OTAMV 2: A Prima escrita por Azzula


Capítulo 21
Adeus Praia, Rammen's Cia e Sorvete


Notas iniciais do capítulo

COMEBACK. [/só que não. Mereço tomar um litro de dipirona por sumir assim, sei disso! Estou até com vergonha por esse quase um mês de hiato, mas estou de volta sem ter muito o que dizer para me desculpar, a não ser ME DESCULPEEEM .~~~.
Boa leitura meus amores, espero que gostem, e notas finais ♥



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E lá estava eu, mais uma vez aos pés do mar. A brisa batendo fresca em meu rosto enquanto o sol se escondia no horizonte. Era lindo demais de se ver, era um privilégio na verdade... Eu iria embora, com um aperto desconfortável no coração e um gostinho de missão inacabada, mas as coisas também estavam inacabadas na Coréia, onde eu provavelmente seria mais feliz.

Não me agradava deixar as coisas mal resolvidas, mas eu teria de deixar o sonho dos meus falecidos pais para dar continuidade ao meu, que estava só começando ainda. Apertei os olhos, impedindo que a lágrima dolorida escapasse por eles, e respirei fundo, tendo os dedos carinhosos de Kiseop entrelaçados aos meus.

_ Eu só vim me despedir... – murmurei. Ele não disse nada, apenas beijou-me a testa e brincou com meus cabelos enquanto seus dedos dos pés afundavam-se na areia molhada.

_ O clima aqui é realmente imprevisível... – debochou. – Tem fome? – perguntou após alguns minutos em silêncio. Eu apenas afirmei com a cabeça, seguindo adiante, para onde havia enterrado meus pais.

_ Eu preciso de um minuto. – disse a ele, ajoelhando-me perto de onde havia enterrado simbolicamente meus queridos pais e despedi-me em português. – Só espero não desapontá-los, aonde quer que estejam... Eu estou tentando fazer a coisa certa, e acho que é por esse caminho. Mesmo assim, meu coração sempre irá pertencer a esse lugar, e vocês vão sempre estar guardados em minhas melhores lembranças...

Ao me levantar, Kiseop não tinha uma expressão confusa, como sempre fazia ao me ver falando outro idioma. Ele pareceu entender, mesmo sem compreender uma palavra sequer do que eu havia dito. Seu braço logo envolveu minha cintura, e seguimos de volta para casa em silêncio; as vezes ele cantarolava alguma música aleatória, mas logo perdia-se em pensamentos, assim como eu.

Em casa, Duda punha a mesa enquanto a panela de pressão deixava escapar um cheiro maravilhoso de carne com batatas.

_ Hm, chegaram antes do que eu imaginei! – disse sorrindo, seguindo até o radio e abaixando o volume.

_ Desculpe sair sem você, mas fiquei com dó de acordá-la... – peguei um copo d’agua – Mas não precisava fazer o jantar, sinto que estou abusando de você, cabeçuda... – brinquei.

_ Ah, imagina... Minha avó foi naquele encontro de crochê, e eu estava salivando por uma carne de panela! Mas diga, vai ligar para os advogados amanhã? – perguntou enquanto eu olhava em volta, procurando por Kiseop que até então, estava calado.

_ Aham, amanhã cedo vou ligar – disse confusa – Viu pra onde ele foi?

_ Entrou pelo corredor... Deve ter ido tomar banho! – mexeu a panela, em que provavelmente estava o arroz – Ele está feliz, não está?

_ Ele está. – suspirei – Eu também estou... É sério! – rimos – Mas ele continua com essa sensação de “missão cumprida”.

_ Você tem sorte, por ele te amar! Parou pra pensar, que outra pessoa não teria vindo te buscar? – afirmei com a cabeça, pensativa – Mas diga, e quanto a JunHyung? Ele mandou uma mensagem, não mandou? Como acha que ele vai reagir, quando você estiver de volta e tal...

_ Aish – bufei – Não quero nem pensar nisso, sabia? Jun ainda é um assunto delicado demais, mesmo eu não o amando como antes... Por que sério, era um sentimento quase irracional... Eu penso nele, e imediatamente me vem um sentimento de falha, pois eu não consegui fazê-lo feliz. – apoiei os cotovelos na mesa e segurei em minhas bochechas – Me apaixonar por Kiseop foi meio involuntário, eu não planejava... Devia ter sido mais cuidadosa, e não ter deixado isso acontecer. Pelo menos isso me pouparia de tanta culpa com relação a Jun... Talvez nós ainda pudéssemos ser felizes juntos, porque de certa forma, ele sempre me transmitiu mais segurança do que o Senhor Cabeção...

_ Você acha que se estivesse com Jun, continuaria morando lá, mesmo com o que aconteceu? – sentou-se também, desfazendo-se do avental.

_ Acho que sim. – encarei-a envergonhada, preparando-me para responder a pergunta que seus olhos faziam – Porque JunHyung sempre me transmitiu muito mais estabilidade emocional do que Kiseop! Ele nunca deixou de me amparar, e ser meu amigo, mesmo quando viu que não tinha mais jeito, e que eu já estava completamente apaixonada pelo meu “irmão”... Jun sempre esteve comigo, por mais horrível que eu fosse com ele, ele nunca me julgou...

_ Mas ele não veio aqui te buscar! – disse defendendo Kiseop.

_ Eduarda, se eu fosse ele, também não viria! Nós duas sabemos o que aconteceria, caso ele viesse me buscar! Eu voltaria a morar com Kiseop, e não iria conseguir ficar longe dele, principalmente depois do que aconteceu!

