu fecho os olhos!

   Eu desenrolo a toalha do corpo e corro para fora do banheiro agarrada à minha roupa. Nota mental: verifique sempre se há uma toalha no banheiro, pois assim você pode evitar situações constrangedoras.

   Visto-me com rapidez. Ponho a calça, a camisa de mangas compridas e a minha amada bota ugg. Fico esperando Peeta voltar do banho enquanto penteava meus cabelos. Decidi não fazer uma trança hoje, pois queria deixá-lo mais natural. O som de água caindo cessa e logo Peeta sai do banheiro (para minha sanidade) vestido. Não que eu me incomode com a nudez mas eu ainda preciso me acostumar com essa intimidade.

   Ele deixou a toalha no banheiro e pegou um casaco para ele e para mim. Eu particularmente não gostava de sobretudos, pois eu me sentia diferente demais. Porém, o frio contradizia todos os meus princípios.

   Saímos para finalmente encontrar um restaurante cheio de pessoas. Nos sentamos com Johanna e Annie.

-Como passaram a noite? - eu pergunto devorando um prato de frutas que Peeta montou.

-No quarto novo? Maravilhosamente bem! Mesmo sem dormir eu assisti televisão, comi, joguei paciência, comi... - Johanna respondeu. Annie simplesmente riu.

-Você são colegas de quarto, não são? - eu pergunto e elas só assentem com a cabeça. -Vocês não dormiram? - novamente elas acenam com a cabeça.

-Felix não deixou! - disse Annie.

   O resto do café da manhã foi tranquilo e satisfatório. Voltamos para o quarto sem programações. Hoje o dia seria livre mas amanhã teremos uma “aula” sobre a ilha Vitoria. No caminho para o quarto (que por sinal era longe) encontramos Taran analisando uma prancheta com informações médicas.

-Ei, Taran! - chamei. Ele levantou a cabeça e sorriu exibindo uma fileira alinhada de dentes brancos.

-Senhorita Everdeen! Que bom que está melhor!

   Eu o cumprimento com um abraço mesmo com o olhar de Peeta sobre mim. Ele sabe que Taran praticamente salvou a minha vida e que sou eternamente grata à ele.

-Como está esse Lobo Occibital?- ele pergunta virando a minha cabeça. -Vejo que o incahço já passou.

-Eu tive observação 24 horas. - digo apontando para Peeta.

-Até mais tarde! - ele disse e saiu andando.

   Eu e Peeta chegamos ao quarto ainda agitados por termos um dia livre.

-O que acha de irmos para o cassino do andar abaixo? - ele pergunta.

-Não tenho muita sorte no jogo...

-Mas tem sorte no amor. - ele diz beijando o meu rosto.

-Prefiro desse jeito.

-Eu também.

-Tem um jardim no quarto andar. Com direito a lagos artificiais e flores.

-Gostei da ideia. 

-Então vamos!

   Pegamos um elevador e subimos para o quarto andar. Era impossível que tudo aquilo estivesse construído em um objeto que está em constante movimento. Tinha árvores, flores, bancos para piquenique, bicicletas, um lago... E ainda haviam pessoas que embarcaram no Distrito 4 junto conosco. A tarde foi até divertida, pois encontramos com Annie e Johanna tentando ensinar Felix a andar. Tentamos de tudo mais o pequeno não dava mais do que alguns passos e logo caia.

-Vamos Felix! Corre pra mamãe! - Annie dizia ajoelhada no chão enquanto o bebê andava a passos lentos e desajeitados até seus braços abertos.

-Ele está chegando! - Peeta acompanhava Felix de perto para, caso Felix caia no chão, ele evite um machucado.

   Quando Felix estava à três passos de Annie, seus pés se atrasaram e ele quase caiu... Se Peeta não o tivesse segurado, ele estaria com um machucado gigantesco na boca. Eu e Johanna estávamos sentadas embaixo de uma árvore conversando sobre as casas da ilha. Quando Felix tropeçou, nossos corações vieram à boca em um solavanco bruto, mas logo nos acalmamos.

   Logo estava na hora do jantar e meu filho já golpeava meu estômago em busca de comida. Antes de nos dirigirmos ao elevador novamente, Johanna veio nos apresentar duas jovens (detalhe simples: elas carregavam uma cesta de piquenique enorme!). Uma era morena de olhos escuros e pele levemente marrom, ela com certeza era mais velha do que eu. A outra era meio morena de pele clara e parecia ter a minha idade.

-Pessoal, essas são Irene... - ela apontou para a mais velha. -E Lyra. - apontou para a outra. Ambas apertaram nossas mãos e demoraram um pouco brincando com Felix... Afinal, quem resiste à Felix? Ele é uma quase cópia de Finnick com o rosto de bebê! 

-Nós trouxemos um jantar e gostaríamos que comessem conosco! - Irene disse animada. Com certeza ela era uma das fãs de meu romance com Peeta, já que ela não desgruda os olhos de nós. Eles se movem de Peeta para mim, de mim para Peeta e assim sucessivamente. Todos nos entreolhamos e acho que concordamos (já que nossa última discussão de olhares foi simplesmente um desentendimento coletivo).

-Tudo bem! - dizemos em uníssono. “Ufa!”

   Nos sentamos sobre uma toalha de piquenique quadriculada. Eu me sentei no colo de Peeta, que insistiu nessa ideia até eu desistir de contrariá-lo. As meninas trouxeram um pote enorme de macarronada e outro com molho de tomate. Elas nos entregaram tigelas fundas e talheres. Antes de começar a comer nós conversamos com nossas novas amigas.

