Laços Fraternos: Megera escrita por MyKanon


Capítulo 37
XXXVII - Fortes sentimentos




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/21647/chapter/37

Catharina guiou-os para dentro. Sentou-se ao lado da filha e perguntou:

_ Lorrayne, como você caiu?

_ Tenho certeza que foi a Layane. Ela deve ter colocado alguma coisa escorregadia na banheira, pois ela estava saindo do meu quarto! Mas, tudo bem. Não tenho como provar isso. Então, mãe, como vão as coisas? Quando você vai me tirar de lá?

_ Falta pouco. Meu advogado disse que eu tenho que provar que criei você todos esses anos...

_ Mas isso é fácil! Temos centenas de testemunhas!

_ Eu sei, eu sei! Mas também temos que provar que Martha te entregou de livre e espontânea vontade... Ela pode muito bem me acusar de rapto.

_ E como você vai provar isso?

_ Só conheço uma testemunha.

_ E quem é?

Catharina perguntou, como se acabasse de se dar conta da presença de Eduardo:

_ Você é o Eduardo, não é?

_ Sou.

_ Sua madrasta é a única testemunha que eu conheço. Você sabe dela?

_ Não. Não nos vemos há dez anos. Mas a tia Martha disse que ela está na cidade.

_ Onde? O que ela está fazendo aqui?

_ Ela não disse onde está. Parece que ela não está muito a fim de voltar a ver a gente.

_ Tenho certeza que se ela voltou, é porque tem saudades... Ela logo vai dar notícias.

Lorrayne interrompeu:

_ Mãe, temos que encontrar essa Diana! Temos que fazer alguma coisa!

_ Eu sei querida. Eu sei. Não se preocupe. Nós vamos encontrar essa mulher.

O interfone tocou. Estranhando, Catharina o atendeu:

_ Quem é?

_ Sou eu, Martha. E sei que a Lorrayne está aí. Mande ela imediatamente pra cá!

_ Martha, melhor você entrar e conversarmos...

_ Não tenho nada para conversar, agora, mande minha filha descer!

_ Não. Não vou mandar enquanto você não subir.

Catharina desligou o interfone. E abriu a porta a espera da irmã. Lorrayne abraçou-a e perguntou:

_ Por que você não disse que eu não estava? Eu não quero voltar com ela!

_ Lorrayne, você sabe que ela ia descobrir que você estava aqui, e criaria problemas...

_ Mas eu não quero ir com ela!

_ Lorrayne...

Lorrayne agarrou-se mais firmemente a Catharina quando Martha se aproximou. Martha suspirou profundamente antes de dizer:

_ Muito bem, muito bem... Lorrayne, já para o carro.

_ Não... Eu não quero voltar...

_ Mas vai voltar. O que você pensa que está fazendo? Você não havia nem recebido alta! Você está ficando louca? Foi aquele moleque quem te trouxe, não foi?

Martha fez menção de puxar Lorrayne para perto de si, mas Catharina a impediu e disse:

_ Ela não que ir com você.

_ Mas tem que vir comigo. Você sabe, e ela também. Não, é Lorrayne?

_ Por favor, me deixe aqui com ela. Eu quero ficar com ela.

Mais uma vez, Martha suspirou impaciente e tirou o celular de dentro da bolsa, disse enquanto discava um número:

_ Isso já foi longe demais! Meu advogado vai ter uma conversinha com essa senhora com quem você quer morar Lorrayne, e você já sabe o que acontece depois!

Lorrayne tomou o telefone da mão de Martha, que advertiu:

_ Não é assim que você vai me impedir.

_ Eu vou com você. Mas vai ter que me prometer que não vai dizer nada pro seu advogado.

_ Não tenho que te prometer nada.

Lorrayne deu um último abraço em Catharina e seguiu Martha. Entrou e permaneceu silenciosamente no carro durante todo o trajeto. Ouviu algumas vezes Martha praguejando contra Catharina e fazendo algumas ameaças. “Pelo menos ela não vai emburrar pro lado do Eduardo!” E seguindo seu pensamento, Martha perguntou:

_ Foi o Eduardo, não foi? Foi ele quem te levou, não foi?