_ O que aconteceu? – perguntou confusa.

_ Kiseop e eu, nós... – encarei a mesa, corando. – Você sabe... Eu não sou mais...

_ AI MEU DEUS, SÉRIO? AWN VEM CÁ DEIXA EU TE APERTAR... – veio rapidamente em minha direção, sufocando-me com um abraço – Que bonitinho!

_ Ai Duda – gargalhei – É sério, você entende o que eu quero dizer? – disse empurrando-a sutilmente. – Eu sou completamente apaixonada por esse idiota que é capaz de ficar dias sem trocar uma palavra comigo por pura ignorância... Ele é estúpido, ignorante, grosso, porco, sem educação, convencido e eu sou uma idiota por amar tanto assim esse imbecil... – suspirei – Se eu fosse escolher com a cabeça, escolheria JunHyung... Não só porque ele cuida de mim, mas porque com ele eu tenho certeza! Com ele eu teria segurança, e nossa vida seria sempre equilibrada! Mas o amor é irracional...

_ Mais um motivo pra eu ser fã do Kiseop... – tamborilou seus dedos em minhas costas. – Ok, super legal JunHyung te oferecer estabilidade e segurança e o escambal... Mas qual seria a graça desse relacionamento? Onde estaria a surpresa, o inusitado, a insegurança? Porque sim, pimpolha, insegurança também é importante! Aquele frio na barriga de não saber se esta fazendo certo, ou se vai agradar... Porque pelo que me parece, esse menino é uma explosão de espontaneidade; Cada dia que passar com ele, será uma surpresa e essa é a graça... Se deixe ser surpreendida, por favor! – piscou – Não pense que sempre ter certeza das coisas, é o melhor jeito de viver. Pois as coisas mais inesquecíveis, são as que vem quando a gente menos espera!

_ O que seria de mim sem você... – foi mais uma afirmação baixa, enquanto escondi o rosto sobre a mesa e perdi-me em pensamentos.

Duda tinha a minha idade, e era muito mais segura do que eu. Certo, sou o tipo de pessoa que gosta de saber onde está pisando, e com Kiseop não é nada assim... Quando eu penso que as coisas estão bem, ele explode em uma TPM repentina e tudo o que parecia seguro, se torna escuro e incerto. Mesmo assim, tenho uma certeza quanto a ele; Na verdade, demorou um pouco até eu acreditar, mas ele me ama tanto quanto eu o amo. É um sentimento totalmente reciproco, e talvez só por isso, ou a partir disso, valha a pena me entregar inteiramente a um futuro incerto ao seu lado.

_ O cheiro está bom! – disse adentrando a cozinha. – Diga a sua amiga, que ela será uma boa esposa, pois cozinha muito bem! – sentou-se ao meu lado, após provocar-me, bagunçando meu cabelo.

Traduzi à Duda, o que fez com que ela o lançasse um sorriso amigável e agradecido, seguido de um “Obrigada”.

Nós jantamos em silêncio, as vezes Kiseop dizia algo sobre o sabor da carne, e sobre nunca ter provado algo parecido, mas o restante seguia-se quieto. Eu arrumei a cozinha enquanto Duda e Kiseop tentavam se comunicar de algum jeito. Foi até engraçado ele tentando fazer com que ela entendesse o que ele dizia, pois ela ria cada vez que ele bufava em reprovação.

Por volta das nove horas, Eduarda foi para casa. Eu estava largada sobre o sofá, assistindo a um filme patético enquanto Kiseop mexia em seu celular, sentado no tapete. Afundei meus dedos em suas mexas e acariciei-o com cuidado, quase pegando no sono.

_ Quer ir dormir? – perguntou-me baixo. Apenas afirmei com a cabeça, sentindo meus olhos pesando. – Vamos então... – Levantou-se, pondo-se de pé a minha frente, e me ajudou a ficar de pé sobre o móvel. – Suba aqui... – Virou de costas e segurou em minhas pernas, para que eu subisse nele. Apesar de não querer muito, eu estava tão bêbada de sono que escolhi não contraria-lo, pousando meu queixo na curvatura de seu ombro enquanto suas mãos agarravam com força minhas pernas.

Ele seguiu em silêncio pelo corredor; As vezes acariciava minha coxa com o polegar, o que me deixava arrepiada, mas não dizia uma palavra sequer, e permaneceu assim até mesmo quando entramos no quarto. Deixou-me cuidadosamente sobre o colchão, onde eu tirei meus braços de seu pescoço e me deitei imediatamente, afundando-me nas cobertas.

_ Esta mesmo com sono? – perguntou, desfazendo-se de sua camiseta.

_ Tsc. – foi impossível não rir baixinho. Como ele era baixo... – Estou. – disse aconchegando-me cada vez mais.

Revirou os olhos, deitando-se ao meu lado e segurando em minha cintura, perto demais. Suas mãos invadiram minha camiseta, onde seus dedos frios fizeram contato com minhas costas quentes e brincaram com o fecho do meu sutiã.

_ Tem certeza? – murmurou, beijando-me o queixo. E por um descontrole estúpido, acabei gemendo, o que fez com que ele risse satisfeito.

_ Kiseop... – tentei afastá-lo, pressionando minhas mãos contra seu peito nu. – Kiseop-ah...

_ Por favor... – sussurrou, mordiscando-me a orelha em seguida. – Eu sinto sua falta, sabia? – seguiu com uma trilha de beijos de minha bochecha até meus lábios, onde acabou por mordiscar. – Sinto muito a sua falta... – puxou-me ainda mais contra seu corpo.

