Dandelion escrita por MissMe


Capítulo 12
A vista


Notas iniciais do capítulo

Oi! Como prometido, um capítulo novinho saído do forno! Me desculpem a demora, mas estou com probleminhas na escola... Não vou encher vocês e deixá-los mais ansiosos pelo capítulo. Aproveitem!



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  Eu e Annie começamos a ficar apreensivas. Peeta estava do outro lado do corredor e minha mãe estava no quinto andar junto de Johanna. Segundo os enfermeiros, os pacificadores usam o angar para passar o tempo enquanto não cuidam do resto do aeroporto.

-O que vamos fazer? - digo assustada. Era possível ouvir as risadas e passos dos pacificadores sem nem por os ouvidos na parede. Estava claro que não sairíamos do quarto tão cedo quanto o esperado.

   O relógio de Annie já marcava uma hora da tarde. Às seis todos deveriam se apresentar no terminal marcado. Os pacificadores passavam pelo corredor a todo tempo, o que fazia minhas expectativas alternarem entre sucesso e fracasso.

-Tem algum telefone aqui? - eu pergunto sussurrando. A última coisa que queremos é ser descobertos, por isso mesmo sem um ruído no corredor, temos de ser silenciosos.

-Não adianta ligar! O barulho é muito alto, vão nos descobrir! - responde Taran. Ele é um dos três enfermeiros que entrou aqui fugindo dos pacificadores. Ele provavelmente é do Distrito 1 pois suas feições são finas e delicadas como as de uma criança. Ele era esguio, porém não era muito forte, ele tinha... Postura. E sinceramente, era bonito comparado aos brutamontes que entraram junto com ele. Se não me engano seus nomes são Max e Augustus. 

-Como vamos avisar aos outros que estamos em perigo? - pergunto em pânico.

-Já estão todos avisados. Quando estávamos comprando o almoço, combinamos de cada um se instalar em um quarto já que os pacificadores estavam marcando a entrada. Quando conseguimos achar uma brecha no caminho, percebemos que os pacificadores no horário de folga estavam se dirigindo para o angar 15. Então corremos como loucos e entramos em qualquer quarto que estivesse ocupado por vocês. Eu saí correndo e encontrei o quarto das senhoritas, mas os dois bobões correram atrás de mim quase gritando: “Leva a gente! Leva a gente!” - ele fez uma imitação de voz feminina e riu do próprio comentário.

-Se divertindo, Taran? - perguntou Max. -Saiba que nós corremos para cá primeiro e foi você que correu atrás de nós! - Taran ri de seu comentário e Max bufa de raiva. -Queria te jogar para fora desse quarto. Queria muito, mas isso comprometeria as senhoritas. - ele aponta para mim e Annie.

-Tem alguém no quarto da frente? - Annie pergunta.

-Tem sim, Srta. Cresta. Tanto nos da frente quanto nos dos lados. E todos estão com algum responsável que os guiará até o aerodeslizador. À frente creio que se encontra o Sr. Abernaty e o inventor que o nome, eu não me recordo. Ao lado se encontra a Srta. Trinket.

-E em relação ao quinto andar? - pergunto. -Minha mãe está lá com Johanna! Ela está administrando um hospital improvisado...

-Sei bem, o que serviu para socorrer que estava desmaiando de fome...

-E então? O que foi feito deles?

-Eles começaram a tirar o equipamento do quinto andar hoje pela manhã. Estava quase tudo evacuado quando os pacificadores começaram a se reunir no terceiro andar.

-Como eles saíram tão rápido? - Annie pergunta.

-De escadas ora!

-E nós? Como vamos sair daqui? - eu pergunto com um nó na garganta. “Malditos hormônios de grávida...” - penso.

   Taran fica em silêncio por um tempo e olha para Max em um pedido de ajuda. Annie vai até Felix em seu “super berço” e aperta um botão na lateral. Imediatamente um cúpula de acrílico se fecha em torno da abertura do berço.

-Annie, o que está fazendo?

-Isolamento sonoro. Vamos fugir pelo corredor. Ele dá acesso ao aerodeslizador. - ela diz e pega o berço apoiando-o no braço como se fosse uma bolsa, só que com mais delicadeza.

-Exatamente! É só seguir até o final do corredor e embarcar. Vamos em grupos, tudo bem? - eu sugiro.

   Ficamos sentados à espera de um sinal de Augustus para correr. Ele e Annie vão correr até o final do corredor e vão embarcar no aerodeslizador. Eu, Taran e Max vamos até o quarto da frente chamar Peeta e Haymitch.

   Augustus dá o sinal para Annie sair em sua frente e eles partem. Esperamos para saber se eles chegaram em segurança olhando pela janela (que fornecia a vista do aerodeslizador um pouco mais à esquerda). Quando vejo Annie ser recebida por uma das aeromoças consigo respirar um pouco mais aliviada. Agora era a minha vez. Max espera um pouco e dá o sinal para que eu saia e espere Taran me dar cobertura. Atravesso o corredor correndo e ponho a mão na maçaneta, mas quando a giro, a porta não se abre em resposta.