_ Não. Eu fui sozinha.

_ Não me venha com essa! Eu sei muito bem que seria impossível você ir de ônibus!

_ Pense o que quiser. Fui sozinha.

_ Cala já essa boca! E aprenda a me respeitar! Sou sua mãe e você sabe que eu sei como te colocar na linha! Talvez eu devesse mesmo te internar em um lugar bem longe daqui!

Lorrayne adorou aquela idéia, mas já havia falado demais. Continuou calada até chegar em casa. Desceu e pensou em correr para seu quarto, mas Martha a impediu:

_ Você tem noção do que fez? Perdi minha manhã no serviço porque a bonitinha fugiu do hospital para ir ver a titia! Que idéia é essa? E mais uma coisa: vou falar sim com o meu advogado, e ele vai manter a abusada da Catharina bem longe daqui!

_ Ela não é abusada! Eu que fui atrás dela!

_ Não me importa! Assim você também aprende a lição!

_ Por que está fazendo isso? É para se vingar da Catharina? Esquece! Meu pai está morto, e nada que a senhora faça, vai mudar o que existiu entre eles!

_ Isso nunca foi uma vingança! Não preciso disso! Seu pai foi um atraso em minha vida! Se continuasse com ele, jamais poderia dar uma vida digna aos meus filhos!

_ A Catharina pode não ser tão rica quanto a senhora, mas me deu uma vida mais que digna. E mais, ela foi amada pelo homem que ela amou e foi feliz, muito feliz. A senhora nunca teve nem vai ter o que ela teve.

_ Chega menina! Você não sabe o que está falando!

Martha agarrou Lorrayne nos cabelos e a arrastou até o quarto. Atirou a garota com violência na cama. Disse antes de bater a porta:

_ Você vai ficar aí quietinha até eu achar que pode sair.

Lorrayne continuou parada como estava, tentando assimilar tudo que havia acontecido. Ainda sentia uma pequena alegria. Sua tia Diana, que era sua única esperança, estava na cidade. E provavelmente apareceria, caso contrário, não havia porquê avisar...

Mas uma outra alegria invadia seu coração. E ela sabia exatamente o que era. Ajeitou-se na cama e fixou o olhar no teto para reviver aquele momento com mais clareza. Fechou os olhos e sentiu-se envolvida naqueles braços firmes, sentiu a respiração ofegante. Passou a mão pelos lábios que pareciam dormentes. E saltou de susto da cama quando Layane entrou subitamente. Perguntou:

_ O que você quer aqui?

_ Ora, quero saber se você está bem! Mas parece que está bem melhor. Já andou até fazendo visitinhas por aí...

_ Pois é. Andei. O que você quer?

_ Nada não. Fiquei sabendo que você está de castigo. É verdade?

_ Não. Mentira.

_ Quanto tempo? Você vai poder ir pra escola? Sabe, seus amigos ficaram bastante preocupados... Mas eu disse que você estava doentinha. Eles até quiseram ver você, mas a mãe não deixou. Sabe como é, né? Essas más companhias...

_ Layane, estou cansada, você se importaria de me encher o saco mais tarde?

_ Credo, Lorrayne! Só estava preocupada!

_ Agradeço pela preocupação, agora, se não se importa...

_ Puxa, você se machucou mesmo, não é?

_ Sai Layane!

_ Que humor, hein? Fui!

Layane saiu e logo bateram na porta. Impaciente, Lorrayne pediu:

_ Se toca Layane!

E sua surpresa foi grande quando Eduardo respondeu:

_ Vou tomar isso como ofensa.

Atônita, Lorrayne abriu a porta. Explicou-se:

_ Eu pensei que fosse a Layane porque ela acabou de sair daqui... Ela veio me dar as boas vindas...

_ Entendo. Será que a gente pode falar...?

_ Pode. Entra.