_ Aish, você é muito apressadinho... – bufei, sentindo sua excitação contra meu ventre. – Como você consegue? – ri.

_ Estranho seria se eu não ficasse assim, estando tão perto de você... – beijou meu pescoço – É difícil de controlar, acredite. – seus beijos foram descendo até minha clavícula e eu comecei a arrepiar, contra minha vontade.

_ Por favor digo eu... – disse resistindo – Não estou bem ainda, não vai ser uma experiência legal! – fiz de tudo para escapar de seus beijos, encarando seus olhos.

_ Vai sim! – murmurou, apertando minha coxa e erguendo-a até sua cintura – Dessa vez vai ser ainda melhor... – virou-me bruscamente na cama, arrancando-me uma gargalhada e posicionando-se em cima de mim – Eu prometo! – beijou-me.

_ Hm... Kiseop, não! – empurrei-o novamente, suspirando. Digamos que 50% de mim estava totalmente afim, mas a outra metade não estava bem, sem contar com o sono. – Hoje não, sério! Não estou bem, me desculpe... – disse enquanto ele livrava-me de seu peso, bufando.

Sentou-se sobre a cama e bagunçou os cabelos irritado, socando o colchão em seguida.

_ Mas que porra! – disse alto, quase gritando.

_ Vai ficar irritadinho agora? – me irritei – Tem que ser quando você quer, só porque você quer? Por favor Kiseop, cresça! – virei-me de costas para ele.

_ Você tem que entender que eu tenho necessidades também... – disse grosso.

_ Foda-se! Quer satisfazer sua necessidade? Bate uma punheta... – seus olhos faltaram saltar do rosto – Por acaso eu tenho cara de quem nasceu pra satisfazer necessidade dos outros? Como você é idiota, seu bruto!

_ E você é uma boca suja! – levantou-se rapidamente, se trancando no banheiro.

“Caramba, ele foi mesmo bater uma punheta?” – pensei. Tentei ignorar isso, virando-me varias vezes sobre o colchão e tentando dormir, mas eu já estava irritada demais. Não demorou muito para que ele saísse do banheiro, e se deitasse novamente na cama, o que provocou minha curiosidade e encara-lo só um pouquinho.

Quando me virei, seus cabelos estavam encharcados e sua boca roxa de frio. Ele havia tomado um banho gelado, o que fez com que eu gargalhasse por dentro, mas esboçasse apenas um sorriso por fora.

_ Tsc... Vai ficar rindo de mim agora? – disse emburrado, cobrindo-se desesperado.

_ Porque não enxuga esse cabelo? Quer um resfriado? – disse dando as costas novamente, cobrindo-me até os ombros.

_ Cuide da sua febre, que eu cuido de mim. – disse seco.

_ Uma vez grosso, sempre grosso, não tem jeito... – silêncio. Ele começou a movimentar-se na cama, impedindo-me de pegar no sono, até que seu corpo frio estivesse bem próximo ao meu.

_ Só me esquente então... – não foi uma pergunta, e eu não me incomodei em responder. – Eu só quero dizer, mais uma vez, que eu te amo! Sei que vai sempre sentir falta de seus pais, e dessa cidade, mas espero que quando se sentir triste, conte comigo. Entendo um pouco a sua dor, na verdade, eu imagino se fosse comigo e sinceramente, não seria tão forte quanto você... Eu a admiro, mas quero que saiba que não precisa agüentar tudo sozinha... – envolveu seus braços por minha barriga, dizendo próximo ao meu pescoço enquanto suas pernas envolviam as minhas e formávamos uma conchinha sobre o colchão – Quando a dor estiver difícil demais de suportar, e a saudade apontar com força e a fizer sofrer, quero que saiba que eu sempre estarei aqui... Você não está sozinha, e nunca estará enquanto eu te amar. Obrigado por me dar a chance de fazer você feliz... Eu prometo que não vou falhar, e se eu errar, me desculpe! Obrigado por voltar, e fazer meu mundo florescer novamente... – beijou-me a nuca. – Eu vou ser paciente, até que você queira matar a saudade também... – bufou, fazendo-me rir.



2 dias depois...




“Aqueles olhos pesavam sobre mim, como sempre faziam. Era torturante, aterrorizador. Sentia-me transparente demais, enquanto os olhos alheios arrancavam-me qualquer sinal de esperança de sair viva dali. A lâmina rasgava-me a face, enquanto outra perfurava minha barriga e pode-se ouvir um choro ecoando pelo cômodo. Um choro de um bebê, que eu não podia ver, mas podia sentir sofrendo, dentro de mim.

Levei as mãos até a barriga, sentindo toda a vida que antes estava dentro de mim, desaparecendo aos poucos. O choro cessou, e o homem a minha frente passou a sorrir como se estivesse satisfeito. Como se desde o início, matar a criança fosse sua única intenção; mas eu, nada conseguia dizer. Meus olhos permaneciam vidrados, reprimindo com todas as forças as lágrimas que tentavam me escapar.

_ Grite. – pediu – Grite para mim... – seguiu com uma trilha de beijos de minha testa, até meus lábios, deixando-me cega de nojo e repulsa.

Tentei livrar-me do corpo tão próximo ao meu, mas as correntes em meus braços deixavam-me inerte, e tudo o que pude fazer foi aceitar, enquanto a lâmina – ainda aterrada em minha barriga – perfurava cada vez mais fundo, arrancando-me o ultimo suspiro...”