-Bem, o que acham de nos contar mais sobre vocês? - Annie sugere.

-Meu nome é Irene Lurger e eu era do Distrito 11. Eu era a prima de Rue... - ela disse solenemente. Meu coração disparou. A lembrança de Rue sempre me deixava abalada. Peeta me aninhou em seus braços e acariciou minhas costas me transmitindo conforto. Ela se virou para mim, olhando diretamente em meus olhos -Depois que... Você sabe, eu torci por você nos Jogos e no Massacre. O que você fez por minha prima me inspirou Katniss. Eu entrei na rebelião e até fui para o Distrito 13, mas não passei no teste para o esquadrão de vocês. Recebi a proposta para ir à ilha no mês passado.

   Quando ela terminou as breves palavras, todos estavam em silêncio. Eu tinha lágrimas nos olhos por causa das lembranças de Rue. Irene estava visivelmente abalada, mas acho que já havia gasto todas as lágrimas que tinha em relação à ela. Annie resolveu cortar o clima funesto que nos cercava.

-E você Lyra?

-Ah, meu nome é Lyra Hobbs e eu era do Distrito 5. Eu também me alistei à rebelião e fui ao Distrito 13. Lá, eu dividi quarto com a Irene mas não fiz o teste para o esquadrão. Assim como todos os rebeldes, eu fui convidada para ir à ilha Vitoria. Mas foi a quatro meses atrás e eu estava com alguns problemas em casa.

-Certo. - disse Annie. 

-Vocês poderiam se apresentar também! - disse Lyra. Nós a encaramos rapidamente, já que nos viramos para o macarrão. -É só uma ideia...

   Eu me virei para Johanna que já estava prestes a responder e apontei com a cabeça para Peeta. Acho que seria ruim para ele se lembrar de tudo o que passou e ainda contar para duas meninas desconhecidas. Johanna entendeu mas ainda assim respondeu.

-Tudo bem, mas uma breve história, OK? Sem contar muito sobre a vida, só como chegamos aqui. -”Vadia!”

-Mas Johanna... - começo a dizer.

-Fica calma garota! Acho que ele consegue. 

   Peeta que estava concentrado na macarronada levantou a cabeça rapidamente para procurar entender o que estava acontecendo.

-O que eu consigo? - ele pergunta todo sujo de macarrão. Pego um guardanapo na cesta e limpo a boca dele arrancando suspiros de Irene. “Suposição confirmada, ela é uma de nossas fãs.”

-Consegue contar a historia de como chegou até aqui. - digo. -Mas se você não quiser...

-Não, não. Esta tudo bem Katniss. Eu consigo. - ele pôs a tigela no chão e começou a falar. -Meu nome é Peeta Mellark e eu era do Distrito 12. Antes de estar aqui, fui telessequestrado pela Capital, depois resgatado e incluso na rebelião. Após a rebelião, eu voltei para o Distrito 12 e voltei a viver com Katniss. Hoje eu estou noivo e serei pai.

   Acho que esquecemos de contar para as meninas que eu estou grávida, porque elas quase gritaram de tanta animação. Elas nos parabenizaram e se acalmaram para ouvir a história de Annie. Até que Peeta não teve reações negativas às lembranças. Ele me aconchegou em seus braços e voltou a atenção para Annie.

-Meu nome é Annie Odair e eu era do Distrito 4. Eu sou viúva, mãe e vitoriosa. Recebi a proposta de morar na ilha há dois meses. É só isso que quero contar.

-Tudo bem... -disse Johanna insensivelmente. -Minha vez! Meu nome é Johanna Mason e eu era do Distrito 7. Recebi a proposta há três anos atrás e fui a principal investidora do projeto. Eu arquitetei e forneci madeira para a construção de todas as casas da ilha. 

-Que legal! - disse Irene. -Bem, eu já acabei de comer.

-Eu também. - todos dizem menos eu.

-Eu não acabei não! Ainda tenho uma criança para alimentar! - digo voltando a encher a tigela de comida e arrancando risadas de todos.

   A conversa estava ótima, mas o sono estava me atacando. Lembro-me que não dormi na noite anterior mas eu não queria sair dali. Eu estava me divertindo depois dos acontecimentos recentes e isso era precioso para mim. 

   Discretamente eu me aconcheguei mais nos braço de Peeta e ele me abraçou mais ainda. Podia ouvir sua voz vibrando em meu ouvido conforme ele falava, já que estava com o ouvido em seu peito. Mesmo estando em um aerodeslizador, o local estava esfriando.

-O que acham de irmos para o nosso quarto? - Lyra sugere. Peeta me sacode em busca de uma resposta e eu assinto com a cabeça.

-Tudo bem, vamos! - Peeta respondeu.

-Katniss, pode ir dormir se quiser. - Irene diz. Sem Peeta? Não, acho que seria bem difícil dormir sem ele. Eu aguento mais um pouco.

-Não é problema. Vamos?

   Nós nos levantamos e guardamos nossas coisas na cesta. O quarto das meninas era grande, ou melhor, maior do que o nosso. Continuamos a conversar até que decidimos ligar a TV. A manchete era a seguinte:

“Capital é tomada à força por novos governantes: Gale Hawthorne e Cartenia Snow.”



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Notas finais do capítulo

Legal? Bom? Especial? Bem, demorou 3 dias para escrever, é melhor ficar bom não é? Hoje eu fiz questão de postar além desse capítulo, as fotos dos personagens! Olhem o próximo capítulo! Beijos, obrigada por lerem!