Zayn narrando:

Acordei assustado: eu tinha sonhado com a tal Juliana. Lembro que no sonho eu a beijava, mas isso não fazia sentido... Ela é muito nova pra mim. Enfim, levantei da cama e liguei pra ela falando que passaria lá pra devolver a bolsa, ainda era cedo então provavelmente a mãe dela nem ia me ver. Me vesti e fui.

Agora, com o sol iluminando a rua, eu via que a casa era grande, com um belo jardim. Parei o carro, desci e toquei a campainha. Dois cachorros vieram correndo até o portão e começaram a latir. Xinguei-os mentalmente, mas Juliana apareceu pra pegá-los e levá-los pra dentro.

Ela vestia uma camisola curtinha de setim roxo. Por um momento eu esqueci do que fui fazer lá e fiquei só admirando.

- Zayn? - Ela chamou rindo.

- Ah... Bom dia - falei entregando a bolsa. - você esqueceu comigo ontem.

- É, obrigada - ela sorriu - entra.

- Não precisa não, eu já...

- Meus pais viajaram ontem de noite, não quero ficar sozinha. 

- Mas...

- Por favor? - ela ficou na ponta dos pés pra poder olhar nos meus olhos e fez bico.

- Ta, mas vai por uma roupa.

Ela riu e entrou, me ignorando. Assim que entrei, os cachorros pularam em mim abanando o rabo. 

- Você vai ficar todo babado se não espantá-los - ela riu e subiu as escadas - vou me trocar, não fuja - ela gritou lá de cima.

Coloquei o braço para os cachorros pararem de pular e me sentei no sofá. A casa era bem decorada, parecia de filmes. Na estante tinha algumas fotos da família dela, todos sorrindo, pareciam ser ótimas lembraças.

- Voltei - ela tinha posto um shorts jeans curto e uma regata branca - e aí, quer fazer o que?

- To na sua casa, você escolhe - respondi.

- Quero te conhecer - ela falou, vindo pro meu lado do sofá.

- Faça qualquer pergunta então.

- Me pegaria? - eu olhei pra ela levantando uma sobrancelha e ela riu - ta bom, não. Hum... Primeiro amor?

- Próxima pergunta.

- Aff, qual é. Fala.

- Não - respondi, perdendo o humor.

- Ta... Então é sua vez.

- Minha vez do que?

 - De fazer a pergunta ué - ela falou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

- Ah... Bom... É virgem? - perguntei sem pensar.

- Zayn! - ela riu - que pergunta chata... Sou.

- Não parece - falei rindo.

- Otário - ela revirou os olhos - E você? É?

- Não.

- Perdeu com quem? Faz tempo?

- Muitas perguntas de uma vez, não é essa a regra - falei, antes que ela perguntasse mais coisa.

- Ta, então... O que gosta de fazer? - dei um sorrio malicioso e ela riu - É sério.

- Gosto de cantar... 

- Eu também canto - ela se levantou e ligou o rádio.

- E quem disse que eu quero ouvir? - fingi estar sério, mas como sempre, ela não se ofendeu, me ignorou e continuou.

No começo eu achei que ela estava brincando mas depois... Wow! Ela cantava perfeitamente bem, eu não conseguia tirar os olhos dela. Percebia cada movimento, cada nota alta que ela alcançava, eu realmente tinha me encantando. É claro que ela percebeu e aproveitou aquilo. Se sentava no sofá e fazia pose, depois ria da própria bobeira, era impossível não se divertir também. 

- E aí, gostou? - ela perguntou quando acabou;

- Não sabia que cantava bem...

- Pois é - ela olhou pro relógio - o tempo passou rápido demais, daqui a pouco meus pais voltam é melhor você ir - ela se levantou e estendeu a mão para mim, um sinal para que eu me levantasse.

- Eles não foram viajar?

- Se eu falasse que eles tinham ido na vizinha você não ia entrar, ia? - ela falou rindo.

- ELES TÃO NA VIZINHA?? 

- Sim... E se você gritar desse jeito eles vão ouvir - ela se divertia com o meu medo.

- Você é muito...

- Esperta, eu sei - ela falou abrindo a porta.

- Odeio essa mania de me interromper - falei frustrado.

- Olha só, amor é consequência do ódio, qualquer dia você vai vir aqui e falar "amo quando você me interrompe".

- Vai nessa. - falei debochando

- Só comentando - ela sorriu e me deu um beijo na bochecha- agora vai embora logo - fechou o portão e entrou.