_ Ana! – abri os olhos aterrorizada assim que ouvi meu nome. – N-não... calma, foi só um pesadelo! – omma tentava me acalmar, envolvendo seus braços ao meu redor, formando um abraço quente e protetor. – Meu amor, você está suada...

Ajeitava-me na cama, tentando sentar, mas meus braços não suportavam o peso de meu corpo. Encarei por alguns segundos as palmas de minhas mãos, e elas estavam exageradamente tremulas, enquanto eu tentava me dar conta de que estava apenas sonhando. “Não passa de um sonho, se acalma!” – pensei um tanto desesperada.

_ E-eu...

_ Eu entrei aqui para chamá-la! Você devia estar exausta, pois já estamos quase na hora do almoço... Quando entrei você estava se debatendo, e eu fiquei realmente preocupada com o tipo de sonho que você deveria estar tendo! Já passou, carinho... – acariciou-me os cabelos, pousando sua mão em minha testa. – Essa febre não baixou. Estou ficando preocupada, tem certeza de que não sente nada além disso? – perguntou e eu neguei com a cabeça.

Para ser sincera, eu não sabia bem explicar o porquê de estar com febre, mas realmente não sentia nenhuma dor. A dor de cabeça que antes me assolava, havia sumido há uns dois dias;

_ Mesmo assim, podíamos ir a um médico e ele pode receitar algum remédio... – sugeriu.

_ Eu estou bem omma! – disse baixo, enxugando o suor de minha testa. – Isso não deve ser nada, já já passa...

_ Já já passa... – imitou-me bufando – Bem, o almoço está quase pronto... Te espero em vinte minutos... – deixou o cômodo com um meio sorriso.

Assim que SoonHyung saiu, levantei-me e cumpri com minha higiene matinal. Era bom, finalmente, estar em casa.

Olhei para o relógio descrente, eu realmente havia dormido muito. Não me culpei tanto, pois havia uma explicação plausível para ter perdido a hora; os últimos dias, foram os mais corridos de minha vida!

Quando decidi, repentinamente, voltar para a Coréia, tive que ligar para os advogados e deixar tudo resolvido quanto as propriedades de meus pais, e os restaurantes... Me despedi da praia, e de Duda com um aperto ainda maior no coração, e ontem passei o dia em um avião, de aeroporto para aeroporto, sem conseguir dormir por culpa dos roncos de Kiseop. Eram roncos baixos, mas qualquer barulho dispersava meu sono. Sem contar que a cada vez que o avião balbuciava, ele acordava desesperado e não me deixava em paz até adormecer novamente.

Troquei de roupa, e estava prestes a sair do quarto quando ouvi o celular vibrando debaixo do travesseiro.


*mensagem*


“Então você voltou.. Quando ia me dizer? Estou com saudade, sabia?


Onew”



Não pude deixar de sorrir, sentindo meu coração apertando de saudade;



*mensagem*


“Sim, estou de volta! XD Como soube?


Ana”



Segui para a cozinha, sendo invadida pelo cheiro delicioso da comida de omma. Senti meu estomago roncando, a muito tempo não comia algo saudável, sentia meu corpo necessitado daquilo, salivando pelos legumes – coisa que raramente acontecia.

_ Aish... Tudo estava tão diferente aqui, sem você... – omma disse em um desabafo, sentando-se à mesa.

_ Tem razão tia, o ambiente estava mais tranqüilo, mais feliz e

_ Porque não cala sua boca? – KiSeop apontou no cômodo, sentando-se ao meu lado em seguida.

_ Oppa, não fale assim comigo! – Hyori resmungou.

_ Kiseop, por favor filho, sossega... – appa disse, tirando a ultima panela do fogão e centralizando-a na mesa. – Todos comam bem – sentou-se em seguida.

E comemos. Eu estava desesperada de fome, e a comida estava especialmente deliciosa. Nada muito diferente do que comíamos, mas eu estava com tanta saudade que acabei exagerando, comendo até não conseguir respirar.

_ Acho que você devia voltar pro Brasil... Omma, quando pensamos em trazê-la de volta, esquecemos o quanto ela nos trás prejuízos... – sorriu, deixando-me com vergonha enquanto todos riam.

_ Vá com calma, ou vai passar mal... – omma disse, lançando-me um olhar carinhoso.

_ Passou pouco mais de uma semana no Brasil, e já esqueceu os bons modos, por favor... – Hyori disse, fazendo o silêncio rondar o cômodo.

_ Depois vocês dizem pra eu sossegar, mas como ficar calado diante dos comentários inúteis dessa menina? – Kiseop disse após alguns segundos de silêncio.

_ Eu sou inútil pra você agora! Agora que ela está de volta, eu não sirvo mais pra você... Agora que ela esta de volta, você esquece tudo o que me disse, e que me deu esperanças com o que fizemos e

_ Do que está falando? – alterou a voz. – Omma, não estou brincando... Enquanto essa descontrolada morar aqui, será impossível

_ Chega vocês dois! – SoonHyung disse irritada. – Depois de muito tempo sem jantar com a família toda, vocês insistem em criar esse clima ruim enquanto comemos!

Todos ficamos em silêncio, terminando de comer rapidamente enquanto eu me perguntava sobre o que Hyori estava falando, ela parecia quase chorar enquanto terminava de comer.