Lorrayne deu passagem ao garoto. Sentou-se na cama. Eduardo perguntou:

_ E então? Castigo muito grande?

_ Só até quando ela quiser. Pelo menos ela não me espancou...

_ Legal.

_ É... Mas eu também acho que logo a tia Diana vai aparecer, e tudo vai se resolver...

_ Com certeza.

_ E você? Voltou pra escola?

_ Não. Fomos até a casa do Fábio e ficamos fazendo hora, até dar a hora.

_ Ah, tá.

_ E quer saber de uma coisa?

_ Hum?

_ Eu vou beijar você de novo.

Lorrayne paralisou, pois as palavras ecoavam em sua cabeça. E mais uma vez seu desejo tornava-se realidade. E mais uma vez, durou pouco. Farta daquele tipo de situação, Lorrayne perguntou:

_ Qual é, hein? Qual o seu problema?

_ Você.

_ Estou falando sério! Você acha que pode me beijar toda vez que sentir vontade e pular fora assim sem mais nem menos?

_ É tão difícil de entender?

_ Entender o quê? Que você anda meio na seca e não suporta isso, por isso agarra a primeira que vê na frente?

_ Não, não é seca...

_ Por quê você não vai beijar a Layane, ela sim precisa de uns amassos!

_ E também não é qualquer uma...

Lorrayne calou-se. E olhou interrogativamente para o garoto. Eduardo abraçou a garota e disse:

_ Eu quero muito mesmo ficar com você. Mas você sabe que agora não é possível. E também, logo você vai embora...

_ Você também!

_ Eu sei, mas por enquanto é melhor tomarmos cuidado.

Lorrayne permaneceu quieta por alguns momentos. Mais serena, perguntou:

_ Você gosta mesmo de mim?

_ Gosto. Muito. Mas acho bem melhor disfarçarmos esse tipo de coisa. Por enquanto.

_ Claro. Eu concordo com você.

_ Vou pro meu quarto.

_ Até.

Assim que o garoto deixou o quarto, Lorrayne pegou seu diário. Escreveu:

Diário:

Hoje eu vi a minha mãe Catharina de novo. Ela falou que precisa do testemunho da irmã do meu pai, a tia Diana. Por coincidência, essa minha tia Diana telefonou há alguns dias para a Martha pra dizer que estava na cidade. Ela não disse mais nada, mas tenho esperanças que ela logo apareça. Minha sorte depende dela.

Mais uma coisa: parece que eu e o Eduardo estamos começando a nos entender. Ele disse que gosta muito de mim. Mas que não podemos ficar juntos por enquanto. Realmente, seria impossível. Mas logo nós vamos sair daqui e tudo vai dar certo. É o que eu espero!

Nos falamos em breve!

Ao anoitecer, Martha ordenou que Lorrayne descesse para jantar com a família. E durante a refeição, a mulher sentiu-se mal e retirou-se. Lorrayne ficou preocupada, mas mesmo tentando ajudar, recebeu uma negativa fria de Martha.

Layane também se mostrava preocupada, mas manteve-se inflexível diante de Lorrayne:

_ Fica na sua Lorrayne! Você sabe muito bem que isso é culpa sua!

_ Layane, você sabe que esses remédios têm feito mal pra ela!

_ Não têm não! Você é que tem feito ela passar nervoso e se sentir mal!

_ Mas Layane, você sabe que isso não vai dar certo...

_ Sempre deu! E vai continuar! E vê se me deixa em paz!

Layane retirou-se da mesa. Lorrayne fez o mesmo. Antes de ir para seu quarto bateu no quarto de Martha perguntando:

_ A senhora está bem? Quer alguma coisa?

_ Estou ótima! Não preciso de nada!

Apreensiva, Lorrayne foi para seu quarto. Ficou até tarde da noite acordada. Não conseguia dormir com a idéia que passaria mais uma temporada trancada naquela casa, sem poder falar com seus amigos. E até mesmo lutando contra seu sentimento por Eduardo.

Continua


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Laços Fraternos: Megera" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.