Através da Tua Alma eu Posso Ver escrita por they call me hell


Capítulo 16
[S02E06] Nem sempre o inimigo é quem imaginamos.




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* * *

Kouga estava voltando de uma vila ao leste onde fora sobre o falso pretexto de exterminar alguns youkais por diversão, sendo que na verdade estava querendo apenas algum tempo sozinho. Sem a ameaça dos pássaros youkai diante do esconderijo dos lobos e com a constante presença imponente da esposa que possuía, as coisas estavam tornando-se cada vez mais irritantes.

Assim, resolveu fazer algo que há muito não fazia: visitar Kagome. Já haviam se passado alguns meses desde que ele passara pela floresta ao extremo leste para observar o corpo sereno da Miko selada. Ainda havia em si o mistério do por que teria acontecido aquilo, mas na verdade ninguém o sabia; Logo, restava-lhe apenas conformar-se.

Ao chegar, o lobo encontrou apenas a Go-Shin Boku vazia, sem sinal algum de Inuyasha, Kagome ou até mesmo da Tessaiga. Surpreendeu-se ao extremo e pôs-se a rumar em direção à vila. Se fazia tempos que não ia até a floresta, havia pelo menos o triplo de tempo em que não visitava a vila. Desde que instaurara-se o senhor feudal ali, ele mantivera a distância, visando não reavivar antigas desavenças.

A primeira pessoa que encontrou ao longe foi o hanyou em suas usuais vestes vermelhas. Estava sentado ao chão com uma expressão perturbada no rosto, mas ao avistar a chegada do lobo o quadro reverteu-se. Inuyasha levantou a tempo de observar Kouga passar por ele com um aceno provocativo, fazendo com que instintivamente o seguisse.

Não havia mais com o que se preocupar, o youkai considerou. Se Inuyasha estava ali então era óbvio que Kagome também estava, e isso era ótimo. Ele realmente levou menos tempo do que considerara para encontrá-la, sendo recepcionado por um sorriso encantador.

— Kagome! — O youkai gritou ao abraçá-la, tirando-lhe do chão enquanto giravam devagar.

— Kouga-kun! — Ela riu, ignorando propositalmente a presença de Inuyasha atrás de si. — É muito bom poder vê-lo de novo.

— Sim, muito bom. — Sorriu, colocando-a de volta ao chão. — Miko-sama, eh?

— Hai. O que o traz aqui?

— Gostaria de fazer a mesma pergunta. — Inuyasha os interrompeu, visivelmente irritado com a cena.

— Também senti sua falta, Inukkoro. — Kouga gargalhou o vendo tão incomodado. Ao fundo, Inuyasha praguejava diversas vezes “INUKKORO!?”. — Estava por perto e resolvi fazer uma visita, só isso.

— Não vai ficar? — A garota questionou, demonstrando decepção.

— Acho que não faria mal passar uns dias, não é?

— Faria imenso mal, na verdade. — Inuyasha revirou os olhos.

— Fique conosco por uns dias, Kouga-kun.

— Hai, será muito útil tê-lo por aqui. — Shippou disse ao se aproximar, surpreendendo o youkai pelo modo como havia crescido.

— De que lado você está, afinal? — Inuyasha sussurrou para o youkai raposa, dando-lhe um soco na cabeça.

* * *

— Interessante. — Kouga concordou com Shippou. — É, talvez eu possa ajudá-lo, Inuyasha.

Shippou, Inuyasha e Kouga estavam sentados no alto da colina a observar Kagome auxiliando os aldeões. O final da tarde trazia sempre consigo a parte mais pesada do trabalho diário; Recolher os utilitários, transportar as cargas de volta à vila, dividir os frutos, entre outros feitos variados.

Os aldeões apreciavam muito a ajuda de Kagome, até mesmo por crerem que a participação tão direta da Miko nos afazeres do local trazia excessiva prosperidade. Assim, lá estavam os três garotos apenas a observarem, já que não eram muito bem vindos nesses assuntos.

— E qual o nome desse garoto, afinal? — O lobo continuou.

— Koji Ikeda. — Inuyasha respondeu-lhe. — Um tremendo estúpido.

— Você o acha estúpido porque ele tem coragem de dizer e fazer as coisas que você teme, eh. — Shippou fez com que o hanyou fitasse o chão por um momento.

Kouga por outro lado suspendera sua expressão serena, alternando-a para uma muito preocupada e temerosa. Os olhos arregalaram-se e o queixo pendeu um pouco em direção ao chão, mas só pronunciou-se quando Shippou atraiu sua atenção.

— Vocês não podem deixar que a Kagome faça isso.

— Claro que não, o lugar dela é ao lado do Inuyasha. — O youkai raposa concluiu.

— Não é a isso que me refiro. Apenas a afastem desse Ikeda o mais rápido possível, pelo bem dela.

* * *

— Inuyasha?

— Eh?

— Posso me sentar aqui com você?

— Hai. — Ele limitou-se a dizer.

— Você permaneceu o dia todo com Shippou e Kouga, mas desde que eles voltaram para a vila você está aí pensativo...

Sim, de fato ele estava. Por mais que ele não soubesse o que estava por trás de todas as palavras do lobo youkai, elas o haviam atingido em cheio com vasta preocupação. O que será que ele sabia? Por que não dizia tudo logo e tornava as coisas mais claras?

Por outro lado, Kagome, que de nada sabia, mantinha-se a imaginar se o plano de Shippou estava causando o efeito desejado. Desde que ela chegara ali, o hanyou não havia lhe olhado sequer uma única vez. Sentia-o tão longe si.

— Inuyasha? — Segurou-lhe o rosto de modo carinho, se preocupando apenas em demonstrar os sentimentos que tinha no peito.

— Kagome, eu... — A olhou com uma expressão preocupada. — Eu não quero mais que você fique perto daquele garoto.

— Eh?

— Eu não sei. Tem algo nele que não parece bom.

— Isso não me parece uma boa desculpa. — Riu, soltando-lhe o rosto. — Tem algo que queira me dizer?

— Nem eu sei.

Permaneceram ali, ela olhando para o céu que escurecia e ele para o chão coberto de flores que destroçara diante de seus pensamentos. O silêncio instaurou-se mesmo que houvessem muitas coisas a serem ditas, incomodando a ambos.

Inuyasha olhou para a garota ao seu lado e deixou que um sorriso tímido surgisse em seus lábios, abraçando a humana com todo o carinho que estava em seu coração. No começo ela assustou-se, mas logo retribuiu-lhe o afeto e o sorriso, beijando-lhe a face.

— Achei que nunca mais teria a chance de fazer isso. — Ela sussurrou, sabendo que ele escutaria.

— Gomen ne. — Ele provou os lábios dela momentaneamente, afastando-se apenas para olhá-la nos olhos antes de continuar. — Não queria ter feito tanto mal a você.

Está tudo bem agora”, ela quis dizer, mas Inuyasha estava tão próximo que não conseguiu dizer mais nada. Apenas fechou os olhos sentindo a respiração dele a tocar-lhe o rosto, a textura daquela pele junto à sua de modo tão encantador que lhe causava arrepios.

Ela buscou pelos lábios dele selando ambos em um beijo lento e apaixonado. Inuyasha a enlaçou pela cintura enquanto ela lhe acariciava o rosto, até que ambos caíram no chão macio, entretidos demais naquele beijo tão puro para se importarem.

Perto dali, atrás da árvore mais próxima, Kouga e Shippou sorriam satisfeitos com a cena. Se Inuyasha deixasse de ser tão estúpido durante a maior parte do tempo, aqueles dois teriam um futuro incrível pela frente.


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