O jantar finalmente acabou, e omma e eu ficamos para arrumar a cozinha. JaeSoon seguiu para o escritório, Kiseop para a sala junto com Hyori. Comecei por tirar os pratos da mesa, enquanto um silêncio se fazia presente no ambiente. Eu não fazia idéia do quanto sentia falta do cheiro daquela casa.

_ Você está bem? – perguntou-me. Eu apenas afirmei com a cabeça, deixando a pilha de louça sobre a pia e pegando o pano para secar as do escorredor. – Tem algo, que eu tenho passado essas ultimas semanas me perguntando, e morrendo de curiosidade para saber... – começou dizendo, seu tom mais cauteloso que o normal.

_ Eu tenho a ver? – perguntei, igualmente cautelosa.

_ Sim – sorriu, e se eu não a conhecesse tão bem, diria que estava envergonhada. – É que... nessa ultima semana, que você não estava aqui, Kiseop esteve muito mal – começou por dizer, com uma expressão confusa – Digo, todos nós ficamos tristes, e sentimos muito a sua falta... Eu cheguei a pensar que você não voltaria de jeito nenhum, mas ele teve uma maneira estranha de sentir sua falta...

_ Como assim, uma maneira estranha?

_ Bem, já era de se imaginar que ele não comeria nada e ficaria triste pelos cantos, mas ele não dizia muita coisa e várias vezes o peguei deitado em sua cama... Quando ele se sentava no sofá e ligava a televisão, escondia o rosto entre os joelhos e ficava devaneando, o olhar perdido e ele sequer ouvia quando eu falava com ele...

_ Eu sinto muito que ele tenha ficado assim... Realmente fui muito egoísta, ignorando o que vocês poderiam estar sentindo e

_ Não, isso já foi! Só comecei a dizer isso, pois vendo-o desse jeito comecei a me fazer perguntas das quais não tinha as respostas, e estou realmente curiosa... – encarou-me fechando a torneira, chacoalhando as mãos e espirrando as gotas de água contra o mármore. – Meu filho parecia muito ligado a você. – suspirou – Mais do que sempre foi... Ele parecia estar perdido, e sem chão nenhum, depois que você se foi. E é por isso que eu queria perguntar, se o meu plano funcionou... – disse, um brilho exagerado nos olhos, que me encaravam arregalados. – Aconteceu, não é?

_ Hm... – encarei-a confusa, assimilando suas palavras e procurando um sentido nelas.

_ Você e Kiseop... Vocês...

_ AAH – disse em um susto, corando imediatamente. Começamos a rir, e eu estava totalmente sem jeito, mas consegui afirmar com a cabeça, tentando escapar de seus olhos.

_ Eu sabia! Sabia! AIN QUE LINDO VOCÊS

_ Shh. – tapei sua boca com a palma da minha mão, implorando com os olhos por silêncio. – Omma – cochichei.

_ Desculpa... – livrou-se de minhas mãos. – Por favor, me conte tudo! Ele foi como? Quer dizer... ele foi carinhoso? Sentiu dor? Tremeu muito?

_ Quer saber nos mínimos detalhes? – perguntei envergonhada.

_ Não... Quer dizer, querer eu até quero, mas você tem que guardar os mínimos detalhes pra você! Vocês dois tem que guardar isso pra sempre! Mas conte! Conte só o que quiser... – segurou minhas mãos.

_ Hm... – limpei a garganta – Ele foi sim, muito carinhoso, o que fez com que a dor fosse o menos importante. Eu estava muito nervosa, então é claro que eu tremi, mas na hora do banho

_ OMO, BANHO? – gritou, tapando a boca com as próprias mãos logo em seguida. – Banho? – sussurrou.

_ É – respondi ainda mais sem graça, por ter deixado escapar.

_ Sabe, eu bem que desconfiei, porque a lingerie que eu te dei de presente estava na roupa pra lavar... Mas sei lá, depois fiquei pensando que você poderia apenas ter usado-a em um dia qualquer... De qualquer forma, estou feliz por você! Por vocês dois, e que isso tenha acontecido dessa forma... Kiseop é um menino turrão, e muitas vezes estúpido, mas ele ama você de um jeito que nunca amou ninguém! Sei disso, pois conheço meu filho... Está nos olhos dele, o quanto você é importante...

Conversamos um pouco mais, e terminamos de arrumar as coisas na cozinha. Ao terminarmos, omma seguiu para o banho; segundo ela, precisaria arrumar algumas coisas em seu trabalho, mesmo sendo sábado. Segui para meu quarto, sem saber o que fazer, já que Kiseop estava jogando vídeo-game e Hyori estava fazendo companhia.



*mensagem*


“As noticias aqui se espalham rápido! Keke~ Brincadeira, SoonHyung ajumma ligou avisando (: Podemos nos ver?

Onew”



Sorri feito boba, omma não deixava nada escapar. Perguntei-me se ela havia avisado JunHyung também, senti meu coração apertando quando pensei nele. Sentia falta até da voz, do cheiro, da companhia. Sentia falta de tudo em JunHyung, mas estava com medo. Indo embora sem me despedir, provavelmente havia ferido-o, não sabia como me redimir...



*mensagem*


“Entendi.. Podemos, na verdade, acabei de me lembrar que preciso do meu emprego de volta... Quer me encontrar na frente do Rammen’s Cia? XD

Ana”



YaoMing provavelmente estaria precisando de ajuda, além do mais, eu adorava aquele restaurante... Adorava aquela música de fundo, enquanto a clientela saboreava o melhor da culinária local e um delicioso chá de amora.

