Fugindo Para O País Das Maravilhas escrita por Oliver Adkins


Capítulo 6
Confusões


Notas iniciais do capítulo

Vai soar confuso



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— Alice, querida... — O homem á minha frente disse, em seguida deu mais uma risada, maníaca como as outras.

— Como sabe meu nome?! — Repliquei imediatamente, sem olhar para ele.

Meus olhos estavam fixados no chão, minha voz estava impregnada de ódio. Meu rosto se contraiu de um modo estranho, minha respiração estava rápida e lágrimas começaram a escorrer em meu rosto.

Raiva.

Eu não estava molhada.

— Calminha. — Ele falou e riu mais uma vez.

— Ria só mais uma vez. Eu iria adorar.

— Oh, vejo que alguém aqui não está em um dia muito bom.

— Você tem algum problema de audição? Perguntei como sabe meu nome. — Falei imediatamente.

— A pergunta deveria ser ‘quem é que não sabe?’. — Ele falou, fez uma pausa longa. — Tome isto aqui. Um dos lados do cogumelo deve fazer você crescer, o outro deve fazer você diminuir.

Ele jogou para perto de mim, um pedaço de... Um comelo. Era do meu tamanho e foi jogado ao meu lado, por pouco não caia em mim.

Cansada de ser a Alice descrita em livros e filmes, novamente.

— Eu não vou comer. — Respondi, ainda sem olhar para ele.

Ele soltou mais uma risada maníaca, nojenta risada!

Me ajoelhei ao lado do cogumelo e provei o lado direito. Alguns instantes depois eu estava diminuindo, provavelmente do tamanho de uma formiga, fui até o lado esquerdo e dei várias mordidas. De repente me vi crescendo desproporcionalmente, eu tinha quebrado o aquário onde estava, ferido um de meus ombros e também minha perna. Eu estava, agora de pé em cima de uma mesa que estava para quebrar.

Meu olhar era, certamente, assustado enquanto eu via o mundo diminuir e um homem  de vestes bastante estranhas rir de mim. Minha cabeça bateu no teto do lugar, e quebrou-o.

 Meu vestido não se rasgara e meu tênis também não. Meu vestido era, agora, preto com detalhes vermelhos. Meu tênis e uma cor que eu não conseguia reconhecer, certamente muito... Muito diferente, nunca vista por mim em lugar nenhum.

— Alice! Ahaha! — Ele tornou a rir daquele modo nojento.

Minha cabeça já estava para fora da casa, assim como meus braços. Minhas pernas estavam prestes a saltar para fora dali também, antes disso eu movimentei-as bruscamente tentando acertar o homem lá dentro. Pude sentir algo bater contra mim, depois escutei um grito alegre e o som de uma coisa se quebrando, nem mais um ruído daquele um.

Estava machucada. Eu ainda podia sentir cada caquinho de lâmpadas, louças, diversos tipos de decorações e janelas cortarem minha perna. Os talheres também faziam estragos nas minhas costas. Enquanto eu crescia e obrigava as moveis e tudo que havia dentro daquele lugar á se romper, rachar ou quebrar.

De repente um estrondo maior do que os barulhos que já eram costumeiros da destruição que eu estava fazendo, as paredes caíram, o telhado já não existia.

Então cai violentamente no chão, ouve um tremor. Árvores caíram a minha volta, pude ver galhos e folhas roçarem minha cabeça e meu rosto. Com certeza de um jeito que eu não estava acostumada: um jeito com certeza muito pequeno.

Meus olhos não se fecharam em nenhum momento, eu tinha noção de tudo que estava acontecendo ali, apesar de me focar em descobrir o que estava acontecendo com meu corpo oculto dentro da casa.

Eu apenas levantei um pouco minha cabeça, então dei por mim que estava tão grande quanto jamais desejara. Eu não devia me importar com isso agora. Eu me sentia, de algum modo, traída. Estava pegando fogo de tanta raiva, eu quase que podia sentir meus olhos demonstrando isso a quem quer que estivesse ali. Eu senti meu sangue ir para o rosto, me deixando vermelha. Pus me sentada e depois agachada, para que pudesse me concentrar naquela clareira e em quem estava ali...