   Trancada. A porta estava trancada. Eu bati de leve na porta sem fazer barulhos muito graves mas ela não abriu.

-Peeta... - sussurrei. -Sou eu, Katniss. Me deixe entrar!

   A porta rangeu mas quando ia se abrir Taran se apressou em me puxar de volta para o quarto.

-O que houve? - perguntei mas antes que ele respondesse eu consigo ouvir os passos do lado de fora do quarto.

-E aí, eles já estão lá em cima? - perguntou um dos pacificadores.

-Já. Você trouxe o baralho para o jogo de hoje? Apostas acima de quatro salmões!  - o outro perguntou.

-Trouxe mais eu deixei no posto, junto do congelador. Vamos voltar! - ele ordenou. Só é possível ouvir os passos correndo de volta ao início do corredor. Ficamos em silêncio até o silêncio se restabelecer totalmente então eu volto a atravessar o corredor com pressa.

-Peeta abre logo! - sussurro desesperada.

-Estou tentando, só que não consigo girar a chave! - ouço-o responder do outro lado da porta. Depois de alguns segundos eu ouço passos correndo no corredor. -Droga Haymitch! O que você fez com essa porta?

-Rápido Peeta, eles estão chegando!

   Mesmo que ele abrisse naquele exato instante, não adiantaria porque os homens voltaram correndo com um pouco de pressa . Eu tentei voltar para o quarto mais Taran não tinha tempo de me socorrer. Não podia correr para o aerodeslizador pois eu denunciaria todos nós. Decidi ficar parada e me preparar para um combate corpo a corpo.

-Ei você! - o homem se aproximou e pelo visto me reconheceu. -Não pode ser! Você deveria estar... Deixe pra lá! Você vale mais viva. Pegue ela! 

   O homem avançou em mim mas eu desviei de suas mãos. Ele tentou uma investida e segurou o meu punho. Minha reação foi imediatamente socar seu antebraço fazendo-o soltar meu pulso e deixar a algema cair. Tentei correr mas o outro pacificador me segurou pelo braço e me jogou na parede fazendo um estrondo absurdo. Sabia que o que provocara o estrondo fora minha cabeça que violentamente se chocou contra a parede. A dor era tão intensa que eu poderia gritar, se não sentisse meus sentidos falhando.

   

   Toda essa pequena luta durou menos de cinco segundos e eu já estava derrotada. O pacificador sorriu vitorioso e tentou me carregar no colo.

   Antes mesmo de se aproximar, a minha porta se abriu e dela saiu Taran com algo parecido com um porrete metálico. Ele golpeou a cabeça dos dois com uma velocidade inacreditável. A tontura que eu senti foi o suficiente para trocar o meu norte. Tudo rodopiava enquanto uns quatro Tarans vinham em minha direção. Por um momento, eu ignorei suas palavras me focando na porta que Peeta tentava desesperadamente abrir a porta. “Anda, abra! Katniss eu estou indo! Aguente um pouco! Haymitch abra logo essa porta, Katniss foi atacada!” - eu consegui ouvir seus berros na porta ao lado.

-Srta. Everdeen, acompanhe o meu dedo! - ele pôs um dedo entre meus olhos e avançou com ele para a direita e esquerda enquanto eu tentava acompanhá-lo sem sucesso. “Céus! Que tontura!” - pensei. Ela era violentíssima e me dava vontade de fechar os olhos e esperar que passasse. -Srta. Everdeen, fique comigo, OK? Não feche os olhos agora, terá bastante tempo quando chegarmos à cabine! -  ele puxou a minha cabeça para frente, provavelmente para analisar o ferimento. -Ótimo, nada grave.

   Um pouco depois vejo Peeta escancarar a porta, finalmente abrindo-a. Ele sai primeiro, depois Haymitch, depois outro homem de branco. Taran saiu de perto de mim dando lugar à Peeta. Ele se abaixou ao meu lado e puxou meu corpo (que estava praticamente estirado no chão) para a posição vertical, me deixando sentada. Era possível sentir o sangue mudando de fluxo e me deixando mais tonta do que o possível.

-Katniss! O que houve?!  - ele está bem em frente a mim e eu tento acompanhar suas palavras com dificuldade. Sinto vagamente seus braços envolverem meu corpo e me erguerem. Assim que ele me levanta, me permito fechar os olhos para recuperar os sentidos. Mais uma vez, mas foi inútil.

   “Droga! Por que isso sempre acontece comigo justamente nessas horas? Quando eu mais preciso dos meus sentidos, eles simplesmente fogem de minha capacidade!” - penso ainda aninhada ao corpo de Peeta sem ter controle nenhuma das ações do meu corpo.

   Depois de alguma discussão (da qual não entendi nenhuma palavra) Peeta começa a se mover silenciosamente comigo até o final do corredor e chegamos até a entrada do aerodeslizador onde uma aeromoça assustada nos atendeu.

-O que houve com ela?! - a aeromoça perguntou estupefata, mas sem perder o tom melodramático muito usado por elas ultimamente,

-Preste atenção ela está grávida e foi atingida com força na cabeça. Onde podemos cuidar dela? - Peeta fala com calma, mas sua voz soa com um oculto desespero.