Procurei por roupas descentes na mala – pois ainda não havia desmanchado – e optei pelo de sempre: calça jeans, camiseta e moletons por cima. Um gorro e um tênis quentinho. Arrumei o cabelo em frente ao espelho, reparando em como ele tinha crescido, passava um pouco do ombro.

_ Vai sair? – Kiseop perguntou, seguindo-me com os olhos enquanto eu pegava minha mochila perto da porta.

_ Sim. – respondi baixo.

_ Onde vai? Quer que eu vá junto? – pausou o jogo.

_ Não precisa – sorri – Eu vou no Rammen’s Cia, ver se YaoMing-sshi me aceita de volta... Talvez Onew apareça por lá, então não se preocupe... – encarei-o carinhosa.

_ O que Onew vai fazer lá?

_ Me ver, ué... Não precisa ficar assim, nós somos amigos e além do mais, estou com saudades...

_ Sabe o que se ganha quando confia em vagabundas interesseiras... – a voz aguda soando provocante.

_ Sabe o que se ganha quando diz o que não deve... – disse, cheia de agüentar as provocações alheias.

_ A vadia deu pra responder agora? – desafiou-me, arqueando a sobrancelha.

_ Hyori, porque não vai beber um litro de ácido? Cala a sua boca, por favor... – Kiseop disse, encarando-me em seguida. – Não demore muito, ok?

_ Aish... – bufei – Kiseop, vou ver o meu amigo, e se for demorar eu ligo avisando... Não tente me controlar, por favor... – avisei-o, saindo em seguida.

Segui pelas ruas da cidade, sentindo a brisa fresca contra meu rosto e pensando que poderia ter ido de bicicleta. No entanto, preferi seguir andando e observando com calma cada detalhe em busca de alguma mudança, e havia mudado. As arvores estavam começando a florescer, anunciando a primavera e o mês de setembro que havia acabado de começar. O sol também brilhava de uma forma diferente, mais amistoso e sutil, não ofuscava em meus olhos.

Os prédios altos enfeitavam o céu tingido de um azul sereno, enquanto o barulho do tráfego deixava meu coração agitado. Era muita gente em um só lugar, era lindo demais.



*mensagem*


“Ok, por mim tudo bem... Estou saindo agora, e vejo você lá!

Onew”



Não pude deixar de sorrir assim que vi a fachada do Rammen’s Cia, sentindo a saudade daquele lugar apertando em meu peito. Aproximei-me ainda mais e abri a porta com cuidado, curiosa para ver se alguém ocupava o meu lugar, ou se YaoMing ficaria surpreso com a minha aparição repentina.

O sino na porta soou, e logo YaoMing apareceu com o olhar baixo. Segurava uma caixa em suas mãos e o mesmo avental de sempre sobre os ombros.

_ Posso aju... Ana! – arregalou os olhos.

_ YaoMing-sshi – curvei-me em cumprimento – Quanto tempo! – corri para abraçá-lo, não resisti.

_ Oh, eu não esperava você aqui! V-v-você está bem? Como tem passado? Quando voltou? – ajeitou os óculos, abandonando a caixa no balcão e sentando-se na bancada.

_ Eu estou bem! Bem melhor, na verdade... – sorri, sentando-me também – Cheguei noite passada...

_ Você parece bem! – tirou o avental dos ombros – Mas diga, o que a trouxe aqui? – seus olhos interrogativos.

_ Bom, eu estava com saudade e queria saber se... se você não tiver arrumado alguém... se eu posso ter meu emprego de volta... – brincava com os dedos sobre a bancada, quando finalmente o encarei.

_ Aah! Bem – limpou a garganta – Eu sinto muito, adoraria ter você de volta, mas estou entregando o estabelecimento... – olhou em volta, forçando-me a olhar também.

Então eu pude perceber que as mesas estavam todas amontoadas em um canto e uma pilha de caixas ao lado da porta da cozinha. A música ainda soava calma no ambiente, mas estava vazio, e o cheiro tão delicioso do macarrão não estava espalhado pelo local. Eu devia ter percebido, devia ter notado a diferença... Aquele lugar parecia não ter vida.

_ V-vai entregar? Porque? O que aconteceu enquanto eu estive fora? Os negócios não vão bem?

_ Não minha querida, os negócios estavam melhorando até, mas minha querida mãe piorou de saúde e eu vou cuidar dela... Abrirei um pequeno estabelecimento por lá, com os equipamentos que tenho, e adoraria levar você comigo se não fosse tão longe! Eu sinto muito não poder empregar você... é uma boa garota! – forçou um sorriso.

_ S-sinto muito por isso, espero que ela melhore! – disse.

_ Não sei bem se ela vai melhorar, acho que já esta velha demais... – suspirou – O que me resta é cuidar dela, até o ultimo dia de sua vida... – sorriu. – Estou conformado quanto a isso...

Sorri, dando o maximo de mim para conforma-lo. O lugar parecia uma bagunça, e ele atolado de afazeres, então o mínimo que eu poderia fazer seria ajuda-lo, e eu o faria.

_ Bom, como despedida, eu ajudo você!

_ Não precisa querida, volte para casa e descanse... Imagino que a viagem deve ter sido longa e cansativa!

_ Eu insisto! Sentirei saudades daqui, então ajuda-lo é o mínimo que eu posso fazer, ok? – dei uma piscadela e ele rendeu-se a minha insistência.