Então... Eu reconhecia! Era o chapeleiro! O homem maníaco!

O sangue que escorria por todo meu corpo parecia me dar força ao invés de tira-la. Eu peguei o chapeleiro na mão e deixei-o bem na frente de meus olhos, observei-o com aquele olhar cheio de fúria por um bom tempo: Os cabelos ruivos do chapeleiro estavam lisos, no mínimo bonitos, caiam sobre seu ombro com delicadeza... Mas ele não era bem arrumado. Seu terno era de um tecido que eu não reconhecia, mas marrom, não sei se era bem um terno ou só um casaco que um dia havia sido um tanto social, estava todo remendado e quase se tornando amarelo em algumas partes e, em outras, completamente rasgado. Sua calça e sapatos eram do mesmo jeito “mendigo” do casaco. As únicas coisas boas nele eram seu cabelo e seu... seu... Seu chapéu! Imediatamente tirei o chapéu e guardei-o no meu bolso.

— Não solte nem uma mais dessas risadas nojentas! — Gritei com uma voz que não pude reconhecer, e tão alto que vi os cabelos do Chapeleiro se arrebatarem tomando diferentes rumos.

Ele fez.

Uma raiva sobre-humana tomar conta de mim, eu tive vontade de joga-lo o mais longe que pude... Mas ele iria morrer. Eu queria respostas! Respostas! Mas respostas para quê? Por que eu me sentia traída daquele jeito?

Enquanto eu me perdi em perguntas que eu não sabia como responder para obter resposta, o Chapeleiro se aproveitou desses instantes e conseguiu se esgueirar para fora de minha mão. Quando dei por mim, ele já estava subindo pelo meu braço. Veio até minha orelha, que subiu com dificuldade, e gritou o que soou como sussurro:

— Me desculpe, querida. — Ele sorriu — Mas é involuntário! Um tique nervoso! — Então riu mais uma vez daquele jeito, tive vontade de mata-lo. — Mas sei como deve soar isso.

— Ah, não, não sabe!

— Sei.

— Não seja infantil! Diga o que quer comigo!

— Como posso dizer isso se você é quem veio até mim? Você é que quer repostas... Faça as perguntas e as terá... — Ele fez uma pausa longa enquanto me observava e um sorriso irônico, que me dava raiva, se formou em seu rosto — Não pode, não é?  Pobre Alice! Pergunte, pergunte.

— Chapeleiro maldito! — Eu não tomava mais conta de minhas palavras.

Eu não era mais a Alice... Na verdade era. Mas encurralada num canto. Como um criança, que eu era, jogada num beco escuro morrendo de medo. Exatamente como eu me sentia. No beco escuro de minha consciência, sem poder algum. Sentada, chorando, abraçando os joelhos enquanto pensava em algum jeito de sair dali ou o que fazer. A Alice que falava com o Chapeleiro era outra, eu quase podia ver ela. Eu achei que podia sair dali e tomar controle novamente, mas aí, barreiras me cercaram cobrindo qualquer contato que eu teria com o exterior de minha própria mente.

                                                      Point of view: Alice Stayne

Eu sentia o poder. O poder sobre o corpo e sobre a irritante Alicezinha que simplesmente se entregou á mim. Seu sentimento de traição quem sabe fizesse sentido... Não mais. Não quando cercada por minha força. A força que eu tinha sobre ela! Sobre seu corpo e mente. Sorri. O Chapeleiro riu mais uma vez, e eu sabia que ela finalmente não poderia ouvir ou ver nada porque ela não se revoltou.

— Rápido, idiota. — Eu disse.

— Quem disse? — Ele perguntou, fingindo que me ignorava quando, na verdade, estava em cima da minha orelha.

— Eu disse rápido. Instruções, idiota. — O poder era delicioso.

— Staynezinha? — Perguntou.

— Majestade Alice Stayne, para você. — Eu soltei uma risadinha de orgulho de mim mesma.

— Seu pai deve ter te ensinando muito bem, hein?

— Ele é ótimo. Mas já nasci com essa sede de poder... Ele criou um monstro. Em fim...O próximo passo?


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Notas finais do capítulo

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