Através da Tua Alma eu Posso Ver escrita por they call me hell


Capítulo 17
[S02E07] A velha história.




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* * *

Já haviam se passado algumas horas que Kagome fora dormir e Inuyasha continuava sentado no mesmo lugar em que permanecera nas noites anteriores. Dessa vez, surpreendentemente, não estava ali por mera pirraça, mas sim para conversar algo sério com os amigos.

Olhou pela porta da cabana e viu que a garota jazia em sono profundo, mas mesmo assim aconselhou aos amigos que se distanciassem um pouco e falassem mais baixo. Independente do que Kouga tivesse para dizer, aquilo parecia ser muito sério.

— Querem mesmo saber?

— Você precisa mesmo perguntar isso? — Shippou resmungou.

— Bem, meu pai havia sido o grande líder dos lobos e naquela época éramos muitos e poderosos...

— E qual a relação disso com a tal garoto? — Inuyasha questionou já demonstrando irritação.

— Vai me deixar contar ou não? — Os demais se deram por vencidos. — A questão é que em uma de suas andanças meu pai conheceu a bela Miko Masumi. Ela era a única descendente da grandiosa Midoriko, a Miko que originou a Shikon no Tama.

— Uau. — Shippou exclamou alto, levando um beliscão de Inuyasha. — Nunca haviam nos dito que ela tivera uma filha.

— Pois bem, ela teve. E essa Miko, após a morte da mãe, recebeu a Tama tornando-se a primeira guardiã da jóia. Masumi casou-se com um senhor feudal de extrema bondade, Toshio Ikeda.

— Eh, ele não parecia tão bom assim quando nos encontramos. — Praguejou o hanyou.

— É claro. — Kouga riu. — Ele era o mais próximo da mulher que guardava a maior fonte de poder existente. Ele foi possuído por youkais, tornando-se uma pessoa horrível, e isso fez com que ele a matasse.

— E como é que o Koji está aqui hoje?

— Masumi estava grávida do filho antes de morrer. Dizem que foi o poder da Shikon no Tama que permitiu que ele viesse à vida, Shippou.

— Então o garoto é descendente direto da Miko da Shikon no Tama... Muito interessante, mas o que o torna perigoso a Kagome?

— A alma de Masumi trazia tanto poder e bondade em si, que começou a ressuscitar diversas vezes temendo que seu dever não fosse cumprido, originando as Mikos de cada geração. Masumi estava lá, como Kikyou, quando a Tama lhe foi entregue para ser purificada. Ela também estava lá quando Kagome nasceu na outra Era e veio para cá com a jóia em seu corpo.

— Isso é incrível! Será que Kaede sabia disso?

— Quem vai saber? — O meio youkai riu. — A alma da tal Masumi estava no corpo de Kikyou e quando esta morreu logo transferiu-se para o corpo de Kagome que nascia ali, não é?

— Creio eu que tenha acontecido algo nesse meio tempo, Inuyasha. — Kouga atraiu a atenção para si. — Lembre-se que Kikyou morreu e levaram cinqüenta anos para que Kagome chegasse aqui. Quando ela chegou tinha quantos anos? Quinze.

— Isso faz com que sobrem trinta e cinco anos... Onde que será que a alma de Masumi esteve durante esse tempo?

— Não faço idéia e talvez nunca saibamos, já que pelo visto a alma da Miko não guarda em si lembranças do que viveu anteriormente.

— Não há ninguém que tenha ligação entre Kikyou e Kagome.

— Talvez exista algo sobre aquele poço, Inuyasha. Não é estranho que apenas vocês dois consigam atravessá-lo?

— E-eu não tenho nada a ver com isso!

— Não estou dizendo que tenha, baka. — Riu o lobo. — Mas é algo a se pensar sobre.

— Vocês estão me deixando maluco com essa história. — A raposa youkai interveio. — Vamos voltar a falar do Koji?

— Ah sim. Pelo que eu disse, vocês já se tocaram que ele é um hanyou, não apenas um mero humano. — Continuou. — Eu creio que ele pretenda casar-se com Kagome para matá-la e ressuscitar a mãe com o poder da Shikon no Tama. Não obrigatoriamente nessa ordem...

