Através da Tua Alma eu Posso Ver escrita por they call me hell


Capítulo 15
[S02E05] Como agir?




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* * *

— Aquele garoto baka. — Inuyasha grunhiu.

A noite já chegara, mas mesmo assim faziam horas que ele e Shippou estavam sentados ali na grama em frente à cabana de Kagome. Inuyasha estava ali por simples teimosia, já que ainda se mostrava irritado e ignorava os pedidos da garota para que entrasse; Quanto a Shippou, estava ali apenas para fazer companhia ao amigo por conhecê-lo tão bem: era teimoso o suficiente para permanecer ali emburrado até o sol nascer.

— Você precisa se expressar melhor, Inuyasha. — O youkai raposa revirou os olhos lamentando-se pelo fato do amigo ser tão infantil. Ao contrário de Kagome, o tempo que passara selado não mudara em nada o seu jeito de ser.

— “Você precisa se expressar melhor, Inuyasha”. — O hanyou imitou ao amigo em tom de desdém, mesmo sabendo que ele estava certo. — E você não acha que deveria voltar a ser uma raposa pequenina? É assustador ter que te ver crescido assim. Aliás, você ainda se transforma em bolas rosa com cara de idiota que voam por aí?

— Baka. — Shippou praguejou, estendendo a mão em direção ao hanyou e lançando-lhe pequenas chamas de kitsune-bi, muito mais potentes do que haviam sido um dia.

Novamente Inuyasha praguejou, muito mais alto dessa vez, acordando Kagome dentro de sua cabana. A garota apenas abriu os olhos e passou a ouvir a conversa de ambos, tendo o cuidado de não fazer som algum para não atrair a atenção dos demais.

VOCÊ VAI ME AJUDAR OU FICAR COM GRAÇA!? — Inuyasha o olhou com a expressão agressiva que tanto assustara o youkai quando este era apenas uma criança. Ele tivera pesadelos com aquilo por muito tempo, mesmo quando o hanyou estivera selado.

EU ESTOU TENTANDO, MAS VOCÊ É PIOR QUE UMA CRIANÇA!

— Eh. — Inuyasha deu de ombros. Sabia bem que o amigo estava certo e precisava de sua ajuda, não discutiria.

— Você vai precisar ser mais atencioso com a Kagome-chan, Inuyasha. Mulheres gostam de homens que saibam dizer e demonstrar que amam elas.

— Você parece entender tanto do assunto, Shippou... — O youkai sorriu envaidecido. — ...Então, onde é que estão as mulheres que você conquistou com isso?

— INUYASHA, BAKA! — Shippou acertou um soco na cabeça do hanyou, feliz com o fato de que se fizesse isso em outros tempos estaria morto logo após. — Foi assim que meu pai conquistou a minha mãe e tenho certeza de que foi assim que seus pais se apaixonaram, não seja estúpido. Eu só... Só não achei alguém que mereça ser conquistada.

— Sei. — Inuyasha ignorou tudo que fora dito. — Você vai me ajudar ou não?

— Vou. — Shippou desistiu de explicar-lhe algo. Era burro demais, incrível. — Mas a maior parte desse plano depende de você.

Inuyasha jurou ter ouvido risos de Kagome atrás de si.

* * *

Ao acordar no dia seguinte, Kagome se deparou com inúmeras flores diante do seu leito. Eram coloridas e belas, exalando a alegria dos campos floridos que a Miko tanto adorava. É claro, Inuyasha sabia daquilo, era obra dele.

Por mais que Kagome estivesse convencida de que não deveria apaixonar-se para se dedicar completamente à vida de Miko, aquela adolescente entregue ao amor que fora antes ainda vivia em algum lugar dentro dela e agora estava a sentir-se feliz por saber que havia quem a amasse.

Assim, fez questão de colocar as flores em um vasilhame de barro repleto de água, admirando como a simplicidade daquela Era podia ser tão bonita sem grandes esforços. Partiu para fora da cabana em seguida, tendo os pensamentos regados de agradecimentos ao hanyou, até que Koji surgiu em sua frente.

— Gostou das flores, Kagome-sama?

— Eh? — Ela indagou confusa.

Então não foi o Inuyasha que me mandou as flores. Como sou tola.

 

— As flores... Bem, não precisa me dizer nada. — Sorriu. — Entendo que esteja tentando persuadir-me a desistir.

— Elas... Elas eram lindas. — Forçou um sorriso no rosto, aparentemente enganando o garoto. — Obrigado, Koji-sama.

— Não há de que. Te vejo mais tarde!

Decepcionada, Kagome rumou sem pressa para a margem do rio onde haviam grandes pedras lisas nas quais assentou-se, libertando os pensamentos que existiam em invadir-lhe a mente. Sentia-se boba por ter criado esperanças e alegrias em relação ao hanyou.

— Kagome! — Shippou aproximou-se risonho, se sentando ao seu lado. — Você parece triste.