Comecei então dobrando as centenas de toalhas de mesa que estavam dentro do depósito, separando-as por cor e etiquetando as caixas. Nem havia me dado conta de quanto tempo passara, mas quando dei por mim, Onew havia entrado com o olhar mais confuso do mundo, tentando entender o porque de o restaurante estar tão vazio aquela hora, quase no jantar.

_ Você veio mesmo... – sorri enquanto ele se aproximava, olhando em volta.

_ É, eu vim. – beijou-me o rosto – O que aconteceu aqui? – pousou as mãos na cintura, olhando em volta e balançando os pés ao ritmo da música.

_ YaoMing-sshi vai fechar, mudar de cidade e entregar o prédio. Estou ajudando com as caixas, devo muito a ele! Como você está?

_ Estou bem, com uma dor de garganta chata que me impede de cantar, mas estou bem. E você? Parece um pouco pálida... Tem comido bem? – riu de minha expressão.

_ Estou bem, claro! – ri – Tenho tido uma febre estranha a alguns dias, mas nenhum outro sintoma, então logo passa...

_ Febre assim, do nada? – arqueou a sobrancelha. Eu apenas afirmei com a cabeça, desviando minha atenção para YaoMing que se aproximava.

_ Oi, posso ajudá-lo? – disse a Onew. – Desculpe mas, estamos fechando...

_ YaoMing-sshi, esse é Onew, meu amigo... – sorri.

_ Olá! – curvou-se como cortesia e segurou as mãos de Ming-sshi. – Vejo que estão atarefados por aqui... Não me importo em ajuda-los. – abriu seu melhor sorriso.

_ Onew... – repetiu o nome, provavelmente pensando em algo. – Você já esteve por aqui, não? Acho que me lembro, vagamente... Seria ótimo se ajudasse, eu ficaria muito grato!

Continuamos a arrumar então. Onew e Ming trataram de desmontar alguns móveis e eu guardei as decorações em caixas. Perdemos a noção do tempo ali, enquanto Onew cantarolava algumas músicas junto com o rádio e fazia palhaçadas o tempo todo.

Logo a fome apontou, e Ming correu para a cozinha, usando-a pela ultima vez e preparando um macarrão, que pelo cheiro estava delicioso. Improvisei uma mesa no balcão e nos sentamos famintos.

_ Hm, está realmente bom! – Onew foi o primeiro a dizer, com a boca ainda cheia.

_ Obrigado garoto! – sorriu, provando também.

_ Tem razão, está delicioso! Estava com saudade de comer bem assim... – sorri.

_ O que comia quando estava no Brasil? – Onew perguntou.

_ Não comia muito, na verdade... – suspirei – Eu não tinha nem vontade de comer. – admiti baixo. Todos nos tornamos quietos, encarando a parece rústica de tijolos e madeira a nossa frente, todos perdidos em pensamentos.

_ Foi realmente difícil, não foi? – YaoMing perguntou. Eu apenas afirmei com a cabeça, enquanto ele encarava-me. – Eu fico imaginando, se conseguirei ser forte quando for a minha vez de perder minha mãe... – suspirou – Já devia estar preparado pra isso, mas nunca é fácil aceitar a perda, e a dor...

_ Eu pensei que não fosse conseguir – disse baixo, encarando a tigela – e realmente não conseguiria se não tivesse pessoas tão boas ao meu lado... Pessoas que realmente se importassem comigo...

_ A diferença é que eu não tenho quem se importe comigo, além de minha mãe... Uma vez que ela vá, eu estarei sozinho, entende? Acho que está mesmo na hora de conseguir uma família, sabe? Mulheres, filhos e uma casa decente... – encarou Onew – Você, meu jovem... Sei quem você é! Está o tempo todo na televisão e é realmente uma honra poder comer com você! Imagino que deve ser difícil ter uma vida tão cheia de responsabilidades, mas não esqueça que sem família, um homem não é nada...

_ Obrigado YaoMing-sshi, por seu conselho...

Nossas mentes estavam ocupadas com pensamentos preocupados sobre o futuro. Aquilo lembrou-me da conversa que a muito tempo tive com Onew, no parque; onde ele me disse sobre suas preocupações com o grupo e revelou seu amor por Park Min, quando eu ainda era apaixonada por ele. Tantos meses haviam se passado, e tantas coisas haviam acontecido, mas ele parecia estar sobre a mesma situação.

Quer dizer, um pouco diferente, já que seu relacionamento com Park Min estava cada vez melhor, mas ele continuava sem vê-la, e atolado de compromissos com o SHINee.

Não demoramos tanto à terminar de comer. As coisas no restaurante já estavam arrumadas para a mudança, então nos despedimos de YaoMing e saímos. As horas haviam se passado rapidamente, pois o céu já estava pintado de um azul marinho enfeitado de estrelas, o vento batendo ainda mais forte e frio contra nossos rostos, enquanto andávamos até onde Onew deixara seu carro.

_ Você está bem? – perguntou entrando no carro, depois de minutos em silêncio.

_ Sim – coloquei o cinto – Estou bem, e você? – sorri.

_ Estou com raiva de você! Por ter ido sem dizer que não ia voltar, e por voltar assim, sem avisar... Você realmente se importa comigo? – seus olhos concentrados no volante, enquanto cogitava ligar o carro. Não demorou muito até que seus olhos encontrassem os meus, e eu não sabia o que dizer, como sempre. – Me desculpe... – bufou – Só estou irritado, e cansado de ser abandonado! Quando eu penso que tudo está certo, e todas as pessoas de que gosto estão a minha volta, algo da errado e alguém tem que se afastar...