— De que importa a ordem!?

* * *

O dia já amanhecera. Aproveitando que Kagome ainda não acordara, ou pelo menos não saíra da cabana, Inuyasha correu pelos campos à procura do hanyou misterioso. A história que Kouga contara a ele e Shippou na noite passada era incrível, mas o desfecho não fizera muito bem à sua preocupação.

Ele não demorou muito para encontrar o garoto. Koji estava auxiliando os camponeses a concertar uma extensa parte da barreira que havia se partido durante a luta com o senhor feudal, estando visivelmente exausto pelo esforço. Talvez o pai não fosse um youkai forte quando ele nascera, Inuyasha concluiu.

Ao ver o companheiro de vestes avermelhadas, o garoto largou o serviço e uniu-se a ele sorridente. Não precisou de muitos passos para que estivessem próximos, mas ao observar a expressão no rosto de Inuyasha deu um passo para trás.

— Algum problema, Inuyasha? — Koji sorriu convidativo. Era um garoto muito bonito, deveria admitir, e seria difícil competir com ele daquele modo.

— Hai, um imenso. — Inuyasha mostrou-lhe os dentes afiados. — O que você quer com a Kagome?

— Eh?

— Você me entendeu, garoto.

— Bem, eu... Eu quero me casar com Kagome-sama. Ela é uma mulher maravilhosa, você sabe.

— Você está escondendo coisas de mim, seu maldito. — O garoto com orelhas de cão desferiu um golpe fraco no rival, mas que lhe causou grande dano.

— INUYASHA, OSUWARI!! — A voz de Kagome pôde ser ouvida atrás dele, lançando-o violentamente ao chão.

A garota correu o mais rápido que pôde até que estivesse próxima o suficiente para checar se Koji estava bem, apoiando a cabeça do amigo em seu colo. Inuyasha, que a essa altura já se levantara do chão, esboçava agora mais ódio do que antes.

EU TENTO PROTEGÊ-LA DESSE HANYOU MALDITO E VOCÊ DIZ “OSUWARI”!? — Berrou aos céus, atraindo a atenção dos aldeões. — VOCÊ ESTÁ MALUCA, KAGOME!

— H-hanyou? — Ela indagou, fazendo a mesma pergunta que surgira na cabeça do garoto.

— Você não sabe, não é? — Riu em desdém, como usualmente fazia. — Ele é um hanyou, Kagome. É isso que há de diferente nele.

Inuyasha afastou-se rapidamente antes que fizesse algo absurdo. O ódio pulsava em suas veias e ele sabia de um lugar afastado em que poderia golpear o que quisesse para amenizar a sua ira sem ferir aqueles que não mereciam isso.

Kagome ajudou Koji a levantar-se e lhe apoiou no seu corpo, ambos tentando entender o que Inuyasha dizia, cada um com seu silêncio. Ao chegarem à antiga cabana do senhor feudal, aonde o garoto vivia solitário agora, o colocou em seu leito com cuidado e passou a cuidar do seu ferimento. Por sorte, fora superficial.

— Eu sou um hanyou, não é? — Riu para esconder a dor. — Claro, faz sentido. Meu pai era um youkai. Por que estou tão assustado com isso?

— Nem sempre seu pai fora um youkai, Koji-sama. — Ela umedeceu outra vez o pano no remédio preparado e colocou-o sobre o corte exposto. — Ao matá-lo pudemos ver que ele era um humano cujo corpo havia sido invadido por youkais poderosos. Infelizmente foi tarde demais para salvá-lo.

— Você deveria se afastar de mim, Miko-sama. Eu posso ser alguém ruim.

— Não seja bobo. Inuyasha talvez estivesse dizendo coisas estúpidas apenas. — Levantou-se devagar, já tendo feito o que poderia para amenizar-lhe a dor. — Além do mais, você já provou ser uma boa pessoa ao se preocupar comigo. Ele também não é má pessoa, apenas não sabe demonstrar-se bem.

— Kagome? — Ele fez com que ela se virasse para olhá-lo, mesmo já estando quase a atravessar a porta. — Obrigado por ser maravilhosa.

— Não sou maravilhosa. — Virou-se novamente para sair. — Sou apenas uma Miko.


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