— Não é nada. — Riu, tentando convencer a si mesma sobre aquilo.

— Kagome-chan, você sabe o quanto gosto de você, então vou abrir o jogo. — O youkai revirou os olhos, logo focando-se no que queria dizer. — Você gosta do Inuyasha, mas tem medo de criar esperanças novamente e sofrer.

— Hai. — Kagome sussurrou, não interrompendo a fala do amigo.

— E o Inuyasha também gosta de você, mas tem uma criancinha dentro dele que insiste em fazer pirraça e não demonstrar isso. — Gargalhou ao imaginar o hanyou como uma criança teimosa no sentido literal. — Mas isso não quer dizer que ele não queira demonstrar. Só é orgulhoso e teimoso o suficiente para fazê-lo.

— Por que está me dizendo tudo isso, Shippou?

— Não é óbvio? — Perguntou sem esperar por uma resposta. — Vocês dois se amam e precisam um do outro. Mais do que isso: precisam parar com esse orgulho estúpido que estraga tudo. Você é mais madura que o Inuyasha, Kagome. Deveria ajudá-lo com isso.

— Não posso fazer isso, Shippou...

— Por favor, Kagome-chan. Não quero mais ter que ver vocês dois se gostando, mas estando separados. — Riu. — Eu entendo seu medo de sofrer, ele foi um imbecil. Porém, se eu estou aqui dizendo que ele te ama, é porque realmente me deu provas suficientes para não questionar isso.

— Não estou dizendo que eu realmente vá fazer algo, mas o que tem a sugerir?

— Achei que você nunca fosse me perguntar.

* * *

— Kagome! Eh, Kagome! — Inuyasha gritava diante da margem do rio.

Ele estivera tentando criar coragem para falar com a garota durante todo o dia. Finalmente conseguira isso e o cheiro dela havia lhe levado até ali, por isso berrava pelo nome dela. Onde estaria, afinal?

— Kagome! — Gritou pela última vez, já levemente irritado. Ela estava ali, era óbvio. Por que não respondia, simplesmente?

— Eh, Inuyasha. — A voz dela surgiu de trás de uma pedra no lado mais raso do rio.

Ele logo avançou em direção a ela, mas recebeu um enérgico “OSUWARI!” por ter aparecido ali. A Miko estava a banhar-se nas águas mornas que corriam pelo seu curso, tendo o corpo nu coberto pela submersão nas águas, mas mesmo assim gritando loucamente.

— Hai, Kagome, já entendi! — O hanyou levantou-se do chão sentando-se de costas em uma pedra próxima. — Só queria falar com você.

— E o que seria? — Ela lembrou-se das palavras de Shippou, mantendo o tom frio.

— Eu... — Parou por um instante, pensativo. — Eu não vou falar com você aí.

— E qual a diferença do lugar onde eu estou?

Droga, Kagome está dificultando as coisas assim.

 

A verdade era que Inuyasha não tinha nada para dizer a ela. Quando a beijara na floresta sentira o coração dela acelerado e não fora afastado ou interrompido, o que lhe dera uma estimativa muito boa. Porém, talvez ele apenas a tivesse pego de surpresa em um momento tenso.

Ele estivera a reunir coragem para procurá-la e tentar aquilo novamente, mas não tão enérgico como da primeira vez. Queria aproximar-se aos poucos e ver se ela correspondia a sua vontade, só assim se sentiria condicionado a tentar conquistá-la. Para que tentaria se ela não quisesse amá-lo?

— Inuyasha...?

— Esquece. — Levantou-se do lugar onde estivera, tomando um susto ao ver que Kagome já saíra da água e agora terminava de ajeitar as vestes no corpo parcialmente molhado.

— Bem, você é quem sabe. — Riu para ele enquanto prendia os cabelos com a usual fita branca. — Se não se importa então, tenho que ir andando.

— Kagome, você está me deixando maluco. — Sussurrou o mais baixo possível, inconscientemente.

— Eh? — Kagome parou após ter se afastado alguns passos e o encarou com estranheza. Por dentro segurava o riso do melhor modo possível.

— Deu de ouvir vozes agora, mulher? — Sorriu em desdém, correndo na direção oposta a que ela ia.

Inuyasha era assim mesmo. Por mais que quisesse dizer ou fazer as coisas, o seu ego confundia-se aos seus desejos e logo via-se sem realizar coisa alguma. Kagome teria ficado louca com isso, se já não estivesse tão acostumada pela convivência com o hanyou.

Ao vê-lo distante, encostou o corpo em uma árvore próxima e permitiu-se rir exageradamente da conversa conturbada que tiveram. Shippou estava certo, ela precisava ser indiferente com ele no começo para fazê-lo demonstrar por si só. Quando ele estivesse pronto para isso, ela poderia retribuir-lhe da maneira como desejava.

Por Kami-sama! Eu estou me apaixonando novamente.


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