_ Sinto muito não ter me despedido como devia, você tem razão em estar bravo... – disse envergonhada enquanto ele ligou o carro.

Era realmente ruim estar no mesmo lugar que Onew, e ter o silêncio nos rondando. Ele era sempre a ultima pessoa com a qual eu queria estar sem assunto; eu precisava dele, e daquele sorriso. Interrompeu o silêncio ligando o rádio, e uma das muitas músicas do SHINee estava sendo transmitida.

_ Eu gosto dessa. – disse sorrindo, sem encará-lo.

_ “Hello”? – perguntou. – É, eu também gosto... – sorriu. Seus olhos focaram-se no transito, mas ele continuava com o ar de quem queria muito dizer algo.

_ Quer me dizer alguma coisa? – perguntei depois de muito hesitar.

_ Na verdade, quero! Bem, vim o caminho todo pensando em como dizer isso, mas acho melhor só dizer... Não é um assunto que diz respeito à mim, acho inclusive que ele vai me matar por isso, mas preciso falar sobre JunHyung-sshi. – engoliu a seco, enquanto fui atingida por um frio na barriga.

_ O que tem... Jun? – perguntei baixo.

_ É que, graças a você, Jun-sshi e eu nos tornamos amigos... Depois que você partiu, e nós soubemos que não voltaria mais, ele se tornou alguém muito frio e... como posso dizer... – suspirou – Sem vida. JunHyung não tem mais vida, ele está apenas indo e vindo, e cumprindo com suas atividades em seu grupo. Mas até mesmo seus sorrisos são duros. – disse com pesar.

_ A culpa é minha, não é? Até quando estou longe, prejudico as coisas por aqui... – bufei.

_ Ele não diz porque está assim, mas mesmo quando eu liguei pra ele, avisando que você voltaria, ele não esboçou uma reação mais esperançosa, como eu imaginei que faria...

_ Onew, você acha que eu devo falar com ele? – perguntei.

_ Foi isso que eu vim te pedir. – sorriu acanhado – Não estou pedindo para dar esperanças a ele, nem nada assim... Na verdade, acho que ele está até conformado com a situação! Mas, só fale com ele, e veja se ele se abre com você... Porque não há santo que faça ele se abrir comigo! – parou no sinal vermelho.

Olhei pela janela, vendo os carros transitando e as pessoas correndo de uma calçada para a outra, mas nada daquilo – daquele movimento – interessava. Claro que a culpa era minha, e eu não sabia nem como fazer com que ele ficasse melhor...

_ Não sei o que dizer pra ele... – admiti, vendo Onew seguir com o carro por um curso diferente, e estacionar em frente a uma sorveteria.

_ Acho que na hora você vai saber... – sorriu – Você sempre sabe! Acho que só você não vê, mas sempre arruma um jeito de reconfortar as pessoas, com as suas palavras simples... – encarou a sorveteria. – Quer um sorvete?

_ Não estou afim de descer... – admiti, tudo o que eu queria era me esconder pra sempre.

_ Tudo bem, eu pego pra você! Só me diga o sabor... – torceu os lábios, encarando-me como uma criança e sua franja em frente aos olhos.

_ Morango! – sorri, levando as mãos até sua franja e empurrando-a um pouco para trás.

Ele desceu do carro sorridente, deixando o vento absurdamente frio entrar pela fresta na porta. Sentia meu coração incomodado com isso, sobre Jun. Não suportava a ideia de ver um dos três sofrendo. Onew Jun e Kiseop eram o meu ponto forte, que arrancavam-me sorrisos mesmo nos dias mais escuros; mas eram também a minha fraqueza. A maior de todas elas.

_ Aqui, seu sorvete de morango! – disse interrompendo meus pensamentos. – Na verdade, nem sei se é uma boa ideia sorvete nesse frio... – esfregava as mãos, tentando esquenta-las. – Mas quem resiste a um sorvete? – ergueu a sobrancelha, gargalhando e mudando sua feição ao ver a minha. – Está preocupada?

_ Como não estar? – suspirei – Onew, as vezes acho que o melhor jeito de resolver as coisas, é me afastando de vocês três! Achei mesmo que daria certo dessa vez, mas mesmo longe eu arrumei um jeito de complicar as coisas... Que tipo de pessoa eu sou?

_ Não pense assim, cabeção! – puxou minha cabeça até seu ombro, acariciando meus cabelos. – JunHyung vai ficar bem! Tudo que ele quer é a sua felicidade, então se você sofrer por ele estar sofrendo, ele vai mudar seu comportamento... – abocanhou seu sorvete – Não sofra por antecipação, apenas espere e converse com ele! Ele ficara feliz em te ver, acredite!

Senti um nó no coração. Eu conversaria com ele, mesmo que isso despertasse em mim algumas memórias das quais eu sentia muita falta...



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Notas finais do capítulo

Acho que de todos os cap's, esse é o mais floop! Sinceramente, me sinto sem um pingo de criatividade, então vou entender se vocês estiverem decepcionados... Apenas desse final estranho, o proximo será um capítulo de comédia, pra descontrair e dar uma sacudida nesse clima fubá! Quer dizer, pelo menos vou tentar escrever algo engraçado, mas o tema já promete... e eu não vou dizer qual é.. MÁ MUAHAHAHAHAHAHA /apanha. Enfim, beijo em vocês, e prometo não demorar agora que a parte mais difícil (fazer a Ana voltar pra Coreia) se desencadeou... ok que não se um jeito tão surpreendente, mas ela voltou o/



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