   Enquanto nos guia pelo corredor, a aeromoça indica todos os detalhes que foram modificados no aerodeslizador para garantir mais conforto aos passageiros.

-Argh! - murmuro voltando a recuperar meus sentidos. Peeta volta os olhos para mim e eu começo a recuperar o foco. -Peeta...

-Oi Katniss! - ele ri aliviado. -Dá próxima vez você não me expulsa do quarto!

-Desculpa... Mas eu tive uma ótima conversa com a Annie.

-Sobre?

-Posso te contar depois? Eu não estou me sentindo muito bem agora... - eu me aconchego mais em seus braços. Ele ri.

   Quando o sinto parar, eu me viro para olhar aonde estamos. “Nossa!” - penso. Aquele era o nosso quarto só que mais decorado, com janela, banheiro, espelho, armário e etc... Estava tão diferente! Peeta se adiantou e me deitou na cama, enquanto a enfermeira ia até o frigobar e retirava um pequeno saquinho com gelo. Eu me arrepiei com o contato do gelo em minha pele quente, mas logo me acostumei.

-Nossa, isso está gelado demais! - eu digo.

-Você se acostuma rapidamente. Vem cá! - ele salta para cima da cama (detalhe, agora ela era de casal!) e me toma em um beijo apaixonado e apressado. Quando nos soltamos em busca de ar, ele me abraça com força. -Você tem que parar de me dar sustos! Caso contrário eu serei um pai hipertenso! 

   

   Nós dois desatamos a conversar e logo recebemos uma outra aeromoça alegre, talvez a mesma que nos ajudou, oferecendo um lanche que aos olhos parecia delicioso. Peeta se dirigiu até a porta transparente e pagou a moça com o que sobrou de nosso dinheiro de Panem. 

   A tarde se arrastou enquanto esperávamos apreensivos pela decolagem. Logo chegamos a marca de 18h e sentimos o aerodeslizador levitar e se afastar.

   Levanto da cama e, cambaleante, corro até a janela extensa que dá uma vista magnífica do céu.

-O que foi Katniss? - Peeta perguntou e se juntou a mim. Sinto uma lágrima fina escorrer pelo meu rosto e a seco rapidamente.

-Eu não queria sair de Panem desse jeito. Sinto que estou deixando a minha casa para trás.

   A vista me deixava paralisada por tamanha beleza. Peeta me abraçou por trás buscando me consolar. Sem sucesso.

-Escute, não foi culpa sua. Temos que sair para dar um futuro melhor para o nosso filho. Vamos começar uma vida nova. 

-Você não entende Peeta. - eu me viro para fitá-lo e encontro seus olhos confusos. -Você está certo em tudo, menos em uma coisa... A culpa é minha Peeta. A culpa é toda minha!

   Eu me entrego às lágrimas que me sufocam e o abraço com força. Ele retribui o abraço com a mesma intensidade, mas ele acaricia meus cabelos carinhosamente tomando cuidado para não passar a mão na área da minha cabeça que foi ferida hoje.

-A culpa não é sua Katniss. Gale está insano, está obcecado. Ele e Cartenia são os verdadeiros culpados. Não precisa ficar dessa maneira, pois você está se salvando. O que você fez até hoje não foi algo digno de culpa, foi algo digno de admiração. Você é uma heroína! Nunca se esqueça disso!

-Eu não me sinto uma heroína. - digo escondendo meu rosto em seu pescoço.

-Nem precisa, você precisa ter consciência disso. - ele me solta e deita na cama. 

   Enquanto isso, eu aprecio minha última vista de Panem, me despedindo das lembranças que tive aqui, em meu verdadeiro lar. Me recordo de cada momento vivido aqui: desde a infância com meu pai até meu grand-finálle nos jogos. Me despeço de cada pessoa boa que conheço e ainda vive ali, e desejo boa sorte para todos que viverão na nova Panem. À aqueles que ficam, eu lhes desejo esperança. Esperança é a única coisa que pode confortá-los agora, é a única coisa mais forte do que o medo.



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Notas finais do capítulo

Então, a espera valeu a pena? Espero mesmo que tenham gostado! Esse foi um dos capítulos que eu mais me dediquei a escrever. Para terem uma noção de como essa semana foi complicada, eu li dois livros paradidáticos, fiz um resumo de três páginas, fiz uma tabela com todas as conjugações de verbos de todos os modos (subjuntivo, indicativo e imperativo) e amanhã ainda tem teste de matemática! Eu sei que estou enchendo o saco falando isso, então simplesmente ignorem porque quando eu estou cansada eu fico falando (nesse caso, escrevendo) besteira. Enfim, comentem e quero sugestões sobre como melhorar os capítulos! Beijos e obrigada por lerem!
PREVISÃO PARA O PRÓXIMO CAPÍTULO:
SEGUNDA FEIRA (MEU NIVER! VOU DAR UM PRESENTE PARA VOCÊS!) 14/05